A morena sorriu, de um jeito tímido. As ondas verdes do mar batiam em seus joelhos, e seus olhos castanhos representavam o mais puro estágio da felicidade. Ela não estava feliz porque tinha algo. Ela estava feliz por simplesmente viver mais um dia e poder estar ali. Pedro sorriu, naquele exato momento, contaminado com sua felicidade.
Os olhos castanhos dela se encontraram com os dele. Pedro não lembrava de ter visto uma garota tão realmente bela na vida. Ela não usava maquiagem, nem roupas caras ou algo do tipo. O que fazia a mulher bonita era sua mais bela curva, seu sorriso. Sem ele ela seria comum. Só mais uma,das muitas garotas que estavam na praia lotada de Copacabana.
Pedro a encarou por uns 2 segundos. Mas tanto a ela, quanto a ele, pareciam a eternidade. Seus lábios se franziam, examinando ainda mais a dona dos cabelos castanho claros.
Era baixinha. Ou talvez, Pedro era quem fosse alto demais. Seu corpo, diferente das outras muitas garotas que estavam naquela praia, estava coberto por um maiô, vários números acima do seu manequim. Sua pele, branquissima, estava cor de rosa. Ninguém naquela praia além do loiro haviam enxergado algo especial nela. Ela era ridículamente comum as outras, se não fosse pelo sorriso.
– Oi. - disse Pedro, tentando parecer indiferente. Infelizmente, ou felizmente, isso falhou. E le soou tão, mas tão bobo, que arrancou uma risada da menina.
– Muito sol. - foi o que a moça falou, em resposta.- Calor. - finalizou ela.
– Sim, sim. Mas não sou daqui. Quer dizer, quase sou daqui, mas não sou... AHHG! Eu sou do Rio Grande do Sul, ou era. Mas me mudei, uhuun, ontem. - Sua confusão a fez levantar a sobrancelha esquerda. Gotas de suor se formaram na palma das mãos do loiro. Seria muita loucura se apaixonar para uma estranha só porque ela sorriu para você?
– Seu sotaque é fofo. - ela disse com uma voz melosa, quase como se estivesse falando com um bebê. Ele enrubesceu, e depois soltou uma gargalhada nervosa, como se tivesse achado graça. Não era o caso. Ele simplesmente tinha sido chamado indiretamente de fofo pela garota que sorriu para ele. Seu coração deu um saltinho.
– Obrigado, eu acho. Sou Pedro.- Ele estendeu a mão, ela riu e o abraçou, como se fossem íntimos. Ele nunca tinha sido abraçado por uma garota que não fosse de sua familia. Pedro achou graça.
– Pedro, unh, interessante...- ela lançou para ele um olhar brincalhão.- Bem, meu nome é horrível. Quem dá a uma criança o nome de Alejandra? - ela riu, dessa vez, que estava nervosa era ela. - Enfim, só Le. Não é um apelido muito original, mas é muito melhor que aquele nome desgraçado que minha mãe fez o favor de escolher pra mim. Mas e você? Tem apelido?
– Pê. - ele lançou seu melhor sorriso de eu.sou.um.idiota.-
– Já pensou em trocar de apelido? - ela perguntou, brincando.-Pê é muito...diferente, sem graça. Vou te chamar de, uhng, Smi. - falou a dona dos olhos castanhos, pensativa, enquanto batia de leve os dedos da mão direita no braço esquerdo, como se fosse um tique nervoso.
–Smi?
– Sim, ué. - ela murmurou como se fosse óbvio. - Você é o Smi, eu sou a Le. Fica Smile junto... - falou ela, vagamente. De repente parecia que a morena estava ocupada demais em escutar o som do mar. Ficou em silêncio por um ou dos minutos. Logo depois voltou a falar. - Bem, acho que foi legal conhecer você. Se for pra ser, até algum dia. - ela começava a se afastar dele, quando Smi, longe gritou:
– E se não for para ser?
– Vai ser. - ela afirmou.
– Até. - Le ficou cada vez mais longe dele e gradativamente, até virar parte da paisagem, qual ele olhava. Pedro podia jurar, que por um segundo, ele viu ela se virar para ele, e sorriu com seus dentes brancos como mármore mais uma vez. Se aconteceu, ou foi sua imaginação, Smi nunca soube dizer.
Naquele dia em diante, as coisas iriam mudar para sempre.