A Rainha Dourada. escrita por AnaBonagamba


Capítulo 10
Juventude.


Notas iniciais do capítulo

Olá, como estão?
Perdoe-me a demora, infelizmente não pude mais postar devido a problemas na rede. E quando tudo parecia ajeitado, adoeci.
Sintam-se em casa!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/590591/chapter/10

As bênçãos da luz lunar caíram mais uma vez sobre a companhia, já exaustos pela passagem úmida e inclinada que tomavam. Lied, sempre a frente, escolheu um lugar estratégico para montar o acampamento, rodeado de raízes externas de onde brotavam pequenos fios de água, irrompendo numa lagoa singela alguns metros a frente. Os vãos entre as folhagens dos salgueiros tornava tudo tão mágico que Bilbo não pôde deixar de suspirar, enobrecido, diante de tamanha beleza ímpar conservada pela floresta.

O encanto também fora notado por Tauriel, ao lado de Kíli, relembrando-se dos áureos tempos da Floresta-Verde, antes que as doentias maldades das trevas pairassem sobre ela, tornando-a digna do nome que agora levava: Mirkwood. A elfa soltou o peso dos ombros, pendendo para frente numa atitude de rendição. Stellaevi seria, de fato, a terra que comumente era enobrecida nos cânticos e nas histórias de seu povo.

Os anões tão prontamente se organizaram afim de adiantar o jantar e, feita a fogueira, Bombur não esperou qualquer ordem vinda de Thorin, atirando uma porção de legumes e temperos dentro do caldeirão fervente.

– É incrível a praticidade que dispõem em atividades em grupo. - comentou Lied sorridente.

Fíli franziu o cenho, alheio.

– Que?

– Os anões. Acho incrível a maneira como conduzem uma tarefa conjunta.

– Ah, sim, bem... nós normalmente aguardamos as ordens do nosso superior. - Ori justificou.

– Mas o estômago nem sempre tem paciência. - Dwálin sentou-se próximo ao fogo, inspirando o cheiro de salsa que exalava o vapor.

Apesar de adepta às trilhas, Lied sentia-se igualmente cansada pela caminhada. O dia ensolarado e produtivo poupava alguns esforços, mas sucumbia a outros. Tão logo a comida fora servida, ela se encostou em uma das raízes, forrando-a com um pequeno cobertor, e se deixou ser abraçada por ela. No mesmo instante Fíli e Ori seguiram seu exemplo, postando-se um a cada lado de seu corpo.

– Não vai abandonar sua caderneta? - questionou ela em meio aos rabiscos do jovem anão. - Precisa se alimentar e descansar um pouco. Há um longo e obtuso caminho até StarCity.

– Gosto notificar tudo que for belo e inaugural, senhora. - disse ele, envergonhado. - E tudo aqui é tão bonito!

– Sou suspeita para concordar, mas dentre todos os lugares por onde passei este é com certeza um dos mais extraordinários. - seus olhos claros brilharam de emoção. - Tenho sorte de pertencer a essas fronteiras, são parte integral do meu lar.

– Onde fica StarCity? - Bilbo se aproximou segurando um cachimbo, com Gandalf a suas costas.

A cidade das estrelas, como nós chamamos. - Lied sentou-se em sua cama improvisada, pedindo ao hobbit que se sentasse. - É a fortaleza do grandioso reino de Spaceport Alpha, onde se concentram os seres mais sábios da nossa Era. Muitos dos que habitam suas moradas são criaturas épicas abençoadas em diversos sentidos, nunca tive a oportunidade de saber mais, diante da minha conduta ordinária. Sou apenas uma humana para eles, sem nada de especial.

– Isso não é verdade! - contestou Ori prontamente, largando o diário com raiva.

– Oh, por favor! - a moça riu, maneando para acalmá-lo. - Obrigada pela consideração, mas esta é uma verdade incontestável. Os poderes dos filhos de Yamar, eldariens capazes de exercer controle sobre a matéria e a mente, são exaltados por todas as outras raças desde muito antes de eu existir.

– Então... são eles que ditam orientações às fadas? - Bilbo indagou com curiosidade.

– Sim, mas como qualquer outro ser vivente elas possuem vontades próprias. - sorriu amável. - Elas servem a seus propósitos para um único fim, e apenas um.

Gandalf apoiou-se no cajado, retribuindo o sorriso:

– E qual seria?

– Proteger a essência da vida, buscando alternativas plausíveis para obter paz e ordem. Essa é nossa lei universal: o elo entre o povo é a espada que defende o império. Devemos assegurar nossos direitos e defender nossos lares com dignidade, mesmo que seja necessário recorrer a condições mais críticas, como uma guerra. Mas somos invencíveis se bradarmos o mesmo hino.

Dwálin bufou de desgosto.

– Sei que para anões isso soa muito estranho, admito, e não nego que isso tem se tornado dogmático.

– O que quer dizer? - Gandalf ergueu a sobrancelha confuso.

– Bem, se você decidir voltar nesse instante à estalagem de Midgard, provavelmente a encontrará da mesma forma que ontem a noite. Arrisco dizer que com as mesmas pessoas. Inclusive, é assim em toda parte, em todos reinos.

– Inclusive em Yamar?

– Pois sim, o que a faz diferente? É ainda mais nítido, sendo um domínio predominantemente eldarien. A imutabilidade física faz com que possuam uma genialidade inquestionável em certos assuntos, porém, para outros casos, creio que deixaram a vida resumir-se a existência.

– Uma similaridade bem pontual com elfos. - Thorin acrescentou.

– Sim, são feitos do mesmo éter. - esclareceu a jovem.

– Perdão?

– O éter é a substância que constitui o nosso mais íntimo e ancestral fulgor da alma. É a ele que se refere a predestinação, hereditariedade. Os elfos foram criados a partir do mesmo éter que os eldariens, e por tal possuem características em comum.

– Tais como? - continuou o herdeiro de Erebor, assumindo uma postura rija.

– Além de inertes à intragável ação do tempo, são habilidosos com materiais leves e possuem talentos específicos para medicina e cura espiritual. Por viverem sem pressa, observam mais do que questionam, e esse ritual faz com que quase nunca se questione nada, tendo a verdade aparente sempre no simples ato de ver além.

Dos que nada pode ser ocultado.– balbuciou Bilbo quase inaudível, a voz de Estérela acariciando seus ouvidos.

– É o que se diz da senhora de Yamar, rainha Vallery. - Lied tocou o ombro pequeno do outro. - Tem sua vida dedicada a cuidar de todo e qualquer indivíduo, mágico ou não e, se precisar de seus auxílios, ela jamais os abdicará.

– Esperamos que sim. - concluiu Gandalf.

– Ela é bonita? - Bofur acercou-se, também com o fumo, ouvindo apenas a última passagem da conversa. Os anões riram em uníssono.

– Bom, sim! - ela olhou para Fíli a seu lado a conservá-la ternamente. - Mas não acredito que se encaixe ao padrão khazad.

– E por que não?

– Mulheres eldarianas puras são extremamente parecidas com elfas! - declarou aos risos, seguida pela comitiva em um sinal de repúdio mútuo.

– Nem todos concordamos com isso. - adicionou Dwálin particularmente a Thorin, fazendo com que os olhos azuis do anão pousassem imediatamente em Kíli e Tauriel, afastados da companhia do outro lado da lagoa.

Tauriel contemplava, maravilhada, o brilho das estrelas através das poucas nuvens que cobria o céu. Com dificuldade, encontrou um ponto entre a vegetação onde pudesse olhá-las diretamente sob a lua crescente, banhando-as com sua luz, e ali sentou-se. Kíli não fez diferente, retirando das vestes puídas a runa entregue por sua mãe, a luminosidade prateada ressaltando as inscrições khuzdul.

– A pedra em sua mão, o que é? - inquiriu ela docemente.

O moreno ensaiou girá-la em seus dedos, perdendo o controle da ação. A elfa segurou-a antes que tocasse o chão, erguendo-a para cima.

– É só uma runa antiga. - falou ele.

– Não consigo entender o que está escrito aqui. - ela se esforçava para decifrar as letras, sem sucesso.

– Nosso idioma é secreto. - explicou Kíli. - Na tradução literal seria: volte para mim.

Tauriel mirou-o tristemente, compreendendo o significado daquelas palavras. É claro, sendo um anão jovem e atraente, provavelmente teria uma série de damas de Ered Luin em prontidão para seu retorno, donas de seus afetos. Ele pareceu notar seu desconforto, achegando-se e tomando a mão pálida dela entre as suas.

– Minha mãe me deu quando partimos. Me fez jurar que voltaria para ela vivo. Ela teme por mim, acha que sou um tanto irresponsável.

Tauriel abriu um sorriso típico de consolação.

– Você é?

Ele retirou de seus dedos a runa carinhosamente, sussurrando:

– Não.

Os rostos próximos era possível desfrutar da visão de um e do outro, o momento privado em nada incomodando os companheiros. Kíli usou a mão livre para retirar uma mecha do cabelo ruivo do rosto da mulher, acariciando-o delicadamente.

– Estava pensando em Mirkwood?

– Não exatamente. - ela estava encabulada, tocando a mão dele em sua face. - Apenas que para nós, elfos da floresta, hoje é uma noite de comemoração.

– Mesmo?

– Mereth-en-Gilith: o banquete das estrelas. Todas as luzes são sagradas para os eldar, mas as que gostamos mais são as luzes das estrelas.

– Sempre pensei que fosse um brilho frio, intocável e distante. - confessou.

– É memória, - exemplificou. - preciosa e pura. Como sua promessa.

Kíli a fitou com adoração, tendo seu gesto retribuído e o diálogo de experiências passadas desenhado em ambos os lábios. Thorin parou de analisá-los com o coração apertado, prevendo que seu sobrinho mais novo, o filho que não havia tido a oportunidade de conceber, estava apaixonado pela capitã da guarda de Thranduil, seu inimigo consagrado.

– Dê uma oportunidade para o futuro. - tentou Bálin. - Se não couber a nós prosseguir, terá de ser por eles.

O líder assentiu gravemente, proclamando em bom tom:

– Devemos nos recolher, só assim continuaremos a viagem com vigor. - Thorin tomou as mãos de Lied em um beijo, surpreendendo-a enquanto discutia com Bifur acerca de suas orelhas curvilíneas.

– Boa noite. - desejou ela.

– Os outros irão dormir, assim como você. Farei a primeira vigília.

– Vigília? - repetiu descrente. - É vital que se faça?

– E não é?

– Jamais precisei guardar a noite para proteção. - conjecturou a humana.

– É como entre nós esse tipo de acordo. - Fíli ergueu-se, tomando lugar ao lado do tio. - Eu divido a primeira ronda com você.

– Ah, não sejam bobos. - Bilbo riu, compreendo a decisão do outro. - Posso fazer isso sozinho, aliás, é o que venho fazendo há meses...

– Bilbo tem razão, dê aos mais novos a chance de mais uma noite de sono tranquilo. - Gandalf apontou para Thorin. - Isso inclui você.

– Não faço parte desse grupo. - contrapôs o anão, ofendido.

– Quem sabe, após dormir bem, não resgate esses anos perdidos da sua juventude?

– É uma ótima ideia, senhor Istar. - Lied apoiou. - Descanse, mestre Thorin. De qualquer maneira essas terras não são tão ermas e perigosas. Como disse, jamais precisei guardar a noite para proteção, se algo errado acontecer eu saberei com antecedência. Fique em paz.

O filho de Thráin considerou a oferta, arranjando-se na margem do lago, e todos os anões se recolheram em meticuloso silêncio. Bilbo subiu em um galho e pendeu ali, a atmosfera exaltando seus sentidos. Gandalf deitou logo abaixo, o cachimbo ainda aceso ao lado do corpo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vou precisar saber de vocês o que foi que aprontei aqui. Digamos que minhas condições de saúde não colaboraram com a inspiração e o bom senso, então, qualquer divergência ou incongruência que aparecer peço uma notificação imediata. Conto com a colaboração de meus adorados leitores.

Reescrevi o diálogo de Kíli e Tauriel nas prisões de Mirkwood. Queria que soasse menos tenso e mais lúdico, com maior aproximação de ambas as partes. Na minha opinião, só a maneira como as palavras foram ditas já tem uma intimidade tão grande que a imaginação sucumbiu, apenas, às expressões dos atores no filme.

Como toda ribeirãopretana que se preze, estou com dengue. Segundo pesquisas recentes, eu sou o caso 357.939 da cidade, mas estou desconfiada quanto esses valores, são muito baixos! (só minha mãe teve a doença três vezes...) Enfim, apesar de controlada, ainda tenho quedas drásticas de resistência que me impedem de escrever.

Assim, com pesar imenso, declaro que não sei quando sairá o próximo capítulo. Mas, por favor, não desistam de mim. Prometo fazer o melhor possível para me recuperar e resgatar a história.

Meu muitíssimo obrigada a todos que estão acompanhando, aguardo os comentários.
Grande abraço,

Ana.

PS: Há alguns dias, eu e uma colega começamos em conjunto uma fanfic para presentear uma amiga em comum por seu aniversário.

Comédia, Harry Potter + O Hobbit, ironia e falta de noção compõem a nossa jornada. Quem se habilita?

http://fanfiction.com.br/historia/597822/Decididamente_nao/

Se acharem ruim, a culpa é das estrelas.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Rainha Dourada." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.