Philos escrita por kattsalazar


Capítulo 5
Tudo o que sinto


Notas iniciais do capítulo

Dia 12: I fell good – James Brown



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"I feel nice, like sugar and spice

So nice, so nice, I got you."

Naquela manhã Regulus sentia-se especialmente animado. Apesar do horário, o escaldante sol da Grécia não dava sinais de trégua, mas isso não era o suficiente para desanimar o pequeno que desferia poderosos socos em seu parceiro, Yato.

Sísifo sentia-se bem naquele dia, observava os garotos treinarem com um leve sorriso estampado no rosto, notara facilmente que o sobrinho estava se contendo para não machucar seriamente o amigo que encontrava dificuldades para se defender e não conseguia contra-atacar.

— Ele está cada vez mais forte. — proferiu com orgulho e afastou os cabelos castanhos claros, dourados graças a luz do sol, da testa.

Gesto que não passou despercebido por El Cid de Capricórnio. Assistia ao treino dos discípulos do cavaleiro de Sagitário, contudo isso não o impedia de lançar olhares furtivos vez ou outra para o companheiro.

— É um prodígio. — constatou, voltando a olhar para o menino.

Não pôde deixar de notar que a aparência de Regulus assemelhava-se cada dia mais a de Sísifo. As feições infantis eram bastante parecidas com as do tio, as madeixas desgrenhadas possuíam uma tonalidade clara de castanho, parecida com a do cabelo dele e os grandes olhos azuis eram mais inocentes e vivazes, no entanto carregavam a mesma generosidade e bondade encontrada no olhar do sagitariano.

Em um golpe rápido e preciso, o leonino derrubou o companheiro. Foi quando Sísifo se aproximou e deu a luta por encerrado.

— Vocês foram ótimos. — elogiou, observando o sobrinho ajudar Yato a se levantar. — Muito em breve poderão se tornar cavaleiros. — afirmou e levou as mãos até as cabeças dos meninos, afagando levemente.

Na primeira vez que presenciou cena parecida o espanhol estranhou, também treinava aspirantes a cavaleiros, mas sempre os tratou de forma imparcial, não achava prudente envolver sentimentalismo. Sísifo discordava, era um mentor sério e rígido com os treinos e ensinamentos, mas não era nenhuma surpresa vê-lo tratando os pupilos de forma carinhosa.

El Cid aproveitou-se da distância do companheiro e deu início ao próprio treinamento, afiando a lâmina de sua excalibur, o que chamou a atenção das crianças. Elas deixaram de prestar atenção no mestre e observaram o cavaleiro de capricórnio com nítida admiração. A grandiosa armadura dourada parecia reluzir ainda mais devido ao intenso brilho do sol e os golpes dados pelo homem de postura altiva impunham grande respeito.

Sísifo abriu um sorriso maior que os anteriores e afirmou com convicção que a lealdade e dedicação à deusa que El Cid possuía eram exemplos a serem seguidos. Todavia, o asiático não parecia muito animado.

— Ele é um pouco assustador. — confidenciou, arrancando um riso baixo de Sísifo e um sorriso de falsa zombaria do Regulus.

— Você é um medroso! — o leonino provocou, porém também achava o homem de cabelos negros muito estranho.

— Bobagem, vocês não devem temê-lo. — o homem iniciou, fazendo o sobrinho exclamar que não tinha medo de nada. — Devem respeitá-lo. El Cid é um homem muito forte e honrado. — havia notório carinho na forma como falava do outro cavaleiro de Atena, mas achou que eles não notariam.

Ledo engano. As crianças se entreolharam e sorriram com forjada doçura.

— Ei, Sísifo, você gosta dele, certo? — Regulus perguntou ao mentor de forma travessa, era o único entre os dois com coragem suficiente para fazer isso.

— É claro, ele é meu amigo. — justificou-se, os olhares que recebia dos meninos eram muito estranhos.

— Não assim! — o menino apressou-se em dizer. — Você quer casar com ele, não é? — completou com simplicidade infantil.

Sagitário surpreendeu-se com o que escutou, todavia não deixou de sorrir. Lidara com muitos assuntos preocupantes nos últimos tempos, sentia-se bem com os pequenos momentos de descontração causados pelo jeito bobo do pupilo.

— Por qual motivo quer saber, leãozinho?

O menino cruzou os braços e encarou o mais velho com impaciência. Não era óbvio?

— Porque eu e o Yato precisamos aprovar o casamento!

Dessa vez acabou rindo com gosto, não acreditava no que estava escutando!

— Oh, é mesmo? E o que vocês me dizem? — estava curioso.

O pequeno leão puxou o asiático para um canto afastado, discutiram de forma acalorada por alguns segundos e então voltaram.

— O senhor El Cid é um pouco estranho e nunca sorri, mas é um cavaleiro de ouro, você sempre fica alegre quando estão juntos e ele também deve gostar de você, então nós aprovamos. — Regulus contou com animação enquanto Yato sorria timidamente.

Sísifo se aproximou e repetiu o carinho nos cabelos dos meninos. Era bobo, mas ouvir aquilo causara-lhe grande felicidade. Antes que os discípulos fizessem mais algum comentário a respeito propôs que fossem treinar na companhia de Hasgard ou Dohko, as crianças gostaram da ideia e foram atrás dos cavaleiros dourados.

Voltou-se para a companhia do capricorniano que parara de treinar para observar o parceiro. Viu como ele sorria abobalhadamente e arqueou uma das sobrancelhas escuras, em uma pergunta muda.

— Eu me sinto bem hoje. — respondeu inocentemente.

Capricórnio deu de ombros, aquela resposta e o sorriso bobo bastavam para que também se sentisse bem.


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