Philos escrita por kattsalazar


Capítulo 3
Escudo e Espada


Notas iniciais do capítulo

Dia 3: Every Breath You Take - The Police.



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Oh, can't you see?
You belong to me

Every smile you fake
Every claim you stake
I'll be watching you.

El Cid de capricórnio era conhecido por ser um homem de poucas palavras, tudo que se sabia a seu respeito era que fazia parte dos doze cavaleiros mais poderosos de Atena, a deusa da guerra justa e da sabedoria, e era dono da lâmina mais afiada do universo, excalibur, portanto era respeitado e admirado por muitas pessoas. Devido ao seu imenso poder e a personalidade excessivamente introspectiva era alvo de imensa curiosidade e interesse, todos gostariam de saber mais do guerreiro que agia como um assassino silencioso, entretanto, tal desejo parecia algo impossível de ser alcançado, à exceção de Sísifo, o defensor da casa de sagitário, que sem agir de forma invasiva conseguia compreender o misterioso companheiro.

Sísifo e El Cid eram encarregados de investigações sobre os deuses do sono, consequentemente partilhavam muito tempo um ao lado do outro em missões relacionadas a isso, o sagitariano sempre se mantinha centrado nos afazeres ligados ao bem do mundo e da deusa que jurara defender, no entanto, a convivência frequente fizera com que se atentasse aos ínfimos detalhes do portador da excalibur, em gestos quase imperceptíveis ao olhos desatentos dos outros, como quando ele contraia ligeiramente a testa na região das sobrancelhas, criando um vinco, em sinal de descontentamento ou preocupação; como o tom de voz severo e controlado ficava um pouco mais grave quando falava sobre algo que o desagradava, todavia, o principal fator que era ignorado por todos o ajudava a entender o outro: os olhos.

O defensor da décima casa era bom em ocultar emoções com sua face quase sempre inexpressiva, o perfeito controle de suas poucas palavras, grande parte de seus gestos e de seu cosmo, mas os olhos sempre o entregavam, era por esse motivo que o grego observador era o único que o entendia.

Sísifo demonstrava ser o completo oposto de El Cid, todos o viam como um verdadeiro livro aberto, eram facilmente conquistados pela forma como era responsável, sério e ainda assim afável e cortês. Os traços mais maduros de seu rosto contrastavam com os sorrisos amáveis, semelhantes aos de um menino, e a faixa vermelha que usava na testa, parcialmente coberta pelos cabelos castanhos, quase dourados ao sol. O que grande parte de seus companheiros não sabia é que aquele comportamento nem sempre era sincero, como todo cavaleiro de Atena, o dono das protetoras asas douradas, enfrentava diversas tribulações, sofria com a consequência de alguns de seus atos e preferia esconder, privando sua dor para cuidar do sofrimento dos outros, porém, não era capaz de enganar o melhor amigo. O laço que tinham era forte e sincero em demasia e não precisava ser sustentado por mentiras e meias palavras, não fora diferente naquele dia:

Os cavaleiros de Atena e aspirantes aproveitavam a manhã, enquanto o sol ainda estava ameno, para treinar. El Cid fazia o mesmo, mas permanecia afastado dos demais, afiando-se como era de costume. Apesar da imensa concentração, não deixara de notar quando Sísifo se juntou aos combatentes, o cosmo sempre tão brando estava agitando, entregando que havia algo de errado com o cavaleiro de ouro. Acompanhado do pequeno e enérgico Regulus iniciou alguns exercícios de treino e depois lutaram, atraindo a atenção de todos, que espantavam-se com as habilidades deveras avançadas do mais jovem, mas pouco depois passou os cuidados do discípulo a Hasgard, se afastando e adentrando uma área do santuário preenchida por grandes árvores. Capricórnio interrompeu o que fazia, notara que o amigo estava com algum problema e preocupava-se com isso, portanto decidiu segui-lo, encontrando-o sentando em frente a uma das árvores, apoiando as costas no tronco largo e repousando as mãos sobre o solo.

Ao ser notado pensou em como o abordaria, mas antes que pudesse se pronunciar, Sísifo tomou a dianteira:

— Não deveria estar treinando, El Cid? — Indagou com calculado tom de voz ameno e forçou-se a curvar os lábios para cima.

Capricórnio direcionou um longo olhar ao companheiro, não compreendia como Sísifo ainda tentava enganá-lo com aqueles sorrisos forjados, tão diferentes dos calorosos e iluminados que geralmente ostentava.

— Senti que precisava de mim. — limitou-se a responder sem rodeios e sentou-se ao lado do mais velho.

O olhar do grego vacilou, mas ele rapidamente se recompôs e se empenhou em manter o fingimento, não gostaria de causar aborrecimento, o coração tão afiado quanto uma espada já tinha preocupações demais.

— Bobagem. — retrucou.

— Não é necessário que minta para mim. — sentenciou, com mais austeridade que o normal, colocou a mão sobre a do amigo em uma rara demonstração de afeto e o encarou. Não gostava de admitir e talvez nunca falaria aquilo em voz alta, mas o cavaleiro de sagitário havia adentrado em seu coração, iluminado parte de sua vida solitária com palavras gentis e sorrisos serenos, El Cid era extremamente fiel a ele e embora normalmente não fosse compassível nunca o abandonaria ou o deixaria desamparado em situações adversas.

Sísifo se surpreendeu com o inesperado toque, direcionou os olhos claros aos determinados do moreno de cabelos revoltos e soube que não precisaria mais ocultar os sentimentos que o consumiam, sentiu os lábios tremerem e encostou a cabeça em um dos ombros do parceiro, enfim desabando.

Permaneceram em um silêncio confortável, mantendo as mesmas posições, por indeterminado período de tempo. Ao menos por um momento Sísifo teve a oportunidade de esquecer da guerra santa que estava cada vez mais próxima; da culpa que insistia em persegui-lo por ser o causador da tristeza da pequena Sasha, a encarnação da deusa Atena; e da constante preocupação com Regulus, seu poderoso e ainda imaturo sobrinho.

Palavras eram totalmente dispensáveis, o calor da pele contra a sua e o intenso cosmo do capricorniano eram o suficiente para tranquilizar seu coração aflito. Coração que já não pertencia apenas a deusa.


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Notas finais do capítulo

Eu me atrasei bastante, eu sei, no entanto não pude deixar de postar, afinal esse capítulo literalmente me tirou o sono, só consegui terminá-lo agora, cinco da manhã, hahaha.
Confesso que senti forte apreço pelo resultado, mas estou mais desatenta que o usual devido a falta de boas horas de sono, então me avisem se o texto apresentar alguma incoerência. Até mais tarde.



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