Detalhes escrita por LittleHobbit


Capítulo 4
Listen To Your Heart


Notas iniciais do capítulo

A música é Listen To Your Heart, da Roxette. É a primeira música "triste" do mês e eu até que gostei do jeito que ficou (será que estou entrando no ritmo de novo? o/).
Espero que goste do momento depressão ausuashuahs'
Até as notas finais!



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The precious moments are all lost in the tide, yeah

They're swept away and nothing is what it seems

The feeling of belonging to your dreams

O apartamento estava vazio a mais de um ano.

Fazia mesmo tanto tempo assim?

Sorriu de forma fraca para o apartamento que por tanto tempo fora seu lar. Os móveis ainda pareciam iguais. A parede ainda estava pichada com a tinta amarela, uma carinha sorridente se formava, e mesmo os buracos de bala continuavam ali. Todos os cômodos continuavam "vivos" de uma forma assustadora. Era como se nada houvesse acontecido.

E John ainda não conseguia acreditar que o que vira no St Bart's realmente acontecera. Demorara tanto tempo pra aceitar que a figura que caíra do telhado era mesmo Sherlock. Aceitara, sim, mas não conseguia aceitar que ele morrera. Ele ainda sentia aquela sensação. Sentia como se a qualquer momento fosse acordar de um sonho ruim. Que Sherlock ainda estava vivo e apenas esperava o melhor momento para aparecer em cena, o mais dramático que pudesse parecer.

John seguira em frente. Aprendera, de forma dolorosa, que as pessoas morriam independente do que você espera. Mesmo que Sherlock não fosse "qualquer pessoa".

Se mudara, pelo simples fato de não conseguir continuar naquele lugar. Cada canto do 221b lembrava o moreno de alguma forma. As paredes onde ele descontava seu tédio. A cozinha onde ele fazia seus experimentos duvidosos. O violino que costumava tocar de madrugada. O sofá onde atendia seus clientes. O crânio em cima da lareira. O quarto onde dormia. Tudo. John se sentia sufocado pela presença de Sherlock, enquanto permanecia parado no meio da sala, mesmo que a mesma presença pudesse ser reconfortante quando nada mais parecia ser.

Conhecera alguém, e mesmo que num primeiro momento apenas procurasse alguém para preencher a solidão que o moreno lhe deixara, passara a amar Mary de uma maneira mais do que verdadeira. Mas era diferente. Nada, nem ninguém, se compararia com o que Sherlock fora em sua vida. O que ele ainda era.

John começara uma vida normal. Uma vida civil. Gostava daquilo. Gostava da rotina e da segurança que sua nova vida lhe passava, mas nunca poderia admitir que sentia tanta saudade da inconstância de sua vida com Sherlock.

John correu os olhos azuis pelo apartamento mais uma vez, sentindo o seu peito apertar-se de maneira dolorosa. Lembrava-se também daquela sensação. Seu peito também apertara daquela forma quando vira Sherlock daquele jeito. Seus olhos sempre tão vivos vidrados, seus cabelos cacheados manchados de sangue, seu corpo inanimado. E também o seu túmulo negro e frio. Sua garganta apertara com a mesma intensidade quando vira a confirmação do que sua mente não conseguia aceitar.

–Só mais um milagre – ele sussurrou com um sorriso fraco.

Mas como naquela manhã, nada mudara. Sherlock não aparecera. Não o ouvira. E agora, um ano depois, o silencio ainda perdurara sobre sua esperança e seu pedido ingênuo.

Sentia como se todos os momentos que vivera com o moreno houvessem sido arrastados por uma maré forte. A figura de Sherlock fora tirada dele, sem que ele tivesse forças pra segurá-la mais firme.

Suspirou quando pegou o casaco no sofá. Precisava ir embora, afinal, aquela não era mais a sua casa. Você tem que parar de subir aqui toda vez que visita a Mrs. Hudson, John. Não é como se ele fosse estar aqui, tocando aquele maldito violino ou fazendo aquelas malditas experiências que sempre deixavam a cozinha uma bagunça. Ele não vai voltar só porque você quer que volte, o loiro obrigou-se a lembrar de como as coisas realmente aconteciam, enquanto descia os degraus para o andar térreo. Beijou a senhoria com carinho ao mesmo tempo que ela lhe apertava os ombros de forma protetora. Seguiu, enfim, o caminho para fora de sua caixa de lembranças e ignorou, como todas as outras vezes, a vozinha esperançosa que lhe dizia que as coisas nem sempre são o que parecem.


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Notas finais do capítulo

E então... O que acharam?? Me deem as opiniões de vocês o/
Até amanhã ♥