Ele nunca poderia dizer com certeza quando percebeu que Mrs. Hudson estava certa. O casamento muda as coisas, quantas vezes a senhoria repetira aquela frase? Engraçado como John não queria acreditar que aquilo era verdade.

Mas quando Sherlock lhe disse que Mary estava grávida, como se no meio de uma pista de dança fosse o local mais apropriado para aquilo, ele parecia ter entendido tudo. Sua ficha não tinha realmente caído até aquele momento.

Seus olhos se encontraram, e mesmo que Mary estivesse ao seu lado, ele apenas vira o moreno.

Como não percebera que estavam se distanciando? Todos aqueles dias até aquele momento, era como se ambos caminhassem para longe um do outro. Estavam indo em caminhos opostos.

Todo aquele teatro de “Ainda será como antes”. O caso do Sargento Sangrento. A ridícula despedida de solteiro. O tempo que haviam passado juntos. Fora tudo encenação. Estavam se enganando de forma inconsciente. Como ele e Sherlock puderam ser tão idiotas?

Amava Mary com todas as suas forças. Não se casaria com ela se não a amasse, mas então porque tinha tanto medo de mudar as coisas com Sherlock? Por que tinha tanto medo de que se distanciassem? O amava tanto assim?

A música alta ribombava em seus ouvidos e Mary lhe segurava o braço com força. Ela estava grávida, um sorriso enorme enfeitava seus lábios e John sentia que poderia chorar a qualquer momento. Estava tão feliz, mas estava igualmente com medo.

Queria repetir, queria prometer, com todas as suas forças, para Sherlock que nada mudaria. Que a última coisa que queria era que algo mudasse o que havia conseguido reconquistar com a “ressurreição” do moreno. Sua amizade e companhia. Mas não conseguiu.

Trocaram um olhar quase emocionado por poucos segundos antes da voz forte do moreno os mandasse dançar. E ele o fez. Levou Mary para a pista de dança e o deixou para trás. Realmente fizera isso.

Havia ganhado uma nova vida. Teria um filho e uma esposa. Quando imaginaria que aquilo pudesse acontecer? E apesar do medo que sentia de perder Sherlock, sabia que faria de tudo para mantê-lo consigo.

Sabia, em algum canto de sua mente, que sempre haveria algo que o levaria de volta para Sherlock Holmes. Sabia que não hesitaria – como nunca hesitara. – em atender um chamado dele. Sabia que sempre estariam unidos de alguma forma. Havia aceitado aquela nova vida onde Sherlock não era o único centro de seu universo. E sabia que Sherlock havia aceitado aquilo também.