As Crônicas da Resistência escrita por Pec


Capítulo 9
Capítulo 7 - Os laços tecidos pelo destino




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Capítulo 7 – Os laços tecidos pelo destino

Pequena, a garota deitada na grande cama de prata movia suas mãos com leveza, manipulando aquela pequena aurora negra que havia criado, sob a luz de chamas roxas, seu olhar se voltava ao vazio das sombras de seu quarto, dos remotos confins daquele abismo de demônios pudera ouvir o som de gritos e berros, levantou-se, deixou o quarto e seguiu a procura do som.

A garota estava usando novamente seu vestido negro, trajada de forma clichê, pensava ela, pois, dia-após-dia, tudo o que havia em sua vida era incolor, eu vivo uma fantasia morta, pensava. Chegando a uma grande porta de ferro forjada pelo ferro de escudos despedaçados, o grande domo de reuniões, lembrou-se.

_Rigor! Lhe falta rigor! Você é imbecil! – Gritava a voz de Doug do outro lado da porta – As tropas de Martosael ainda não voltaram e ele não mandou nenhum relatório da situação!

_As tropas e o estúpido Martosael foram enviados pelo próprio Caeli – Disse uma voz extremamente grossa e pouco rouca, seguido por tinir de espadas e martelos – Deveria confiar um pouco mais nele!

_Bem... Ele é meu melhor amigo, seu insolente! – Gritou Doug novamente, antes de falar com afinco - Eu confio nele.

_Eh... Ah... Que lindo – Tornou a dizer a voz – Quando ele chegar dê um abraço e podem ir brincar no jardim!

_Necroso Maldito! – Disse Doug, dessa vez sua palavra tomou um tom mais violento – Tens sorte que és um membro especial, se não já teria o matado.

Sorrateiramente, Estefany com o ouvido encostado na grande porta de ferro fundido ouvia atentamente a conversa, repentinamente uma mão pousou sobre seu ombro, a garota estremeceu por um instante.

_Também te incomodaram com esse barulho todo?

_Hihi – Sorriu Estefany assustada – Estava só um pouco curiosa.

_Ah... Minha princesa, se quer tanto ouvir a conversa... – Disse um garoto totalmente coberto por um capuz negro com manchas vermelhas, sua voz era dócil, porém sua característica mais intrigante era uma máscara sem face que carregava – Por que não entra, sabe que o castelo pertence a você.

_Incerteza... Esse lugar muda sempre, meu príncipe – Disse Estefany assustada, porém estava um pouco mais confortável, já ouvira aquela voz em outrora, fora a primeira voz afável que ouvira naquele inferno sombrio.

Naquele momento, ambos entraram no grande domo de reunião, a sala era imensa, uma gigantesca mesa redonda de madeira, entalhada com figuras e escrituras dos mais diversos significados, o teto era uma cúpula de vidro, de forma que fosse possível ver o céu, porém sempre escurecido, os arredores da sala cabiam de pilares de sustentação grandes, com detalhes de ferro e diamante, frente as paredes, um arsenal de armas, porém, não eram espadas, machados ou arcos simples, todos estavam muito rebuscados, polidos e reluzentes, armas com detalhes de dragões, pérolas e runas mágicas, quatro homens estavam sentados sobre a mesa, um deles era Doug, que a todo momento se levantava de seu assento dourado para gritar e esmurrar a mesma, outro, um grande senhor calco, corpo forte e barba coberta de brasas, seu corpo era escuro, ele usava uma armadura de ferro negro e aparentava estar forjando alguma coisa. Os outros dois permaneciam quietos, um cavaleiro de cabelos lisos e longos lia um grande livro verde e o outro, jovem extremamente franzino e de pele branca, fingia estar desenho no ar com seus dedos. Todos os quatro levantaram-se e reverenciaram Estefany e o príncipe que acabavam de entrar.

_Ah, Meu príncipe – Disse Doug com voz fraca – Como podemos ajuda-lo?

_Pode começar me respondendo... – Disse o príncipe se aproximando da mesa de reunião – O motivo estúpido de todo esse alvoroço! Vocês perturbaram meu treinamento e o descanso da princesa!

_Meu senhor... – Disse o grande homem calvo – Doug teme pelas tropas de Martosael, ele tem saudades do amiguinho.

_Vou quebrar sua garganta, velho arrogante – Disse Doug apontando sua lâmina sangrenta para o homem – Existiam pessoas poderosas naquele vilarejo, um paladino me atacou!

_Paladino? – Perguntou Estefany curiosa.

_Um garoto de purpurina – Disse Doug com voz sarcástica – Ele não estava sozinho, uma garota de cabelos dourados estava-o ajudando, eles me enfrentaram e conseguiram ferir Inferus, e creio que eles ainda estejam vivos.

_Pam.... – Disse Estefany assustada ao tapar sua boca posteriormente, o príncipe percebeu a reação da mesma e exclamou com firmeza.

_Convoque a unidade de combatentes do Olimpo, quero os membros presentes nessa sala ao luar – Colocou as mãos sobre a mesa – Planejaremos a ruína da garota de cabelos loiros, a extinção do paladino e o fim para qualquer um que se oponha ao poder absoluto da legião.

_O Olimpo não... - Pensou Estefany consigo mesma, assustada.

–--

Voando sobre o imenso azul do céu, o professor de cabelos encaracolados sorria com os fortes ventos provindos do oeste que apunhalavam seu rosto, com sua lâmina branca começou a cair rapidamente, seus pés golpearam o chão fazendo um pequeno estrondo, Elvis dobrou seus joelhos, olhou com determinação para o alto, e saltou metros ao ar:

_AAEEEH!!! – Gritava o garoto eufórico – Eu sou o nome do vento!

_Professor! – Gritava Mônica caminhando pela estrada, observando o garoto saltitando metros de altura com sua espada – Não deveria usar essa arma lendária para diversão.

_Não estava me divertindo! – Disse Elvis caindo ao lado de Mônica rapidamente, coçando seus cabelos – Estava treinando, hehe.

_Em um breve momento vamos chegar na Masmorra de Olaf – Disse Mônica sorrindo – Embora ainda acho que estamos perdendo tempo.

_Sem os quatro guardiões a probabilidade de meu plano funcionar é ínfima – Disse Elvis, dessa vez em tom mais sério – A legião tem uma infinidade de poderes, alguns devastadores, porém, nada se compara a convergência elemental que pretendo criar.

_Entendo, Elvis, Porém... – Disse Mônica fechando seus olhos – Acha que conseguirá convencê-lo de voltar a batalha? O mundo cresceu muito desde aquele tempo.

_O mundo continua o mesmo, mas... – Disse Elvis cabisbaixo – Tinha menos coisas naquela época.

Os dois jovens chegaram a uma grande torre de rochas e correntes, Elvis aproximou-se de um grande portão de ferro o golpeou:

_Bochecha! – Gritou Elvis golpeando a porta – Apareça! É um velho amigo!

Silêncio.

_Bochecha! – Gritou novamente Elvis, dessa vez realizando batidas rítmicas mais fortes e rápidas – Esse gordo.... Deve estar dormindo!

_Posso? – Disse Mônica se aproximando da porta.

_Pode... – Sorriu Elvis antes de rir um pouco – Até parece que vai arrombar um portão de ferro...

_LUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAANNNNNNNNNNNN!!!!! – Gritou Mônica de maneira ensurdecedora, o grito ecoou por toda a torre, o ferro vibrou, seguido de um longo som agudo e fino.

_Por cem dragões... – Disse Elvis coçando seus ouvidos – Isso é quase uma rajada sonora!

_Espere um instante... – Disse Mônica olhando para a porta – As correntes vão cair...

_Como sabe... - Dizia Elvis antes de ver as correntes espontaneamente caindo e liberando a entrada na torre – Agora, além de ver o futuro, pode quebrar ferro gritando?

_Não fui eu quem liberou as correntes, professor – Disse Mônica entrando na torre – Foi uma velha amiga sua... Ela está nos esperando na frente da escada, vamos entrando?

_Mônica, eu vou um dia ter cabelos lisos? – Perguntou Elvis sorrindo ao entrar na torre – Consegue prever isso?

_Claro – Disse Mônica sorrindo.

_Sério! – Disse Elvis sorrindo e passando a mão em seus cabelos enrolados – Caramba, vai ser liso mesmo?

_Não disse isso... – Disse Mônica sorrindo e respondendo de olhos fechados – Eu disse que claro que consigo prever se seus cabelos ficarão lisos ou não.

_Não é preciso ser vidente – Disse uma voz forte vinda do pé de uma grande escadaria – Para perceber que essa bucha nunca vai ficar lisa!

_Ora ora ora... – Disse Elvis seriamente – Um rosto que não vejo a muito tempo... A garota das correntes místicas.

_O pequeno grande gênio... – Disse uma jovem de cabelos negros e lisos, pele branca e vestes acinzentadas, usava alguns anéis e outros acessórios sem muita cor ou brilho, seu olhar era forte – E a meretriz macumbeira.

_Continua com a língua afiada – Disse Mônica olhando seriamente para a jovem – Cacatua das sombras!

_Orra...! – Disse Elvis colocando a mão sobre a boca e exclamando em um tom irônico – Eu não deixava!

_Você agitando uma briga?! – Disse um rapaz antes de saltar do alto das escadas e cair sobre a frente de Elvis, sorrindo – Os tempos mudaram até mesmo você, Alfinete?

_Bochecha! – Disse Elvis abraçando o garoto risonho a sua frente – Deveria parar com essa mania de saltar de escadas! Haha

_O que o trouxe de volta? – Perguntou Luan sorrindo – Você disse que iria aprender tantas coisas que nada mais teria importância.

_Assim como você... – Disse Elvis olhando para Luan, posteriormente tornando seu olhar para Luiza – Descobri pelo que lutar!

–--

_Não irei perguntar novamente! – Gritou Jeff apontando suas lâminas ocultas para Higor – O que fez com Bob?

_Bob... – Sorriu Higor ao ver seu reflexo eu uma poça de sangue – Ele está lá fora brincando com meus amigos.

Jeff virou-se em direção a parede de madeira e a quebrou com um chute, saiu para fora da pequena cabana e fitou seu lobo, caído no chão, sendo pisoteado por homens em decomposição, alguns tinham pernas e braços tortos, suas peles estavam pálidas e seus rostos sem expressões.

_Zumbis... – Jeff avançou na direção dos zumbis e em uma fração de segundos partiu todos ao meio, colocou a mão sobre o rosto de Bob, este o lambeu – Que diabrura é essa?

_Eles vieram a este lugar... – Disse Higor saindo da cabana lentamente – Mas nenhum deles era digno... Então conduzi suas almas a um lugar melhor...

_Escute! – Disse Jeff encarando Higor – Ceifador! Não pretendo lutar, eu preciso de sua ajuda!

_Todos clamam pela morte... – Disse Higor sorrindo e passando seu pulso levemente sobre a lâmina de sua foice, fazendo um pequeno corte – Triste até...

Higor lançou seu sangue sobre o solo fétido do pântano, repentinamente, as poças começaram a borbulhar, fogos fátuos começaram a ser lançados nas proximidades, Jeff encarou o chão a sua frente e observou uma mão brotando da terra, seguida de uma cabeça sem um dos olhos, recuou alguns passos e pode ver, a sua frente estava surgindo uma horda de mortos-vivos.

_Então és um necromante... – Sorriu Jeff – Estou desapontado, estava procurando um coveiro...

Jeff avançou nos zumbis, golpeou dois deles com um corte lateral e os partiu, um terceiro o surpreendeu e agarrou-se em seu pescoço, abriu sua boca e ferozmente mordeu Jeff, porém, o jovem se desfez em sombras, surgindo através do zumbi e quebrando seu pescoço com as mãos. Mesmo tento eliminado mais alguns zumbis, muitos outros estavam brotando da terra, Jeff parou no meio de todos e abaixou sua cabeça.

_Chega de brincar... – Os zumbis avançaram em Jeff, mas novamente esse desapareceu, os monstros sem vida olharam ao redor, confusos, o silencio se perpetuou por cinco segundos, quando em um átimo de tempo um forte som de lâmina ecoou, explodindo os zumbis em dezenas de retalhos, Jeff reapareceu no mesmo lugar sussurrando – Retalhar...

_Interessante – Sorriu Higor colocando sua foice em posição de combate – Almas corajosas são difíceis de se encontrar!

_Não pretendo lutar contra você – Disse Jeff recolhendo suas lâminas ocultas – Fui enviado para recrutá-lo.

_Eu perdi tudo, meu bem mais precioso se foi... – Disse Higor inexpressivo – Tudo aquilo que tem forma... Um dia se vai... Menos essa triste lembrança...

_As lembranças nos deixam mais fortes – Disse Jeff retirando um pequeno colar amarelado e jogando-o na direção de Higor, este o pegou, assustado, começou a encarar aquele objeto boquiaberto – Com as mesmas areias que construíram o presente é que se constrói o futuro!

_Esse colar... – Disse Higor soltando sua foice e lagrimejando – Onde conseguiu?

_Venha comigo... – Disse Jeff – Eu lhe direi tudo o que sei!

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_Os patrulheiros do sul informaram uma grande movimentação vindo em nossa direção, meu senhor – Disse um arqueiro apontando para um morro próximo ao vilarejo – Chegarão em breve.

_Dessa vez eles aumentaram o número de tropas... – Disse Felipe irritado analisando o mapa e a informação recém-recebida – Redobrem a guarda ao redor do vilarejo, todos aqueles que souberem atirar devem estar em prontidão.

_Entendido! – Obedeceu o arqueiro mais jovem.

Felipe suspirou, deixou a cabana de reunião e olhou aquele pequeno vilarejo, pequenas cabanas com telhados de palha e paredes de madeiras, algumas crianças brincando nas ruas, mulheres conversando e rindo e rapazes cortando madeira, carregando animais ou cuidando da terra, o arqueiro de vestes verdes começou a caminhar pelo vilarejo que protegia. Aquelas pessoas... Aquele cenário... Eu não posso deixar esse lugar morrer , pensava Felipe.

O rapaz franzino, caminhando, chegou até o campo de treinamento e fitou as três crianças mais cedo interagindo com seus homens.

_Scott! – Disse Felipe para um de seus arqueiros – Fez esse arco?

_Não, aquele garoto fez para mim – Respondeu Scott – Ele chamou de arco recurvo, é bem mais forte e mais rápido do que o meu antigo.

Felipe se aproximou do garoto do qual Scott havia se referido, o pequeno Natan, estava em uma mesa de serviço, trabalhando com aquelas madeiras e cordas, construindo arcos e explicando para os arqueiros sobre eles.

_Desse jeito... – Disse Natan antes de finalizar mais um arco – Eles ficam muito mais fortes e resistentes, podem até apunhalar seus inimigos com eles!

_Impressionante! Bravo! – Disseram os arqueiros, aplaudindo o garoto.

_Quem lhe ensinou a construir arcos? – Perguntou Felipe sorrindo.

_Ninguém... – Respondeu Natan alegre, voltando-se a uma folha e fazendo alguns desenhos – Sempre construí armas, é meu hobbie.

Felipe continuou a caminhar sobre o campo de treinamento, chegou ao local de treino a tiros, notou a presença do jovem de cabelos bagunçados e sua amiga, ambos treinando com arcos.

_Um... Dois... Três... – Disse Henrique antes de disparar uma flecha e acertar a região vermelha do círculo de alvo, local acertado somente por arqueiros muito experientes – Eh! Na mosca!

_Ah! – Disse Leslian disparando e acertando a zona verde, um local mais fácil de ser acertado – Você é muito bom! O vento atrapalha um pouco.

_Use o vento a seu favor! – Disse Henrique se colocando por trás de Leslian e ajeitando seus braços, carinhosamente – Você puxa assim e...

Puft! A flecha acertou a zona amarela dessa vez.

_Impressionante, garotos – Disse Felipe se aproximando – Não é qualquer um que consegue acertar as zonas amarelas e vermelhas em um dia cheio de ventos como hoje.

_Arqueiro verde! – Os jovens se separaram rapidamente, avermelhados e tímidos – Não vimos você chegando.

_Vocês crianças... – Disse Felipe seriamente – Não são jovens quais queres.

_Somos membros da Resistência – Disse Leslian sorrindo e retirando alguns pêssegos de seu bolso – Nós lutamos para libertar o mundo da escuridão.

_Onde você arranjou pêssegos? – Perguntou Henrique coçando seus cabelos.

_Essa Resistência... – Disse Felipe com um certo interesse – É um grupo de crianças extraordinárias?

_Cada um é único nesse grupo, somos todos insubstituíveis – Disse Leslian gentilmente – Você vai ter que conhecê-los para compreendê-los.

_interessante... – Disse Felipe intrigado.

_Meu senhor! – Gritou um arqueiro se aproximando ligeiramente – Uma horda de minotauros e cavaleiros estão se aproximando... Eles são muitos, acho que não vamos...

_Um arqueiro só pode errar o alvo depois que atirar – Disse Felipe seriamente ao colocar a mão sobre o ombro de seu arqueiro e gritar – Todos aos seus postos! Preparem-se!

_Nós também vamos! – Disse Henrique com firmeza.

_Não vou permitir! – Disse Felipe seriamente – Sigam os camponeses e protejam-se.

_Você não entendeu, não é mesmo? – Disse Leslian pegando um aljave e se deslocando em direção a barreira do vilarejo.

_Vocês... – Disse Felipe fracamente.

_Fugir nunca é o caminho! – Disse Henrique correndo atrás de Leslian.

_Esses... – Disse Felipe atônito, posteriormente correu em direção a sua cabana, pegou seu arco e teu aljave – Resistência éh? Muito curioso.

–--

_Você quer que eu tome banho? – Disse Pamy encarando Julia com uma expressando cômica – Mas jovem...

_Não é um banho... – Disse Julia seriamente – Essas são as águas da vida, somente as almas bondosas não são feridas ao entrar nesse pequeno lago.

Havia, na frente das duas garotas, uma pequena lagoa circundada por grossas raízes de árvores, com lindas flores, a água estava muito pura, refletia completamente todo aquele cenário esbelto da grande biblioteca.

_Isso é tipo água benta? – Perguntou Pamy rindo.

_Se quer que eu confie em você – Disse Julia – Deve entrar nessas águas!

_Certo, jovem – Disse Pamy tirando sua capa e sua bota – Depois disso será que posso ler alguns desses livros?

_Se for pura... – Respondeu Julia.

Pamy colocou seus pequenos pés sobre as águas, seu rosto fez uma expressão estranha, suas sobrancelhas subiram, Julia começou a gargalhar com convicção.

_Eu sabia! Você apenas aparenta ser pura! É doloroso, não?

_Doloroso? – Disse Pamy pulando alegremente na pequena lagoa – Está quentinha!

_Quentinha?!!!! – Disse Julia surpresa – Como é possível?!

_Nuvens... – Disse Pamy ao sair das águas – Elas poluem o lindo céu azul, pode parecer meio problemático, mas são só nuvens, tudo o que temos que fazer é soprá-las, céu azul ninguém me tira!

_Eu... – Disse Julia gaguejando – Eu não entendo...

_Vai entender... – Disse Pamy sorrindo e inclinando um pouco a cabeça – Agora, sabe de algum livro que ensine sobre raios e trovões?

Julia ofereceu novas roupas para Pamy, porém a garota continuou com sua tradicional capa rosa desbotada, a jovem de cabelos loiros contou sobre o grupo Resistência e apresentou a proposta para a druida enquanto ambas caminhavam a procura do livro de trovões.

_Resistência? – Questionou Julia – Um grupo de heróis extraordinários?

_Exatamente, jovem! – Disse Pamy – Juntos nós podemos não somente resistir, mas destruir as trevas.

_Não acha que isso seja meio infantil? – Perguntou Julia.

_Sinceramente... – Disse Pamy – Eu acho... Por isso mesmo que acredito que pode funcionar!

_Entendo... – Disse Julia passando a mão sobre alguns livros, retirando um grande dourado – As Lâminas de Zeus, esse livro fala sobre trovões e relâmpagos.

_Nossa, que capa bela – Disse Pamy analisando o desenho de alguns trovões na capa, extremamente realistas – Será que posso me divertir em algum cantinho desse belo lugar?

_Sinta-se a vontade... – Disse Julia antes de se retirar – Já provou-me seu valor.

Pamy sentou-se em uma espécie de cadeira e mesa feita de raízes e flores, abriu o livro aproximadamente na metade e começou a ler:

Antigamente acreditavam que só Zeus poderia disparar raios, essa crença deixou de existir com o avanço da magia, animais, plantas e até pessoas ganharam essa capacidade, alguns são capazes de converter sua energia essencial em poder elétrico, mas são raros esses casos, todavia, o contrário não é real, um mago ou bruxo perito em trovões sofreria o dano de um deles se fosse atingido pelos cujo ditos, os elementos naturais da natureza podem ferir todas as pessoas, mortais não podem ser imunes a natureza.

_Mortais não podem ser imunes a natureza... – Disse Pamy intrigada – Isso não faz sentido...

Um forte estrondo tremeu toda árvore da vida, as folhas balançaram muito, centenas de livros caíram, Pamy fechou seu livro dourado e o colocou na bolsa, correu em direção a beira de um dos galhos e pode avistar legionários atiçando chamas nas raízes da árvore.

_Poderiam ter feito tudo... – Disse Pamy raivosa – Menos queimar livros na minha frente!

A garota de cabelos negros empunhou sua pequena espada.

–--

O paladino cintilante colocou sua espada sob aquela bela mesa de madeira e ficou a fitar o rapaz untuoso que se colocava a sua frente, o grande homem virou-se e colocou alguns pães na mesa.

_Coma, paladino – Disse Belo estendendo-lhe pão.

_O fardo de ser um imortal deve ser pesado – Disse Marcos gentilmente ao pegar o pão – Como consegue carrega-lo?

_Eu sou feito como uma rocha... – Disse Belo ao sentar-se – Uma rocha dura para sempre, não pode morrer porque não está viva, e não pode viver porque tudo aquilo que é vivo um dia deve morrer, uma rocha pode ser fragmentada, pode ser lapidada, pode até mesmo ser pulverizada, mas, como um todo, uma rocha sempre é um rocha.

_Isso soa... – Disse Marcos colocando seu pão sobre a mesa – Digo... É um tanto triste.

_Sim... – Disse Belo – Mas se der a essa rocha um valor, acreditar em seu potencial, pode transformá-la em uma bela joia, uma joia que brilha por toda a eternidade.

_Aprendeu a lidar com sua imortalidade? – Perguntou Marcos curioso – Fez isso apenas com essa pequena perspectiva?

_Olhe ao seu redor, paladino – Disse Belo levantando-se e abrindo a janela, ambos puderam avistar aquele pequeno e belíssimo vilarejo – É mais que uma perspectiva, a vida que existe em mim e tão imensa que decide compartilha-la com os humildes.

_Eu também tenho um fardo... – Disse Marcos encarando sua lâmina.

_Irmão! O que você fez!? Onde o papai e a mamãe estão? – Gritava o pequeno garoto de cabelos lisos.

_Devemos evoluir, pequeno irmão – Disse o garoto com sua voz forte exalando aquela aura azulada e fria - Os traços escritos em nossos destinos devem se materializar!

_Por que...? – Gritou o pequeno de cabelos lisos chorando – Não entendo!

_Somos a ponte do equilíbrio que as almas abençoadas e amarguras trilham, meu irmão – O rapaz levantou suas mãos e exclamou seriamente – Não quero ser um mero guia, eu vou transcender!

_Você... – Disse o pequenino ao sair correndo e se esconder no alto de uma árvore.

_Nunca mais! – Disse Marcos fechando seu punho fortemente – Imortal, tenho um convite para lhe fazer.

–--

O pequenino rato descia as escadarias da grande montanha do templo celestial, quando ouviu um berro ensurdecedor:

_RAAAAMON!!! – Gritava Leonardo ao se aproximar correndo e assustado.

_O que há, brother? – Disse Ramon rapidamente subindo no corpo de Bigode e se segurando em seu ombro.

_As garotas! – Disse Bigode a subir as escadarias correndo – Elas são monstros!

_O que? – Disse Ramon confuso, olhando para neblina e não avistando nada – Enlouqueceu a bigodeira...

Bigode continuou a subir as escadas e entrou furiosamente no templo.

_Hoje, pelo visto, é um dia daqueles – Disse João se aproximando – O jovem rato e um costureiro.

_Monge! – Disse Bigode ofegante – Aquelas garotas, o que são elas?

_Não existem garotas... – Disse o monge – Aquela neblina tem uma propriedade mágica, ela pode enlouquecer as mentes fracas e perturbadas.

_Diga a ele Ramon! – Gritou Bigode – Você também viu as garotas!

_Não se pode entender as raízes da magia – Disse o monge sentando-se – Os legionários jamais tomarão este templo, pois nenhum deles até hoje foi capaz de sobreviver as alucinações, estou impressionado que vocês dois ainda estejam de pé... Mas... Com o tempo isso vai piorar.

_Ahhhh! - Disse Leonardo ajoelhando-se no chão e colocando as mãos na cabeça, começou a balbuciar e apertar fortemente seu crânio – Eles estão aqui! Ramon!

_Aguente firme, Leonardo! – Gritou Ramon segurando o nariz de Leonardo com suas pequenas patinhas – Eles são a ilusão, você é a realidade, resista!

_É inútil... – Disse João fechando seus olhos e começando a meditar – Como eu disse, ninguém jama....

_MEÇA SUAS PALAVRAS, PARÇA – Gritou Ramon para o João – Ele vai resistir! Esse é nosso maior triunfo e maior poder, nós podemos resistir a esses males, podemos resistir as trevas!

_Resistir... – Disse João pasmo... – Será que...

_Ramon... – Disse Leonardo recuperando a consciência – Eles são muitos...

_Você tem uma princesa para proteger, lembra disso? – Disse Ramon.

Nesse momento, Leonardo se paralisou, seu corpo vibrou e o mesmo se lembrou da noite em que dormiu com Thaina na cabana.

_Você pode tirar coelhos da cartola? – Perguntou Leonardo.

_Eu não sou um mágico – Respondeu Thaina sorrindo.

_Ué, mas você não luta com magia? – Perguntou Leonardo.

_Você sabe o que é magia, jovem costureiro? – Perguntou Thaina.

_Acho que não, hehe – Disse Leonardo rindo e abraçando a garota.

_Magia é aquilo que não sabemos de onde vem, mas que toma nossos pensamentos e dá poder a nossas almas, que nos momentos de dificuldades, se torna viva e nos ajuda – Respondeu.

_Acho que... – Disse Leonardo timidamente – Você é a minha magia então.

_Você é muito fofo, sabia? – Disse Thaina avermelhada.

_Estou fazendo meu papel de costureiro – Respondeu Leonardo epicamente – Tecendo as tramas de nossos destinos!

_Desculpem, senhoras – Disse Leonardo se levantando e encarando todas as suas ilusões desaparecendo – Mas não existe nada mais firme do que minhas obras de arte!

_Impressionante... – Disse João boquiaberto, ele encarou aquelas duas figuras que foram postas em seu destino e percebeu que eram fatores poderosos para a manutenção do equilíbrio – Rato, eu aceito sua proposta!

–--

_No fim você se tornou mesmo um construtor, hein! – Disse Dennys gargalhando.

_Olha o respeito, cadelo – Respondo William rindo – Melhorei muito desde aquele dia.

_William, infelizmente não tenho tempo para beber e prosar contigo como fazíamos antigamente – Disse Dennys, dessa vez seriamente – Preciso do poder da sua espada.

_Redside é? – Disse William empunhando sua lâmina e brandindo, esta era muito semelhante a arma Blueside, porém, tinha detalhas avermelhados e era quente, além de liberar algumas faíscas quando agitada ferozmente – O que pretende fazer?

_Soube da revolução dos legionários? – Disse Dennys caminhando de volta a praia, ao lado de seu amigo.

_Soube, foi o que me fez procurar esta ilha – Respondeu William cabisbaixo – Neste lugar eu tenho a paz que preciso para relaxar.

_Você nunca foi de fugir ou se esconder... – Disse Dennys virando e colocando a mão sobre seu ombro – Vamos lutar!

_Você é louco? – Riu William – Somos dois contra um exército de demônios e templários caídos.

_Pela força das marés e pela voracidade dos ventos – Disse Dennys pausadamente.

_Pelo vigor da rocha negra e o calor das brasas vulcânicas – Completou William – Pec também está participando disso?

_Sim – Disse Dennys sorrindo – Já deve imaginar qual é o plano dele.

_O Lendário Tetravortex... – Riu William – Esse garoto é louco, isso nunca vai funcionar...

_Não quero ficar tentando te convencer... – Disse Dennys se colocando em seu pequeno barco – O Broco que eu conheço jamais fugiu de uma boa empreitada!

_Não fale palavras difíceis, irmão – Disse William rindo – Sabe que eu não entendo.

_É um broco mesmo... – Riu Dennys se despedindo.

William parou momentaneamente e olhou para trás, avistou sua ilha e todas as belas construções que fez com madeira, aquela sua pequena utopia um dia também seria atingida pelo limite absoluto dos legionários.

_Hey! Cadelo! – gritou William – O mundo ainda tem belas meretrizes?

_Sim! Várias carnes novas! – Respondeu Dennys alegremente.

_Dane-se... – Disse William correndo e jogando-se dentro do barco – Vamos nessa! Taran, Taran, Taran!

Notinha especial do Elvis: “Taran, Taran, Taran! É um som que William faz quando começa alguma aventura ou algo que aflore seus sentimentos, acredito que seja uma variação de alguma música pop-rock que incite adrenalina.

–--

_Ai... – Disse Giussep com uma expressão de dor e desgosto no rosto, enquanto caminhava ao lado de Kalgas e Haru – Meus pés doem... Árvore, me carregue! É uma ordem.

_Não carrego nem a Haru que tem o peso de uma folha, parceiro – Disse Kalgas com sua voz rouca e forte – Continue caminhando.

_HIHIHIHI – Riu Haru no tom mais agudo possível – Eu amo vocês!

_Esses dois... – Disse Kalgas coçando seus cabelos verdes de folhas – As vezes vocês diminuem a frustação de eu ser uma árvore.

Um som de fortes batidas no sono, ferozes e violentas, se aproximava, Kalgas ligeiramente pegou Haru e junto com o comissário se esconderam em uma moita a beira da estrada.

_Eu conheço esse cavalgar – Sussurrou Giussep.

Bruce se aproximava correndo pela trilha com o garoto de cabelos lisos, este sinalizou para o cavalo diminuir a velocidade.

_Eu sei que vocês estão ai! – Disse o rapaz descendo de Bruce e empunhando suas adagas – Meus amigos, ladrão que rouba ladrão... Devem conhecer o ditado?

_Você... – Disse Giussep surgindo da moita aflito – Valete!

_Vejam se não é o carrasco dos legionários – Sorriu o garoto – Quanto será que pagam por sua cabeça no mercado negro?

O chão estremeceu, rapidamente raízes surgiram da terra, porém o chamado valete saltou e retalhou as plantas com maestria, caiu no chão elegantemente, girou e avançou na direção de Giussep, o comissário empunhou uma espécie de galho curvado que trazia consigo e tentou estocar seu inimigo.

_Valete da boa sorte! – Disse o garoto ao desviar e acertar com ímpeto uma cotovelada no rosto – Perdoe, meus modos, não pude me apresentar.

_Eu digo o mesmo! – Gritou Kalgas surgindo ligeiramente, agarrando o garoto pela perna e o lançando ao alto.

_Uma árvore falante! – Gritou Julio de maneira extrovertida no ar, girando e caindo firmemente ao chão – Sempre acreditei nas capifadas!

_Comissário! – Disse Kalgas com firmeza – Juntos!

Ambos avançaram na direção do garoto, Giussep pulou e tentou acertá-lo por cima enquanto Kalgas lançou suas raízes pelo chão, porém Valete saltou em espiral, desviando de ambos os ataques, investiu em Kalgas, o chutou no peito duas vezes e se lançou para trás, acertando Giussep com um chute.

_Desgraçado! – Disse Kalgas –Ele á muito rápido! Haru!

Haru surgiu da moita e emitiu uma forte rajada de luz nos olhos de Valete, nesse instante Giusse investiu no mesmo, saltou e o agarrou, derrubando ambos no chão, quando valete tentou se levantas, suas pernas já estavam enraizadas.

_Você não sabe jogar de maneira limpa... – Disse valete tentando se libertar – Odeio pessoas que quebram as regras, ah... Parece que fui pego, essa raiz é muito dura.

_Não somos seus inimigos – Disse Haru pousando sobre o rosto do garoto e sorrindo – Você é muito elegante para um gatuno.

_Gatuno? – Disse valete ainda tentando se libertar – Eu sou bem mais que isso, pequeno fecho de luz.

O garoto acidentalmente apunhalou a raiz com o anel que vinha empunhado, uma forte luz violeta e verde emanou das raízes e a transformaram em um líquido amarelado e amargo.

_impossível! – Disse Kalgas assustado.

_Isso... – Disse valete levantando-se rapidamente, colocando o dedo naquele líquido e posteriormente o pondo em sua boca – Isso é cerveja! Esse anel transforma as coisas em cerveja! Hahaha, Deus, eu sabia que você existia!

_Valete – Disse giussep – O maior dos gatunos e arruaceiros do reino do Norte, canalha que se aventura de pubs em pubs ganhando a vida com meretrizes, cerveja e ouro, a legião por muito tempo te procurou.

_Não estou interessado, o jogo acabou, camaradas – Disse valete apontando o anel para Kalgas e Giussep – Quem sabe... Se eu der sorte, transformo vocês em hidromel! Hahaha

O anel começou a brilhar, a luz verde e violeta novamente começou a tomar o objeto, seguida por um longo som agudo.

_Bingo! – Sussurrou valete sorrindo.

–--

As Crônicas da Resistência – (Quase cinco mil palavras pessoal!)

Nós somos os escolhidos para mudar e transformar o mundo, por isso, nós somos os que devemos resistir!


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