As Crônicas da Resistência escrita por Pec
Notas iniciais do capítulo
Pessoal, desculpem pela demora para enviar o capítulo, mas ele está ai, caprichei bastante nesse (eu acho kkk) e gostaria que mandasse seu feedback, isso toma apenas uns cinco minutos do seu tempo, mas ajuda demais a manter a história do jeito que você gosta e me motiva a continuar, deguste do capítulo 6 - parte 2, hehehe
Os pequenos pés seguiam pelo gélido cristal de éter negro, naquelas escadarias não haviam armas, escoltada por quatro cavaleiros negros, a pequena jovem seguia torre acima, seu vestido escurecido com leves e macios tecidos acariciava sua pele, mas aquilo não a acalmava, a vida que escolhera não deveria ser cinzenta, muito menos manchada de vermelho, mas, quem somos nós a ponto de poder escolher traçar nosso destino? Será que o caminho já está trilhado e tudo o que fazemos é segui-lo? Estefany não sabia mais no que acreditar, apenas continuava a subir aquelas escadas intermináveis.
_Está muita linda com esse vestido, my lady – Disse Caeli que seguia alguns degraus acima de Estefany.
_Não precisa continuar com essa bajulação – Disse Estefany seriamente ao desviar o olhar para o chão.
_Ham... – Sorriu Caeli – Essa ousadia que lhe mantém viva, mas jamais se esqueça, princesa...
Caeli, em uma fração de curtos segundos virou-se agarrou Estefany pelos cabelos e a pressionou contra a parede.
_Sua única função é proporcionar o legado desse império! – Disse Caeli sombriamente antes de soltar Estefany e continuar a subir as escadas.
_Sim, meu rei! – Disse Estefany ao se recompor e continuar a subir, de seus olhos cristalinos escorreu uma pequena gota, a jovem lembrou do dia em que foi tirada de sua cabana, de sua família, aquele sentimento e tristeza, saudade, um ferimento difícil de se curar.
_Suba logo, garota! – Gritou o soldado ao agarrar Estefany e a lançar em uma carroça para prisioneiros.
Estefany, vendo o vilarejo Cinzento ficar cada vez mais distante, fechou seus olhos e inclinou sua cabeça, mas não se arrependia do que havia feito, pois poupou seu irmão Natan de um futuro semelhante ao seu, porém mal sabia que a tortura que a espera no grande castelo negro dos legionários supera as barreiras físicas e mentais que qualquer humano seria capaz de suportar.
A gota escorria por sua bochecha.
Foi acorrentada e trancafiada em uma cela escura, não havia nada com que interagir, permaneceu assim por três longos dias e três frias noites, quando sua alma já estava abandonando seu corpo, a garota pode ver um pequeno feixe de luz azul adentrando em sua cela, seria isso o fim? Desesperou-se e novamente tornou a fechar os olhos, sentiu a rajada de calor contorcer todo seu corpo, a sensação que terá era de ter a pele arrancada com uma navalha, junto com os ossos das costas se rompendo, porém, o desespero e o medo haviam desaparecido, pois ela queria que fosse o fim, a dor seguiu por mais alguns instantes e foi se aliviando, percebeu então que aquilo não era o tão esperado fim, suas correntes apenas haviam sido abertas, a sensação que terá fora de seus músculos se relaxando e seu sangue voltando a circular em uma pressão normal.
_Não aguento mais... – Chorava Estefany debruçada no chão.
_Foi a única garota que sobreviveu tanto tempo na solidão – Disse uma voz dócil estendendo-lhe a mão – Qual seu nome?
_Estefany... – Disse Estefany fraquejando – Não consigo me levantar.
_Deve estar com fome – Disse a voz se retirando da sala e, minutos depois, retornando com uma grande bandeja de guloseimas, carne e grãos – Coma tudo!
A lágrima deixava o rosto de Estefany
_Quem é você? Por que está me ajudando? – Perguntava a jovem garota ao comer de forma voraz o prato posto a sua frente.
_Primeiro coma – Disse a voz ao se retirar da cela com um sorriso – Você não vai mais sofrer!
_Não sei, se por tantas coisas, ainda sei viver sem sofrer.
A gota atingira o chão
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Bruce cavalgava rapidamente, o garoto de cabelos lisos e negros estava montado sobre o cavalo, sorria ao comer algumas guloseimas que havia encontrado e arrumava seus cabelos ao olhar em um pequeno espelho de bolso.
_É... Meu caro, hoje foi um dia lucrativo! – Disse o garoto – Agora estou sem rumo, vamos ver a onde o destino planeja me levar.
O garoto não estava guiando o cavalo, estava sendo guiado pelo mesmo, Bruce era um animal esperto, ele sabia que algo estava errado, Pamy já deveria ter chegado a caverna se realmente pretende-se fazer isso, mas a garota estava muito distante daquele lugar.
_Vamos ver o que consegui saquear hoje! – Disse o jovem ao pegar uma pequena bolsa amarrada fortemente em sua cintura e analisar alguns objetos – Ouro, prata, ouro, joias, uau! Uma garrafa pequena de hidromel!
O garoto mexeu suas pernas e braços indicando para o cavalo parar, Bruce obedeceu e encostou em uma grande rocha próxima, o garoto desceu do cavalo e retirou um pequeno artefato da sua sacola.
_Essa coisa estava dentro de uma caixinha tão esbelta – Disse o jovem ao analisar um anel dourado com algumas escrituras.
Omnia transferri potest
(Do latim, algo como tudo pode ser transformado)
_Bem, hehehe – Disse o garoto ao colocar o anel em seu dedo indicador – Pelo menos ele é bem bonito – Mas é uma pena não ser de ouro, prata, nem nada valioso.
O garoto tornou a subir no cavalo e indicou para que o mesmo continuasse a cavalgar, sem ao menos desconfiar do poder que havia posto em sua mão.
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Pamy parou atônita diante daquela gigantes árvore a sua frente, sem dúvida, de perto a grande árvore era bem maior, chamada de a árvore da vida, acredita-se que ela armazena toda a essência das florestas e riachos do reino do Norte, pode ser vista ao horizonte mesmo estando a léguas de distância, Pamy pegou o papel que Elvis havia lhe dado e confirmou sua posição, posteriormente lembrou da conversa que tivera com o professor antes de partir.
_O que é um druida, Elvis? – Perguntava Pamy ajeitando seu capuz e colocando sua espada na bainha.
_Em resumo, um druida é um ser que tem profundo conhecimento sobre as florestas, e quando digo profundo, digo que é um ser capaz de usar a natureza a seu favor – Respondeu Elvis.
_Essa Julia deve ser bem forte – Disse Pamy sorrindo – E tenho certeza que vai querer nos ajudar.
_Você é bem convincente, Pamy – Sorriu Elvis – É a pessoa certa para fazer dela nossa aliada.
_Bem estou partindo – Disse Pamy ao se despedir apertando as mãos de Elvis e seguir acampamento a fora.
_Espere! – Disse Elvis seriamente – Marcos me contou que você foi ferida por um lobo presa-trovão, isso realmente aconteceu?
_Sim – Disse Pamy – Um deles mordeu minha perna, mas o paladino pode curá-la com uma coisa... Acho que ele chamou de helioterapia, algo assim.
_Ouvi boatos da helioterapia – Disse Elvis – Mas o que me perturba não é isso, curar é diferente de regenerar, sua perna, devido à grande eletrificação deveria ter sido queimada segundos após a mordida.
_Ela queimou um pouco – Disse Pamy.
_Pamy... – Disse Elvis ao mostrar uma figura de um livro que tinha em sua bolsa, a imagem era de um rapaz com o braço fortemente escurecido, sem pele natural ou pelos – A mordida daqueles lobos se assemelha a uma fração de um trovão, por algum motivo, sua perna teve apenas uma queimadura leve, em outras palavras, o efeito da eletricidade foi enfraquecido ou não foi muito efetivo em você.
_Está querendo dizer... – Disse Pamy entusiasmada – Que eu tenho resistência a raios?
_É apenas uma hipótese – Riu Elvis ao se despedir – Tome cuidado!
Pamy olhou para suas mãos, frente aquela gigantesca árvore levantou-as e exclamou consigo mesma.
_Yeah! – Sorriu, acalmou-se – Por que eu fiz isso?
A garota de cabelos loiros continuou a seguir em frente, pode ver uma abertura entre as grandes raízes da árvore, seguiu cuidadosamente, empunhou sua espada e começou a caminhar com cautela, a passagem levava para o interior da árvore, após subir alguns degraus, Pamy novamente ficou atônita com a imagem se se formava a sua frente.
_A árvore da vida... – Sussurrou Pamy para si mesma – É preenchida por livros!
Milhares de livros espalhados entre os andares do interior da grande árvore, alguns formavam pilhas, outros estavam presos a cipós, outros organizados sobre mesas de madeiras, a quantidade era assustadora, livros de todo tamanho e cor, belíssimo! Pensava Pamy admirada.
_Acho que foi isso que Elvis quis dizer com profundo conhecimento – Disse Pamy ao entrar na biblioteca florestal.
_Não dê mais nenhum passo! – Ouviu Pamy uma voz profunda ecoando no salão, seus pés ligeiramente foram aprisionados em fortes raízes que brotaram da terra, entre os livros e as moitas uma figura jovem e esbelta surgiu, usava vestes de pano, olhos claros e orelhas pontudas – Somente as almas puras podem apreciar o conhecimento árvore da vida!
_Calma, jovem! – Disse Pamy soltando sua espada e levantando seus braços – Não sou sua inimiga!
_Vamos confirmar isso! – Disse Julia se aproximando de Pamy.
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Os cavaleiros negros estavam todos descansando antes de partir, muitos tomavam banho e outros dormiam encostados em rochas ou árvores, Alex dormia babando no chão da cela sem se preocupar com o mundo fora de seus pensamentos, Gabi ficava a encarar o céu, inexpressiva, olhando as nuvens passarem sem nenhuma esperança, e Shu, o jovem bardo com sua flauta de cristal, estava encostado em uma parede da cela, preparando-se para tocar algo. Delicadamente, Shu balançava seus dedos sobre a flauta e a soprava, fazendo ecoar uma melodia calma e rítmica sobre os ventos, estes que a levaram aos longes daqueles campos, de pouco a pouco, os cavaleiros negros começaram a cochilar, o efeito musical fora devastador, em poucos minutos fora substituído por uma alvorada de roncos.
_Tenham bons sonhos ... – Sorriu Shu maliciosamente ao interromper sua melodia do sono.
Shu aproximou-se de Alex, colocou a flauta em seu ouvido e soprou muito silenciosamente uma sequência de treze notas, fazendo-o acordar.
_Na humilde.... – Disse Alex levantando-se e limpando suas vestes – Estava sonhando com uma garota tão incrível, você poderia ter esperado só mais um minuto, faltava só um pouco para...
_Lex – Sussurrou Shu – Não temos tempo, abra a cela, vou acordando a Gabi.
Shu fez o mesmo encantamento com sua flauta para acordar Gabi.
_Você é fantático, Shu! – Disse Gabi ao se surpreender com todo aquele cenário que estava presenciando.
_Sua encenação de garota despercebida também foi excelente – Disse Shu guardando sua flauta.
_Que encenação...? – Perguntou Gabi confusa.
Os jovens saíram ligeira e sorrateiramente da cela, foram até o armazenamento de armas e suprimentos e recolheram comida, água e reassumiram suas armas, deixando o acampamento as pressas.
_Os camponeses... – Disse Gabi ao olhar para trás enquanto deixava o acampamento – O que os legionários pretendem fazer?
_Não podemos salvar toda essa gente... – Disse Shu silenciosamente.
_Esses desgraçados – Disse Alex apertando firmemente a empunhadura de sua marreta - Destruir nosso mundo não é o suficiente?
Os jovens corriam monte a cima, porém, cortando os fechos da luz solar, um garoto de armadura negra os interrompeu, apontando uma espada sombria para os mesmos.
_Impressionante – Disse Martosael apontando seu gume sombrio para os jovens – Imaginei que conseguiram escapar cedo ou tarde.
_Saia da frente, gordo! – Disse Alex apontando sua marreta na direção de Martosael – Porque dessa vez ninguém vai proteger você!
_Quanta coragem... – Disse Martosael sorrindo e entrando e posição de combate – Para um homem morto!
Alex avançou na direção de Martosael, girou e tentou golpeá-lo pela esquerda, rapidamente o legionário saltou e desviou do golpe, Alex também saltou e chutou o legionário, este velozmente desferiu um corte nas vestes de Alex, ambos recuaram alguns passos.
_Só isso...? – Riu Martosael, porém Alex o surpreendeu golpeando o chão com extrema força e desferindo uma onda sísmica, perdendo o equilíbrio momentaneamente Marto (abreviação de Martosael... Sério, tem pessoas que se perdem quando faço essas abreviações) foi acertado por uma Martelada desferida em seu peito, lançado a alguns metros ao chão, o jovem fitou a sombra de Alex o atravessando, esse maldito saltou! Pensou Martosael – Corte das Sombras!
O gume de Martosael escureceu-se e liberou uma onda de energia escura que acertou Alex no ar, o derrubando.
_Só estou começando, gordo imundo! – Disse Alex se recuperando rapidamente e correndo na direção de Martosael, o mesmo se levantando e também correu na direção de Alex, porém, em uma fração ínfima de tempo, Gabi surgiu diante dos dois e bloqueou os dois ataques com suas duas lâminas.
_Já basta – Disse Gabi seriamente – Legionário, retire-se ou eu mesma vou lhe matar!
_Eu ouviria a moça – Disse Shu rindo – Sério, eu ouviria a moça, não foi só uma frase de efeito!
_Esse legionário não é seu inimigo... – Disse uma voz forte vindo de alguns metros, subindo o monte – Ele nem ao menos é um legionário.
Martosael se afastou de Gabi e Alex, sorriu e ficou sua espada no chão, indicando que não pretendia mais lutar, todos olharam a figura que subia aquele monte, um mago com trajes vermelhos e pele escuro, se aproximara mexendo um líquido em uma grande caneca com uma pequena colher de madeira.
_Vinho... E agora chá... – Reclamava Goku – Eu só queria beber uma cerveja descente!
_Você! – Disse Gabi encarando Goku – Você nos deu a chave da cela!
_Ele também nos deu o que beber – Disse Alex sorrindo – Não se esqueça desse detalhe.
_O que nós defendemos... – Disse Goku olhando a todos de maneira épica – É aquilo a que vocês buscam.
_Não podemos confiar em vocês ... – Disse Shu ainda armado com seu violão – O legionário nos prendeu e ainda nos atacou!
_Acreditem – Disse Martosael novamente com seu tom que pairava entre a seriedade e indiferença – Eu poderia ter matado todos vocês a tempos, fui forçado a fazer o que fiz.
_No caminho explicaremos tudo – Disse Goku ao seguir em frente e guiar a todos, batendo ritmicamente seu cajado no chão – Não queremos um exército de cavaleiros negros acordados nos perseguindo.
Alex, Shu e Gabi se entreolharam, aquiesceram e seguiram o mago vermelho.
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_Então, fofinha – Disse Bigode ao acariciar os cabelos de uma jovem garota que vendia flores – Conte-me mais sobre esse lugar maravilhoso!
_Hihihi – Riu a garota – Esse é o vilarejo das Fontes Harmônicas, um paraíso para os apaixonados.
_Então estou no lugar certo... – Disse Bigode atônito – Pois acabei de me apaixonar....
_Hihihih – Ria a garota timidamente – Você é muito fofo.
_Bigode, meu parça! – Brigava Ramon ao puxar os cabelos de Bigode – Temos que encontrar logo esse monge!
_Você está de brincadeira... – Disse Bigode a admirar as garotas que passeavam pelas ruas daquele vilarejo enevoado – Olha esse lugar!
_Você já está comprometido! – Disse Ramon raivosamente – Isso deixa de ser malandragem e passa a ser sacanagem, temos uma missão importante, a chefe disse...
_Vá na frente, Ramon – Disse Bigode acenando para uma garota que passava na rua – Eu te encontro logo depois.
_Esses assanhados de hoje em dia... – Disse Ramon descendo pelo corpo de Bigode e seguindo o vilarejo, o rato encontrou uma gigantesca escadaria deserta e começou a subi-la, próximo ao fim, fitou um belíssimo templo prateado.
_Cadê a galera da comunidade? – Gritou Ramon ao entrar no templo, um lugar extremamente rebuscado, porém vazio, o chão era espelhado e coberto por muitos tapetes, nos cantos próximos as paredes existiam almofadas e nas profundezas da sala, um garoto meditava com seus braços cruzados e olhos fechados, o rato se aproximou do dito cujo – Sr. Monge?
_Pequena criatura... – Disse o monge de olhos fechados – O que lhe trouxe até esse lugar sagrado?
_Estou em uma missão de busca! – Disse Ramon tentando falar de maneira elegante – Precisamos da sua ajuda para restaurar o equilíbrio do mundo!
_Elvis sempre me impressiona com a exaltação que faz com suas palavras – Disse o monge sorrindo e abrindo seus olhos.
_Ah droga... – Disse Ramon jogando um pequeno papel que Elvis havia escrito a frase anterior – Eu sei falar por mim mesmo, escute, precisamos da sua ajuda, estamos buscando salvar o mundo e acabar com o poder dos legionários.
_Eu gostaria de ajudar, pequeno rato – Disse o monge ao se levantar e admirar a beleza daquelas paredes – Mas estou em uma profunda zona de medição que transcende o tempo e o espaço, a mim foi concebido esse lugar sagrado, devo mantê-lo e protege-lo.
_Se não fizermos nada – Disse Ramon – Esse lugar sagrado vai ser a única coisa bela que vai sobrar nesse reino!
_Pequeno ratinho – Disse o monge – Entenda....
_NÃO! – Disse Ramon enfurecido – Você tem que lutar, sei que sua brisa está muito bacana e divertida, mas eu não subi uma escadaria maior que uma montanha para voltar sozinho, diga-me, do que vale apenas refletir, se não transformar esses pensamentos em realidade?
O monge parou, seu olhar determinado se silenciou, olhando para seu reflexo no chão, olhando suas mãos levantadas e cobertas por vestes brancas, posteriormente encarou Ramon e começou a argumentar lentamente...
_Minhas ambições foram muito grandes no passado... Eu fui muito promíscuo, eu abandonei a única pessoa que um dia me amou, e a perdi para sempre... Quando você perde uma pessoa que ama, por amor, você também se perde... Nesse mundo de cores e emoções, tragédias e alegrias, tudo havia perdido seu sentido, então eu me amaldiçoei – Disse o jovem colocando a mão sobre seu peito – Me isolei de tudo para não errar novamente, esse templo foi herança de minha família, todos sempre foram monges, e em suas peregrinações morreram durante passeatas dos legionários, inclusive minha mãe, meu único verdadeiro amor... Entende porque devo continuar nesse lugar?
_... – Ramon aquietou-se e sentou sobre um tapete – Acho que um pouco, mas sabe... As pessoas dizem que meu amor nunca existiu, que é fruto da minha imaginação, isso me faz pensar que ela é uma das estrelas do céu, daquelas mais brilhantes, para mim todas as noites ela ilumina e cuida dos meus sonhos... E... Se isso tudo for verdade... Ela estando no céu e eu aqui nessa grande ilha... Um dia... Eu vou fazer algo que me leve aos céus e me encontrarei com ela!
_Qual seu nome, pequeno rato? – Perguntou o monge sorrindo.
_Sou Ramon, o rato malandrão! – Respondeu Ramon.
_Meu nome é João, o monge celestial.
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_Senhor, será que tem mesmo necessidade de manter essas crianças amarradas? – Disse um jovem rapaz para o arqueiro do arco alaranjado.
_Eles podem ser espiões da legião – Disse o arqueiro de arco alaranjado, este tinha roupas finas e um aljave com várias flechas muito bem detalhadas e trabalhadas, o garoto era franzino, cabelos curtos e olhar sério, guiava uma pequena tropa de doze arqueiros entre as árvores.
_Hey! – Disse Henrique gritando para o arqueiro líder – Você é um arqueiro com habilidades incríveis, não é?
_... – O arqueiro de arco alaranjado apenas olhou para o garoto com uma expressão furiosa, indicando para que o mesmo continuasse quieto.
_Hey! – Tornou a gritar Henrique para o arqueiro – Fomos enviados em uma missão para recrutar você para nosso grupo!
_Vocês são crianças... – Disse o arqueiro – Não estou afim de brincar...
_Hey! – (adivinha quem foi?) – Me escute, fomos enviados pelo Elvis, o professor, ele disse que te conhece!
_Solte essas crianças... – Disse o arqueiro seriamente, seus subordinados obedeceram – Voltem para suas casas, isso não é brincadeira.
_Nós perdemos nossa casa... – Disse Natan – Perdemos muitos dos nossos amigos e aquilo que chamávamos de lar foi transformado em cinzas. Agora nós temos que lutar para conseguir um novo!
_Sinto muito – Disse o arqueiro – Mas não posso ajuda-los, eu ainda tenho um lar para defender!
_Senhor! – Disse Leslian segurando o arqueiro pelo braço – Nós pretendemos destruir a legião e acabar de vez com isso, precisamos da sua ajuda!
_Vocês viram todos aqueles minotauros? – Disse o arqueiro irritado – Se eu for ajudar vocês em alcançar essa utopia, eles vão voltar em uma quantidade maior e destruir o vale!
_Vamos com você! – Disse Henrique – Vamos ajuda-lo a defender seu lar!
_É verdade! – Disse Leslian – Se o problema são os minotauros, vamos destruí-los de uma forma tão brutal que nunca mais vão voltar!
_Estou com eles! – Disse Natan.
_Façam o que quiserem – Disse o arqueiro continuando seu caminho – Mas não vou me responsabilizar por vocês!
_Turma, reunião! – Disse Henrique, as três crianças fizeram uma pequena roda e entrelaçaram seus braços – Temos que convencê-lo de vir conosco, não podemos decepcionar a resistência.
_Não faça nada de errado, Henrique – Disse Natan rindo – Você sempre fala demais!
_Eu sei – Disse Henrique rindo e coçando seu cabelos – É que eu sou o líder desse grupo, então tenho que representa-los!
_Claro! – Disse Leslian tirando um limão de seu bolso e colocando na boca de Henrique – Vamos seguir com o plano!
_Coff... – Disse Henrique após tossir o limão – De onde essa garota tira tantas frutas?
_Senhor? – Perguntou Natan para o arqueiro – Será que podemos saber seu nome?
_Eu sou Felipe, o gavião negro!
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_Rajada de Luz! – Gritava Marcos ao correr próximo a grande criatura de pedra e rocha que se aproximava do vilarejo, desferindo uma forte luz de sua espada, porém o efeito era ineficaz no monstro – Que espécie de criatura é essa que não é afetada pela luz?
O Golem fincou suas grandes mãos no chão, retirou um punhado de pedras e as arremessou no paladino, este brandiu sua espada com extrema maestria e destruiu os detritos que foram lançados em sua direção.
_Entre você e estas pessoas inocentes existe uma muralha que não pretende se romper – Disse Marcos ao colocar-se na frente do golem, fincar sua espada no chão, empunhar seu escudo, novamente retomar sua lâmina e apontar na direção da criatura – Essa muralha sou eu!
Marcos avançou no monstro, saltou e fincou sua espada sobre o peito do mesmo, porém, a criatura com indiferença, pegou-o com sua grande mão e o lançou para trás, continuando a seguir, o paladino realizou um rolamento no chão, girou rapidamente e lançou seu escudo no monstro, o impacto foi tremendo e o colocou de joelhos.
_Você não vai dar mais nenhum passo à frente! – Disse Marcos correndo perto do golem e fincando sua espada entre o pé da criatura e o solo, neutralizando uma de suas pernas, o monstro girou seus braços e acertou o paladino, o derrubando, quando a criatura levantou seu grande punho para esmagar Marcos, foi golpeada no peito com extrema força, o lançando para trás e desprendendo sua perna de seu corpo.
_Toda muralha forte tem sempre mais de uma camada – Disse um grande rapaz ao estender o braço para o paladino – Vamos terminar com isso!
Marcos aquiesceu, pegou sua lâmina que havia fincado na perna prendida, e segurou a mão do grande rapaz, porém este não o levantou, girou furiosamente e o atirou na direção do golem, Marcos rapidamente entendeu o movimento, posicionou seu corpo de forma ofensiva e, como projétil no ar, decapitou o golém, pisou no chão com firmeza, virou, balançou sua lâmina e olhou a criatura de pedra se desfazer.
_Nunca pensei que eu veria um paladino de verdade! – Disse o grande garoto de forma sorridente, este era realmente grande, usava vestes de pano, muito semelhante a um camponês, porém este não tinha nenhuma armadura, bracelete, perneira ou qualquer outro equipamento de proteção, apenas panos.
_E eu nunca pensei que veria um imortal de verdade – Disse Marcos sorrindo – Qual o seu nome, grande guerreiro?
_Me chame de... – Sorriu o rapaz – Belo!
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Thaina e Bartolomeu haviam chegado na pirâmide, após rodearem a mesma duas vezes e não encontrarem nenhuma entrada, a garota encostou na grande estrutura e exclamou exausta:
_Essa droga de pirâmide não tem estrada... Ela deve ser sólida por dentro...
_Faça uma entrada então! – Disse Bartolomeu sarcasticamente.
_Você tem razão! – Disse Thaina animando-se, virando frente a pirâmide e apontando sua varinha mágica para a mesma – Navitas Iaculat! (Lê-se Navidas Iacula)
Uma poderosa rajada de energia foi disparada da varinha de Thaina, destruindo parte da parede a sua frente e formando uma abertura para adentrar na mesma.
_Eu estava brincando... – Disse Bartolomeu sorrindo.
Ambos entraram na pirâmide, era um grande salão escurecido e vazio, as poucas luzes provinham de tochas nos cantos do salão, no centro havia uma escadaria que descia para as profundezas das areias, Thaina e Bartolomeu começaram a se aproximar da mesma, repentinamente a garota pode ouvir um som de tecidos caindo no chão.
_Ouviu isso? – Perguntou Thaina parando momentaneamente, empunhando sua varinha e uma adaga – Prepare-se, Bartolomeu.
Uma faixa foi atirada na direção de Thaina, a garota se esquivou com facilidade, porém, mais faixas foram arremessadas, faixas finas e esbranquiçadas, muito semelhantes a longas tiras de ataduras, foi quando a garota percebeu.
_Bartolomeu! – Disse Thaina seriamente – Mumias!
Dezenas de múmias começaram a sair da escuridão e correr descontroladamente na direção de Thaina.
_Eu não enfrentaria uma feiticeira das trevas... – Disse Thaina rapidamente ao girar sua varinha e apontar na direção das criaturas enfaixadas – Em um ambiente fechado e escuro.
Uma das múmias saltou e grudou-se nas costas de Thaina, porém essa desapareceu em sombras e repentinamente apareceu atrás da mesma múmia, cortando seu pescoço com a adaga, mais múmias pularam sobre a garota, esta abaixou-se e exclamou:
_Malleus Maleficarum! – Uma grande explosão de energia escura lançou as múmias a distância, Thaina abaixou-se, girou a varinha três vezes, a bateu no chão e sussurrou – Luna Corner!
Estacas escuras brotaram do chão e perfuraram os monstros, as múmias se desfizeram em pó, areia e faixas.
_Eu gosto tanto quando você se empolga! – Disse Bartolomeu pousando no ombro de Thaina.
_Noffa! – Disse Thaina sorrindo – Acho que me exaltei.
Novamente ambos tornaram a ouvir passos, porém eram mais pesados dessa vez, mais fortes, o chão vibrava, quando, diante da escuridão, surgiu um grande ser enfaixado e coberto por algumas partes com diamantes e ouro.
_Vá... – Gruinhiu a criatura – Embora...
_Essa múmia é imensa! – Disse Bartolomeu novamente voando – Vê se não morre, minha neguinha!
_Vamos ver se é tudo o que demonstra ser! – Disse Thaina olhando fixamente para criatura e apontando sua varinha, a garota sussurrou várias palavras em um idioma desconhecido e disparou uma incrível rajada de energia na criatura, esta apontou seus braços para frente e bloqueou o feitiço totalmente. – Impossível... Esse é meu feitiço mais forte!
A grande múmia correu em direção a Thaina, apesar de seu tamanho, era bem ágil, ela saltou e lançou faixas na garota, essa não conseguiu se teleportar a tempo, ficou imobilizada pelas faixas que amarraram seu corpo, a múmia a puxou para perto e a esmurrou com força, lançando-a ao chão.
_Minha varinha... – Disse Thaina ao derrubar sua varinha no chão, a múmia começou a girar a garota e enfaixa-la, Thaina pode ver Bartolomeu tentando ajuda-la bicando a cabeça daquela grande criatura, mas era ineficaz, finalmente o monstro cobriu seu rosto, a pouca luz estava desaparecendo, a garota começou a tremer, seu ar estava se esgotando, Thaina remexia-se no chão tentando retirar as faixas e ataduras, mas estavam muito bem fixas, embora estivesse empunhando uma adaga, não conseguia mexer seu braço, sentiu o bico de Bartolomeu tentando retirar as faixas de seu rosto, mas a velocidade que o pássaro fazia isso não seria rápida o suficiente para salvar a garota antes que.... Seu ar fosse esgotado.
_Aguente firme, Thai! – Gritava Bartolomeu – Não desista!
A garota pode sentir algo suspendendo-a no ar, Alguém está me carregando? Pensou, Porém... Era muito tarde, pois, para a jovem feiticeira, as luzes já haviam se apagado.
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As Crônicas da Resistência! – Capítulo 7 – Os novos membros!
Autor: Elvis Costa
Coautor: Marcos Vinicius
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