As Crônicas da Resistência escrita por Pec


Capítulo 7
Capítulo 6 – As aventuras dos jovens resistentes parte 1




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Todos com suas capas, alguns com seus capuzes, carregando leves bolsas e trajes prontos para combate, os resistentes deixavam o acampamento sentinela em busca de seus objetivos, Ramon acompanhou Bigode e Bartolomeu acompanhou Thaina, enquanto a matilha de lobos de Jeff ficou a vigiar o acampamento.

O vento que atravessava os montes era inspirador, havia dias em que não pudera ser visto um sol tão radiante quanto aquele, forte e pleno capaz de afugentar o frio, era como se a própria natureza tocasse um brado para os guerreiros e heróis, pois até os humildes pássaros e o lento escorrer de aguas sabiam que este era um dia de muitas aventuras.

_Me diga, caro Bigode – Disse Ramon montado em cima do ombro de Leonardo – Você tem algum truque para a barba crescer assim tão depressa?

_Ramon, meu amigo, Ramon – Disse Leonardo sarcasticamente caminhando em direção ao vilarejo aos pés da montanha – Isso se chama maturidade, um dia vai entender.

_Saiba que sou muito maduro – Disse Ramon sentando no ombro de Leonardo – Pareço pequeno porque sou um simples rato, mas sou bem mais malandrão do que você imagina.

_Claro que é... – Disse Leonardo parando repentinamente em cima de um morro e encarando aquela visão majestosa do vilarejo das montanhas, pequenas casinhas rosadas e muito vapor escapando pelas janelas, ao lado mais remoto era possível perceber uma estreita trilha que subia montanha acima, o jovem olhou um pequeno mapa e acariciou seu bigode – Parece com o lugar do mapa do Elvis, não acha?

_Sim... – Disse Ramon impressionado – É tão lindo.

_Eu consigo ver a trilha de que ele comentou antes de sairmos – Disse Leonardo empolgado – Se conseguirmos trilha-la vamos chegar ao templo celestial sem grandes problemas, hehe.

_Por que a risadinha cômica inexpressiva no final da exclamação? – Perguntou Ramon.

_Ramon, meu jovem, Ramon – Disse Leonardo ao voltar a caminhar novamente e gesticular com maestria – Se o professor estiver certo, esse vilarejo é repleto de garotas lindas! Como estamos chegando cedo, não vejo problema em almoçarmos nesse lugar tão maravilhoso.

_Não, obrigado! – Disse Ramon ao cruzar os braços e fechar os olhos – Eu já tenho minha Juanita!

_A rata imaginária de novo...? – Disse Leonardo lentamente.

_Ela não é imaginária! – Disse Ramon enfurecido – Vou reencontrá-la algum dia e mostrar para todos vocês!

_Desculpe – Disse Leonardo sorrindo e apontando para um grande arco que cobria a entrada ao vilarejo – Consegue ler o que está escrito ali?

_Vilarejo Arco-íris – Disse Ramon lentamente – Quanto vapor tem esse lugar, parece que todos estão cozinhando sopa ao mesmo tempo.

Leonardo entrou no vilarejo e deixou todas as suas bolsas caírem ao chão, estava boquiaberto e estupidamente feliz, olhava aos arredores, observando todas as ruas com atenção e felicidade, quando o vapor se dissipou, a única coisa que o jovem artesão conseguia ver era...

_Garotas! – Disse Leonardo empolgado – Um vilarejo inteiro de garotas!

_Que espécie de lugar que o professor nos enviou? – Disse Ramon curioso.

_Não sei... – Disse Leonardo sorrindo – Mas ele vai ganhar um grande abraço por isso!

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No arroio dos legionários negros os jovens prisioneiros continuavam sentados esperando a melhor hora para agir, um tanto atordoados pela bebida, fitavam os cavaleiros treinando exaustivamente até seus pés e mãos sangrarem de dor.

_Eles treinam como se o chicote de seu mestre estralasse em suas costas... – Disse Shu encarando um curto combate em que um cavaleiro quebrou um escudo de ferro com apenas um golpe – Qual é o objetivo final disso?

_Quer saber onde eles querem chegar? – Perguntou Alex.

_Eles já têm o poder para conquistarem tudo, dominam e escravizam a todos da maneira que desejar – Disse Shu irritado – Qual o motivo de continuar com tanto ódio e matança?

_As trevas são sedentas – Disse Gabi seriamente – Nada pode saciar sua sede, eles vão continuar com isso até consumirem toda a esperança e felicidade, quando não restar mais nada em que acreditar e sonhar.

_Isso seria o fim do mundo – Disse Shu entristecido – De que vale apena viver se não temos em que acreditar?

_Acredite em si mesmo – Disse Alex colocando a mão sobre o ombro de seu amigo – É o primeiro passo...

_E depois que eu fizer isso... – Perguntou Shu – O que devo fazer?

_Ainda não descobri também – Gargalhou Alex – Mas o simples desafio de continuar a buscar uma resposta me mantém firme, é tão confuso que prefiro beber.

Do outro lado do arroio, em uma grande mesa improvisada de madeira, Martosael cumprimentava Goku que acabara de chegar e sentar-se, rapidamente o mago vermelho encheu uma caneca de vinho e ingeriu longos e saborosos goles.

_É bom vê-lo por essas terras, mago - Disse Martosael firmemente – Você anda misteriosamente pelo mundo buscando completar sua missão que quase não podemos nos encontrar para beber um bom vinho.

_Então temos que marcar de novo – Disse Goku irritado – Esse vinho é horrível, grande Marto!

_O que mais me diverte em você é seu humor sincero e sem compromisso, haha – Disse Martosael sorrindo e posteriormente encarando Goku seriamente – Diga-me, encontrou o que busca?

_Encontrei ela pela primeira vez a pouco tempo – Disse Goku seriamente ao ingerir pequenos goles de vinho – Os poderes estão bem desenvolvidos, por sorte.

_Quanto a profecia? – Perguntou Martosael.

_Não sei se as palavras são verdadeiras – Disse Goku – Não pude confirmar, mas ela deixou a torre.

_Entendo... – Disse Martosael ao olhar os arredores discretamente – Então a hora chegou!

_Termine de beber primeiro, meu grande amigo – Disse Goku sorrindo - Depois disso não vamos nos sentar em uma mesa com tanta calmaria.

_Tens razão – Disse Martosael segurando sua caneca com firmeza e ingerindo completamente o vinho – Pelo rei!

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Adentrando nas profundezas dos bosques pertos do acampamento sentinela, os jovens Natan, Leslian e Henrique seguiam pulando sobre galhos e pedras, empolgados com a caminhada iluminada pelos raios de sol que atravessavam as brechas entras as folhagens.

_Um arqueiro com habilidades extremas... – Disse Henrique irritado – Conversa fiada!

_O que lhe irrita, Henrique? – Perguntou Leslian carregando uma cesta de maçãs.

_Todos foram buscar alguém legal – Disse Henrique – Nós vamos buscar apenas um arqueiro...

_O professor disse que ele é muito bom – Disse Leslian comendo uma das maçãs – Deve ter uma mira quase perfeita!

_Seguindo essa trilha entre a floresta devemos encontra-lo – Disse Natan seriamente – Espero que não precisemos usar essas pequenas espadas... Elas não têm nada de especial!

Repentinamente as três crianças pararam de andar, ouviram fortes passos se aproximando e colocaram-se entre arbustos perto da trilha, espiando sorrateiramente puderam observam um grupo de minotauros correndo ferozmente a frente sendo guiados por um cavaleiro negro.

_Depressa, seus demônios imundos! – Gritava o cavaleiro negro – Tomaremos o vale dessa vez!

Os minotauros eram criaturas meio homem e meio touro, cada um com aproximadamente três metros de altura, um corpo malhado e trajando armaduras de madeira reforçadas, todos empunhando espadas gigantescas. Guiados pela forte voz do grande cavaleiro a sua frente, não muito menor do que eles, seu rosto estava cortado por uma profunda cicatriz que passava por seu olho direito, ele usava um tapa olho com um símbolo de uma cruz invertida, cabelos negros e lisos e empunhando uma espada que liberava uma aura azulada e escura, gélida como um lamento.

_Esperem! – Gritou o cavaleiro negro, todos os minotauros pararam instantaneamente de correr e se alinharam e prontidão para combate – A floresta está muito quieta...

_Droga... – Sussurrou Henrique irritado – Será que nos perceberam?

_Preparem-se... – Sussurrou Natan seriamente ao colocar sua mão sobre a empunhadura da espada.

_Eles estão por perto... – Disse o cavaleiro negro olhando aos arredores – Cascos Sangrentos, vasculhem e encontrem!

Os minotauros aquiesceram e começaram a procurar os arredores da trilha, um deles estava se aproximando do arbusto, colocou sua mão sobre as folhas e começou a farejar com mais intensidade, mexia seu grande nariz e fechou os olhos, as crianças estavam preparadas para cortá-lo assim que o mesmo olhasse para baixo, lentamente o mundo se silenciou, quando o minotauro inclinou um pouco seu rosto para encarar os jovens resistentes, antes que qualquer um deles pudesse realizar qualquer movimento, uma flecha foi disparada no peito do monstro, extremamente rápida e quase incomparável, o minotauro caiu para trás liberando um grande grito ensurdecedor, seguido por uma chuva de flechas que abatia todas as criaturas.

_Continuem deitados! – Gritou Natan assustado.

O cavaleiro negro girava sua espada com maestria e quebrava todas as flechas lançadas em sua direção, em um rápido salto fincou sua espada no chão e congelou todos os arredores, liberando uma forte névoa densa, as flechas se cessaram.

_Não consigo levantar! – Disse Leslian tentando quebra o gelo que havia congelado seus pés e mãos ao chão.

_E nem deve! – Disse um rapaz franzido portando uma roupa esverdeada e apontando uma flecha na direção dos jovens – Serão julgados sob seu próprio flagelo!

–--

O garoto de cabelos encaracolados subia as escadas do grande templo de mármore cinzento, a luz do sol ofuscava seus olhos, mas o mesmo seguia com o olhar fixo nos grandes portões daquele local sagrado. Em frente as portas, ele respirou fundo e sussurrou para si mesmo.

_Quantos anos fazem que abandonamos esse lugar?

_Quase três anos – Disse uma voz dócil e gentil vindo das escadas – Quanto tempo, professor!

_Mônica... – Disse Elvis se virando e abraçando a garota – Você realmente continuou aqui...

_Eu fiz isso porque sabia que um dia você voltaria – Disse Mônica, uma garota de cabelos escuros como a própria sombra, olhos profundos e misteriosos, estava trajada com vestes douradas de panos refinados e muitas joias em seus braços – Onde estão os outros guardiões?

_Dispersados ainda, mas vamos reuni-los – Disse Elvis lentamente ao abrir os portões do templo – Isso já se sucedeu por tempo demais!

_Elvis – Disse Mônica ao colocar a mão no ombro de Elvis e impedir que o mesmo entrasse no templo – Você partiu em busca de conhecimento, abandonou sua função como guardião, o que o fez retornar?

_Mesmo sendo vidente não tem a resposta? – Disse Elvis ao tirar suas bolsas e armaduras e deixá-las sobre a frente do templo – O mundo perdeu o equilíbrio, iremos retomá-lo!

_Não tenho o poder para prever se serão bem sucedidos... – Disse Mônica sorrindo e permitindo que Elvis entrasse no templo – Mas tenho a fé que não vão me decepcionar.

Elvis entrou naquele grande templo de mármore, abandonado, porém estupidamente belo, com inúmeros quadros retratando cenas épicas de batalhas, muitas árvores, rochas e pequenas tochas ainda iluminavam o lugar, o garoto continuou seguindo reto e entrou em uma pequena sala circular, onde não havia nada além das belas artes entalhadas nas paredes e quatro pilares com almofadas brancas sobre eles, porém, em um dos pilares, havia uma espada que emanava um brilho branco, tremendo, porém com firmeza o garoto empunhou a espada e a levantou, um forte vento abriu todas as janelas e portas do templo, o zumbido que o mesmo fazia a atravessar as pequenas entranhas dos muros eram como uivos vindo de morros, o professor balançou a espada rapidamente para baixo e o vento se cessou, sorridente ele exclamou:

_Whiteside... A lâmina da tempestade!

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Marcos caminhava pela beira de um rio muito cristalino, olhava seu reflexo através da água animado, momentaneamente sorria e ajeitava o cabelo, carregava seu escudo nas costas e mantinha sua lâmina na bainha, o vento acariciava seu rosto e a calmaria da natureza o confortava.

_Vá em direção do amanhã, destrua seu lado fraco, derrube as barreiras que te bloqueiam, o quente batimento do seu coração será sua arma, pois você é o portador da luz, você é o arauto da luz – Sussurrou o paladino sorrindo antes de ouvir gigantescos passos do outro lado do rio – Que monstruosidade é essa?

Um gigantesco golem de pedra caminhava pela outra margem do rio, olhava fixamente para frente e aparentava estar furioso. Um golem é um monstro feito de pedra e rocha, grande parte é criado somente com o propósito de servir seu mestre, realiza trabalhos escravos e é capaz de matar se necessário.

_Incrível! – Sussurrou Marcos para si mesmo e começou a apressar o passo para seguir a criatura, seguiram até o alto de uma cachoeira onde o rio jorrava água abaixo, acariciando e fornecendo água para um grande lago a frente, rodeado por uma pequena cerca de madeira – Um vilarejo!

O golem parou momentaneamente e ficou a encarar o vilarejo, pressionou seus joelhos contra o chão e de repente saltou cachoeira abaixo, causou um incrível estrondo e um forte tremor na região, chamas no vilarejo começaram a se acender, o paladino observara tudo do alto, e percebeu o que iria acontecer nos próximos terríveis momentos.

_O golem... – Sussurrou Marcos empunhando sua espada – Seu alvo é o vilarejo!

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_Chefe! – Disse Bartolomeu sobrevoando Thaina – Você não deveria ter deixado aquele rato idiota ir com o bigodudo idiota! Você juntou dois idiotas, acho que isso foi uma atitude idiota, então você também é meio idiota!

_Bartolomeu, não acho isso – Disse Thaina ao caminhar por uma área de pouca fauna e flora, se aproximando de um deserto – Fora que o Leozinho me pediu carinhosamente para deixar Ramon ir com ele.

_Quem é leozinho? – Disse Bartolomeu ao pousar sobre o ombro de Thaina e cutucar sua cabeça com seu bico torto – Não me diga, por favor, estou falando sério! Não me diga que é um apelido carinhoso para aquele bigodudo!

_Ora... – Disse Thaina avermelhada – Falei sem querer...

_Mentira! – Disse Bartolomeu bicando a cabeça de Thaina – Você ficou vermelha!

_É esse sol! – Disse Thaina pegando Bartolomeu e colocando em seu colo – Vou matar o Elvis, ele nos mandou para os portões do tártaro!

Thaina caminhou por mais alguns minutos até se encontrar em um grande deserto, seus pés caminhavam sobre a areia quente, e o calor de seu corpo já havia consumido toda a água que trouxe consigo.

_Aquilo... – Disse Thaina ofegante e exausta – Aquilo é um lago!?

_Aquilo o que? – Perguntou Bartolomeu procurando o tal lago que Thaina procurava – Não tem lago nenhum, estamos no meio de um deserto!

_Um lago! – Disse Thaina correndo em direção ao meio do deserto, consumindo suas últimas energias, Bartolomeu começou a voar atrás dela e puxar seus cabelos para interrompê-la, inútil, a garota continua correndo ao horizonte – Vamos beber, Bartolomeu! Vamos!

_Acorde chefe! – Gritou Bartolomeu ao bicar fortemente a garota em sua cabeça – É uma miragem! Você está vendo ilusões!

Thaina correu até onde achava ter avistado um lago, porém, ao tentar beber um punhado de areia, acordou de sua ilusão.

_Bartolomeu... – Disse Thaina deitada no chão – Não vou conseguir... Não estou pronta para isso... Passei a vida inteira trancada em uma torre... Não sou forte o suficiente...

_Você tem razão! – Disse Bartolomeu pousando sobre o peito de Thaina – Passou a vida inteira trancada em uma torre, eu não conheço nenhuma garota que tenha sobrevivido a isso!

_Você... – Disse Thaina sorrindo.

_Você passou fome, frio e medo, cresceu na solidão, confinada, o único passatempo que tinha era estudar livros mágicos – Disse Bartolomeu encarando fortemente o olhar desesperado de Thaina – Você é a garota mais forte que eu conheço! Qualquer outra menininha besta teria cortado os pulsos a anos atrás, mas você se manteve firme, nunca perdeu a esperança, e vai perder justo agora?! Agora que finalmente conseguiu deixar aquela torre, vai abandonar seus sonhos?! Você vai decepcionar seu pai? Vai decepcionar Thomas?!

Thaina fechou os olhos e sentiu todo aquele calor vindo dos céus arder seu corpo, a garota se levantou, limpou suas vestes e esticou seu braço, Bartolomeu pousou com afinco e olhou ao horizonte com convicção, finalmente Thaina abriu seus olhos, estava determinada, suas lágrimas se transformaram em coragem.

_Tem razão! – Disse Thaina destemidamente – Não vou desistir agora! Bartolomeu, voe o mais alto que puder e procure algum refúgio!

_Certo! – O papagaio subiu aos céus e por alguns instantes sobrevoou os arredores, desceu novamente e exclamou feliz.

_Uma pirâmide!

_Pirâmide... – Thaina pegou a página dada por Elvis e a leu novamente – O professor disse que o vilarejo está sob a sombra da pirâmide, vamos continuar!

_Tudo bem! – Disse Bartolomeu ao pousar na cabeça de Thaina – Mas ainda acho que você é idiota por deixar o Ramon ir com o Bigode!

–--

_Que fofinho! – Disse Haru voando rapidamente ao redor de Lucas e observando um passarinho que havia pousado sobre sua cabeça – Um passarinho!

_Esses bichos! – Disse Lucas mexendo sua cabeça – Que droga!

_Para onde estamos caminhando? – Perguntou Giussep cabisbaixo.

_Estamos reunindo aliados! – Disse Lucas seriamente – Vamos invadir o castelo negro da legião e matar Caeli.

_Hahahaha – Riu Giussep – Estão loucos? O Castelo Negro é o lugar mais protegido do reino do norte, tem pelo menos duzentos cavaleiros negros guardando suas salas, fora o exército do lado de fora.

_Vamos criar um grupo de assalto – Disse Lucas criando uma pequena lança de madeira de seu braço e a lançando ferozmente em uma pedra – Vai ser tão rápido e violento que os legionários não vão perceber.

_Por que estamos fazendo isso? – Perguntou Giussep.

_Não nos resta mais nada... – Disse Haru entristecida – Assim como você, perdemos tudo!

_O que quer dizer? – Perguntou Giussep.

_Começou naquele dia... – Disse Lucas parando e fincando suas raízes na terra – o dia do forte crepúsculo!

_Essa história não... – Disse Haru voando para longe – Não quero ouvir de novo!

_Haru! – Gritou Giussep – Espere!

_Deixe-a – Disse Lucas – Ela irá voltar...

_O que tem de tão assustador em tudo isso?!

_Naquele dia, o dia do forte crepúsculo, é o dia em que o céu fica o mais rosado possível, o pôr-do-sol é o mais lindo de todos, e nós, as criaturas da floresta celebramos esse momento junto, entes, fadas, gnomos e outras criaturas coloridas, todos fazemos o festival do crepúsculo.

_Isso parece uma história para criança dormir – Disse Giussep.

_Então deixe que eu lhe conte o pesadelo da criança – Disse Lucas – Naquele dia, exércitos de cavaleiros negros invadiram o festival, eles empunhavam tochas negras que queimavam com facilidade, as chamas se alastraram por todos os lugares, eu vi meus irmãos, todos eles, sendo queimados, todos tendo sua seiva mágica extraída, os gnomos foram, um a um, decepados, e as fadas foram afogadas em um grande caldeirão, tudo isso por sede de poder, eles drenaram toda a nossa magia e destruíram nossos lares, éramos criaturas pacíficas, matar e lutar... Nunca havia visto tanto disso...

_Eu... – Sussurrou Giussep – Não sabia...

_Em alguns últimos esforços, um grupo restante de entes criou um poderoso gás sonífero que adormeceu os inimigos, porém isso custou a vida de quase todos nós – Lucas tirou suas raízes da terra e seguiu em frente – Eu fui o único da minha espécie que sobreviveu, encontrei Haru desmaiada no chão e a trouxe comigo, juntos decidimos que a natureza também deveria participar dessa guerra, os legionários perturbaram a ordem natural do universo, existe muito poder concentrado naquele castelo, por isso vamos destruí-lo.

_Por isso precisam de mim – Disse Giussep – Querem alguém que conheça o interior do castelo...

_Exatamente – Disse Lucas sorrindo – Está ficando um pouco mais inteligente.

_Mas... – Perguntou Giussep – Ainda não me disse a onde estamos indo.

_Existe um acampamento que ainda resiste aos ataques da legião – Disse Haru se aproximando entristecida – É para lá que pretendemos ir!

_Voltou? – Perguntou Giussep – Me desculpe, não queria te chatear, fadinha.

_Hihihihi – Riu Haru – Não se preocupe, tenho que encarar esse medo, não vou deixar que ele me domine!

_Esse é o espirito! – Disse Giussep – Vamos nessa!

_Esses caras... – Sorriu Lucas – Quantas fadas estão indo comigo mesmo?

–--

_Um pântano não é um ambiente muito apropriado para lobos – Disse Jeff ao acariciar Bob.

Um pântano imenso, Jeff caminhava com extremo cuidado, saltando entra as raízes das árvores, uma água avermelhada banhava aquelas estranhas árvores sinistras, o silêncio era absoluto, nem moscas, nem sapos, só o barulho de bolhas de gases tóxicos estourando, em um ritmo lento e perturbador.

_Será mesmo que existe um cemitério nesse lugar? – Sussurrou Jeff para seu lobo, o que rosnou miudamente como se houvesse respondido.

Jeff encontrou um lugar curioso, uma espécie de salão de árvores, bem arredondado, no centro havia uma cabana de madeira, o líder da matilha adentrou junto com seu lobo.

_Vigie a porta, Bob – Disse Jeff – Vou investigar.

A cabana era bem velha, não havia nada além de sangue derrubado por toda parte e uma grande escrivaninha, sobre ela posto um livro amarelado adjacente a um jarro de sangue com algumas plumas, certamente o que alguém usava para escrever.

_Um livro... – disse Jeff se aproximando da escrivaninha, ao chegar perto, sentiu uma dor análoga a uma leve perfuração em seu pé esquerdo, abaixou o rosto e viu que havia pisado e um fragmento de prata bem afiado, com sangue ainda fresco no seu gume – Aqui só pode ser a casa de um psicopata.

Jeff inclinou-se novamente e começou a cantar uma pequena melodia para tentar se acalmar, um ritmo animado, ele batia suas mãos como se estivesse batucando um tambor, foi quando começou a ler os primeiros fragmentos do livro.

Ela pareceu vestida em todo o meu ser
Esticada através de minha vergonha
Todo o tormento e a dor
Escaparam completamente e me cobriram
Eu faria qualquer coisa para tê-la para mim
Apenas para tê-la para mim

_Um diário – Sussurrou antes de perceber que não podia mais ouvir o respirar de Bob – Virou-se rapidamente, dobrou seus punhos e libertou uma lâmina oculta (aos leitores, lâmina oculta é uma arma muito análoga a do assassin's creed) – Bob!

_O Bob não ta não! – Murmurou uma voz arrastada e fortemente grave – Não ta mais não!

_Quem é você! – Gritou Jeff furioso – Apareça!

_Como quiser... – Surgiu um rapaz de cabelos lisos, arrastando uma foice vermelha e negra e apontando sua mão tremelicando para Jeff – O que veio fazer na casa de Higor, o ceifador?

–--

Dennys veleja em uma pequena balsa por imenso lago, olhava para sua espada e via seu reflexo, se achava muito esbelto e sempre tentava arrumar seu cabelo.

_Você é cachorreira! É ou não é? – Disse Dennys sorrindo.

O jovem espadachim ancorou em uma ilha no meio do lago, pegou sua espada e alguns suprimentos e seguiu adentrando em uma selva. Cortou alguns matos que obstruíam seu caminho e chegou a um acampamento muito bem construído sobre as árvores, as madeiras estavam bem posicionadas e fixadas, uma engenharia nativa, belíssima aos olhos do espectador.

_Quem diria... – Disse Dennys subindo por uma corda que levava até uma das cabanas nas árvores – Ele virou mesmo um...

Dennys ficou atônito por um momento, pois fitava a beleza daquela ilha frente ao grande lago que acabara de atravessar, entrou em uma das cabanas e encontrou algumas frutas dentro de uma bacia, pegou uma banana, descascou (não dê risada, não tem nada de malicioso nessa cena) e a mordeu, mastigou por alguns instantes e voltou a andar pelas cabanas construídas sobre as árvores.

Olhando para a selva observou uma manada de búfalos passarem correndo e fazendo as árvores tremerem, a estrutura se manteve firme, Dennys escorregou e por um cipó não quebra suas pernas no chão.

_De que merda esses animais estão correndo?! – Disse ao soltar-se do cipó e empunhar sua espada, posteriormente encarou aquela gigantesca criatura se aproximando, um grande gorila com armadura de esqueleto, roncou fortemente e esmurrou seu peito – Só pode ser brincadeira!

O gorila avançou em Dennys, levantou seu braços e o desceu velozmente tentando acertar o pequeno garoto, o jovem desviou em um rápido rolamento, saltou e segurou-se no braço do gorila, o monstro pulou em uma árvore próxima e ficou a girar seu braço, Dennys ficou sua espada no mesmo, porém não foi suficiente para impedir que fosse lançando no chão.

_Macaco desgraçado! – Disse Dennys girando sua espada ao realizar uma dança de esgrima – Rajada de Água!

Uma forte rajada de água foi disparada da espada contra o peito do gorila, o derrubando da árvore, furioso, o monstro levantou-se, pegou uma grande pedra próxima e lançou-a na direção de Dennys, e antes que o garoto pudesse realizar qualquer movimento defensivo, pode ver a rocha se explodir em fragmentos e faíscas de chamas.

_GROOOOWWW – Roncou o gorila mais uma vez ao levantar os braços.

_O que foi? – Disse uma voz animada vindo de trás de Dennys – Sentiu saudades e veio me dar um abraço?

_Lógico – Disse Dennys sorrindo, levantando seu braço e deixando sua espada posicionada na horizontal, a sua esquerda – Ainda lembra desse golpe?

_Como se fosse ontem – Disse um rapaz alto, olhos um poucos puxados, corpo um tanto musculoso e cabelo arrepiado, ao posicionar uma espada vermelha cruzando a espada de Dennys – Bora!

Ambos os garotos inclinaram o corpo, dobraram o joelho e avançaram na direção do gorila, no exato momento que descruzaram suas espadas, ambas criaram uma onda de energia violenta que cortou o peitoral da armadura de esqueleto do gorila, fazendo-o recuar

_CORTE ELEMENTAL! – Gritaram os garotos.

_Caramba, Dede – Disse o garoto abraçando Dennys com euforia – Pensei que eu era o único que ainda sabia lutar.

_Também senti saudades – Disse Dennys ao golpear as costas de seu amigo com alguns tapas nas costas – Broco!

–--

OWowowow Eae galerinha! Suave?

Esse capítulo demorou para ser lançado, mas a história não acabou, na verdade, não está nem perto de acabar, então, prepare-se, pois ainda falta muito, essa foi a parte um desse capítulo, daqui a três dias vou tentar mandar a parte 2, me esforçarei para cumprir.

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