As Crônicas da Resistência escrita por Pec


Capítulo 2
Capítulo 1 - O Nascimento da Resistência




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/590505/chapter/2

Calmos pingos de chuva atingiam a cidadela sombria, chamada por muitos como vilarejo cinzento, antigamente os pequenos brincavam pelas ruas com suas simplórias espadas de madeiras, as leiteiras e fazendeiras sorriam ao citar a vida de costureiras e casamenteiras, estas por sua vez retrucavam provocando seus parceiros, os artesões e ferreiros, quando o tumulto se instalava nos Pubs e os soldados, armados com suas belas feras de metal e prata, interferiam nas discussões, ah... Isso era a melhor parte, cervejas voando, cadeiras e mesas se partindo, gargalhadas e exclamações de baixo calão, com o cair da noite e a chegada do amanhecer, todos caminhavam abraçados até suas moradas sorrindo, como se a guerra noturna fosse apenas uma melodia de um bardo. Bardos... Como sinto saudades dos bardos, foram exterminados quando Lorde Caeli assumiu o controle do Reino do Norte, silenciaram nossas alegrias.

Nos dias atuais esse vilarejo não sorri, tão pouco existem Pubs, os pequenos não deixam seus lares, as ruas são quase sempre desertas, as pedras da cidade cheiram cinzas, é como se o mundo tivesse se tornado incolor, tudo preto e branco.

Correndo com curtas vestes de pano que de utilidade apenas protegiam suas intimidades, o pequeno de cabelos lisos e molhados carregava um saco de pão, franzino e exausto, já havia atravessado um terço do vilarejo.

_Pamela... – Pensou ele irritado – Se você soubesse como essa chuva está gelada!

Abraçado com o saco de pão, o garoto entrou em um pequeno beco, a pouca iluminação do sol que já estava se pondo o preocupava. Estou chegando, pensou ele esboçando um fraco sorriso.

Em uma cabana de madeira perto dali, uma garota de cabelos loiros de lisos mexia com sua colher de pau uma espécie de sopa, dentro de um grande caldeirão. Coberta por alguns panos e usando uma capa violeta desbotada, encarava sua sopa (ou o que quer que fosse aquilo) entristecida.

_Pamela! – Gritou um garoto pequeno e atrapalhado ao entrar escorregando na cozinha, estava coberto com dezenas de panos cinzentos, em seus cabelos encaracolados e castanhos haviam lascas de madeira enroscadas, rapidamente o pequeno aproximou-se do caldeirão, colocou sua mão nas beiradas do mesmo, encarou a “sopa” e posteriormente fitou Pamela chateado – Sopa de novo?!

_Henrique... – Respondeu Pamy (Pamela, der...) calmamente – Você sabe que nós não temos muitas opções de jantar...

_Ah cara! – Henrique juntou-se a mesa e ficou girando um prato de barro – Não aguento mais comer essa sua sopa, parece que você usa sapos para fazer!

Pamy ficou de costas para Henrique e não conseguiu segurar um fraco riso, se ele soubesse que realmente uso sapos iria passar fome, pensou ela sarcasticamente.

_Calma jovem... – Continuo Pamy a mexer sua sopa de sapos lentamente e respondeu sorrindo – Pedi ao Natan para buscar pão, a sopa fica gostosa com pão.

_Ele vai demorar? – Questionou Henrique ao realizar uma rotação de 720º com o prato de barro – Estou com fome!

_Você vai quebrar esse prato – Disse Pamy ao retirar a colher de pau do caldeirão e provar o gosto da sopa – Hummm... Está uma delícia!

_Imagino... – Disse Henrique realizando uma expressão de nojo.

_Venha Jovem! – Pamy se aproximou de Henrique com a colher na mão – Veja se coloquei damasco suficiente.

_Pamy! – Levantando-se ligeiramente e escondendo-se atrás de uma cadeira, portava o prato de barro como escudo, exclamou Henrique – Essa coisa está viva!

_Como você é exagerado! – Disse Pamy gargalhando ao voltar a mexer a sopa.

_Eu quero sopa! Eu quero sopa! – Surgiu uma figura risonha cantarolando e mexendo os braços alegremente, cabelos negros e pele parda – Hummmm... Quem foi que fez essa delícia? Afrodite?

_Nem pense nisso Ppu! – Disse Pamy ao apontar a colher de pau para o meliante que se aproximava – Ainda não está pronta!

_Cachinhos dourados! – Gritou Dennys ao estender o braço para Henrique – Me entregue esse escudo, preciso enfrentar essa feiticeira!

_Vai se ferrar cara – Disse Henrique jogando-lhe o prato de barro – Só vocês dois para gostarem dessa gororoba.

_É agora Pamy! - Disse Dennys ao avançar na direção de Pamy, a garota acertou-lhe precisamente na cabeça com a colher de pau, fazendo-o sentar no chão e proteger a nuca – Ai! Não quero mais sopa!

Nesse momento a pequena porta da cabana, quase caindo aos pedaços, abriu-se ligeiramente, com o saco de pão encharcado, cabelos molhados e aspirante, o pequeno garoto já descrito entrou, atirou os pães na mesa e sentou-se exausto.

_A cada dia parece que fica mais longe... – Disse o garoto ofegante – Bem... E a sopa?

_Deliciosa! – Exclamou Pamy.

_Eu diria violenta! – Disse Dennys sorrindo e colocando-se à mesa – Vamos?

_Ainda não – Disse Pamy sorrindo – Temos um convidado hoje!

_Quem?! – Exclamaram Dennys, Natan e Henrique simultaneamente.

_Um velho amigo seu, Dennys – Sorriu e fechou os olhos ao responder – O jovem professor!

–--

Na capital do Reino do Norte, no grande castelo negro, caminhando pelos tapetes de leão e lobo com sua armadura solitária, chamada assim porque era concebida somente aos espiões da legião, o jovem rapaz de cabelos ondulados e castanhos pensava em seus princípios

_Eu não tenho sentimentos, eu não tenho amigos, eu tenho ordens e devo cumpri-las! – Pensou o jovem cabisbaixo – Minha espada é minha única amiga, meu dever é meu único aliado...

Aproximando-se da sala do trono, os corredores eram escuros, paredes negras e repletas de pinturas macabras, as tochas queimavam em um fraco brilho azul, o silencio era absoluto, era uma das regras do castelo, as trevas devem ser silenciosas.

_É a parte mais sombria do inferno – Pensou o rapaz ao olhar para a sinistra sala do trono, um grande salão cortado por um tapete cor de sangue, ao seu redor haviam armaduras negras em postura de batalha, nas paredes lanças e cabeças fincadas, frente ao trono de ferro e rocha negra existiam uma grande mesa retangular com um vasto jantar, digno de um rei absoluto.

_Martosael... – Sussurrou uma voz forte e sinistra, vindo do trono sombrio – Sente-se.

_Como queira – Respondeu Martosael ao sentar-se do outro lado da mesa – O que deseja, meu lorde?

_Consegue ouvir? – Perguntou seriamente o grande Lorde Caeli olhando para o vazio – Esse som diabólico?

_Não, meu lorde – Respondeu Martosael rapidamente.

_É o grunhido de Inferus – Respondeu Caeli – Isso perturba até Hades.

_E o que o faz grunhir, meu lorde? –Perguntou Martosael.

_Ele tem fome... – Respondeu Caeli sorrindo – Novas almas, precisamos de carne para nossa mascote.

_Perdão, meu lorde – Disse Martosael seriamente – Será que o rebanho de gados não é suficiente?

_Creio que ele mereça comer algo de qualidade – Questionou Caeli – O gosto de humanos... Dizem que eles adoram...

_Perdão, meu senhor – Interrompeu Martosael – Está sugerindo alimentar ele com pessoas?

_Não estou sugerindo... – Disse Caeli – Estou prevendo! Quero que cuide disso.

_Entendido, meu lorde – Disse Martosael cabisbaixo – Tem alguma sugestão?

_Destrua o vilarejo cinzento – Sorriu Caeli – Aquele lugar me enoja.

_... – Martosael engoliu seu ar, respondendo depois de alguns segundos – Sim, meu lorde, será feito!

–--

Na cabana de Pamy, todos conseguiram finalmente se acalmar, juntos a mesa observaram atentamente a garota de cabelos loiros despejar uma farta colherada de sopa em seus pratos de barro.

_Cuidado – Disse Pamy lentamente – Está bem quente.

_E nosso convidado? – Perguntou Natan ao pegar um pão e colocá-lo levemente na sopa – Ele ainda virá?

_Sim... – Respondeu Dennys sorrindo – Ele é muito calculista, não é de seu feito se atrasar.

É bom ver que ainda lembra de velhos amigos – Respondeu um garoto franzino sorrindo ao entrar na cabana – Como vão, meus caros?

_Elvis! – Dissa Natan sorrindo – Finalmente!

Dennys correu e abraçou Elvis com força, suspendendo o garoto do chão, sua bolsa com alguns suprimentos e muitos pergaminhos caiu no chão, desajeitado, o recém chegado sorriu e retribuiu o abraço.

_É bom te ver de novo cadelo! – Disse Dennys ao acertar as costas de Elvis com um leve tapa.

_Concordo! – Respondeu Elvis ao pegar sua bolsa do chão e juntar-se a mesa.

_Coma um pouco Elvis – Disse Pamy gentilmente – Deve estar com fome, viajou bastante.

_Humm... – Disse Elvis sorrindo – Esse cheirinho... Sopa de Sapo!

Nesse momento Natan e Henrique cuspiram seu mastigo no prato e deixaram a mesa reclamando.

_Eca! – Disse Henrique irritado – Pamela!!!

_Elvis! – Gritou Pamy.

_Dennys! – Gritou Dennys levantando os braços.

_É... – Disse Elvis sorrindo e coçando sua cabeça – Fiz algo de errado?

Dennys, Elvis e Pamy continuaram jantando, a noite começou a esfriar e a lua enrolou-se em nuvens, a pequena garota calmamente acendeu uma vela e a posicionou no centro da mesa, após o jantar, Elvis pegou um dos pergaminhos em sua bolsa e o colou sob a mesa.

_Os vilarejos da cascata e do girassol também sucumbiram ao medo e a escuridão – Começou Elvis a explicar gesticulando suavemente com suas mãos – Os poucos seguidores do rei foram eliminados na última cruzada, ao sul uma doença está se alastrando, estão todos isolados do mundo, paralisados em cavernas ou em abismo, compartilhando sonhos e esperanças com gatunos.

O pergaminho que o garoto colocou sob a mesa continha um mapa de todo o Reino do Norte, limitado por suas montanhas e um mar sombrio a frente.

_O vilarejo do girassol era nossa última opção... – Disse Pamy entristecida – Poderíamos construir uma vida melhor.

_Desde de que a legião tomou o reino para si... – Disse Dennys ao encarar o mapa – Os lugares de paz se tornaram escassos.

_Os legionários queimarão junto a Hades – Disse Elvis ao apoiar suas mãos sob o mapa e suspirar pelo nariz – Eles deveriam ser nossa força, nossa defesa... São traidores...

_Elvis... – Disse Pamy fitando-o – Conhece algum outro lugar em que possamos viver felizes?

_Talvez o olimpo... – Respondeu Elvis fracamente – Os poucos lugares belos desse mundo estão sendo destruídos, a força maligna que estão impondo... Pelos meus cálculos vai governar tudo em pouco tempo.

_Somente hoje... – Disse Dennys entristecido – Eu queria que seus cálculos estivessem errados.

Todos se silenciaram por alguns minutos, encarando o vazio e o mapa a sua frente, repentinamente Elvis pegou um livro e o colocou sob a mesa.

_Sabem... Ultimamente eu venho pensando em umas coisas... – Começou a dizer lentamente – Uma forma de mudarmos o rumo de nossas jornadas...

_Sério! – Disseram Pamy e Dennys espontâneos – Continue!

_Pode parecer loucura... – Elvis foleava o livro a cada palavra que dizia, Pamy conseguia ver algumas imagens de armas, pedras e pessoas excêntricas – Pode até suar como insano...

_Diga logo! – Ordenou Pamy.

_Podemos tentar enfrentá-los... – Disse Elvis cabisbaixo e de olhos fechados.

_Hahaha – Riu Pamy sarcasticamente – Nós três?

_Não somos deuses, meu amigo – Disse Dennys seriamente ao colocar a mão sob os ombros de Elvis – Nem ao menos somos heróis...

_Eu sei disso! – Disse Elvis ao tirar as mãos de Dennys de seus ombros – Andei estudando muito todos esses anos, conheci e aprendi sobre os segredos do mundo... Existem pessoas poderosas, nós podemos formar um exército!

_Você... – Disse Pamy o encarando com seriedade – Quer criar um exército de pessoas mágicas?

_Teoricamente sim! – Respondeu Elvis entusiasmado – Se trabalharmos juntos, nós conseguiremos resistir a escuridão!

_Elvis... – Disse Dennys ao olhar cabisbaixo a Pamy e tornar a encará-lo – Isso é impossível...

_Acho que... Vocês têm razão... – Disse Elvis entristecido – Está ficando frio não? Que tal descansarmos um pouco...?

_Venha – Disse Dennys ao levantar da mesa e seguir em um estreito corredor – Temos alguns tecidos sobrando, você pode fazer uma cama.

_Certo – Disse Elvis ao segui-lo - Boa noite Pamy, sonhe com anjos!

_Obrigada – Respondeu Pamy sorrindo.

A jovem de cabelos loiros continuou sentada na mesa, encarando o semblante do fogo que se dissipava da vela, o gélido vento atravessava as rachadoras e brechas da madeira e apunhalava seu rosto liso, retirando pequenas lágrimas cintilantes de seus olhos.

_Se eu pudesse voar... Eu nunca mais voltaria... – Sussurrou Pamy chorando.


–--

Em uma torre pouco remota daquela pálida cabana, uma dama de vestes negras se preparava para descansar, no quarto mais alto encarava a imensidão do luar, a gélida brisa cavalgava com as brumas de inverno, fazendo seus cabelos negros, finos e cacheados dançarem com as estrelas, silenciosamente espiava as estrelas, mordendo a parte interior de sua bochecha, repentinamente ouviu um soar agudo, entrou em seus aposentos e encarou uma esfera de cristal que começou a brilhar.

_Minha esfera... – Disse a garota pálida e assustada – Não pode ser...!

Começou a fitar atentamente a esfera, uma imagem fraca e distorcida começou a se formar.

Um cavaleiro de prata balançando seus cabelos lisos, montando em um belo unicórnio, cavalgava em direção a torre, empunhando uma espada tão afiada capaz de cortar os céus, portando em suas costas um escuto que refletia o brilho celeste

_Meu príncipe está vindo! – Gritou feliz e entusiasmada – Preciso me preparar!

Rapidamente correu para um armário próximo e procurou seu vestido mais belo, pegou alguns frascos e ligeiramente preparou um elixir para banho, levemente salpicou uma espécie de creme no rosto, correndo em busca de uma tesoura, parou repentinamente na frente de um espelho e exclamou:

_Qual será o vosso nome?

Parou e começou a pensar, fechou os olhos e gritou sorrindo.

_Bartolomeu! Está acordado?

Um papagaio dourado e de bico torto surgiu voando pela janela e pousou em uma espécie de suporte para aves que ali havia.

_Thaina! – Berrou o papagaio – Por todas as aves de bico torto do mundo esquecido em que vivemos, por que diabos me acordou nessa noite tão fria, gélida, triste, congelante, geladinha e gostosa de se dormir em um ninho de palha que arranha toda minha costa e arranca minhas lindas e coloridas penas! Diga antes que eu comece a argumentar com você!

_Bartolomeu! – Disse Thaina ao pegar uma varinha e tocar no bico do papagaio, selando-o com uma fita, curiosamente foi feito um laço borboleta – A profecia! Sinto que ela vai se realizar em breve, eu sinto isso!

_Você sente! – Respondeu Bartolomeu arrancando o laço de sua boca com sua garra e o atirando furiosamente no chão – Ou foi aquela bola estúpida outra vez! Thaina, eu sei que é triste ficar em uma torre sozinha falando com um papagaio, mesmo sendo um papagaio tão legal e divertido como eu, nem relevando os fatos de eu também ser de pura confiança e generosidade, um posso de beleza e carisma em um bicho só, mas, mas, não é motivo para você fumar cogumelos!

_Bartolomeu! – Disse Thaina irritada – Eu nem ao menos sei como se fuma um cogumelo!

_Quer descobrir? – Gargalhou o papagaio sarcasticamente.

_Escute! – Disse Thaina fitando-o seriamente – Quero que encontre o rapaz que a bola de cristal está mostrando e mostre o caminho certo até minha torre!

_HAHAHAHAHAHAHA – Começou a gargalhar fortemente o papagaio – Você quer que eu saia lá fora? Nesse frio?

_Ou você sai, ou é depenado! – Disse Thaina com um sorriso maligno.

_Droga... – Resmungou o papagaio – É por isso que odeio bruxas!

_Vai vai! – Disse Thaina ao gesticular indicando a janela ao papagaio – Melhor eu guardar essa varinha, seria um pesadelo até para Ares se isso caísse em mãos erradas...

–--

No castelo negro da legião Martosael caminhava lentamente em direção a um dos quartos especiais, a porta tinha bordas maciças de ouro, formando a escultura de um dragão, pregado a porta havia uma pequena placa, onde estava escrito:

Não perturbe, idiota!

_Como se uma coisa banal como essa fosse me amedrontar – Pensou Martosael levantando sua mão e batendo levemente na porta – Douglas! Acorde!

_Ah! – Gritou Douglas de maneira cômica – Seu gordinho feliz!

Um rapaz alto e de cabelo espetado abriu a porta repentinamente, apertando com firmeza a mão de Martosael.

_Como vai, Doug? – Perguntou Martosael sorrindo.

_Pare com esse papo de moça, Marto! – Disse Doug rindo – Diga-me, o que você quer?

_Precisamos conversar... – Disse Martosael seriamente.

_A essa hora? – Disse Doug ao olhar pela janela – Deve ser importante, entre!

_Aqui não... – Disse Martosael olhando os arredores – Fora do castelo negro, neste lugar a escuridão tem ouvidos.

–--

Finalmente amanheceu, Pamy levantou se sua cama fajuta, mexeu em seus cabelos com o intuito de ajeitar sua franja, olhou ao redor e percebeu que todos, com exceção de Dennys já haviam se levantado, o garoto babava em seu travesseiro, provavelmente estava sonhando com algo muito interessante. Pamy caminhou até seu banheiro, molhou seu rosto e encarou o espelho, estava abatida, olhos vermelhos e seu espirito ainda cansado, voltando para a cozinha encontrou Natan e Elvis sentados à mesa.

_Essa eu chamo de Espada Curvada! – Disse Natan entusiasmado ao mostrar um desenho que havia feito de uma espada – O que acha, andarilho?

_Impressionante! – Disse Elvis sorrindo – A curvatura da espada é perfeita para cortes laterais e você criou uma empunhadura perfeita, essa proteção de mão conseguiria evitar, talvez, até um corte de machado!

_Falando em machado! – Sorriu Natan ao procurar algo específico em um amontoado de folhas – Está por aqui em algum lugar...

_Bom dia jovens! – Sorriu Pamy ao se aproximar da mesa – Como vão?

_Pamy! – Disse Elvis entusiasmado – Esse garoto é incrível, você já viu as armas que ele imaginou? Se pudéssemos aplicar isso em combate, a probabilidade de vitória seria exponencialmente alta!

_É, ele faz bons desenhos de espadas – Disse Pamy ao pegar alguns pratos de barro e colocá-los dentro de um balde com água e sabão – Incentivo ele a fazer um livro de armas um dia, eu amo livros.

_Um livro de armas... – Sorriu Elvis – Poderíamos construir um arsenal com isso...

_Lá vem você novamente – Disse Pamy seriamente – Onde está o Henrique?

_Ele foi buscar água e tomar um banho – Respondeu Natan ao jogar vários papeis para o alto – Onde está esse machado?

Repentinamente todos ouviram duas longas badaladas do sino, o vilarejo inteiro se silenciou, nem mesmo o som do vento ficou audível. Dennys saltou de sua cama e desceu correndo até a cozinha, com seus cabelos bagunçados e ainda coberto com lençóis de dormir, exclamou:

_Hoje é dia de impostos?!

_Não... – Disse Pamy tensa e tremendo – Dev... Deve haver algum engano, talvez crianças brincando com o sino...

_Crianças não brincam com aquele sino – Disse Dennys nervoso a procurar algo em vários potes nos armários – Inferno!

_Ppu... – Disse Pamy cabisbaixa – Não temos mais moedas...

Todos se olharam entristecidos, Elvis abaixou a cabeça e começou a procurar algo em sua bolsa, Dennys continuou a procurar moedas por toda a cabana, Pamy continuou ali, paralisada com o som do sino ressoando em sua mente.

_Encontrei! – Gritou Natan sorrindo – Meu poderoso Quebra-Crânio!

O desenho era de uma machado muito semelhante ao usado por vikings , cabo de madeira curto e lâmina triangular circular no final de seu gume.

_Natan... – Perguntou Elvis lentamente – Existe algum motivo para você desenhar armas?

_Eu... – Natan abaixou sua cabeça e fechou seus olhos, seu coração se confrangeu – Vou criar a arma mais poderosa de todos os tempos e resgatar minha irmã!

Naquele dia um pesadelo estava prestes a acontecer pela segunda vez, a cerca de um ano atrás a cabana cinzenta de Pamy era mais feliz e cheia de vida, quando sua adorável prima Estefany a ajudava a preparar a sopa, cuidava de todos com seu carinho, mesmo sendo tímida era capaz de fazer o necessário para proteger aqueles que amava, assombrosamente, isso foi sua ruína.

A cada sete luas os legionários enviam um comissário, um lacaio maligno que recolhe altos impostos de todos os vilarejos, em tempos difíceis o comissário leva uma pessoa das famílias como pagamento, e nas profundezas do castelo negro, ninguém sabe o triste destino desses injustiçados; Esse talvez tenha sido o fim de Estefany, que foi levada no lugar de Pamy e Natan para protege-los desse destino infernal.

_Tenho certeza... – Disse Elvis ao olhar para Pamy – Um dia vamos conseguir salvá-la.

Nesse momento Pamela começou a tremer muito, a lembrança de Estefany a deixou angustiada, minha amiga... sangue meu, ela pode estar sendo torturada e tudo o que estou tentando fazer é fugir para um lar melhor... Chega de se esconder!, pensou Pamy.

_Natan! – Disse Pamy epicamente – Encontre Henrique e traga-o agora!

_Agora? – Perguntou Natan surpreso – Mas ainda está cedo e...

_Por favor, Natan – Repetiu Pamy – Faça esse favor!

_Certo... – Disse Natan ao pegar algumas vestes e sair da cabana – Em alguns minutos eu volto!

_Elvis e Dennys! – Disse Pamy com voz forte apontando para um lençol em baixo de algumas madeiras caídas – Tem um baú escondido em baixo daquele pano, vamos abri-lo.

_Mas Pamy... – disse Dennys lentamente – Aquele baú é onde guardamos nossas antigas espadas, não tem moedas lá.

_Sim Ppu – Disse Pamy sorrindo – Ainda sabe manejar uma espada?

_Demorou muito... – Respondeu Dennys ao pegar sua antiga espada azulada e girá-la com elegância – Eu fiz essa espada para ceifar inimigos, é muito bom empunhá-la novamente! Haha!

_O que pretende fazer, Pamy? – Perguntou Elvis ao retirar outra espada curta do baú.

_A escuridão conquistou o mundo... – Disse Pamy sorrindo com tenacidade – Mas ainda não dominou nossos corações, nós seremos a força que vai se opor as trevas, o princípio do retorno da luz, NÓS SEREMOS A RESISTÊNCIA E RESISTIREMOS AS TREVAS!

Repentinamente, escutaram um som de batidas na porta seguido por uma voz maquiavélica:

_Comissário da Legião! Abram a porta!

–--


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Crônicas da Resistência" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.