A Estranha escrita por DeidaSammys


Capítulo 36
Jantar perfeito


Notas iniciais do capítulo

Não me matem, por favor! Me desculpem pela demora, por favor. Eu realmente estava cheio de problemas aqui em casa e sem falar que minha escola é rígida, e as provas começaram, e em cada bimestre são milhares de provas que tem, e eu sou do grupo das pessoas que "sempre ficam recuperação", eu tenho muito dificuldade na escola, então eu tenho que estudo muito mesmo.
Então me perdoem! Eu consegui escrever bastante até, mas eu conseguia escrever mais tipo, quando era intervalo na escola, sabe? Que ai eu chegava em casa e passava para o computador, e sai depois. Não tive mesmo tempo, desculpem! >.
Espero que gostem desses capítulos e enjoy!



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JANTAR "PERFEITO"

 

Abgail suspirou ao seguir sua mãe até a entrada do que seria infelizmente de agora em diante sua casa. Entraram e pararam no meio da sala gigante quando Katie fez o mesmo.

A mulher não havia falado com ela desde King's Cross, mas ela sabia que Katie irá tentar falar com ela quando chegassem. E finalmente chegaram.

—O seu quarto será um dos quartos de hóspedes. -ela começou séria e Abgail se perguntou se ela provavelmente estava odiando isso, mas não tinha certeza, já que tempo atrás Katie estava querendo a guarda dela.- Ele fica bem ao lado do quarto de Richard.

Abgail arregalou os olhos e sentiu um seco na garganta. Por que de todas as pessoas que tem nessa casa, ela tinha que ficar no quarto ao lado dele?

—Não se preocupe com Richard, Abgail. -a garota deu um pulo e se virou vendo um Willian cansado, mas com um sorriso gentil no rosto se aproximar delas.- Sim, eu estou ciente do comportamento... instável dele. Mas já estamos tomando as providencias para que Richard melhore. Então não se preocupe, ele provavelmente não irá sair do quarto tão cedo.

Assentiu ainda não totalmente segura disso, mas decidiu que seria melhor esquecer sobre essa assunto por agora. Interrompeu timidamente o silêncio que se formou ali:

—A-acho melhor... acho melhor eu ir já para o meu... quarto.

—Ah sim claro. -Katie sorriu falsamente e continuou animada.- Oh, tenho que arrumar a casa e fazer a refeição para o jantar. E depois me arrumar, é claro, para quando chegar a noite.

Abgail franziu a testa confusa. Do que ela estava falando? Para que tanta arrumação para um jantar?

—Teremos convidados essa noite. -Willian explicou percebendo a confusão da jovem.- Alguns são apenas amigos próximos e outros colegas de trabalho. Sua mãe insiste em deixar tudo perfeito. -o homem revirou os olhos.-

—Oras, temos que deixar tudo impecável! Vai que assim seu chefe te dá um aumento? -Katia se defendeu e Abgail sentiu uma enorme vontade de revirar os olhos. Algo que ela quase nunca fazia.- E por isso que mais tarde eu irei passar no seu quarto depois para te ajudar te arrumar, Abby.

Abgail mordeu os lábios para não acabar xingando sua mãe.

Eu estou muito rebelde hoje, pensou incrédula com a ideia que teve.

—Ahn, claro... -concordou contra gosto e se virou.- Melhor... eu subir.

—Ah, deixa que eu levo para você Abgail. -Willian ofereceu ao ver Abgail começar a puxar sua única mala para as grandes escadas.-

Abgail corou.

—N-não precisa, está tudo bem. -sorriu levemente querendo logo se trancar no novo quarto.-

—Vamos lá, pode deixar que eu levo. Somos uma família agora, não é mesmo? -perguntou Willian gentilmente.-

Ela olhou para o homem grisalho. Sabia que ele não tinha culpa em pensar assim, provavelmente nem sabia o que Katie havia feito e se depender da mulher, nunca iria saber. Mas Abgail sabia que nunca iria se sentir bem-vinda naquele lugar.

—Claro. -concordou sorrindo falsamente.-

Estava no seu quarto sentada na cama enquanto Katie fazia sua maquiagem. Já estava com um vestido vermelho simples que a mulher havia praticamente a obrigado de usar. Ao menos, era um belo vestido e nada exagerado.

Finalmente depois de tanto tempo a mulher terminou e fez Abgail se levantar, e basicamente a empurrou até a frente do espelho.

A morena ergueu as sobrancelhas ao ver sua imagem no espelho. Seu cabelo estava preso agora em um coque bem feito -apesar que Katie ainda insistia em tentar "arruma-lo" mais ainda- e seus lábios estavam cobertos por um batom vermelho assim como seu vestido. Usava apenas um par de sapatilhas douradas.

—Eu... -Abgail abriu a boca, mas nada saiu.-

—Você está linda! -Katie comentou animada.-

—Ahn... é. -se mexeu desconfortável-

—Você é linda, Abby. -a mulher colocou as mãos nos ombros de Abgail e continuou se inclinando perto do ouvido da garota.- Assim como era seu pai.

A morena sentiu a raiva e seus olhos começarem a lacrimejar. Empurrou a mulher com o cotovelo e se virou bruscamente, sentindo a irritação e magoa aumentar ao ver o sorriso cínico de sua mãe.

—O que... o que você quer? -perguntou nervosa.-

—Do que você está falando, Abgail? Eu apenas quero que você fique perfeita para o jantar, precisamos passar a impressão de uma família perfeita, o que somos, é claro.

Abgail cerrou os punhos e fechou os olhos, tentando se acalmar enquanto sua mãe arrumava seu coque mais um pouco e continuava falando:

—Willian daqui a pouco volta, ele foi buscar Lucy da casa da amiguinha dela, sabe? Ela está tão animada em te ver, e ficou muito feliz em saber que agora vocês serão irmãs! Ah, e sobre a sua escolinha com... pessoas como você, não se preocupe, eu falei para todos que você estuda em um internato. Willian disse que poderia tirar você desse internato e te matricular em um colégio mais chique e...

—E-eu não vou sair de Hogwarts. -Abgail a interrompeu assustada só com a possibilidade de ter que ser obrigada a isso.- N-não é como se eu fosse parar de ser bruxa de um d-dia para o outro. E nem é como se desse!

—Eu sei boba. -Katie revirou os olhos e sorriu falsamente.- Eu falei isso para Willian, tá? Bem, mais ou menos, claro, apenas falei que você iria recusar porque você gosta muito desse internato.

Melhor do que nada, pensou Abgail suspirando cansada.

—Pronto! Dei uma ajeitadinha. -a mulher se afastou sorridente.- Alguns dos convidados já estão lá embaixo, seria um desrespeito se deixarmos ele lá. Vamos?

Trincou os dentes e assentiu, logo seguindo a mulher.


Abgail respirou fundo entrando na cozinha e se apoiou no batente da pia. Passou a mão pelo rosto e olhou pela porta a mesa de jantar aonde estava todos conversando animadamente -alguns sentados no sofá gigante-. Engoliu o seco e o medo encheu seu peito ao ver Richard aparecer descendo as escadas e ser obrigado a cumprimentar todos os colegas de Willian antes de se sentar na ponta da mesa.

—Você é a Abgail, não é mesmo?

Deu um pulo e escutou uma risada. Se virou e encarou o homem que a encarava agora com um sorrisinho. Ele era alto e não parecia ser tão velho quanto os outros da sala, mas também não tão jovem.

—É, sou... sou sim. -respondeu envergonhada.-

O homem sorriu percebendo o desconforto da garota.

—Você parece se sentir bastante deslocada nesse meio de gente, hein?

Abgail tentou sorrir, mas fracassou, então apenas assentiu. Isso fez ele sorrir mais ainda.

—Sou Samuel. -ele andou até ela e também se apoiou no batente, ficando ao lado de Abgail.- Mas me chame apenas de Sam mesmo.

A morena balançou a cabeça se sentindo desconfortável com aquela situação. Samuel deu um gole em sua bebida e olhou para Abgail.

—Então, o que você veio fazer aqui na cozinha? -perguntou e continuou brincando.- Tentando escapar?

Abgail riu levemente.

—Mais ou menos. -respondeu constrangida fazendo ele rir.-

—Bem, parece então que pensamos o mesmo. -ele comentou recebendo um olhar confuso dela.- Eu não sou muito para essas coisas, apesar de ter que conviver com isso basicamente todos os dias.

—Então... por que...?

—Ah, meu pai está com uma doença então por enquanto eu tenho que assumir seu lugar temporariamente. Bem, eu espero.

—O que ele tem? -Abgail perguntou curiosa e ao ver que estava sendo muito intrometida, tentou falar.- Q-quer dizer, se não quiser falar, n-não...

Samuel riu e balançou a cabeça.

—Está tudo bem, eu não ligo em falar. -ele diz.- Ele tem leucemia.

Abgail arregalou os olhos surpresa e sentindo o corpo travar. Ao ver a reação dela, o homem ergueu a sobrancelha.

—Está tudo bem, Abgail?

—A-ah, sim... -gaguejou tímida desviando o olhar.- Está tudo bem.

Samuel, não convencido, deu de ombros, decidindo deixar para lá.

E então eles ficaram conversando -ao menos por parte dele, normalmente Abgail apenas acenava ou fazia um comentário pequeno-.

—Sabe, Abgail. -ele começou.- Alguém já disse hoje que você é muito bonita?

A morena arregalou os olhos sentindo o rosto esquentar, mas não deixando de estranhar.

—N-não... quer dizer, s-sim.

—Oh, uma pena. -Samuel lamentando e colocando o copo na pia, se aproximando mais da morena.- Porque eu queria ter sido o primeiro a dizer que é muito bonita.

—Amor, cadê a Abgail? -perguntou Willian se aproximando de Katie que conversava com uma das esposas de um de seus amigos.-

—Não sei, ela foi para a cozinha. Eu acho. -a mulher respondeu não se importando muito.- Por que?

—Ela está sumida por um tempo. -o homem diz e olha em volta.- E também não vejo o meu chefe por aqui.

Katie suspira massageando a têmpora.

—Eu irei procurar por ela. Não se preocupe. -e começou indo na direção da cozinha.-

A mulher bufou antes de abrir a porta a cozinha.

—Abgail, onde a senhorita...?

Katie parou a tempo de ver sua filha dando um tapa no rosto do chefe de seu marido e do estalo que ecoou pelo o cômodo.

—Oh meu Deus, Samuel me desculpe, e-eu... -Abgail começou um tanto arrependida.-

—Abgail! -a garota se arrepiou ao escutar voz de sua mãe e sentir seu pulso ser puxado com força.- O que você pensa que está fazendo? Esse é o chefe de seu padrasto!

A jovem arregalou os olhos claros e abriu a boca desacreditada.

—Eu sabia que você iria aprontar algo! Eu não deveria ter acreditado que você poderia ficar no seu cantinho e quieta. Você bateu no chefe de seu padrasto, Abgail! Sabe quão vergonhoso é isso?

—É que... -mas Samuel interrompeu Abgail.-

—Senhora Katie, não culpe Abgail, a culpa é toda minha. -o homem começou ainda com a mão na bochecha vermelha.- Eu que fiz o erro de invadir a privacidade dela. Se tem alguém com culpa aqui, sou eu.

A mulher abriu a boca e fechou várias vezes antes de suspirar, e sorrir para Samuel:

—Não precisa levar a culpa para algo que você não fez, eu irei conversar com Abgail.

—Mas... -ele não conseguiu terminar pois Katie puxou sua filha para fora da cozinha rapidamente.-

Abgail engasgou quando sua mãe a empurrou para dentro de seu quarto e trancou a porta.

—O que você estava pensando, garota?! Aquele é o chefe de Willian e você então vai lá e dá um tapa nele?

—Eu não sabia! Eu... eu não sabia! E-e também, eu não tenho culpa de nada. Ele que... que avançou em mim!

—Não interessa, você sabe o que você acabou de fazer? Por culpa sua, Willian provavelmente não irá conseguir um aumento, ou pior, ele pode perder o emprego. Se isso acontecer, nós estamos perdidos! Não conseguiremos pagar nada, e...

—É realmente apenas com isso que você preocupa? -perguntou incrédula- Você... você se casou com um homem rico, mãe! E-e ainda se preocupa em ele perder o emprego. É só com isso que você se preocupa? Dinheiro? E Willian? Ele... ele é um homem bom, não deveria estar com... com uma mulher como você!

—Olha como fala comigo, mocinha!

—E-eu... eu... -Abgail respirou fundo antes de continuar.- Eu posso falar do jeito que eu quero. Você não tem nenhum direito sobre mim, mesmo que... mesmo que seja minha mãe, você já perdeu esse papel a muito tempo e não merece nenhum respeito vindo de mim.

—Olha aqui. -Katie a puxou pelo pulso e Abgail gemeu com a força.- Eu te criei, está bem? E muito bem, mas não é minha culpa se você nasceu uma aberração qu nem seu pai. Eu talvez não teria abandonado vocês se você não tivesse nascido que nem ele, mas não, isso não aconteceu. E agora estamos cá. Você é tão igual a Derek quando eu o conheci. Apesar da tímidez, uma pessoa rebelde e malcriada. Desse jeito, você irá acabar igualzinha como ele. Morto.

Sentiu uma raiva tão intensa crescer dentro de seu peito que nem se importou com as consequências. Abgail empurrou sua mãe com força e a encarou com magoa:

—C-como... como você pode dizer isso? Como? -perguntou incrédula.- Eu... você definitivamente não merece o meu respeito. Nem de Willian, e nem do que meu pai tinha por você!

Abgail se virou e abriu a sua mala com rapidez, pegando um casaco preto, sua varinha e um par de tênis. Tirou as sapatilhas e os colocou. Se levantou agarrando firmemente sua varinha e passou por sua mãe.

—Aonde você está indo, Abgail? -Katie gritou do quarto.-

—Não interessa! -gritou de volta.-

Desceu as escadas correndo ignorando os olhos que recebeu ao passar pela sala e o chamado de Samuel e Willian. Saiu da casa e colocou seu casaco, começando a caminhar sem rumo.

Esfregou os braços na tentativa de se proteger do frio. Um fracasso, é claro, ela estava com um vestido e apenas um casaco fino contra aquele tempo frio e a neve que caia.

Sentiu os olhos lacrimejarem ao se lembrar das palavras de sua mãe e tentou evitar que elas caíssem.

Não chore, pare de ficar apenas chorando, pensou consigo mesma.

Começou a se arrepender de ter saído, principalmente na época que estavam. Mas o ódio que sentia por sua mãe naquele momento foi tão grande que isso nem passou por sua cabeça.

Olhou para trás e conseguiu ver a grande casa iluminada de longe. Não queria voltar lá, nem um pouco. Mas também tinha certeza que não era uma boa ideia ficar andando por ai sozinha.

Voltou a andar sem rumo, mas tendo certeza de que não perder a casa de vista. Não estava com vontade de se perder.

Abgail suspirou e virou em uma rua distraidamente.

—Abby?

Ela prendeu a respiração sentindo o coração falhar uma batida. Reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

—Sirius...? -se virou e engoliu o seco ao ver ele olhando intensamente para ela.-

Abgail percebeu que ele segurava uma mochila e franziu a testa. Aonde ele poderia estar indo?

Olhou desconfiada para ele, ela conhecia muito Sirius, mas não achava que seria uma boa ideia confiar em qualquer pessoa que ver na rua de noite assim, principalmente por causa dessa época de guerra que estavam entrando. Ele não poderia ser quem parecia ser.

—Sou eu mesmo, não se preocupe, garota do Quadribol. -Sirius resmungou adivinhando exatamente o que ela pensava. Isso fez Abgail suspirar e relaxar os ombros.-

Sirius percebeu Abgail olhar para baixo e começar a mexer o nariz adoravelmente. Provavelmente ela estava desconfortável com a situação. Bem, até ele estava. Já que a última vez que se falaram foi quando ela pediu que ele a deixasse em paz.

O problema era que não conseguia. E não queria.

Sirius realmente queria que tudo voltasse como era antes, bem , mais ou menos. Ele sempre viu Abgail como uma amiga, mas depois daquele dia, ele queria que ela fosse algo mais do que isso.

Ele estava realmente apaixonado pela a garota do Quadribol.

—Abby... -suspirou antes de a chamar.- O que você está fazendo aqui? Ainda mais sozinha, no tempo que estamos poderia aparecer um comensal da morte ou sei lá...

—Eu... eu sei. -ela concordou e continua erguendo a sobrancelha.- Mas se então, s-se sabe disso, por que está andando sozinho por aqui então?

Sirius ergueu a sobrancelha e olhou divertido para a morena que corou.

—Ah, isso. É que eu fugi de casa. -Abgail arregalou os olhos ao escutar isso.- Mas e você Abby, o que faz aqui?

Ela sentiu o rosto corar e respondeu constrangida com a voz baixa, mas suficiente alto para Sirius escutar.

—Eu... também fugi.

Ele ficou surpreso pela resposta. Nunca pensou que Abgail faria algo do tipo.

A morena sentiu o rosto esquentar mais ainda quando Sirius soltou uma risada. Sorriu levemente, ela gostava da risada dele.

—Então quer dizer que a garota do Quadribol decidiu se rebelar e fugir de casa? -brincou.-

—Olha quem fala... -retrucou timidamente fazendo ele rir ainda mais.-

Os dois ficaram em silêncio por um momento quando Sirius decidiu perguntar:

—Então Abby, para onde você está indo?

—A-ahn? -o olhou confusa.-

Sirius ergueu a sobrancelha ficando sério.

—Abby, se você fugiu, tinha que ter consciência ao menos de aonde você irá ficar.

A morena engoliu o seco.

—É que... e-eu... não é como se eu não fosse voltar. -ao ver o olhar dele continuou.- É que eu apenas s-sai para esfriar a cabeça, sabe... Mas depois eu ia voltar.

—Aham, tem certeza que você ia voltar, Abby? -perguntou ele cruzando os braços.-

—C-claro, bem, é... não. -ela terminou derrotada.-

Sirius sorriu ao ver a confusão dela.

—Sabe, eu estou indo para a casa do James. -ele começou.- Eu sei que sou bem vindo lá, e sei que você também é, Abby. Você poderia ver comigo.

Abgail arregalou os olhos, seu rosto ficando da cor escarlate.

—Bem, eu tenho certeza que os pais do James não se importariam de você ficar lá até voltarmos para Hogwarts. Percebi que você não quer voltar de jeito nenhum para a sua casa.

Ela sorriu agradecida. Realmente teve sorte de Sirius ter aparecido.

—Mas... e as minhas coisas? -perguntou a morena se lembrando de sua mala.-

Sirius deu de ombros.

—A gente pode passar na sua casa se quiser. -franziu a testa ao ver Abgail estremecer.- Se quiser, eu falo com seu pai.

—M-meu pai morreu Sirius... -ele arregalou os olhos surpreso.- E-eu... eu estou morando com a minha mãe agora.

Então era por isso que ela estava daquele jeito. Por isso que ela se afastou de todos praticamente o ano todo.

—Abby... -Sirius começou, mas de repente parou, achando melhor não comentar sobre aquilo. Não queria deixar Abgail para baixo por causa desse assunto. Então continuou com um tom convencido- Bem, não tem problema, eu consigo convencer a todos mesmo.

A garota riu fazendo o maroto sorrir.

Abgail agradeceu internamento por Sirius não tocar neste assunto.

—E-está bem. -ela finalmente concordou e se aproximou de Sirius.- Vem.

A morena tomou coragem e começou a puxar o maroto pelo braço. Ela logo começou a avistar a casa e estremeceu quando o vento ficou mais forte, praticamente congelando suas pernas descobertas por causa do vestido. E só agora percebeu que batia os dentes repetidamente.

Abgail engasgou e sentiu o coração acelerar quando Sirius puxou seu braço e o passou em volta de seus ombros, a abraçando de lado.

—S-Sirius, o-o que...? -tentou dizer, mas a timidez falou mais alto.-

—Você com essa roupa deve estar morrendo de frio. Estou apenas ajudando.

Ela ergueu a sobrancelha, mas evitando olhar para ele. O seu coração estava batendo tão depressa e o seu rosto estava mais vermelho que um tomate.

—V-você poderia a-apenas... ter m-me dado seu casaco... –resmungou, mas admitia que estava amando aquilo.-

—Eu sei que calor corporal é a melhor maneira de se esquentar. -ele respondeu dando de ombros adorando completamente aquela situação e o constrangimento visível de da garota. Continuou brincando.- E não fale como se não gostasse disso, Abby.

—S-Sirius! -ela exclama ele soltar uma risada.- V-você está realmente s-se aproveitando dessa situação.

—Talvez. -Abgail sentiu seu interior aquecer quando ele piscou para ela.-

A morena sorriu levemente e se aproximou mais de Sirius, o abraçando de volta. Se sentiu completamente satisfeita quando escutou o suspiro pesado que ele soltou.

—Aquela é a sua nova casa? -perguntou Sirius erguendo a sobrancelha ao ver que se aproximavam cada vez mais da casa iluminada.- Estão dando uma festa lá por acaso?

Abgail corou ao escutar ele falar. Ainda estava um tanto atordoada pelo fato de que ela e Sirius estavam andando abraçados.

—A-ahn... mais ou menos isso. -respondeu ela timidamente.-

Ele riu, mesmo não demonstrando muito, sentia o mesmo que Abgail sobre o fato de estarem abraçados. E então voltaram a ficar em silêncio enquanto se aproximavam cada vez mais da casa.

—Sabe Abby. -Sirius começou quando eles pararam em frente da grande porta.- Eu quase me esqueci de te dizer.

—O-o que? -ela perguntou corada quando se soltaram mesmo que os dois internamente não queriam isso.-

—Você está mais bonita do que o normal hoje. -ele piscou para ela antes de bater na porta, se divertindo com o rosto vermelho dela.-

Abgail respirou fundo sentindo o seu rosto quente. Se sentia mais tímida do que nunca quando Sirius falava essas coisas para ela, mas no fundo ela gostava disso.

Prendeu a respiração quando a porta foi aberta, mas ao ver que era Willian quem atendeu soltou um suspiro. Ela realmente não pensou quando disse aquelas coisas para sua mãe, que apesar de que eram verdade, sabia que Katie provavelmente estava mais furiosa do que nunca.

—Abby! -ele exclamou surpreso.- Graças a Deus, pensamos que você não ia voltar. Sua mãe e eu estamos muitos preocupados. Ela está desesperada.

Abgail cerrou os dentes. Odiava o quanto sua mãe fazia Willian de bobo, ele não merecia essas coisas, era um homem muito gentil e modesto. Merece ficar com uma pessoa bem melhor.

—É-é que...

—Eu encontrei com ela no caminho. -Sirius interrompeu e Willian finalmente percebeu o maroto e olhou para ele confuso.- Nós viemos pegar as coisas dela. Nada de mais.

Franziu a testa pensando quanto ele conseguia fazer aquilo tão naturalmente.

—Quem é esse, Abgail? -perguntou o homem curioso.-

Olhou para Sirius discretamente e ergueu a sobrancelha confusa com o sorriso malicioso dele. Por que sentia que ele iria aprontar algo?

—A-ah, ele é-é meu...

—Namorado. -Sirius terminou sorrindo.-

Abgail quase engasgou, mas conseguiu se conter para não suspeitarem, mas a vermelhidão forte que tomou conta de todo o seu rosto foi algo que não dava para evitar. Se Willian não estivesse teria desmaiado ali mesmo.

O que ele está fazendo? pensou com si mesma.

Willian arregalou os olhos.

—É verdade, Abby?

Sirius segurou a risada vendo Abgail parada, ela parecia estar processando o que acabou de acontecer. E admitia, que estava muito satisfeito em causar aquilo.

—A-ah, sim, é... -ela gaguejou tanto que isso fez Sirius não conseguir evitar de sorrir mais ainda.-

—Oh, eu não sabia que tinha um namorado.

—E-eu... não achei que fosse necessário... contar. -Abgail falou pausadamente e baixo olhando de canto para Sirius que estava morrendo de diversão.-

—Bem, não precisava ficar desconfortável em contar. Sua mãe provavelmente iria querer saber. -Willian comenta e pergunta.- Mas com assim... pegar suas coisas?

—É-é que... eu e minha mãe... brigamos e, bem... -ela tentou falar, mas simplesmente não conseguia. Só de lembrar da briga sentia uma dor no peito.-

—Olha, senhor... -Sirius olhou de canto para Abgail.-

—Willian. -como estava lado a lado, o moreno conseguiu escutar.-

—Willian. -Sirius continuou.- Eu acho que você sabe que Abby e a mãe dela nunca tiveram um relacionamento muito... natural. Então é normal elas brigarem, você deve saber disso, não é?

—É, claro. Mas eu nunca achei que fosse algo muito grave a ponto de Abby querer sair de casa. -ele diz franzindo a testa.-

Abgail se remexeu desconfortável e Sirius percebeu isso. O rapaz olhou para ela e pergunta:

—Abby, por que você não vai pegando suas coisas?

Ela o olha surpresa.

—M-mas e...

—Eu irei conversar com ele, não se preocupe.

—Ahn, o-okay. -ela diz passando por Willian e entrando na casa, mas não antes de olhar para trás e receber uma piscadela discreta de Sirius. Se virou corando.-

Suspirou e parou, vendo os amigos de Willian conversando animadamente na sala. Viu Samuel em um canto conversando com um cara baixinho e sentiu a pequena pontada de arrependimento ao ver o vermelhidão ainda no rosto dele, não estava muito forte, mas ainda estava lá.

Passou por lá da maneira mais discreta que conseguiu e subiu as escadas correndo, mas não suficiente para fazer barulho. Entrou no seu novo quarto e puxou sua mala debaixo da cama, o fechando. Decidiu manter sua varinha no bolso do casado, só por precaução.

Puxou seu malão e logo saiu do quarto. Mordeu o lábio inferior ao ver que não conseguiria descer as escadas sem fazer barulho com a mala. Tentou ser a mais cuidadosa possível, ao chegar ao final da escada travou.

—Abby.

Engoliu o seco vendo no meio da sala, Willian e Sirius -esse último parecia muito sorridente para seu gosto, provavelmente se aproveitando da situação.-, e a frente deles estava uma Katie bem confusa que ao escutar seu nome, se virou para ela.

—Abgail? Eu pensei que você não iria voltar. -a mulher comenta.- E quem é este... rapaz?

—E-eu apenas vim pegar minhas coisas. E-e esse é... -ela corou ao proferir as palavras a seguires.- M-meu n-namorado.

Viu a cara de satisfação que Sirius fez e isso a deixou mais vermelha ainda.

—Namorado? -Katie franziu a testa incrédula.- Desde quando você tem namorado?

Fechou os punhos irritada com a tanta grosseria que sua mãe falou.

—Querida, não seja tão rude com ela. Não tem problema nenhum ela ter um ou não ter nos contado. -Willian a defendeu.- E mesmo assim, Sirius é um bom rapaz.

Abgail ergueu a sobrancelha desconfiada vendo Sirius prender a risada. Se perguntou o que ele tanto falou para Willian.

—Oras, como podemos saber se ele é uma pessoa confiável? -perguntou a mulher indignada.-

—Ao menos eu sou confiável aqui, não é senhora Katie? -Sirius provocou de maneira sugestiva.-

Abgail arregalou os olhos para ele e percebeu Katie fazer o mesmo. E se encolheu ao ver a raiva estampada no rosto da mulher. Ela entendeu do que Sirius falava.

—Você contou.. para ele?! -estremeceu quando a mulher gritou com ela.-

—Katie, pare com isso! -Willian ralha e se virou para seus amigos.- Por que não vão para o jardim? Lá tem umas mesas e cadeiras. Só iremos resolver tudo aqui e logo estamos indo.

Agradeceu quando todos os colegas de seu padrasto concordaram, apenas um ficou. Engoliu o seco ao ver que era ninguém menos que Samuel.

—Você poderia ter me dito que tinha namorado, sabe. -ele comentou sorrindo sem graça.-

—Desculpa. -Abgail diz também sem graça e vermelha.-

—Não -ele ri.- Eu quem devo desculpa, Abgail.

O olhar de desconfiança de Sirius sobre os dois foi tão intenso que a morena se sentiu desconfortável. Conseguia sentir a irritação que emanava sobre ele de longe.

—Tá, entendemos. Você se desculpou, está bem. Pode ir logo com os outros, temos assuntos a tratar aqui.- Sirius interrompeu a "conversa" entre olhares entre Samuel e Abgail.-

O chefe de Willian ergueu a sobrancelha e ao perceber o porquê da reação, deu uma risada. Levantou as mãos como rendição e se virou.

—Estou indo, não precisa me atacar.

Abgail ficou com uma vontade de rir da cara fechada que Sirius fez quando Samuel saiu para o jardim.

—Okay. Katie, querida, eu já concordei em deixar Abgail ir para a casa do rapaz.

Casa do rapaz? pensou Abgail. Eles pensavam que ela iria para a tal suposta "casa" de Sirius.

Olhou para Sirius constrangida com a mentira que ele contou e o maroto apenas sorriu discretamente.

—E o que é isso sobre ela ter contado, Katie? -Abgail travou com a pergunta de Willian.-

—Não é nad...

—O que está acontecendo aqui? Eu estou tentando dormir.

A garota sentiu um arrepio passar pela a sua espinha, sentindo aquela respiração atrás de sua nuca. Se virou e se afastou rapidamente, vendo a figura raivosa mas sonolenta atrás dela.

—R-R-Richard... -ela sem querer soltou.-

O garoto finalmente a percebeu e a olhou com a sobrancelha erguida.

—Abgail, hum?

—Espera, por que ele está aqui? -Abgail estremeceu mais ainda quando Sirius perguntou.-

—Talvez, porque eu moro aqui? -Richard respondeu sarcasticamente.- E quem é você?

Sirius deu uma risada cínica antes de responder:

—Eu sou o cara que irá quebrar a sua cara.


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