Elements escrita por Jowlly


Capítulo 2
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem?
Esperamos que goste!

Boa leitura!



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Uma leve brisa balançava as cortinas da janela de meu quarto permitindo que os primeiros raios de luz da manhã invadissem meu dormitório. Hoje deveria ser o início de mais um dia onde eu ficaria sozinha, onde Sofia Sparks teria que se virar, mas não desta vez. Na verdade, esse é o início de uma nova vida, o meu recomeço.

Estava deitada em minha nova e confortável cama encarando o ventilador de teto que girava sem parar. Sentia-me cansada, exausta na verdade. Havia tantas coisas para processar, mas minha mente sempre batia na mesma tecla. Eu não era a única que tinha adquirido poderes! Quando aquelas cinco pessoas bateram em minha porta alegando ser como eu e me convidando para segui-los até este lugar, eu soube na mesma hora que essa seria a chance de recomeçar minha vida. Eu poderia voltar a seguir em frente! Sem hesitar ou pensar duas vezes aceitei o convite e peguei minhas coisas, somente o que seria essencial. Caminhei com eles até perto de uma estrada onde havia uma van preta estacionada em frente de uma loja de conveniências. Entramos nela e seguimos caminho. Todos os cincos que haviam falado comigo pareciam ser jovens. Entre eles havia um garoto de olhos cor de mel que vez ou outra olhava para mim, talvez desconfiado, talvez para me estudar, não sei. Apenas o ignorei e continuei olhando pela janela. Já estávamos fora da cidade.

O tempo se passou, duas ou três horas talvez, e finalmente paramos no sopé de uma montanha. Uma garota que parecia ser a líder do grupo apontou para um grande prédio recém-pintado, não estava bem na beira da estrada, imaginei que devia existir um caminho para chegar a ele.

– Lá será o seu novo lar. – ela disse sorrindo para mim, simpática.

– Meu novo... lar – falei em um sussurro para mim mesma. Meu coração palpitava aceleradamente em meu peito. Estava nervosa. Não pude deixar de sorrir. Ansiava por aquele dia desde a morte de meus pais. O dia em que eu voltaria a seguir em frente. Por algum motivo ainda não tinha conseguido retomar a minha vida normalmente, era doloroso demais... e agora tudo vai mudar.

Andamos cerca de vinte minutos a pé da estrada até o prédio por um caminho estreito - cheio de depressões, planaltos e pequenos rios – pela floresta densa que se encontrava ao redor do prédio, cobrindo toda, ou quase toda, a montanha. Essa caminhada toda poderia ter sido um tédio para mim, mas não foi. De alguma forma, eu me sentia feliz. Demorei para perceber, mas, desde que havia recebido aquela “oferta”, eu não parei de sorrir. Em certo momento da trilha, um dos garotos se aproximou e passou a andar do meu lado. De início, desconfiei que ele fizesse alguma coisa, sendo seguido pelos outros, mas logo descartei a ideia quando chegamos à entrada do prédio. Ele era grande, maior do que parecia ser visto de longe, suas paredes eram pintadas de um cinza claro com alguns detalhes em verde. Tinha cinco andares, sendo que o quinto, quarto e o terceiro andar tinham algumas varandas.

– Garota, siga o Drake, ele irá te levar até o seu quarto. Acredito que você queira descansar e processar tudo que aconteceu com você com calma, mas espero que não se atrase para o jantar. – Ela disse com um pequeno sorriso – Bem vinda, novata.

O sol já havia se posto no horizonte quando finalmente adentrei o prédio. Para minha surpresa havia várias pessoas lá, umas conversando, outras jogando cartas, ou o que quer que fosse. Sorri. Eram tantas pessoas para conhecer, pessoas como eu. Alguns garotos sorriram para mim quando havia passado por eles, outros fizeram uma cara de nojo ao olharem para Drake ao meu lado, algumas meninas me olharam com a mesma cara de nojo, mas nada disso me incomodou. Nada iria estragar esse sentimento quente em meu peito. Alegria. Bom, nada a não ser uma patada de Drake.

– Então, Drake... – falei olhando para ele – você tem algum familiar aqui? – perguntei. A reação dele a essa pergunta não foi nada boa. Ele me olhou de uma maneira fria, como se eu não fosse nada. Aquilo sim poderia estragar esse meu sentimento.

– Não lhe interessa, novata – Disse ele rispidamente. Sem aviso prévio ele passou a andar mais rápido pelo primeiro andar e entrou em um elevador – Ande logo – falou, ríspido.

Hesitei por um momento fazendo uma careta para ele e o segui, entrei no elevador e ele apertou o botão do quarto andar. Alguns segundos se passaram e já estávamos no local. Assim como o primeiro, ele era extenso. Drake me levou até uma das portas que havia no andar e fez uma reverencia um tanto desajeitada.

– Aqui está seu quarto, milady – Ele disse em um tom calmo e divertido, como se nada tivesse ocorrido alguns minutos atrás.

– Obrigada, senhor – Falei fazendo uma pequena reverência como ele e entrando na brincadeira. Entrei no quarto e ele se despediu com um aceno de mão. Fechei a porta e me joguei na cama onde estou até agora.

O quarto era até legal, minha cama era um beliche, mesmo não tendo com quem dividir, deixei a bagunça da minha mochila na parte de cima. Do lado direito da parede havia um grande guarda-roupa, do qual ainda não tinha nem aberto, com portas espelhadas.

Sentei na cama e encarei a imagem no espelho. A aparência correspondia a meu estado, meu cabelo moreno estava embaraçado e despenteado, e meus olhos aparentavam cansados.

De frente para cama, na parede do fundo, havia uma boa janela, com um tipo de mini sofá e uma mesinha de centro de madeira. Eu, com certeza, iria gostar do local.

Perto do pequeno sofá havia uma porta, imagino que fosse para o banheiro.

Desliguei o ventilador de teto e olhei as horas no relógio acima do criado mudo, 06:15. Soltei um longo suspiro e me dirigi ao banheiro. Tomei meu banho e troquei de roupa. Como estava meio frio e havia nuvens negras pairando sobre o céu, vesti uma camiseta de manga comprida simples, com suas mangas pretas e sua frente e fundo amarelos com um desenho em preto na frente, e uma calça jeans. Calcei uma sandália e sai de meu quarto, trancando-o e enfiando a chave que haviam me entregado no bolso.

Todos estavam dormindo ainda pelo que parecia. Não havia ninguém acordado no quinto, no quarto ou no terceiro andar. Desci pelo elevador até o primeiro andar e andei por ele procurando alguém. Ninguém, pensei dando um longo suspiro. Olhei para a porta de vidro da entrada e em seguida para o elevador e para a escada ao lado. Será que era proibido sair de lá? Bom, se fosse, talvez ninguém me visse saindo.

Andei para fora do prédio e fiquei ali, parada em frente à porta olhando para o horizonte, estava frio realmente. Um sorriso brotou em meus lábios e novamente senti a alegria invadindo o meu coração. Aquela era uma vista maravilhosa. O sol havia nascido a minha direita. Andei para o outro lado do prédio e, para minha surpresa, havia um garoto lá. Ele estava em pé acima do que parecia ser uma pilastra velha. Um sorriso estava exposto em seu rosto. Por um momento, me senti atraída por aquele sorriso, tão calmo, pacifico e verdadeiro, mas então percebi quem era o seu dono. Drake.

Como ele poderia ter um sorriso tão verdadeiro? Ele havia se mostrado frio comigo ontem, e depois agiu como se nada tivesse acontecido. Por quê? Eu não consegui entender aquilo. Como ELE pode demonstrar tanta bondade assim depois de se mostrar tão rude e insensível?

Eu estava parada lá havia alguns minutos, encarando-o, tentando entendê-lo, mas não conseguia. Dei um passo atrás tentando não fazer barulho e acabei pisando em um galho com folhas secas. Com o típico barulho de “crac”, ele se virou em minha direção. Seu cabelo castanho bagunçado balançou ao vento que soprou. Ele usava um casaco azul escuro e vestia uma camiseta verde musgo e uma calça jeans.

– Bom dia, Sofia. – Falou. Hesitei por um momento, havia algo de diferente nele. Seus olhos cor de mel, profundos, encaravam os meus olhos azuis acinzentados. Por algum motivo, senti minhas bochechas queimarem. Ele me olhava tão profundamente que parecia ler meus pensamentos.

– B-bom dia, Drake – Falei. Droga, porque eu gaguejei? Depois de alguns segundos de silêncio ele se pronunciou.

– Sobre ontem... – Ele começou. Senti-me nervosa, o que ele iria dizer sobre ontem? Eu fiz alguma coisa errada? Estava com alguma mancha na camisa que não vi? Meus cabelos estavam bagunçados? Espera. Por que estou pensando nisso tudo? Por que tantas conclusões precipitadas? – Eu... – Meu coração começou a palpitar mais ainda. O que era aquilo? Nervosismo? Eu estava apaixonada? Não, não. Eu não podia estar! Eu mal conheço ele. Com certeza é apenas nervosismo – Bom, eu não a cumprimentei direito. Acho que te devo isso. Meu nome é Drake MacLain. – Ele falou, e simplesmente, sem mais nem menos, desceu da pilastra e passou direto por mim sem me encarar.

O que houve aqui? Como assim “Acho que te devo isso”? Tsc, esse garoto é muito problemático. Por alguns segundos pensei que ele fosse se desculpar pela atitude rude dele de ontem. Grr.

Esperei alguns minutos e entrei no prédio novamente. Dessa vez, já haviam algumas pessoas acordadas, entre elas estava a garota que se pronunciou quando apareceu em minha casa. Ela veio andando em minha direção com um pequeno sorriso.

– Bom dia, novata! – Ela disse – Está com fome? Venha, vamos comer. – Ela segurou meu pulso e me arrastou para onde deveria ser o refeitório no primeiro andar. Ele não era muito grande, mas havia várias mesas daquelas de piquenique, largas mesas de madeira com bancos de mesmo comprimento. – Eu vejo que você já conheceu o Drake MacLain – Falou enquanto pegava um prato para ela e para mim – O que achou dele? Seja sincera.

– Ele é um garoto rude. – Falei – Insensível – completei. Ela soltou uma pequena risada e começou a pôr seu café no prato.

– É... ele é assim mesmo. – Ela disse – Mas vamos lá, seja sincera. Você não o achou bonito? – O quê?! Como assim? Que tipo de pergunta é essa? Se eu estivesse bebendo algo teria cuspido.

– Um pouco. – falei – mas isso não muda o fato dele ter sido um idiota comigo ontem, e depois simplesmente ter agido como se nada tivesse acontecido. – resmunguei. Novamente ela riu.

– Gostei de você, meu nome é Lauren Armstrong – ela falou – seja bem vinda à família. - Família. Aquela palavra ecoou em minha mente e a imagem de meus pais se formou nela. Segurei uma lágrima que queria sair. Não irei mais chorar. Prometi a mim mesma no dia em que eles haviam aparecido lá.

– Meu nome é Sofia Sparks – respondi sorrindo.

– Sparks... Faísca? - Assenti - Que sobrenome legal... – ela disse. Andamos até uma mesa qualquer no refeitório e nos sentamos. – Bom, irei indicar alguém para te explicar tudo sobre esse lugar. O propósito dele, o que fazemos, o que e quem somos. Tudo. – Ela olhou para mim esperando que eu dissesse alguma coisa. Hesitei, realmente tinha algo para falar. Olhei para o lado e vi Drake MacLain pegando um prato.

– Qualquer um, menos o Drake – Falei e, novamente, ela sorriu.

– É uma pena que você não queria que fosse ele. – Ela falou – Mas infelizmente será ele. – Um pequeno sorriso brotou em seus lábios.

– O que?! Ele? Serio? Por quê você mesma não me explica tudo? – Perguntei nervosa.

– Porque eu tenho uma pequena missão a cumprir. – Ela disse - E aqui se encerra esse assunto. Desculpe Sofia, mas tem de ser ele. É tradição que um novato, no seu caso, novata, seja orientado por alguém que esteja há pouco tempo também. E o Drake está aqui a quase ao um ano.

– Mas vocês não têm outros novatos aqui? – Perguntei, quase que desesperada.

– Temos sim, mas os mesmo novatos estão cuidando um do outro. – Ela disse – Por eu ter encontrado você, eu sou sua líder, sua superior. Você agora é do meu grupo. Somos cinco pessoas como você pode ver. Drake, Karen, Ryan e Peter. – Completou – Agora termine seu café, eu vou falar com o Drake. – Disse se levantando com o prato já vazio.

– Mas...

– Sem “mas”, Sparks – Interrompeu – Já me decidi, você goste ou não, essa é a melhor coisa para você. E, além dele lhe mostrar o lugar e explicar como as coisas funcionam, vocês dois serão parceiros de treino e nos jogos de dupla. – ela falava tão firmemente, fazia sentido por ser a líder, mesmo que há pouco tempo havia se mostrado mais simpática...

– O quê? Eu não...

– Sparks! Eu já me decidi. Isso é para o seu bem. – Ela disse, interrompendo-me novamente.

– Tudo bem – falei, depois de um longo suspiro.

– Ainda não entendo porque vocês dois não se dão bem. – resmungou enquanto saía.

Dei outro longo suspiro e enfiei o que restava do bacon na boca enquanto observava Lauren se aproximar de Drake gritando “MacLain”. Em um momento Drake tomou um susto quando ela bateu em sua cabeça e retirou seus fones de ouvido. Um riso escapou de minha garganta. Lauren começou a conversar com Drake que mostrava uma expressão do tipo “como-é-que-é?” misturada com surpresa. Ele estava com um misto na boca e os olhos arregalados. Dei uma longa risada e, quando ele olhou para mim, parei de rir, tentando disfarçar que estava engasgada, o que acabou fazendo com que eu realmente me engasgasse. Comecei a dar tapas de leve no peito e bebi um gole de suco de laranja. Seria cômico se não fosse trágico. Olhei novamente para Drake e vi que agora ele estava mais sério. O que será que Lauren estava falando para ele? Não poderia ser sobre mim.

Terminei o meu café e me levantei, levei o prato para a lavanderia e joguei a garrafa de suco no lixo, quando me virei para sair do refeitório Drake estava a menos de um metro de mim.

– O que foi? – Perguntei.

– Hum... – Ele me examinou com os olhos – Fiquei sabendo que serei seu acompanhante durante o tour e sua dupla de treino e dos jogos. Isso é ótimo! – Falou. Eu senti, com toda certeza do mundo, sarcasmo em sua voz. Qual o problema dele?!

– Claaaaaro! Isso é muito bom. Será uma honra ser sua acompanhante e tudo mais – Falei imitando o tom de voz sarcástico dele.

– Bom, vamos começar logo não é mesmo? – Disse ele levantando o braço esquerdo – Me daria a honra? – Ele perguntou, ainda sendo sarcástico.

– Claro que sim – Falei deixando meu tom de voz o mais agudo que conseguia – Será uma honra andar ao seu lado, querido MacLain. – Passei meu braço ao redor do dele e começamos nosso tour pelo prédio. Se eu gosto dele? Não. Se ele é uma boa pessoa? Ao que parece, ele tem um coração. Se vamos nos dar bem? Humph, duvido.


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Notas finais do capítulo

E aí?
O que acharam do Drake? Será que vai dar certo Drake e Sofia juntos?
A fanfic ainda terá muita treta e trama pela frente rsrs...
Qualquer errinho nos avisem ^^
Alguma sugestão?

Até breve!