Sombras de Cerejeira escrita por Mrs Flynn


Capítulo 3
Ventos frios do inverno


Notas iniciais do capítulo

Oie gente, mais um capítulo da fic! Gente quem ler, deixa um comentário, please. Preciso saber como tá indo! haha Saber se tá legal, se tá ruim, pleeease. (: Boa Leitura.



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Depois de ter ouvido o que a mãe disse, Sakura ficou com a cabeça cheia. Era incrível como parecia ter um martelinho trabalhando na sua cabeça, pregando preguinhos em todos os lados. Ela derramara algumas lágrimas, mas resolveu que isso não era um motivo suficiente para ficar murcha. Ela precisava conversar com a mãe. Seriamente. E saber o que estava acontecendo. Era isso que Sakura decidira.

Depois daquela noite, ela estava como um robô no café da manhã. E seu pai era o único que estava na mesa, sentado lendo o seu jornal. Ela comia panquecas com mel, iluminada pela luz do sol que entrava pela enorme porta de correr de vidro da sala de janta. Estava sentada de um lado da mesa e o pai do outro. Ele tomava um gole de café e lia um pouco. Ela comia uma fatia de panqueca e olhava para ele, tentando fazer com que ele a observasse. Mas estranhamente, ele parecia absorto no jornal. Ou estava fingindo? Sakura sabia como ninguém como era a personalidade de seu pai. Ela sabia que quando ele não podia ser adorável, ele ficava inventando outros afazeres.

Naquela manhã, ele dera bom dia apenas e voltara a “ler” o seu jornal e depois “bibicar o seu café”.

–-- Oláá... –murmurou Sakura, enquanto comia a panqueca e o fitava com um sorrisinho no rosto. –Tem alguém ai? Nessa casa? – levou a mão à boca, rindo enquanto comia.

Era incrível, mesmo sem querer, o pai a fazia rir.

Não houve uma resposta. O pai fingia realmente que não escutava e que lia o jornal, absortíssimo.

–-- Hm hm. - fingiu tossir - Estou vendo umas luzes acesas, einh senhor Petit.

–-- Ah? –murmurou finalmente o pai. –Você está me chamando, Sakura? –indagou ele, parecendo realmente confuso.

Sakura semicerrou os olhos.

–-- Filha, estou aqui lendo o jornal, desculpe, estou muito interessado. –disse ele, parecendo sem jeito.

–-- Hm... Em que matéria, mon amour? –indagou ela enquanto bebia um gole do suco de laranja.

Sem perceber, ela estava comendo a comida com vontade.

–-- Nada demais, Sakura, ma Petit. Nada demais. –murmurou ele, ainda com o jornal na frente do rosto.

–-- Pai, eu sei que você está tentando evitar conversar comigo. –disse Sakura, entristecida.

–-- Na- não, Sakura, veja bem... –murmurou ele, intranquilo.

Ele finalmente suspirou. Tirou o jornal da frente e a encarou.

–-- Minha filha, me desculpe. É que eu não gosto de vê-la triste. E pensei que conversar sobre ontem a noite a faria ficar mais triste. –disse ele, com o olhar penoso.

–-- Não se preocupe, papai. Eu só queria conversar com você sobre qualquer coisa. Você me acalma. –disse, comendo lentamente.

–-- Querida, vamos, diga-me, o que tem você? O que está te perturbando?

–-- Mamãe ontem foi rude comigo. Mais que isso... –murmurou Sakura, lembrando. –Ela me deixou apavorada.

–-- Não se preocupe. –disse o pai, cauteloso. –Sua mãe está passando por muitos negócios difíceis. Ela está sem muitas ideias.

–-- Entendi. –murmurou Sakura, pensativa, à beber seu suco.

–-- Desculpe-a se ela estiver nervosa... –disse ele, indo sentar mais perto da filha, na enorme mesa.

A luz que entrava da janela suntuosamente arquitetada iluminava a sala de janta como se estivessem ali num céu. Os momentos de comer tornavam-se sagrados naquele ambiente. Sakura amava ficar ali quando era criança. A sala era quase um salão, era aliq eu Annelise a esperava na noite anterior. No canto dali, onde tinha uma pequena sala com TV. Sakura estremeceu um pouco. Por mais que já houvesse visto todas as faces terríveis da mãe. Jamais tinha visto a da noite passada. Era muito rancorosa e parecia ter sido apunhalada no coração, como se tivessem tirado coisas dela que ela não queria lembrar.

No entanto ela queria apenas fitar o pai, consolador e afetuoso, naquele momento. E sentir os raios ultravioleta se desfazendo em sua pele com suas cores e calor. Ela precisava daquilo.

–-- Tudo bem, papai. Você me deixa melhor. Mas... Para onde ela foi?

Era a pergunta que Sakura estava evitando, mas criara coragem para fazer.

O pai enrugou a testa, comprimindo as sobrancelhas. Parecia um pouco raivoso.

–-- Antes, ma Petit, me responda uma pergunta séria. –disse o pai.

Sakura sentiu o estômago queimar com o ácido do gole de suco de laranja. Ela sabia que aquela cara do pai era séria demais para ele. E ninguém iria querer vê-lo sério.

–-- Você gosta daquele homem? Do Laurent Blanc? –indagou o pai, com aqueles olhos azuis em brasa. Sakura sabia o que queria dizer.

Nada se oporia à vontade do pai. Ainda que sua mãe quisesse que ela se casasse com Laurent, se o pai não permitisse, se ficasse do lado dela, Sakura sabia. Bastaria ela abrir a boca naquele momento. Bastaria aquele singelo minuto para que ela acabasse com o casamento planejado.

Mas o coração da flor de cerejeira bateu numa frequência medrosa. Apavorada. Além de confusa. Ela acalmou-se e pensou um pouco.

Ela não conhecia Laurent Blanc, pensou. Ela poderia conhecê-lo e gostar dela. Ela gostava dele. A aparência dele era agradável. Sakura achava que não precisava de muito para casar-se. Ela não pensava que ia encontrar um grande amor. Nem sonhava com aquilo. Era como se ela não se importasse. Porque de qualquer jeito, o vazio dentro dela continuava.

Ela apenas se sentia mal em ser forçada como sua mãe parecia querer. Além de não saber porque a mesma agia daquela maneira. Resolveu não exaltar o pai. Ela não queria que os pais brigassem por causa dela.

–-- Papai eu não o conheço. –sorriu, sem graça. –Bem, eu gostei dele, mas quero conhecê-lo melhor. –disse, calculadamente. –Não se preocupe, papai. –disse ela, beijando-lhe a testa, de repente.

Sakura resolveu não indagar ao pai o porque de a mãe estar tão nervosa em querer que a filha casasse com o Blanc. Ela era tão respeitosa com a mãe a esse ponto. Não queria prensa-la. Muito menos fazer um conflito com o pai. Sakura era uma garota muito gentil e amável. Apesar de ter um pouco de sua mãe no jeito de calcular danos e ser bipolar algumas vezes.

–-- Hm. –murmurou num tom grosso, o pai. –Vou tomar algum ar no jardim, ma Petit Sakura. Estou um pouco nervoso hoje. Ah, sobre a sua mãe, ela foi almoçar com um negociador. Estará aqui mais tarde, talvez. –terminou, suspirando e levantando para sair para o jardim.

Sakura respirou fundo e terminou seu café da manhã. Decidiu não se preocupar sobre a mãe. Ela estava sempre ocupada com os negócios da família.

Foi até seu quarto tirar o roupão e colocar um sobretudo marfim por baixo de um vestido preto solto. Calçou as botas de cano curto pretas da cor do vestido e arrumou o cabelo rosa na frente do espelho. No outono não fazia tanto frio. Mas já estava terminando o outono e os ventos invernais estavam chegando. Um deles entrou pela janela aberta de Sakura e eriçou os pelos do seu braço, num arrepio.

Sakura olhou-se no espelho. Os olhos verdes estavam luminosos e atentos. Quase desvairados. Não gostou do que viu. Pareciam histéricos. Ela espalmou as bochechas e arregalou os lindos olhos, piscando.

–-- Calma, Sakura. Vá passear com Nicole. Tudo entrará nos eixos. –disse a si mesma.

De repente, a campainha do casarão tocou. Quem poderia ser a essa hora? Pensou Sakura. De manhã, indo para a tarde...

Mas foi atender. Achou melhor não incomodar o pai. Os empregados não vinham todos os dias. A mãe pagava um quarto para tais fora da casa. Não gostava de outras pessoas morando com ela e sabendo de seus assuntos. Resolveu ir atender a porta.

Quando abriu, teve uma surpresa. O jovem Laurent Blanc esperava-a do lado de fora. Quando a viu, seu rosto permaneceu resoluto, com aquele rosto branco sendo iluminado pelos raios ultravioletas. Os olhos negros estavam circunspectos e fitavam Sakura de forma constrangedora. Eles eram fixos e não paravam de fitar os olhos verdes da mulher.

–-- Olá, Sakura. –disse ele, com a voz grossa.

Sakura ficou muda e observou sem poder se conter o rosto do rapaz. Os cabelos eram lisos e negros e caíam um pouco grandes em uma franja cuidada que se misturava na testa e dos lados. Atrás eram bagunçados e picotados. Voavam sobre o rosto dele, alvo como a luz do dia. Sua cara era de poucos amigos. As sobrancelhas eram poucas e finas, bonitas e franzidas sobre o sol que já incomodava. Mas Sakura parecia em transe. Não o mandava entrar. Observou que ele mordeu um lábio bonito parecendo nervoso.

Foi então que ela se deu conta de que estava deslumbrada e deixara o rapaz sem resposta.

–-- Ah, olá, Laurent. Entre. –disse, constrangida pelo olhar penetrante que ele lhe dera.

Laurent entrou, calmamente. Sakura suspirou e pensou que estava em sua casa. Não queria que ele a intimidasse. Mas ele era muito bonito. Lembrou que durante o jantar, daquela noite, Laurent não dissera uma palavra além de um cumprimento singelo a ela na hora de ir embora. Ele comera calado enquanto sua mãe conversava com os pais dele, parecendo realmente ter uma intimidade com a família. Sakura por sua vez não quis conversar com ele. Apesar de sentir-se encantada pelo rosto pesado do rapaz. Ela queria entender porque ele parecia tão triste. Porém ele parecia bravo a qualquer pessoa que tentasse entrar no seu mundo.

–-- O que o trás aqui, Blanc? –indagou ela, incisiva.

Ele a olhou, surpreendido. Ela imediatamente tornou-se branda e incomodada com o olhar.

Surpreendentemente, ele deu um sorriso singelo. Parecia desconfortável, mas sincero. Sakura perdeu um pouco o fôlego. Era simplesmente lindo o sorriso.

–-- Sakura, sou um homem direto. –disse ele, vendo que ela não falaria nada. –Você quer jantar comigo no Jules Verne, na torre Eiffel hoje? –indagou ele, logo esperando resposta.

Mas Sakura já havia se recuperado do surto. Respondeu de prontidão.

–-- Hm, Blanc, você nem falou comigo naquela noite no jantar. Mas agora quer jantar comigo na torre Eiffel? –indagou, novamente incisiva.

Ele riu charmosamente.

–-- Sim. - olhou para os olhos verdes dela - A caso é preciso confabular como um idiota na frente de uma moça sem ter vontade para ganhar seu apreço? Não teria nada mais enjoativo para uma moça do que um homem idiota assim, estou errado?

–-- Então quer dizer que não tinha vontade de conversar comigo? –indagou ela, achando-o bobo por fazer aquela pergunta de mal gosto.

–-- Sim. –disse ele.

Sakura aprendia naquele momento uma coisa sobre o jovem Blanc. Ele era um homem sincero. Não gostava de meias palavras.

–-- Porém... –continuou.

Sakura suspirou, irritada. Era uma mulher verdadeiramente vivida e não queria escutar que ele não queria conversar com ela. Como se ela não fosse interessante.

–-- Bem, entenda Sakura. Não a conhecia e o meu pai parecia fazer questão absoluta de que eu estivesse no jantar. Não tinha gostado da ideia. Confesso que você parecia nada extraordinária.

Sakura fez menção a levantar-se, não queria mais ouvir. Ele estava a irritando.

–-- Pela aparência, era perfeita, admito. Poucas mulheres são tão bonitas. E os seus olhos, não gosto sequer de mencioná-los. –disse, ele, ainda fixo nela, entorpecendo-a a não sair dali.

Sakura queria sair e deixá-lo sozinha. Mas ela o achava encantador. Encantador porque era um desafio? Talvez. Encantador porque parecia por vezes perdido em seus pensamentos? Melancólico? Mas ele contrastava com a aparência, de certo. Era um tanto agressivo nas palavras. Mas Sakura gostava de homens daquele jeito.

–-- Os seus olhos são uma coisa pavorosa. Parece que você esconde ai alguma coisa. –disse Laurent. –Bem, voltando ao que eu ia dizer... Sabe o que me fez vir aqui hoje?

–-- Não. –disse Sakura.

A única coisa que conseguiu pronunciar vendo os lábios finos e rosados de homem dele se contraírem, como se estivessem famintos.

–-- Foi o fato de você não ter importunado o meu silêncio naquela noite em que eu tinha tanta má vontade. Sabe Sakura, eu teria sido um cavalo se tivesse falado comigo. –disse ele, rindo.

O riso dele era maléfico. Terrivelmente bonito.

Sakura sufocou um pouco por dentro e sentiu que poderia beijá-lo subitamente. Ela lembrou-se como um flash das noites com Nicole em Montmartre. Sempre fora muito agitada e tentava compensar isso com romances apaixonados de uma noite. Não ficava com os caras apenas para se divertir. Sakura era uma explosão de paixão. Estava sempre querendo um homem com uma personalidade diferente. Ela sempre amava eternamente alguém por uma noite. Ela gostava disso. E a experiência a havia tornado ousada demais. A ponto de ter esses disparates. Mas ela pensou consigo mesma que já havia parado a muito tempo com isso.

–-- Entendi, Laurent. –disse ela. A voz se esforçava para sair fria.

Mas ela sabia que estava apaixonada.

–-- Isso prova que você é uma mulher respeitável. E eu meio que gosto de você.

–-- Hm... Deixe eu lhe falar, então. –disse ela, num sorriso animado. –Eu aceito o seu convite. Faz tempo que eu não vou lá. É bem romântico, não é? –disse ela, timidamente.

–-- Sim. Eu virei aqui te buscar às oito horas.

–-- Tudo bem. –disse ela.

Laurent levantou e andou até a porta. Sakura esperou que ele falasse com ela novamente.

–-- Até lá. –disse ele, sério como era.

Ela abriu a porta e ele saiu, sem dizer mais nada. Ele ainda parecia ter medo dos olhos verdes dela. Aqueles olhos que pareciam cobrar algo dele. Que pareciam conhecer ele e amedrontá-lo.


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