Depois da primeira noite em casa, Ronald estava se sentindo um pouco melhor. É claro que havia dormido bem na casa de seu melhor amigo nos dias que passou lá, mas nada era comparável à sua própria cama. Mas como nem tudo era mil maravilhas ele também se sentia angustiado, e aquela angústia tinha nome, sobrenome e os olhos mais lindos que ele já tinha visto: Hermione Granger.

Ronald ainda não havia tido tempo de falar com ela desde que chegara na noite passada, e teria que enfrentar aquela pequena fera agora cedo. Depois de ter se trocado, desceu as escadas rumo à cozinha a procura da morena e para sua falta de sorte encontrou apenas Helena.

— Onde está Hermione? — perguntou.

— Ah Roniquinho, bom dia! Hermione saiu faz tempo pegou ônibus com Neville hoje mais cedo.

— Ah, eu pensei que ela iria comigo hoje. — disse um pouco desapontado.

— Acredito que ela tenha pensado que você não iria hoje. Hermione sentiu muito a sua falta sabia?

— Eu também senti falta dela. Muita falta. — disse um pouco sem graça.

— Bom saber disto, querido. Então aproveitarei para pedir que nunca mais faça isso! Você fez tanta falta que preocupou a todos nós. Não falo só por mim, mas falo por sua irmã também, pois nunca a vi tão triste como vi esses dias. E Hermione, ela não teve uma das melhores vidas você sabe não é? — aquela frase deixou Rony mais intrigado ainda para saber sobre o passado de Hermione. — Acredito que você não quer vê-la sofrer mais não é?

— Me desculpe. — foi a única coisa que ele soube responder.

— Não é a mim que você deve desculpas... agora ande logo, se não você irá se atrasar.

Rony sentou-se na mesa da cozinha e acompanhou-a no café da manhã.

(...)

— Então quer dizer que o Weasley voltou?

Hermione e Luna estavam na sala de aula, elas e alguns alunos já esperavam pelo professor na classe antes da aula começar. Estavam sentadas em seus respectivos lugares; Luna atrás de Hermione, enquanto a morena estava virada para poder ficar de frente para a amiga.

— Sim. — Hermione respondeu a pergunta de Luna.

— E não falou com você?

— Não. Mas pra mim foi um favor que ele me fez! Estou com tanta raiva, Luna! Juro que se ele viesse eu acertaria uma bofetada na cara dele! Não quero falar com ele! Não quero olhar na cara dele! Não quero...

— Acalme-se Hermione, está parecendo uma descontrolada! — Luna chamou a atenção da amiga. — Anda, respira fundo. Vai, vai, vai me obedeça! — Disse antes que Hermione negasse — Inspire, isso... agora expire... isso muito bem!

— Desculpe, mas eu estou realmente com muita raiva. Sabe, mesmo que eu não queira falar com ele, ele tinha a obrigação de ter ido me procurar ontem à noite. Ou ele acha que pode voltar assim sem mais nem menos sem me dar uma boa explicação? E se quer saber, agora que eu não vou dar ouvidos a ele!

— Você está tão engraçada desse jeito, nunca pensei que te veria com raiva! — disse rindo.

— É bom me ver deste jeito, assim saberá que não deve me deixar brava nunca, porque eu sou ótima em odiar as pessoas quando eu quero!

— Ok, tentarei não deixá-la assim nunca. O que foi? — Luna perguntou quando viu Hermione paralisada, e percebeu que era porque Victor tinha chegado na classe. — Por que você fica assim toda vez que ele entra na sala?

— Por nada.

— Deve ter algo ai, ele nem vem mais sentar do seu lado. O que aconteceu?

— Não aconteceu nada. Logo eu irei me acertar com ele, não agora, mas irei.

— Ok... — disse dando o assunto por encerrado. — você tem falado com Neville?

— Tenho, e acho que você deve parar com essa frescura logo e decidir com quem vai ficar.

— Por que acha isso? Nev te disse alguma coisa?

— Não acho que seria legal da minha parte contar pra você o que ele me disse, mas se estou te dando um conselho você deve ouvi-lo com atenção.

— Odeio quando fica misteriosa!

— Odeio ver meus amigos que se amam fingindo que não sentem nada um pelo outro!

— Olha quem fala!

— O que quer dizer com isso, Lovegood?

— Sugiro que espere o final da aula para descobrir senhorita Granger, bom dia pessoal! — disse o professor entrando na classe.

Hermione sentou-se corretamente na cadeira para poder assistir a aula dando as costas para amiga, terminariam aquela conversa depois.

(...)

Em casa, Rony queria conversar com Hermione, mas achava que deveria esperar até o fim de seu expediente assim poderiam conversar a sós sem nenhuma interrupção. Mas ele quase não viu a garota naquele dia, ela parecia estar o evitando e fugindo dele e de seus olhares. Tentou fazer com que ela o notasse umas três vezes enquanto ela ajudava Suzie a servir o jantar, mas de nada adiantou. Gelo. Era só isso o que tinha recebido dela até agora.

Pouco antes do término de expediente da garota ele foi até a porta do quarto dela para esperá-la, e quando ela apareceu no corredor com uma aparência cansada seu coração acelerou, teriam que se acertar agora.

Hermione quando notou a presença de Ronald fez questão de expressar toda a raiva que sentia em sua face e percebeu que ele ganhou uma aparência nervosa.

— Por que está aqui? — perguntou fria.

— Estou esperando você.

— Por que está me esperando?

— Acho que tanto você quanto eu sabemos porquê estou aqui.

— Bom, — ela abriu a porta de seu quarto — se nós dois sabemos o motivo, acho que torna sua presença aqui inútil. — ela entrou no quarto e Rony entrou junto com ela antes que fosse impedido de fazê-lo.

— Vá embora, por favor! — Hermione pediu quando o ruivo fechou a porta atrás de si.

— Hermione vamos conversar... — tentou se aproximar.

— Eu não quero falar com você, vá embora!

— Hermione, eu mereço uma chance de me explicar.

— Ah claro, igual à chance que você me deu de explicar tudo antes de sair correndo e sumir, não é? — os olhos dela marejaram.

— Não faça isso, você é uma pessoa muito melhor do que eu para agir assim. — ele foi sincero — Me dê dez minutos, só dez. Por favor.

— Dez minutos. — ela disse enxugando a primeira lágrima que rolou por seu rosto.

— Tentarei ser rápido. Primeiro eu quero te pedir desculpas, eu entendi tudo errado me precipitei e agi como um idiota. Mas, foi a única coisa que quis naquele momento Mione, eu só queria fugir e pensar que aquilo não era verdade, o que de fato não era, mas na hora foi tão real. Eu nunca gostei de ninguém e você sabe disso, você é a primeira garota por quem me apaixonei e quando te vi com aquele idiota, eu perdi as estribeiras.

— E o que te faz pensar que isso lhe dá motivos para sumir? Deixar todo mundo preocupado com você! Você não sabe o quanto eu me preocupei com você Ronald, o quanto eu me senti culpada por você ter sumido! — disse com a voz trêmula.

— Eu sei Mione, e peço desculpas. Mas por favor, tente me entender.

— EU NÃO CONSIGO ENTENDER VOCÊ RONALD! Sabe, o pior de tudo não foi você ter fugido, não foi sua covardia. O pior foi ter duvidado de mim...

— Eu não duvidei de você, Mione!

— Não minta pra mim. É claro que duvidou! Se não tivesse duvidado não teria fugido... como você pode Ron? — a pronúncia de seu apelido fez Rony estremecer — Depois de todo esse tempo que ficamos amigos, eu deixei minha viagem, nós passamos o dia todo juntos. Eu me entreguei pra você Ron, como pode ter duvidado de mim?

— Tente me entender Mione...

— Eu não consigo Ron, não consigo... — ela começou a chorar.

Ele abraçou-a sem ser retribuído, e sentiu um aperto no peito com aquilo. Não sabia que havia magoado Hermione daquela forma, e faria qualquer coisa para que ela o perdoasse e ela não parecia querer o fazê-lo tão facilmente.

— Vá embora Ron. — ela pediu desvencilhando-se.

— Hermione, por favor.

— Vá embora e esqueça que eu existo! — Hermione abriu a porta do quarto para que ele saísse.

— Eu...

— Saia logo, por favor... — pediu com a voz falha e passou a fitar o nada.

Então Rony resolveu que não adiantaria levar aquela discussão adiante, pelo menos não agora. Se deu por vencido e foi em direção à porta parando à frente de Hermione que sequer o olhou, ele pôs uma de suas mãos no queixo da garota e o elevou forçando-a a olhá-lo.

— Não pense que eu irei esquecer você, porque eu não seria louco de tentar fazer isso. Eu estou apaixonado Mione, eu amo você! — ele disse e perdeu o fôlego.

Mesmo tentando evitar encarar seus olhos, Hermione não pode deixar de estremecer com a confissão feita pelo garoto. Quando ele encostou sua testa na dela por um momento ela achou que ele iria beijá-la, mas ele não o fez. Ao invés disso ele respirou fundo e afastou-se lentamente, Hermione mal sabia o tamanho esforço que ele havia feito pra conter a vontade de beijá-la e não piorar ainda mais toda a situação. Então ele teve que sair e deixá-la sozinha no quarto, para que ela não o visse desmoronar.

Ao sair rapidamente, Rony pode ouvir a porta do quarto sendo fechada com certa força. Subiu diretamente para seu próprio quarto, batendo a porta com força também. Jogou-se na cama e passou a chorar como se sentisse a profunda dor de uma ferida que encontrava-se em seu apaixonado coração, um coração apaixonado pela menina que naquele mesmo momento derramava lágrimas e lágrimas por ele.