Ronald estava deitado no sofá do apartamento de Harry, zapeava os canais da televisão em busca de algo interessante para assistir e parou em um canal que passava desenhos animados. Ele já não tinha mais idade para aquilo, mas assistir desenhos era uma de suas coisas favoritas. Estava entretido com um personagem engraçado que vivia num lugar chamado fenda do biquíni quando Harry entrou no apartamento, aparentava estar nervoso.

— Está bravinha? — zombou do amigo.

— Bravinha o caramba! Vai, levanta desse sofá.

— Está realmente bravinha — disse sentando-se — vai, me fala o que aconteceu?

— O que aconteceu? O QUE ACONTECEU? — repetiu irônico — Aconteceu que você é um idiota Ronald! As vezes tenho vontade de socar você até aprender a parar de ser um trouxa.

— Opa, opa, opa! Por que está dizendo uma coisa dessas? Estava de boa comigo até agora. — começou a ficar irritado.

— Até eu ter tido a brilhante ideia de fazer o que você não fez!

— Que ideia?

— Ah, sei lá, talvez a de ir conversar com Hermione?

— Você foi falar com ela? — perguntou num tom mais ameno.

— Fui.

— O que vocês conversaram? — estava curioso.

— Ah, quase nada, já que a maior parte do tempo ela chorou. — Ronald sentiu o sarcasmo do amigo, mas a curiosidade não permitiu que ele retrucasse.

— Por que ela estava chorando?

— Ah, deixe me ver... Por sua causa oras! — agora tanto Harry quanto Rony estavam irritados.

— Por minha causa? E o que foi que eu fiz pra ela? — estava pronto para defender-se.

— Você foi um idiota, só isso.

— PARE DE DIZER QUE SOU IDIOTA!

— IMBECIL ESTÁ BOM PRA VOCÊ ENTÃO? — Harry o olhava com dureza, mas resolver tentar se acalmar — Olha Rony, você está completamente equivocado. Victor se declarou para Hermione e a beijou, e ela ficou sem reação no momento. Foi só isso.

— E como você acredita nisso? São apenas lorotas!

— Realmente parecem lorotas Rony, mas não são. Eu acredito em Hermione, e sei que no fundo você também acredita nela!

— Então não sabe de nada!

— É claro que sei! Você não vai me dizer que as chances do Victor estar apaixonado por Hermione não existem, pois você mesmo se apaixonou por ela também.

— Eu não estou apaixonado!

— Ah esta sim! E se você, que resolveu conhecer a Hermione de verdade a pouco tempo já se apaixonou por ela, imagine o Victor que a conhece desde que ela chegou aqui?

Ele realmente não tinha argumentos para contrariá-lo, e sempre desconfiou de que Victor gostava de Hermione. Mas, se ela estava mal por seu sumiço significava que também gostava dele? Ou estava apenas sentindo-se culpada? Rony estava tão confuso!

— A questão é a seguinte Ronald, — Harry tornou a falar — Hermione quer colocar a polícia atrás de você e ela tem todo o apoio da Gina, e o da sua mãe com certeza ela também terá.

— Polícia? Mas eu estou aqui Harry, por que não disse a ela? — Rony não queria preocupar ninguém a esse ponto.

— Por que isso é seu dever!

— Mas Harry, ela deve estar muito preocupada. Não queria que chegasse a esse ponto!

— Tem certeza? Pois faz quase uma semana que está aqui enfurnado, perdendo aulas e sem dar notícias. Ela pode muito bem ter pensado que você fez uma besteira, e foi exatamente isso o que ela pensou, aliás. E o pior, está se culpando por uma idiotice sua!

— Mas não é culpa dela! — disse levantando-se.

— Bom saber que finalmente percebeu isso, agora será que você pode voltar pra casa e despreocupar todo mundo?

— Não é tão simples assim. — sentou-se novamente.

— É claro que é, Ronald! — estava nervoso.

— Não, não é!

— Por quê?

— Porque eu irei voltar assim do nada, na maior cara de pau pedindo desculpas por ter entendido tudo errado?

— Sim!

— “Sim!” — repetiu com ironia — Oras Harry, se ponha no meu lugar!

— Se ponha você no de Hermione! Como ficaria se soubesse que ela sumiu depois de uma discussãozinha de vocês?

(...)

Hermione estava na cozinha tentando preparar algo para os Weasley’s enquanto ouvia sua mãe e Suzie conversando, as duas falavam sobre a confusão na mansão desde que Rony desaparecera. Também podia ouvir alguns gritos de Molly, Arthur e Gina quando suas vozes se alteravam. Eles estavam discutindo a um bom tempo. Para Hermione, Molly já sabia que Rony havia sumido, mas na verdade haviam escondido a situação toda dela até Gina resolver que conseguiria a autorização de Molly para acionar a polícia.

Os ânimos não estavam nada bons para ninguém, inclusive para própria Hermione que tudo o que queria fazer era chorar. Sentia-se imensamente culpada pelo sumiço do garoto, e também sentia medo, muito medo. Como ficaria depois de saber que Ronald pode ter feito alguma besteira? Ou se aconteceu algo com ele? Estava sempre avoada ultimamente, tanto que nem percebeu quando quase deixou a colher com que mexia a panela escorregar e queimou-se tentando pegá-la antes que caísse.

— Aí! — disse.

— Aconteceu algo, minha filha? — perguntou Helena.

— Não, eu só queimei meu dedo. — Hermione disse assoprando a ponta de seu dedo queimado.

— Parece preocupada, querida. — Suzie se pronunciou.

— É... acho que é por causa do Rony. — disse tentando voltar a atenção ao trabalho.

— Estou muito preocupada também! — Helena tornou a falar. — Imagino, agora que vocês dois estão próximos acontece uma coisa dessas, é muito difícil lidar com isso. Mas, nós estamos com você filha. Lembre-se disso.

— Obrigada mamãe. — disse tentando agarrar-se ao seu último fio de esperança e acreditar que Rony estava bem.

A discussão na sala de estar estava cada vez mais audível e, Hermione não via à hora dela acabar. Molly concordava com ela e Gina, e também queria acionar a polícia para começarem as buscas por seu filho, mas Arthur não aceitava isso de jeito nenhum, fazendo com que a discussão se tornasse inacabável.

Ouviu a discussão cessar e depois escutou passos apressados rumarem à cozinha, e de repente Hermione sentiu um acesso de raiva. Olhe só o que Ronald estava causando! Deixando todos preocupados com sua ausência, fazendo com que seus pais discutissem, e o pior, destruindo seu coração. Não aguentava mais ficar preocupada com ele. Estava com tanta raiva que quase queimou o dedo novamente.

— Hermione?

Ela levou um grande susto ao ouvir aquela voz que acabara de adentrar a cozinha, e dessa vez a colher com que mexia nas panelas definitivamente escapou de sua mão. As passadas apressadas que rumavam em direção a cozinha eram dele, Ronald Weasley estava de volta, chamando por ela.

Hermione virou-se para encará-lo com a raiva que sentia ainda maior que antes, e Ronald pode ver a fúria em seu olhar quando ela se encaminhou até ele e passou a estapeá-lo enquanto o bronqueava. Mas as broncas e os tapas logo se transformaram em soluços e num abraço apertado, o que deixou Rony amargamente arrependido por tê-la feito chorar por sua causa. Apertou o abraço trazendo-a para mais perto de si e não entendeu como conseguiu ficar longe de Hermione, a sua Hermione.

— Eu fiquei tão preocupada. — Hermione disse chorando agarrada ao pescoço do ruivo.

— Eu estou aqui agora, eu estou aqui.