Cherry

Meu pai era um cara que sempre acreditava no invisível e no impossível. Ele sempre me falava para olhar para a primeira estrela que eu visse no céu e fazer um pedido que este pedido iria com toda certeza se realizar.

Tornou-se um hábito para eu fazer isso. Eu era uma criança naquela época, afinal, e acreditava até que existia o Papai Noel.

Eu parei de acreditar nas estrelas por muito tempo, quando as estrelas não eram capazes de me alcançar naquele porão cheio de mofo e desespero. Porém, eu tinha voltado a falar com as estrelas com todo o fervor quando encontrei Liam.

Cada dia era um pedido novo: que eu pudesse ficar ali, que meus demônios do passado não chegassem a ele, que eu nunca precisasse acordar desse sonho que era viver junto ao grupo.

Eu estava observando o céu pela janela à procura das estrelas quando a campainha tocou.

Na mesma hora, tanto Liam quanto eu achamos que era o Bryan. Ele foi atender à porta já meio bravo e eu achando risada, saí de perto da janela para ver se as torradas já estavam prontas.

Quando olhei para quem estava na porta, eu fiz um barulho por estar chocada.

— David —sussurrei. Liam ainda não olhou para mim, mas percebi que seu corpo estava rígido.

— Milady — David disse olhando fixamente para mim.

Pude ouvir a torradeira apitando atrás de mim, mas não dei ouvidos.

Assim que eu vi suas feições sempre rígidas e sua careca eu abri um sorriso e corri até ele.

— David! — exclamei.

Acho que a minha reação deve ter (ao mesmo tempo que assustado) relaxado Liam, pois este deixou David entrar e fechou a porta atrás deles.

— Oh, Milady, você não tem ideia do quão preocupado eu estava. Você sabe que a minha lealdade é mais forte que mil! Se vós apenas aceitais minha humilde proteção... — ele dizia enquanto retornava meu abraço.

Revirei os olhos. David sempre foi exagerado.

— E Yolanda, como está? E os cachorros do Senhor Luizo? — eu comecei a jogar um monte de perguntas para ele.

Ouvi Liam atrás de mim limpando a garganta de propósito.

Dei um sorriso de desculpas para ele e apresentei David a Liam.

— David pode ficar só um pouco? — pedi sussurrando a Liam quando David já tinha se feito confortável no sofá.

Liam assentiu (apesar de não parecer muito feliz).

— Sem armas aqui, parceiro — ele olhou seriamente para David.

Acho que eu nunca tinha visto Liam tão sério.

Olhei para David e vi que ia começar uma guerra de testosterona logo logo.

— Desculpa, David — dei de ombros —, mas até eu prefiro que você tire isso.

Me virei e fui pegar as torradas que já tinham virado carvão.

Decidi que naquela hora eu não precisava de torrada, eu precisava era de um chocolate quente com candy canes.

E foi isso que eu pedi com uma certa insistência para Liam fazer.

***

David estava vestindo um terno perfeito. Era engraçado ver um cara tão formal comendo um candy cane na sala.

Por um tempo não falamos coisas realmente importantes. Eu ainda estava lidando com o fato de que David estava ali.

Eu tinha mil perguntas na minha cabeça e precisava ajeitar ela para começar a falar.

Respirei fundo para começar as perguntas.

Para começar a desenterrar uma parte que eu tinha implorado às estrelas para ficar bem longe.