A garota dos olhos violeta escrita por Lua Love


Capítulo 2
Olhando estrelas na janela


Notas iniciais do capítulo

MIL desculpas pela demora, mas as aulas começaram, eu tive que sair, eu me enrolei toda, mas finalmente consegui tempo para postar. Espero que gostem!
Beijos de Lua, Lua Love



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Desde então estou no porão, relendo meu livro pela milésima vez e escrevendo neste diário. O porão meio que acabou se tornando meu refúgio de uns tempos pra cá, desde o acidente.

Olhei para um antigo relógio que estava lá: em 15 minutos meu irmão sairia da detenção. Era melhor eu sair e lavar o rosto para que ele não percebesse que andei chorando.

Depois de lavar o rosto, resolvi fazer algo raro: olhar-me no espelho.

Eu tenho longos cabelos pretos, ondulados e opacos, que batem um pouco antes da cintura, pele pálida como a lua, lábios claros, “magra como um palito”, como minha madrasta gostava de me lembrar. A única coisa que eu realmente gostava na minha aparência eram meus olhos: Mesmo sem os óculos, eles eram grandes e expressivos, cílios fartos, e o que eu mais gostava: eram violetas. Eram dessa cor por causa de um problema que tenho desde que nasci, e era por causa deste mesmo problema que eu tinha que usar aqueles óculos fundo de garrafa.

Saí do banheiro e fui procurar meu irmão. Ele já devia ter saído da detenção.

Antes de procurar, resolvi parar na frente da escada: A escola estava deserta. É claro, já eram duas horas, sendo que as aulas terminam ao meio-dia. Quer saber? Prefiro a escola assim. Não que eu gostasse de ficar sozinha, mas a maioria das pessoas não eram nem um pouco amigáveis perto de mim, por assim dizer.

Com a cabeça no mundo da lua, nem percebi meu irmão chegando por trás:

Búúúúúúúú!!! – Daniel gritou no meu ouvido.

–AAAHH! Que susto, Daniel! Quer me matar?!- reclamei, enquanto meu adorável irmão se matava de dar risada. Tentei fazer cara de brava, mas é impossível com meu irmão dando risada. O sorriso dele é contagiante!

– E aí? Como foi seu dia?- ele me perguntou.

– Ah... T-tudo bem!- tive que mentir, eu não quero que ele se meta em mais confusão por minha causa.

– Ahan, você mente muito mal, Iara. – ele estava certo, eu não sei mentir.

– Annnm... Oh meu Deus! Olhe a hora! Tenho que sair correndo, ou vou me atrasar para a minha aula de ginástica!- era verdade, eu tinha quinze minutos para chegar à aula.

– Deixe que eu te acompanhe. – Daniel falou.

– Eu sei ir sozinha, não preciso de babá. – disse, irritada. Não gosto que as pessoas pensem que preciso de ajuda.

– Orgulhosa como sempre! Está bem, eu te encontro em casa. - disse ele, se despedindo.

– Obrigada, tchau!

***

Cheguei em casa mais ou menos uma seis horas, tomei um banho, coloquei uma camiseta branca e um shorts preto de malha e resolvi ficar no meu quarto, no "segundo andar" (também conhecido como sótão). Minha cama é embutida na parede, do lado da janela, então dá para ver o céu certinho, mesmo que não haja muito para se ver. Na maioria das vezes, o céu da cidade esta coberto por nuvens laranja por causa da poluição, mas, toda noite, sem exceção, por mais nublado que o céu esteja, por maior que seja a tempestade, duas estrelas, uma maior e a outra um pouco menor, uma do lado da outra, sempre aparecem, são as primeiras a brilhar e as ultimas a desaparecer, como se fossem a Terra do Nunca, onde nunca te abandonam. Eu sonho com a Terra do Nunca desde... Bom, desde sempre. Lembro-me de quando meu pai me colocava na cama para dormir e eu pedia para ele me contar uma historia. Sempre a mesma: Peter Pan. Então ele me contava a historia de um herói que não queria crescer, voava sobre as nuvens, derrotava piratas e comandava os meninos perdidos. Mas acima de tudo, tinha um coração enorme e fazia de tudo para salvar a sua querida Wendy. Então, quando acabava a historia meu pai me dava um beijo na testa e me desejava boa-noite, apagava a luz e eu ficava lá, sonhando com Neverland.

Eu evito pensar em meu pai, dói muito... Sinto-me solitária.

–JANTAR-Gritou minha madrasta da cozinha.

Acho melhor eu ir, estou começando a ficar muito emotiva

Na janta fiquei de cabeça abaixada torcendo para que minha madrasta não tocasse naquele assunto novamente...

–Precisamos escolher as flores para os arranjos de mesa da festa, Iara!

Começou.

–Já disse que não quero fazer nada. – disse. Já estava me cansando desse assunto.

–Seria perca de tempo! – disse a implicante Lili.

–Não iria aparecer ninguém!- falou a ainda mais implicante Lila.

–Tenho certeza que conseguiremos chamar alguém. – alguém, ela disse, não um “amigo”, nem um “colega”, alguém, simplesmente.

–Mas ela disse que não quer fazer... – tentou defender-me meu irmão, que foi bruscamente interrompido por minha madrasta.

–Quieto Daniel! Já me basta ter tido que assinar sua terceira detenção este ano, ainda tenho que ouvir suas asneiras!

–Mas ele não fez nada de mal! Além disso, eu já expliquei que...

JÁ CHEGA! – minha madrasta gritou, levantando-se da cadeira.

–EU OS ACOLHI, OS DEI COMIDA, OS DEIXO FAZEREM O QUE QUEREM, OS DEIXO MORAREM AQUI, E É ASSIM QUE VOCÊS ME AGRADECEM! DISCUTINDO COMIGO E QUESTIONANDO MINHAS DECISÕES! – ela continuou gritando. Em seguida, sentou e respirou fundo:

–Independentemente da opinião de vocês, eu farei esta festa, porque eu quero. Eu acho necessário, e eu a farei do jeito que eu acho certo, e fim de papo!

Daniel bufou, e eu levantei:

–Perdi a fome. – e fui para o meu quarto.

Sentei na cama, olhando para as duas estrelas. O que eu não daria para estar na Terra do Nunca em vez daqui, para estar longe desta MÁdrasta?!

–Toc-toc – Daniel disse, batendo na porta.

– Pode entrar. – falei, batendo no lugar ao meu lado, sem tirar os olhos da janela.

Ele se sentou do meu lado:

– Também gosta de olhar as estrelas? – ele me perguntou. Afirmei com a cabeça.

– Ás vezes, gosto de me imaginar voando junto a elas, e você? – Daniel comentou.

–Bem...

–Pode dizer, não vou dar risada.

–Gosto de me imaginar na Terra do Nunca.

–A Terra do Nunca? Aquela do Peter Pan?- Daniel perguntou. Dei uma risadinha e só então olhei pra ele:

–E tem outra?

Ele também riu:

–Tem razão. É um dos meus contos de fada favoritos. Sabe, quando era menor, meu maior sonho era me tornar um menino perdido e voar pela Terra do Nunca, então eu vivia pulando da cama para ver se voava. Minha mãe ficava louca! Se bem que essa última parte não mudou muito... – comentou, em tom divertido, me fazendo dar risada. Então ele ficou um pouco mais sério:

–Já cogitou a idéia de que, talvez, aquela estrela, realmente seja a Terra do Nunca?

–Você acredita? – perguntei. Já havia pensado nessa possibilidade, mas nunca falei em voz alta.

– Eu acredito.

–Eu também acredito. – falei convencida, olhando novamente para as duas estrelas – Eu acredito... – acabei adormecendo, assim como meu irmão.

***

Os dois irmãos dormiam tão profundamente que nem perceberam quando a sombra de um menino, sem um corpo a acompanhando, abriu a janela destrancada, pegou na mão de cada um e saiu voando com os dois em direção a segunda estrela.


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Notas finais do capítulo

Em breve postarei o próximo capítulo, espero que tenham gostado!
E lembrem-se, comentários são sempre bem-vindos!
Link da roupa da Iara:http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=149528152



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