Um retrato de nós dois! escrita por dentedeleão


Capítulo 3
3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/589375/chapter/3

Cap. 3

Acordei no dia seguinte com o som de objetos caindo por todo o primeiro andar, pelo menos era isso que parecia. Vesti meu roupão e desci as escadas pulando os degraus, percebi que Sue me seguia e um alerta soou dentro de mim, meu pai estava na cozinha.

“Meu deus Charlie”

A cara de pavor de Sue foi cômica, meu pai estava no chão, vestido apenas por suas calças de flanela organizando o que teria sido um café da manhã. A louça partida estava recoberta por ovos e geleia enquanto o café fazia seu caminho pelo piso em direção a pia. Segurei o riso indo auxilia-lo na limpeza. Era engraçado ver meu pai sem o uniforme de xerife, mesmo com seus cinquenta anos ele mantinha um corpo atlético e era capaz de vencer qualquer colegial em uma maratona na cidade, não que tivéssemos um nível alto de infrações neste local esquecido por Deus, mas os turistas sabiam criar suas rotas de fuga quando infligiam alguma regra dentro da mata e meu pai sabia persegui-los muito bem mesmo sem o auxílio de um veículo. A única coisa que o deixava condizente com sua idade era o grosso bigode sobre seus lábios, Sue dizia que este era seu charme particular.

“Não me olhem assim, eu só queria agradar as mulheres da minha vida”

O olhar assassino de Sue sumiu e então os olhinhos de cachorrinho apaixonado apareceram e logo percebi que não importava mais que a louça era nova ou que teríamos que lavar o piso por conta de todo o doce e gordura derramados ali. Eu conhecia aquela troca de olhares como ninguém e isso só fez com que meu coração se apartasse mais.

...

Uma semana sem noticia nenhuma, nenhuma mensagem ou e-mail.

“Bella, está livre hoje? Preciso de sua ajuda para organizar algumas coisas na tribo, teremos um chá de bebe”

Estávamos almoçando, Sue havia preparado frango e salada e depois de terminarmos tudo iria levar a marmita de meu pai. Era uma forma me manter ocupada nos finais de semana, eu levava seu almoço, conversávamos um pouco e então eu pegava minhas encomendas na livraria local e seguia para casa para ler.

Particularmente gostava dos romances clássicos, mas me forçava a ler um pouco de tudo para me manter atualizada. Esta semana eu optei por algo inusitado e passei a ler o manual de anatomia humana apenas para ir preparando minha mente para as aulas que teria na universidade. As cartas foram mandadas e uma delas seguiu para NY, está me deixava angustiada, não tinha certeza se ficaria feliz ou triste com a resposta, eu já não me sentia em um relacionamento para tamanho desgaste.

O curso de medicina deixou a todos espantados, alguns imaginaram que a escolha fora influência dele e poucos sabiam que a verdade era totalmente oposta. Eu sempre desejei ajudar os outros e era fascinada pelo trabalho de um amigo de meu pai dentro do hospital de Forks, Carlisle era o médico responsável e também um bom tutor. Foi através dele que decidi por medicina e levei mais alguém para esta escolha também.

Os gastos para a faculdade de NY iam além do que eu realmente poderia pagar e estava decidida a tentar algo em Seattle, uma bolsa seria mais fácil de acordo com os termos adotados e eu estaria próxima a minha família.

“Claro Sue.”

Respondi polidamente, eu não queria realmente sair de casa esta tarde.

“Você esta bem? Não tocou na comida.”

Olhei para meu prato percebendo a verdade, a salada havia terminado, mas o frango estava intocado.

“O cheiro me deixou embrulhada, não sei. Você mudou o tempero?”

Sue me olhou por alguns instantes e então balançou a cabeça como que afastando uma ideia ruim. Ela então se levantou preparando a marmita de meu pai enquanto eu segui para o quarto para me trocar, eu não a acompanharia a um preparativo de chá de bebe vestindo uma calça jeans e blusa de flanela, não seria apropriado.

A tarde passou em um estalo, as mulheres da tribo estavam animadas e não paravam de falar. Eu me vi em torno de fitas, papel de presente e lembrancinhas delicadas enquanto observava uma das nativas andando com dificuldade devido a sua enorme barriga de oito meses. Todos ali bebiam, comiam e brincavam deixando o ambiente agradável, a felicidade era palpável e ficou tudo ainda mais animado quando os homens apareceram no final da tarde com os peixes para o churrasco.

Foi engraçado perceber como eu conseguia beber e comer normalmente, mas assim que os peixes surgiram na minha frente tudo mudou e eu quase corri para o banheiro para vomitar. Nunca tive este tipo de problema antes, meu pai amava pescar e sempre me coloquei a disposição para limpa-los e prepara-los para a refeição. Acho que o fato de estarem terrivelmente frescos me pegou desprevenida.

Os dias se seguiram e a azia só era perceptível quando meu nariz entrava em contato com carne, vermelha ou branca, não havia diferença, se um dia foi vivo eu me sentia mal e não comia nem uma miséria mordida sem correr para o banheiro. Sue e meu pai acharam minhas ações um tanto inusitadas e marcaram um médico com medo de uma virose ou algo mais sério. Só achei estranho a consulta ser em Seattle e não Forks.

“Fique tranquila Bella, um exame de sangue e logo resolveremos este mal estar.”

“Claro, isso me acalmou horrores.”

Sue riu da minha cara fechada e os olhos de pânico que fiz ao entrar na recepção, eu amava aquele ambiente e não tinha problemas com sangue, cortes ou agulhas, desde que não os tivesse sobre minha pele. Gemi baixinho ao entrar no consultório e ver as seringas dispostas em uma bandeja para o exame de sangue.

“Então Isabella Swan, o que realmente a traz aqui?”

O dr. Daris perguntou enquanto lia a ficha de pré atendimento, nada realmente fora do comum, mas estava preocupada com esta azia sem fim. Sue entrou comigo, eu ainda era de menor e precisava de uma acompanhante e antes que eu lhe dissesse algo ela tomou a frente.

“Queríamos realizar um exame de sangue para gravidez.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um retrato de nós dois!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.