A Protegida escrita por Rosa Negra


Capítulo 5
Capítulo Cinco – Universidade Sweet Amoris


Notas iniciais do capítulo

Então ai está ele, o capítulo onde começa as tretas. Gente se vocês terem idéias de tretas malignas para a fanfic ajudem e me deem conselhos.



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Andava pelos corredores da construção apressada olhando freneticamente para os lados em busca da sala escrita no papel rosa na letra feia, mas legível, da coordenadora.

Percebi que as salas não estavam no primeiro andar, então subi apressada para o segundo, onde não encontrei mais armários, apenas salas cheias de alunos em suas diferentes aulas.

Por que não pediram para alguém me mostrar o caminho ou apresentar a escola? Eu estava completamente perdida e só senti meu coração acalmar-se um pouco quando fiquei de frente para a sala onze. Bati interrompendo a aula e recebendo um olhar um pouco confuso, contudo que logo se transformou em entendimento.

Pôs a caneta com que anotava umas folhas atrás da orelha e levantou-se para abrir a porta.

– Você é... – Perguntou bastante baixo de forma que apenas eu escutasse.

– Susan Sky.

– Me chame de Faraize senhorita Sky. – Apontou para um lugar ao lado de um loiro. – Sente-se, por favor.

Recebi olhares curiosos de outros adolescentes e adultos, enquanto sentia o olhar do homem de olhos claros, quase rosados, sobre minhas costas. Senti-me acuada; a garota estranha que entrou nas aulas no meio do bimestre. Era assim que me viam?

– Silencio, por favor. – Pediu Faraize sentando-se novamente e acabando com o murmurinho das pessoas ao fundo da sala.

Sentei-me observando que os outros alunos já faziam atividades e anotações.

– Literatura Classicista. – Sussurrou o loiro gentil em meu ouvido. – Unidade cinco, página trezentos e trinta e dois.

Balancei a cabeça positivamente. Iria agradecer, porém sentia vergonha do professor que ainda me analisava sem pudor. Olhei em seus olhos e o vi sorrir de canto, voltando-se para os papéis diversos com várias anotações. Por que ele não usava um notebook como faria um professor atual com seus documentos escolares, ou como exemplo, por as notas de seus alunos em uma tabela virtual?

Peguei o livro na mochila e pus-me a ler para logo fazer as atividades.

Esta seria uma das aulas mais longas que teria no dia, pois o tempo parecia magoado comigo, arrastando-se vagarosamente, fazendo minhas mãos suarem dificultando minha escrita com o uso da caneta preta. Eu contava as tantas voltas que o relógio dava, fazendo as atividades e ouvindo as explicações do professor ou do loiro solidário.

(...)

– Ei, você é...?

– Nathaniel. – Respondeu sorrindo enquanto arrumava os livros na mochila azul.

– Você me ajudou bastante hoje, obrigada por isso. – Agradeci devolvendo-lhe um sorriso dadivoso.

Virei-me pronta para ir embora, mas o rapaz segurou em meu ombro impedindo-me de fazê-lo.

– Você, Susan, não é mesmo? – Concordei. – Bem, acho que não se importaria se eu te acompanhasse até a saída, se importaria? – O analisei averiguando as acusações de cinismo ou ameaças, mas ele apenas encarava-me com seus olhos âmbar brilhantes e seu pequeno sorriso convidativo e acolhedor.

Ele era charmoso e estava usando disso para me convencer.

– Tudo bem.

Então eu observei a sala. Já estava vazia, exceto por uma garota com aparente dificuldade e pressa em arrumar seu material na mochila. Ela logo passou correndo e esbarrando em mim deixando um “desculpe” desengonçado e dificultoso para se entender. Sua carteira havia caído no chão e eu a catei apressando-me para devolvê-la, porém a garota de cabelos brancos já havia ido, apressada.

Andei até o corredor sendo seguida por Nathaniel que enxergava a situação com certo desconforto, talvez por que eu tivesse esquecido momentaneamente dele e de seu charme, contudo ele parecia do tipo bonzinho, então me perguntei se ele não se importaria de correr durante um tempo atrás da garota, mas não o fiz, seria falta de educação deixar o garoto ali sozinho, ou força-lo a se apressar quando ele tivera sido tão gentil dês do momento em que fui designada a sentar-me ao seu lado.

– Você conhece aquela garota?

– Não, ela é nova na cidade. – Assenti.

– Ela parecia apressada. Você sabe ao menos o nome dela? – Corei quando percebi ser um pouco bruta. - Quero dizer... – Estava sendo observada por ele que também era um adventício, mas por alguma força maior, simpatizei com o moço.

Estávamos descendo a escada quando eu voltei a perceber a escola que parecia ser bastante antiga, na verdade, era precisamente um estranho castelo modificado apenas o suficiente para infiltrar a modernidade e dar conforto aos alunos e aos que trabalhavam ali. A cidade era quase toda assim. Com um ar misterioso, quiçá porque fosse afastada, ou pequena demais em comparação a todas outras. Todos pareciam se conhecer e saber da vida um do outro, ali.

– Acho que ela se chama Rosalya. Veio morar na cidade com o namorado e com o irmão dele. Não são muitas pessoas que se mudam para cidades pequenas, normalmente eles querem sair, como a minha irmã. – Estranhei a intimidade com que me contava as coisas, mas talvez eu estivesse certa, todos sabiam da vida um do outro naquela cidade, ou talvez pelo menos se conhecessem.

– Tem certeza que você não a conhece? – Perguntei brincalhona.

– É apenas o que eu ouço. – Falou dando de ombros. – Você não conhece nada aqui, né? – Assenti. – Eu posso mostrar pra você.

– Eu tenho que ir. Acho que meu amigo está me esperando agora, mas talvez nós possamos lanchar amanhã naquela lanchonete e você possa me mostrar à construção. – Já fora da universidade, apontei para o estacionamento numa tentativa inútil de indicar o Mc Donald que Castiel havia me levado dias atrás.

– Ah, então tudo bem. – Ele sorriu me acompanhando no estacionamento. – Então, eh... Adeus. – Despediu-se entrando no conversível moderno pintado de vermelho, onde dentro já estava uma loira. Percebi que era a mesma garota do supermercado, com seus cabelos dourados assim como o de Nathaniel, soltos e ondulados sobre os ombros magros.

– O que você estava fazendo com essa garota? – A ouvi perguntar enquanto me afastava do carro apressada, prevendo a antipatia e a falta de sensibilidade e humanidade que a loira separava exclusivamente para mim sendo que eu a mal conhecia. Parecia que me ver andar ao lado de Castiel no supermercado fora o suficiente para ela me odiar.

Avistei uma cabeleira vermelha adornando a cabeça de um homem extremamente pálido que permanecia recostado no Porsche preto tomando o Sol ameno do inicio da tarde, mesmo que para a hora, os raios solares devessem estar mais fortes, o clima permanecia constantemente frio.

– Não adianta tentar, você não vai ficar bronzeado nunca, cerejinha. – Provoquei enquanto me aproximava devagar, com as mãos nos bolsos para propositalmente transferir a ele um ar casual de puro deboche acompanhado pelo meu sorriso sínico.

Ele bufou e deixou um muxoxo lhe escapar de entre os lábios carnudos e extremamente rosados. Olhou em minha direção, pronto para falar algo quando o carro de Nathaniel parou bem ao nosso lado na vaga vazia. Percebi pela janela um loiro sorridente e vitorioso e uma loira emburrada que sorriu ao ver o ruivo.

– Castiel. – Saudou sorridente ao sair do carro, porém pude perceber um ar de ironia em sua voz.

– Nathaniel. – Então, eles se conheciam?

– Susan, eu acho que você deveria me dar seu número. Assim a gente mantem contato. – O olhei aflita procurando uma desculpa e o motivo de ele ter voltado, porque eu realmente achava que o meu número não fosse o suficiente para ele ter feito o retorno. Era um motivo bobo demais. Será que talvez ele fosse algum amigo de Castiel que queria saber o motivo para ele vir me buscar na escola?

– Hm... – Procurei rapidamente uma desculpa enquanto injuriava o ruivo internamente por ter me proibido de usar o aparelho que custara mais de setecentos dólares. – Meu celular está com defeito. Está no concerto. – Falei nervosa me surpreendendo por não gaguejar, porém puxando com os punhos fechados as mangas do casaco e mordendo o lábio inferior no intuito de descontar ali meu nervosismo. Minha mãe muitas vezes já havia me dito que eu não sabia mentir, mas agora eu havia me superado.

Ouvi murmúrios como “gente pobre” vindo da boca da loira que saia do carro e caminhava em direção a Castiel, logo ficando à sua frente.

– Castiel. – ronronou sensualmente enquanto envolvia seu pescoço e deixou um beijo vagaroso em sua bochecha.

– Ah, oi. – Respondeu afastando-se para o descontentamento da garota.

– Então o nosso encontro está confirmado para amanhã.

– Encontro? – Castiel perguntou levantando suas sobrancelhas e transferindo seu olhar, que para minha surpresa, tornou-se decidido e doce ao me encarar, mas bem no fundo, podia ver sua fúria queimando como lava os meus olhos, como se pudesse assim me matar. Eu o denominaria neste momento como Motoqueiro Fantasma com a cabeça já em chamas.

– É, eu e a Susan marcamos de sair amanhã, depois das aulas. – Nathaniel respondeu em tom provocativo, fazendo a desconfiança brotar em minha opinião sobre quem ele era realmente. Ele sabia que eu estava acompanhada do ruivo desde o inicio, talvez apenas quisesse descobrir o que eu representava para Castiel para poder com isso, provoca-lo. O sentimento que no mesmo dia fora simpatia, se tornara empatia que o próprio loiro provocara. A curiosidade do por que ele querer tanto que o ruivo se irritasse ao ponto de até mesmo me usar para tal borbulhava em minha mente.

Suspirei. No final, ninguém realmente queria ser meu amigo, porém apenas usufruir da minha pessoa, como um material para qualquer trabalho, como sempre faziam. Eu queria voltar para casa, como uma criança quer os braços da mãe, contudo eu não sabia nem mais onde seria minha casa. Queria minha família, talvez viver com eles para o resto do ano, para o resto de suas e de minha vida, confinada em amargor e reprovação da humanidade que parecia querer punir-me pela minha existência. Sentia-me ridicularizada e como sempre, incapaz de chorar na frente de alguém, me limitei a apenas abaixar a cabeça e deixar que os cabelos em várias madeixas diferenciadas em tons de castanho, caíssem em meus olhos também, meios acastanhados.

Fui surpreendida e tirada de meus devaneios. Castiel tocou em meu queixo e o levantou delicadamente e devagar. Ele acariciou minhas bochechas com ambas as mãos. Deslizou com os polegares em meu pescoço causando arrepio e vontade de que tocasse em minha nuca também, então disse próximo ao meu ouvido, baixo, mas auto o suficiente para que os outros dois escutassem:

– Querida, pensei que o nosso almoço especial fosse amanhã, depois daquela nossa brincadeira. – Senti seu hálito quente contra o meu pescoço e a falta que o mesmo fez após ele afastar o rosto um pouco do meu, mas permaneceu com as mãos em minha face completamente tingida de carmim que, apenas por conta dos dedos quentes do ruivo, não se formou um perfeito “o” em minha boca.

Cacete!

Porra!

Caralho!

Eu era a junção de embaraçamento, vergonha e raiva, que formava uma estátua atônita e pasma.

– Brin-Brincadeira?! – Esbugalhei meus olhos enquanto estava completamente imóvel, agindo como uma idiota, enquanto um sorriso discreto se formava em seus lábios carnudos. Ele ria, por mais uma vez, conseguir me constranger.

Ele abaixou a cabeça e a balançou negativamente em um falso desapontamento.

– Você esqueceu-se do nosso aniversário de namoro, não é? – Perguntou ainda de cabeça baixa. Os cabelos lhe cobrindo a face onde se encontravam lágrimas finas que lhe escorriam nas bochechas pálidas. Suas mãos escorregaram pelos meus braços e pararam em minhas mãos, segurando firme nas mesmas, deixando uma sensação de quentura e dormência improváveis. – Temos que conversar. – E dizendo estas palavras me puxou e me pôs sentada no carro ao lado do banco do motorista deixando sem satisfação duas pessoas surpresas pela falsa revelação.

Depois de ele sentar-se ao meu lado de forma rápida engatando a primeira marcha e acelerando estrada a fora, depois do meu embaraçamento se esvair parcialmente dando lugar para a raiva, eu pude dizer algo coerente e que fizesse algum sentido:

– Seu louco! Maluco! Asno filho da mãe! Você sabe o que me fez passar?! – Me exaltei virando-me em sua direção.

– O maior prestigio, da sua vida, logo na frente de pessoas que você não conhece? – Respondeu com sarcasmo e convencimento ainda sem tirar os olhos da rua bem-movimentada.

– Prestigio?! – Grunhi cruzando os braços. – Cara, eu te odeio.

Ele pôs a mão no peito esquerdo.

– Poxa, não fala isso, assim você me magoa.

– Como eu queria poder. – Me ajeitei no banco pondo o cinto de segurança antes esquecido e liguei o aquecedor me encolhendo mais dentro do casaco verde-escuro.

Tentei esquecer o acontecido, sufocando as palavras e desaforos que perderam a tentação de serem proferidas, esgoeladas e decepadas pela minha força de vontade e veneração ao meu autocontrole e orgulho recentemente ferido. Olhei pela janela. As pessoas como vultos do preto aos tons mais claros, as árvores passando mais lentamente, porém também como um borrão esverdeado e preto, os prédios e casas passando ainda mais lentamente e de repente, o carro morre, num bairro quase vazio, exceto por algumas casas grandiosas que pareciam bastante antigas e tradicionais para o século XVII.

Estava quase completamente certa de que estávamos no meio do caminho entre o bairro Cruzes, que era onde se situava a Universidade Sweet Amoris e a enorme e tradicional Igreja Templo dos Santos, e dois bairros antes do de onde Castiel morava, os quais eu não sabia o nome.

– Ah merda! – Castiel bateu com os punhos no volante enquanto eu observava à súbita fumaça que vazava pelo capô do Porsche preto me assustando. – Não saia daí. – Ordenou saindo do carro.

Ele caminhou até a frente do automóvel e sumiu detrás do capô, porém, logo depois de dois minutos o fechou.

Caminhou até a minha janela e bateu com o punho no vidro para que eu a abrisse.

– Me dá o meu lenço que está no porta-luvas.

Não o fiz, apenas por má vontade, e pelo meu orgulho que precisava se reconstruir novamente.

– Você não é aleijado, pode muito bem pega-lo. – Disse cruzando os braços.

Ele expirou pesadamente e por um momento, enquanto debruçava-se apoiando os antebraços na janela, tive a impressão de que ele limparia as mãos sujas em mim, porém não o fez, apenas pegou o que queria sorrindo, como se previsse a minha opinião.

Não saí do carro, não ousaria ficar fora num bairro estranho, numa cidade estranha, embora o maior estranho estivesse ao meu lado.

– O que você vai fazer? – Perguntei começando a sentir a preocupação crescendo vagarosamente.

A questão era se ficaríamos ali por muito tempo, pois os raios-de-Sol, antes agradáveis, agora sumiam nas espessas e costumeiras nuvens mammatus que sempre anunciavam o temporal que cairia.

Como se o ruivo também pudesse prever, olhou para o céu cinzento e com isso em mente, logo tratou de entrar no carro antes que a chuva o atingisse.

– O que nós vamos fazer. – Olhou para mim. – Se importa de andar um pouco?

– Na chuva? Ah, sim, eu me importo bastante.

Olhou-me vantajoso, sabia que ele ganharia, afinal, eu não queria ficar sozinha na chuva, e para piorar, em uma rua completamente abandonada.

– Para inicio de conversa, por que você veio por este caminho? – Perguntei acusadora, mas me certificando de que manteria a calma o quanto pudesse.

– Era caminho mais rápido para chegar ao outro lado da cidade.

Enruguei a minha testa descrente e começando a me irritar.

– Mas a cidade é pequena.

– Não, a população é pequena, não a cidade. – Ele bateu com o punho novamente no volante. – De qualquer forma, teremos que sair daqui, nós não podemos ficar parados por muito tempo.

– O que você sugere? – O vi olhando para frente, mirando as casas abandonadas, na verdade, apenas duas pareciam abitadas, com luzes acesas e a grama verde bem aparada nos jardins. – Não. Nós não vamos ficar aqui.

– Então, o que você sugere?

Eu não tinha muitas idéias do que sugerir, mas ficar em uma daquelas casas sinistras não parecia uma boa idéia.

– Você não tem um celular? Ninguém que você possa pedir para nos levar daqui?

– Não vou deixar meu carro para trás sem a certeza de para aonde ele será rebocado. – Ele fechou os olhos e apoiou a cabeça nos braços aconchegando-se no banco. – A menos que você queira ficar aqui na chuva enquanto o tempo passa e anoitece, eu recomendo que nós esperemos em uma daquelas casas o rebocador chegar.

Concordei. Ele havia vencido.

– Ele vai nos dar uma carona? – Ele assentiu pegando seu celular no boldo do casaco.

Saí do carro sem esperar mais argumentos vindos do ruivo sendo acompanhada pelo mesmo. Andamos para uma das casas escolhidas por ele, que pulou a cerca e deu a volta na casa. Eu tentei fazer o mesmo, porém de forma mais desengonçada e, por pouco, não tropeço em um pedaço de madeira não avistado antes por mim.

Observei com agonia Castiel abrir como mágica a janela que permanecia trancada por dentro.

– Como você...

– Suba. – Olhei para a janela enquanto o ruivo apontava para a mesma.

Algo me dizia que esta não seria a melhor tarde da minha vida, na verdade, parecia estar bem longe disso. Estar numa casa abandonada, num bairro quase deserto, com uma tempestade aterradora a caminho e sozinha com Castiel, era de longe a pior opção, mesmo que a única.


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Notas finais do capítulo

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