A Protegida escrita por Rosa Negra


Capítulo 2
Capítulo Dois - Perguntas


Notas iniciais do capítulo

E aqui estou eu de novo. Vou logo avisando que não gosto de capítulos pequenos, embora este esteja mediano. Boa leitura!



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No meio de uma estrada lamacenta e esburacada, era onde eu me encontrava. Envolta por cercas baixas e farpadas, árvores gigantes de copas invisíveis e raízes que saiam do chão.

Era tudo tão irreal, como nas fantasias que costumava ler. Porém, não havia encanto tão belo em minha vida quanto à magia dos dias de verão que passei com Matt. Ele era doce demais para uma vida azeda. Como uma maçã caramelada em meio as podres.

No fim, todos os meus pensamentos se voltavam para aquele rapaz de pele avelã.

Estava em um Porsche preto a muitas milhas da minha moradia. Antes havia entrado em um jatinho, mas ainda assim permanecendo no estado do Maine. Talvez estivéssemos mais ao norte, numa cidade pequena, mas com certeza muito distante de Portland.

– Para onde estamos indo? – Repeti a pergunta feita há cinco minutos, mas que por causa da antipatia do ruivo não obtive resposta. – Droga, será que você pode deixar de ser chato? Quem perdeu uma pessoa querida fui eu e mesmo assim você acha que tem o direito de guardar ressentimento por aquele dia! Olha, quer saber o que você é? Você é um...

– Sweetcity – Respondeu em um tom ameaçador, azedo e cortante. – Em um lugar que eu não pretendo lhe dizer onde. Se quiser, pode pesquisar.

Seus olhos voltaram-se para mim, perfurando meu rosto perturbado e infeliz com seu olhar cinzento – quase prateados como a lâmina de uma espada mortal ou a ponta de uma lança bastante afiada.

Ele estava com raiva e não tinha a intenção de disfarçar.

– Desculpe. – Murmurei envergonhada, afinal, a culpa toda fora minha. Não foi eu que comecei a briga, porém resolvi esquecer.

Ele riu apático. Com tanto gosto que me fez serrar os punhos sentindo-me humilhada. Mas se eu realmente quisesse um bom relacionamento com a água de salsicha, eu precisaria ter paciência, ou pelo menos tentaria mantê-la.

Estacionou no canto da estrada. O som do galho esquelético da árvore roçando na janela me deu arrepios, mas que logo sessaram dando lugar ao medo de que o homem ao meu lado me deixasse ali, bem no começo de uma região florestal muito apavorante no meio de uma madrugada fria e descalça – porque assim eu estava desde que havia partido do apartamento desacordada. Vergonhoso.

Empinei o nariz e cruzei os braços resmungando. Tentaria manter o máximo de dignidade – se eu, ao menos, ainda tivesse um pouco, naquelas circunstancias.

– Podemos tentar esquecer e recomeçar. – Alvitrei desviando de seu olhar. Tinha poucas expectativas, mas não custava tentar. – Não somos mais crianças e podemos... – Busquei uma palavra encaixável para a situação. – Hm... Mu-mudar. – Gaguejei, é claro, por conta da péssima escolha.

– Ah, é claro! – Exclamou sarcástico. – Por que não? – Virou-se para mim sorrindo. – Aposto que viu isso em algum filme. – Seu sorriso alargou-se. – Ou foi em um daqueles seus livros de contos de fadas? – Ele não tinha um mínimo de sensibilidade. Nem mesmo colocou-se uma vez sequer em meu lugar.

Uma lágrima solitária escorreu por pura frustração. O aperto em meu peito se ativou e o olhar dele sobre mim serenou, mas ainda manteve-o abalizado. Respirei fundo.

– Tudo bem. – Concordou ajeitando-se para ficar com a mão no volante novamente.

Ligou o carro e deu a partida. Logo voltamos à estrada. Agora era possível ver casas e as ruas começavam a ganhar asfalto novamente. Ruas que apenas tinham lojas, outras apenas casas. Uma povoação realmente pequena.

Pelo o que pude perceber, Castiel era um homem bastante pensativo, extremamente aborrecível e intrometido. Foi isto que constatei quando soube que ele conhecia o fato de eu ler contos de fadas. Conquanto não fossem contos tão infantis, eu realmente fiquei encabulada.

Virei o rosto o observei. Era belo, realmente. Sua pele era pálida e seus cabelos vermelhos o fazia parecer uma lágrima-de-cristo. Era diferente. Rebelde, como um adolescente que não gosta de receber ordens, mesmo que já devesse estar em seus vinte e seis anos.

– Quantos anos você tem? – Estava arriscando decepar o silencio contínuo para apartar pensamentos dolorosos que provinham de lembranças recentes e cruéis.

– Vinte e quatro. – Ao contrário do que eu criticava mentalmente ser a sua próxima atitude, o ruivo apenas respondeu normalmente fazendo-me sorrir levemente de canto para logo me sentir mal por fazê-lo.

– Você parece ser mais velho. – Percebi.

– Você parece ser uma criancinha. – Me arrependi desejando rapidamente enfiar a cabeça entre as pernas e fingir que ele não havia dito nada. – Que tipo de pessoa lê contos de fadas? – Ele juntou as sobrancelhas. Estava pensativo.

Respondi sem nem ao menos medir as palavras que usaria:

– Que tipo de pessoa se intromete na vida pessoal dos outros, os arrasta para um canto quase deserto do estado e ainda tem a certeza que pode jugar a vida deles ou o que eles fazem? – A raiva borbulhando a cada palavra e a paciência minguando-se rapidamente.

– Eu. – Sorriu de canto. – Esse é o meu trabalho. – Estacionou em frente a um portão preto para dirigir-se a um senhor de cabelos grisalhos que jazia dentro da cabine. – E não esqueça que eu salvei você, Emi. – Disse petulante causando-me espasmos encobertos pelo espanto.

Ele era um completo estranho para mim. Não havia coisa pior.

Após discorrer com o senhor e desejar-lhe um bom dia já que o Sol já havia brotado no horizonte, passamos com o carro por entre os portões e ele resolveu estacionar a alguns metros de uma oliveira.

– E que tipo de pessoa se chama Emilie Carla? – Ele, já fora do veículo, pôs a mão no quadril e indagou para imediatamente fechar a porta. Eu fiz o mesmo.

Ele era um completo idiota e sabia coisas de mais ao meu respeito. Havia coisa pior, afinal.

Jogou minha bolsa de viagem para que eu a pegasse. Eu o fiz e caí no chão de costas chamando a atenção de alguns trabalhadores que, mesmo tão cedo, limpavam a calçada. O vestido havia subido, despontando bastante da minha cocha. Os meus cabelos castanhos e desgrenhados cobriam minha bochecha já na cor carmim.

Eu não levantei. Eu chorei amofinada e ele apenas me escarneceu.

Oh, Matt, você não mereceu isso. Apenas desejava viver o resto de sua vida com uma garota boba que lê contos de fadas e pretende ser escritora de romances melosos – e que fantasiava viver eles com você.

A bolsa em cima do meu abdômen não incomodava mais, pois Castiel havia a suspendido no ombro esquerdo. Observando-me de cima, como um falcão faminto nota a cobra desprevenida rastejar na areia. Não ria mais. Estava sério ao estender-me a mão e puxar-me.

– Me de a minha mala. – Entregou-me ela rapidamente.

– Você está bem? – Por breves segundos, realmente cheguei a acreditar que ele estivesse preocupado comigo, mas após ouvir sua voz embargada, percebi que apenas tentava sufocar o riso.

Eu havia perdido meu namorado, não conseguia entrar em contato com meus pais, estava num lugar desconhecido com um vizinho idiota que não conhecia muito bem, e para piorar as coisas, este vizinho me odiava e faria de tudo para me ver mal – literalmente louca.

– Sim. – Respondi antipática. – Seu maluco. – Muitas vezes murmurei estas palavras em minha imaginação, mas agora era incapaz de conte-las quando estas se desenvolviam em minha garganta.

– Não, você é maluca. – O olhei feio. Magoada.

Agachei-me e abri o zíper da mala para pegar algum calçado que estivesse ali. Por sorte, depois de quatro minutos – que pareceram ser os mais impacientes da vida de Castiel –, encontrei meus chinelos vermelhos.

– Como eu falei antes, você é a maluca aqui! Que tipo de pessoa...

Que tipo, que tipo, que tipo de pessoa... – Eu estava numa falha tentativa de imitar o vozeirão rouco dele. – Você só sabe jugar, seu idiota!

Vi quando seu rosto encrespou-se em raiva e o descontentamento era evidente quando ele serrou os punhos. Ele era muito raivoso. O tipo de pessoa que se chateava rápido demais. Mas depressa se conteve, embora ainda expressa-se sua aporrinhação.

Não pude deixar de notar, eram todos os prédios em decorações sofisticadas. Havia um grande campo de basquete, e até mesmo, um pequeno parque logo à frente, repleto de árvores florais e banquinhos brancos e azuis – uns de madeira e outros de mármore.

Subimos a rampa do prédio quatro. O ruivo sempre à frente cumprimentando a todos. Parecia que ale já os conhecia há bastante tempo. Tudo muito confuso, até eu ouvir o segurança, sentado em frente aos visores das televisões em modelo preto e branco, dirigir-se ao Castiel.

– Senhor Louvain, quanto tempo! – Pude ver os olhos do homem brilharem e o sorriso singelo ficar a mostra por baixo do bigode preto e grisalho.

– Ah, sim. – Contribuiu o sorriso, mas menor e mais frio, porém o homem nem pareceu importar-se e voltou sua atenção para os visores.

Ingressamos no elevador e o vi escolher o décimo segundo andar, que por acaso, era o ultimo.

– Castiel Louvain, sério, que tipo de pessoa se chama assim?! – O desejo de revanche circulava em minhas veias.

Olhou-me pelo espelho sorriu, cinicamente, é claro.

A curiosidade não foi deixada de lado por mim, pois eu precisava saber algo, pelo menos uma única coisa que fizesse minha consciência pesar menos e meu coração desapertar um pouco.

– Parece que ele te conhece há bastante tempo. – Eu não ganhei a atenção que queria. Eu bati o pé no chão.

Ele levantou uma sobrancelha e pôs as mãos nos bolsos do casaco.

– É melhor você não saber. – Foi direto.

– Eu preciso. Estou bastante confusa. – Ele afirmou positivamente com a cabeça.

– Quanto chegarmos dentro da minha casa, vou contar o que eu puder para você. – Confirmei apreensiva. Então ele não poderia contar-me tudo.

Saímos do elevador, mas naquele andar só havia um corredor enfeitado por plantas verdejantes, alguns quadros abstratos e uma única porta de madeira com uma maçaneta circular prateada e um olho mágico da mesma cor. Surpreendi-me ao notar que o andar era basicamente apenas o apartamento de Castiel.

Girou a chave e escancarou a porta.

Era uma sala grande, os móveis em tons pastéis e neutros. Como no corredor, apenas algumas plantas, quadros e vasos eram a decoração. Apenas os quadros se destacavam por conterem cores vivas. Era tudo muito gélido, porém não era por conta do clima. Havia também uma cozinha americana, ou seja, apenas um balcão a separava da sala.

– Vem. – Mandou.

Engoli em seco. Ele era de pelagem negra e marrom, realmente grande. Mas o que me causou pavor era os seus caninos afiados e o grunhido que saia de sua boca repleta de dentes como aqueles. Seu olhar era feroz e...

– Ai, meu Deus! – Castiel enfrentava a ocasião com bastante normalidade, enquanto eu estava a ponto de me arrojar pela janela. – Cas-Castiel, te-tem um cachorro bem ali.

– Não o encare nos olhos, ele pode querer lançar um raio laser em você. – Ele gostava de me fazer passar por momentos constrangedores e eu odiava o jeito debochado com que ele me olhava e me chamava de criancinha. Principalmente quando mencionava que eu lia contos de fadas.

– Oh, francamente. – pus as mãos na cintura e senti quando minhas bochechas coraram-se. - Eu tenho medo! Tira ele daqui!

– Ele mora aqui, para Damon, você é a intrusa. – caminhou até mim e puxou-me pelo braço ao perceber que eu não sairia do lugar por medo do cachorro.

– Então, suas visitas estão acostumadas com seu cachorro sarnento, ou você ainda está ensinando a ele recebe-las sem este tipo de comportamento?

– Tsc. – seu aperto firmou-se mais se tornando mais doloroso. – Este – apontou para a porta preta – é o seu quarto. Este é o meu quarto e eu não quero que você entre ai, a não ser que eu permita. – Ele soltou-me e entrou em seu quarto.

Percebi que na casa havia mais cômodos, mas não quis ir ver para o que eram utilizados, talvez quartos de hóspedes, embora o ruivo não parecesse do tipo que recebe visitas. Estava cansada, e talvez, Castiel estivesse até mais que eu depois de dirigir por algumas horas.

Entrei no quarto que ele havia dito ser o meu. Era como qualquer outro quarto de hotel. Sem nada que pudesse evidenciar pessoalidade ou manias casuais de alguém, apenas um jacinto comum para qualquer tipo de idade ou pessoa, exceto pelo abajur que incandescia a luz vermelha, dando um ar sensual pela forma que continha. Um lótus.

Joguei a mala em cima da cama e resolvi tomar banho. Lá, no banheiro, pude deslizar novamente pela parede. A água do chuveiro batendo forte em minha cabeça e meus ombros, escorrendo pelo restante do corpo, misturando-se às lágrimas também mornas. Meus braços abraçaram meus joelhos e enfim, eu pude soluçar num choro que antes havia sido contido. Tão sôfrego e obstinado que me doía até fisicamente. Arranhei os joelhos com as unhas sentindo arder logo em seguida. Os cabelos castanhos – algumas mechas em tons claros e outras mais escuras – estavam soltos e molhados, grudando-se a nuca e as costas.

– Matt – Sussurrei desejando que passasse a qualquer momento por aquela porta, me abraçasse, me beijasse e dissesse que era meu príncipe.

Quiçá Castiel estivesse realmente correto ao julgar-me criancinha, mas príncipes eram reais. Tão briosos e perfeitamente lindos que eram raros, e Matt fora o ultimo deles, pelo menos em minha vida, disso eu tinha quase certeza.

(...)

Saí do quarto e logo me encolhi sob o casaco diante a brisa fria e revigorante que entrou pela fresta aberta da porta de vidro agora vista. As cortinas antes fechavam a vista da quadra e as luzes de alguns postes que jaziam acesos em torno dela. Lá embaixo, havia alguns garotos que aproveitavam à tarde – mesmo que bastante fria – para se divertirem com basquete.

Eu havia dormido bastante tempo, mas me convenci que era um ato normal em minhas condições. Agora já eram quatro da tarde, e depois de uma hora me preparando, eu estava pronta para afrontar o ruivo em busca de respostas beneficiáveis, ou que pelo menos, pudessem me dar uma pista de por onde começas a investigar, se estivesse ao meu alcance.

Caminhei até a porta curiosa e encantei-me com o que vi. Uma linda sacada enfeitada por flores brancas e amarelas – que eu suspeitava serem jasmins – dentro de vasos cristalinos, cercada por grades brancas, preenchida por acentos estofados e confortáveis, uma mesinha de madeira e a presença de um ruivo que fumava tranquilamente assistindo ao jogo.

Fiquei o observando.

– O que você quer, agora? – Surpreendeu-me cortando o silencio e causando o tom rosado que tingiu minhas bochechas por ter sido pega no flagra em um ato vergonhoso como observa-lo.

Ele continuou a dar atenção ao jogo depois de ouvir os gritinhos das meninas do lado de fora da quadra, sentadas nas arquibancadas de concreto.

– Você disse, mais cedo, que iria me contar. – Castiel me olhou e hesitou entes de afirmar recordando-se do que havia dito.

Sugou mais de seu cigarro. Gesticulou para que eu me sentasse numa cadeira a seu lado levemente guinada para a dele.

– Só vou responder o que você puder saber. – Amassou o cigarro no cinzeiro e recostou-se na cadeira. – Pode perguntar.

Ele era esperto. Apenas responderia as perguntas que eu fizesse, deixando de lado confissões que poderiam ser essenciais para que eu chegasse a uma conclusão. Precisava fazer com que ele desse o máximo de informações em resposta a boas perguntas.

– Quer caneta e papel, Emilie? – Perguntou debochado referindo-se ao longo tempo que eu havia gastado para formular uma pergunta eficiente.

– Com o que, ou com quem você trabalha? – Ele olhou-me com uma das sobrancelhas arqueadas. Não esperando que eu fizesse uma pergunta referente à vida dele. Havia acertado o alvo na primeira tentativa e o surpreendido.

– CIA – Respondeu causando o meu arregalar de olhos.

Afundei mais na cadeira.

– Hm, tudo bem, eu acho. – Apertei a almofada mais ao colo, olhando-o diretamente e me preparando para a próxima pergunta. – Por que aqueles homens mataram... – Engoli em seco. – Mataram o Matthew?

– Porque não precisavam dele. O seu ex-namorado havia visto coisa demais naquela noite. – Olhei para ele incrédula.

– Foi ontem! – Ele crispou os lábios e deu de ombros. – Por que precisam de mim? – Perguntei inquietamente sentindo as mãos tremerem, mas mantendo o aperto na almofada.

– Não posso responder a esta pergunta. – Fiz uma cara de indignação sentindo minha têmpora latejar e o suor frio escorrer pelo canto da testa. – Você parece mesmo uma criancinha. – Provocou apoiando o cotovelo nos joelhos e sorrindo de canto, contudo logo voltou ao seu tom costumeiro e sério. – O seu pai está relacionado a isso e me deu ordens para não contar a você.

– Meu pai?! – Surpreendi-me sem deixar que ele notasse tal efeito que as suas palavras haviam causado. Encolhi-me mais dentro do casaco sentindo outra leve rajada de vento. – Desde quando ele dá ordens para você?

– Desde que ele é meu superior. – Arregalei os olhos vendo-o apertar a ponte do nariz e balançar a cabeça negativamente, como se ele estivesse repreendendo a si mesmo, talvez pela informação que havia dado ao interagir com a minha implicância.

Suspirou e levantou-se concluindo o assunto. Ele saiu pela porta e eu o perdi de vista depois que virou o corredor.

Averiguei as informações. Se meu pai era o superior de Castiel, isso significava que ele trabalhava para o CIA, também? Não poderia ser verdade, porque se fosse isso significaria que Matt havia sido morto por aqueles homens que me queriam para algo que estava relacionado ao meu pai, e isso estaria relacionado a ele ser o superior de Castiel, ou talvez trabalhar para o CIA? Fazia escasso sentido, naquele momento.

Grunhi aborrecida pelo embaraço que estava minha mente.

Entrei na sala e notei que na cozinha estava o ruivo curvado remexendo nas prateleiras baixas da geladeira. Agachou-se e então, sorriu silenciosamente erguendo a garrafa de cerveja. Aquele rapaz era, sem duvidas, um sofredor de bipolaridade. Em alguns momentos, estava extremamente frio, indiferente a qualquer coisa que não se referisse a ele. Mas em outros momentos, era apenas um jovem descontraído. Eu não sabia como agir diante a uma pessoa assim. Não saberia quando estivesse fazendo correto ou errado, porque ele era uma grande confusão. Uma massa cinzenta de nuvens despejando seu inundante temporal, ou uma noite fresca e aconchegante.

– Tsc. – Atraí sua atenção em quanto me sentava no banco preto de frente ao balcão.

Ele arqueou as sobrancelhas – um movimento que eu descobri ser peculiar – e voltou sua atenção para a gaveta.

– Está com fome? – Perguntou logo sendo seguido pelo tilintar da tampinha de metal na pia.

– Sim. – Estava sem comer uma coisa decente há bastante tempo e os saquinhos de Doritos não podiam ser chamados de refeição adequada. Eu pensei que não sentiria fome alguma, como as pessoas sempre comentam ficar quando se entra em depressão, ou muita tristeza, contudo não foi assim que estive. Talvez, o modo como me culpava, fosse o suficiente para a minha mente perturbada. – Mas, e aquele seu cachorro? – Ele coçou o queixo e resolveu ignorar a pergunta proferida.

– Eu não cozinho, mas se você fizer, nós podemos ir ao supermercado algum dia. – Castiel, pela primeira vez, estava sendo amigável comigo. Virou a garrafa bebendo dela. – Você gosta de McDonald's?


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Notas finais do capítulo

1º Eu fiquei muito tempo pensando em um sobrenome para o Cassy, então se alguém souber (o que eu acho improvável) me diga nos reviews.
2º No capítulo anterior, eu acho que não deixei muito claro que o segundo nome dala era Carla, então me desculpem se causei embaraço aos leitores.
3º Não que eu esteja os ofendendo, mas para quem não sabe, lágrima-de-cristo é uma flor que eu comparei ao Cassy.

O que acharam? O capítulo que vem vai ser mais promissor, então até lá ;)



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