A Protegida escrita por Rosa Negra


Capítulo 1
Capítulo Um - Matt


Notas iniciais do capítulo

Oi povo! E aqui vai o primeiro capítulo.



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Resmungava incoerências enquanto cortava o pacote de champignon com a tesoura de plástico sem ponta e certamente nada eficiente.

Poderia ter pedido o adicionamento do cogumelo na pizza, mas seria um gasto faze-lo já tendo em casa. Foi isso o que Matt disse.

Meu namorado sentado no sofá com a cabeça pendendo para o lado nas almofadas. Ele mesmo. Com a camisa verde-musgo jogada em cima do braço do sofá e a cerveja na mesinha de centro. Devidamente merecedor de um rígido sermão.

Na televisão o jogo de basquete marcando vinte a quinze. Matt não havia dado pausa. Irritante.

– Ei, Carla, você pode reclamar com o sindico sobre esse seu vizinho, sabia?

Olhou-me com os olhos verdes brilhantes sob a luz incandescente do corredor. A única que estava acesa emitindo um estranho zunido provindo da lamparina. Como um sussurro eficiente para atrair mosquitos, embora não fizesse muito sentido.

Eu já o fiz, mas não reconheci nenhuma melhora até agora.

O som barulhento da guitarra na caixa de som – que mais parecia “caixa de explosão para tímpanos”, como havia nomeado – sessara uma hora atrás dando a mim de volta – temporariamente – conforto e o sossego que um lar deveria ter.

Limitei-me a apenas dar de ombros e suspirar logo em seguida lembrando-me do tempo que passei convencendo o moreno de não ir até a casa ao lado.

Era um pouco vergonhoso pensar que já morava ali havia seis meses e nem ao menos havia tentado ter uma conversa educada com o ruivo. Castiel. Mas as poucas vezes que havíamos trocado poucas palavras ele se mostrara bastante agressivo, quero dizer, talvez seja apenas pelo modo frio como ele fala, ou até mesmo o jeito com que ele me dirige um olhar fulminante com aqueles olhos cinza perfurantes. Ressentimento.

Depois do mês passado eu duvido mesmo que ele tenha qualquer resquício de amizade por mim.

É um péssimo costume meu pedir pizza todo final de semana e raramente na quarta. O entregador havia cometido o erro de entregar na casa do ruivo. Depois de alguns pedidos de desculpas, momentos tensos, xingamentos e uma rápida discursão, com um movimento mal pensado e atípico meu, taquei-lhe uma fatia da pizza – por que seria incapaz de tacar ela toda – em seu rostinho ferino, contraído pela raiva e surtado pela surpresa. O queijo quente em seu nariz e o milho em sua testa. Fechei a porta antes que ele pudesse invadir o cômodo.

A textura da risada de Matt era gostosa e estar desfrutando dela fazia-me lembrar-me de coisas boas, como por exemplo, o cordão com o pingente de golfinho dourado em volta das tartarugas brilhantes. Era uma jóia linda de ouro e pequenos diamantes. Dada com castidade reavivando a lembrança de como nos conhecemos, no grande aquário do golfinho, e quanto por causa do destino, nos reencontramos na praia reconhecida pelas famosas tartarugas que iam ali para enterrar seus ovos.

– Você fica linda com esse rostinho. – Elogiou referindo-se a minha expressão carrancuda de testa enrugada e as sobrancelhas franzidas.

– Ficaria desapontada se não ficasse. – Sorri interiormente. – É o único rosto que tenho. – Pressionei o indicador na covinha de minha bochecha permitindo-me demonstrar meu lado mais hílare.

O jogo na televisão ele havia esquecido caminhando até mim.

A pele macia de seu peitoral definido foi tocada pelas pontas dos meus dedos finos atraindo minha merecida atenção. Era naturalmente da cor de avelã assim como os seus cabelos quase loiros. Bronzeado.

Levantou meu queixo com a mão e encostou seus lábios aos meus suavemente. Vagarosamente movimentou os dele entreabrindo-os, lambendo e sugando meu lábio inferior, para que eu desse a passagem para ele explorar minha boca. Era quente e suave. Como o próprio Matt, calmo e gostoso. Degustador.

A mão que jazia em meu rosto deslizou para minha nuca massageando os fios castanhos de meu cabelo fazendo com que me arrepiasse. Sua outra mão – à esquerda – apertava meu quadril.

Apenas depois de nossos lábios serem separados pela falta de ar, pude perceber que seu corpo pressionava o meu contra a parede bege.

Havia bastantes meses que namorávamos, mas ainda não tínhamos dado o outro passo. O rapaz era do tipo tradicional e assumiu um relacionamento sério comigo. Em uma de nossas conversas chegou a proferir palavras que causaram vermelhidão em meu rosto.

– Só vamos fazer sexo depois do casamento.

Você é linda. – Sorriu vitorioso por me fazer corar e selou nossos lábios novamente uma, duas, três vezes como se fosse seu mais novo premio. – É serio. Eu te amo.

– Também te... – Fui interrompida pelo soar estridente da campainha.

– Finalmente!

Ele andou apressado e depois girou a maçaneta escancarando a porta.

– Emi, pega a minha carteira, por favor. – Fiz o que ele havia me pedido e fiquei ao seu lado para ajuda-lo carregando o refrigerante que sempre era adicionado gratuitamente quando pedíamos a gigante. – É troco para cinquenta. – Informou tirando a nota da carteira.

– Não queremos o seu dinheiro. – Falou o homem alto de porte elegante com os olhos mais azuis que havia visto em toda minha vida – quase cobertos pela franja negra com leves ondulações macias. Os olhos eram brilhantes como faróis em meio à tempestade, embaçados de convencimento e orgulho.

Havia mais dois homens atrás dele. Ambos compartilhando da mesma grosseria ao adentrarem no cômodo moderno e a mesma ferocidade ao segurarem Matt que protestava e rugia injurias ferventes sobre os rapazes que ouviam com certa diversão.

– Vocês não podem! – Apregoou aborrecido.

– Podemos. – Respondeu calmo o outro de cabelos azulados. Muito parecido com o moreno, mas este parecia mais ávido a responder com escarnio estampado nas silabas.

Olhou para mim que permaneci estática, observando o moreno revirar a casa.

– Isso é alguma brincadeira?! – Matt continuou com seu discurso ainda sendo segurado pelos dois homens.

– Vamos soltar ele. Só precisamos da garota. – Indagou o azulado.

– Não. – Negou sacando a pistola e a destravando.

Meu coração palpitava veloz e dolorido. Meu estomago embrulhou-se e eu pude sentir o gosto do vomito na boca, mas não vomitei.

Atirei-me sobre meu namorado. As gotas quentes enchiam meus olhos e transbordavam escorrendo pelos cantos das bochechas. Com a cabeça apoiada sobre a dele senti quando seus braços me envolveram.

– Ah, que lindo! – Elogiou o moreno com falso interesse. – Podem fazer o benefício de tirar à donzela? Precisaremos dela mais tarde, não dele.

O rapaz de olhos castanhos quase rosados – que também possuía cabelos azuis claros e brilhantes – pegou-me pelo braço a me arrastou – sobre protestações – para o quarto. Fechou a porta e manteve-se segurando a maçaneta para que eu não pudesse sair.

Chutei a porta. Continuei tentando girar a maçaneta, mas estava sob muita preção do outro lado.

Ouve um tiro enquanto eu deslizava pela parede. Uma lágrima solitária escorreu. Eu tremia.

Desespero era maior que o raciocínio, mas o corpo não obedecia aos sentimentos. Ouve vozes distintas e mais tiros. Ouve murmúrios, ou talvez pudessem ser gritos. Mas não ouve mais nada depois que tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor. Assim eu posso ter uma noção se o conteúdo ficou bom e se devo continuar postando.
O próximo cap. vai ter o Cassy.



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