*Isabella*

Quando eu ouvi aquela voz meu coração palpitou tomando um ritmo pra lá de descompensado. Aquele som não era de mesma tonalidade que a voz de Klaus, e aquilo me deixou em estado de choque, se Klaus não era meu pai...então quem seria?! 

Me virei devagar, eu podia sentir a presença ali, esperando, parecia tão nervoso quanto eu. Eu estava de olhos fechados e quando eu abri os mesmos eu quase cai dura para trás.

—Você?! - Arfei.

—Eu sei que você esperava que fosse meu irmão, Niklaus, ele enganou todos vocês. - Ele deu um sorriso amargurado. - Deixe-me que eu faça as devidas apresentações, sou Elijah Mikaelson. - Ele foi totalmente cordial.

Okay. Isso está estranho, mas o que na minha vida não é estranho?!

Arrisquei a apertar sua mão que estava estendida de forma convidativa, e assim que trocamos esse gesto, uma onda totalmente diferente da sentida com aquela senhora me domou. Havia amor, carinho, remorso e culpa. Era nítido que esse homem sofreu tanto quanto eu por culpa da minha querida vovó.

—Eu sei que você está confusa, e eu entendo isso, podemos marcar um dia para conversarmos...prometo que contarei tudo para você. - Ele deu um passo a frente eu não recuei. Eu não queria recuar.

—Não vamos marcar dia nenhum, vamos começar a nossa conversa agora, esperei tempo demais por isso. - Eu suspirei o encarando.

Elijah, digo, meu pai olhou dentro dos meus olhos e um certo brilho passou por eles, ele estava com saudades.

*Damon*

Isabella não havia descido, e usando minha audição aguçada eu pude constatar que estava com seu pai, contudo, a surpresa maior foi saber que Elijah era o mesmo.

—Elijah?! – Falei em voz alta assim que o ouvi se apresentando a Bella.

—Como? – Bonnie questionou ao meu lado. – O que está acontecendo?! Bella encontrou o pai? – Ela estava elétrica.

—Sim, é o Elijah. – Disse olhando com desdém para a Bennet.

—Uau, isso é fantástico, superou todas as minhas expectativas. – Ela tinha um brilho nos olhos.

—Não finja que se importa com ela, não quando você quer entregá-la para a morte. – Eu disse incomodado com tamanha falsidade.

—Damon, não vamos discutir sobre isso de novo, prometo que vamos nos certificar que tudo ficará bem com ela. – Bonnie enrijeceu.

—Sinceramente, não vejo nexo nisso, se vocês podem proteger a Bella, apesar dela não precisar de proteção, porque vocês não protejam a vadia da Elena?! – Cuspi as palavras.

—Hey, estou ouvindo o que você está falando da minha namorada, e exijo respeito. – Stefan surgiu me olhando feio.

—Dane-se! Dane-se você! Dane-se a Elena! E dane-se você Bonnie! Eu devia ter fugido com a Bella assim que voltei a vida. – Explodi saindo do salão.

Não me importei com as pessoas a nossa volta que haviam presenciado a discussão, são todos humanos inúteis. Eu precisava me acalmar, precisava por minha cabeça em ordem, ou eu cometeria uma loucura. Não vou deixar que ninguém encoste na minha Isabella.

*Narrador*

Isabella estava inquieta no luxuoso quarto na mansão, suas emoções estavam a todo vapor, e ela não conseguia se concentrar em mais nada. Suas mãos suavam frio, e a respiração estava totalmente irregular.

Ela esperava pelo seu pai, que preparava calmamente um drink não muito forte para que os dois pudessem conversar, afinal, qualquer conversa regada a uma boa bebida rendia muito mais.

O homem em seus trajes elegantes, após terminar de preparar o whisky, pegou os copos e se dirigiu a sacada, onde uma impaciente Isabella o aguardava. Ao notar sua aproximação, a morena de olhos chocolates suspirou e tomou de suas mãos um dos copos, ambos se assentaram e por um segundo o silêncio reinou no lugar.

Contudo, não demorou muito para que um deles quebrasse aquela paz, e não quem o fez foi Bella.

—A quanto tempo sabe sobre mim? – Virou-se para o homem ao seu lado.

Ele bebericou um pouco em sua bebida mas não hesitou em responder com sinceridade.

—Soube que estava viva pouco depois que voltamos para Mystic Falls, Klaus em hipótese alguma queria me contar antes do previsto, mas eu acabei descobrindo, e acredite, eu o odiei por ter escondido isso de mim. – Elijah fitou os olhos de sua filha.

Bella assentiu, mas não era só aquilo que a incomodava, ela queria saber tudo, queria preencher os buracos do seu passado, queria conhecer sua história por inteiro, e principalmente, queria conhecer seu pai.

—Acho que você sabe que estou aberta para ouvir tudo, eu preciso te conhecer e preciso que você me conheça, temos um laço que nos une para sempre, e a menos que você queira continuar sendo a figura do pai ausente e desnaturado para mim, sugiro que comece  a me contar tudo do inicio. – Bella falou tranquila e sem qualquer rastro de raiva.

Elijah virou-se completamente para encarar a figura viva de Isabella, no fundo, ele ainda achava que aquilo era um dos seus inúmeros sonhos na qual ele encontra sua filha e sua mãe não a mata na primeira oportunidade.

—Tudo começou em um vilarejo próximo de Nova Orleans, a idade que eu aparento ter agora é a mesma de quatrocentos anos atrás. – Fixou seu olhar para a lua que ali jazia. – Minha família sempre foi muito tradicional e unida, claro que tínhamos nossas desavenças, mas que família não tem?! – Ele riu sem humor – Mas o foco não é esse, meu irmão Niklaus e eu, tínhamos manias, e uma delas era a competição no quesito mulheres, nunca levamos nada a sério, pelo menos não até ela aparecer, Katherina Petrova, ela foi a responsável das maiores brigas entre seu tio e eu, nos apaixonamos por ela, e ela se apaixonou por nós, mas na hora da escolha, eu fui o felizardo. – Ele parecia voltar no tempo a cada palavra que ele entoava.

Isabella ouvia tudo atentamente, e quando ouviu o nome Katherina sentiu seu corpo se arrepiar, como se aquele nome não fosse estranho, como se aquela pessoa não fosse estranha. Porém, ela afastou os pensamentos sórdidos e se concentrou no principal, pensaria naquilo depois quando estivesse sozinha em seu quarto.

—Ela é a minha mãe? – Perguntou o óbvio.

Elijah assentiu com um sorriso triste nos lábios, falar do seu único e verdadeiro amor ainda o abalava de uma forma devastadora.

—Klaus não aceitou muito bem a escolha dela, nos ameaçou e fez o que fez, disse que se ele não a tivesse, ninguém mais a teria, por isso decidimos fugir, esperamos uns meses antes de irmos, Katherina engravidou e não tivemos escolha e fugimos, meu maior medo era minha mãe descobrir sobre você, eu prezava sua vida mais do que tudo. – A tristeza tomou conta de sua voz e dos seus olhos, era de cortar o coração. – Mas nossos esforços não te mantiveram longe das nossas loucuras, assim que você nasceu, minha mãe nos achou, com a ajuda de Niklaus, e bem, o restante você já sabe.

Isabella digeriu aquilo tudo com uma pontada de tristeza, ela teriam tido o final feliz se não fosse por seu tio Klaus que estava cego demais para admitir que tinha perdido seu amor para o seu irmão. Uma raiva súbita cresceu dentro do seu peito e ela tentou a todo custo controlar a mesma.

—Você se tornou um vampiro depois disso?! – Suspirou ainda chocada.

—Sim, minha mãe fez isso a fim de me castigar pela desonra, ela nunca gostou de sua mãe, simplesmente pelo fato de bajular demais o Nik, assim que ela me transformou eu senti como se minha busca por você fosse se tornar um sacrilégio. – Ele pausou. – Acredite, eu acompanhei você, de longe mas acompanhei, mas sua avó descobriu e ameaçou matar você, eu sabia das regras, mas não quis te deixar.

—E quanto a minha mãe?! O que houve com ela? – Bella estava frenética.

Elijah soltou o ar de seus pulmões e respondeu.

—Te perder foi o fim para Katherina, ela bebeu do meu sangue as escondidas e se enforcou no mais tardar, quando eu a vi pendurada pela corda eu me desesperei, mas quando ela acordou eu sabia o que tinha feito, e brigamos muito feio, ela preferiu desligar sua humanidade e fugiu, não tenho mais noticias dela, e isso é frustrante, garanto que sua presença aqui mudaria tudo, se ela a visse, com certeza recuperaria o brilho que minha mãe tirou nos tomando você.

Uma lágrima desceu em seu rosto e Elijah sabia que aquilo era inevitável, mas o que o fez ficar pasmo foi a reação de Isabella, que assim que o viu naquele estado não hesitou em abraça-lo e dizer que tudo ficaria bem.

Pelo menos era isso que ambos queriam e fariam de tudo para que isso ocorresse.