A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 8
Aprendiz - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Kayan encontra suas primeiras dificuldades com seus estudos. E suas interações com outros aprendizes talvez não sejam as melhores.



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Capítulo 007

Aprendiz (Parte 3)

Durante os dois primeiros ciclos de estudos a amizade entre Kayan, Sarah e Mathen apenas aumentou. O Atreius tentava passar a maior parte de seu tempo livre com Sarah, e Mathen geralmente estava com ele. Por estes motivos, os três passaram a ser vistos sempre juntos.

Neste meio tempo, Spaak e, até mesmo, Sakuro apareceram para conversar com o rapaz. Mas, quando isso ocorreu, o garoto estava sozinho. Ambas as conversas foram mais focadas em como ele estava se saindo nos estudos, embora, no caso de Spaak, assuntos triviais também foram tratados.

Ocorreu, também, que certa antipatia começou a aflorar entre Kayan e Viktor. Os dois rapazes não chegaram a conversar, mas não se deram bem, independentemente do fato. Eles dividiam os estudos da disciplina de domínio do ar através da magia, e de defesa contra magia negra, mas isso não dissolvia em nada a inimizade que começava a crescer. E foi durante a primeira aula prática que o Atreius confirmou que realmente nunca se daria bem com o rapaz.

Duas aulas teóricas já haviam se passado e o que ele havia estudado não era muito novidade para ele. Naquela terceira aula, porém, todos os alunos da turma foram conduzidos até o topo da torre dos aprendizes. Chegando lá, o mestre Wilder Kirbby começou a instruí-los em como executar o feitiço mais básico de ar chamado jinn.

Kayan acalmou sua mente e concentrou-se com uma de suas mãos estendidas na frente de seu corpo. Ele tentava fazer com que o ar próximo à sua mão se agitasse de maneira a contorna-la em ciclos. A energia mágica de sua aura fluiu para fora de seu corpo e alcançou o ar, acumulando-o. O vento que se formou contornou um semi circulo enquanto Kayan esforçava-se ainda mais para mantê-lo ali, mas o vento subiu em um turbilhão incontrolável.

Desanimado, o Atreius suspirou enquanto olhava os demais aprendizes treinando. Haviam mais aprendizes com dificuldades, mas a maioria deles estava conseguindo pelo menos o básico.

Quando Kayan olhou para Viktor, percebeu que o garoto não só dominava o feitiço jinn, como conseguia brincar com ele, exibindo-se. Fazia com que o vento passeasse pelo topo da torre, agitando a roupa acinzentada dos demais aprendizes e obrigando as garotas a segurarem suas saias para não levantarem com o vento.

Quando o Smalter percebeu que era observado pelo outro aprendiz, sorriu zombeteiramente para ele com um olhar de visível orgulho e arrogância. O Atreius cerrou o punho com força para conter sua raiva.

Ele voltou a tentar o mesmo exercício novamente, mas o resultado foi exatamente o mesmo. Foi quando o mestre de cabelos brancos e curtos se aproximou para auxilia-lo. Kayan estipulava que ele fosse tão velho quanto Grendolow, mas era muito eficiente em ensinar os aprendizes.

­– Com dificuldades, Kayan?

– Um pouco, mestre – disse, tentando esconder sua decepção consigo mesmo.

– Não desista facilmente, nem todos conseguem dominar todas as esferas na primeira tentativa. Além disso, sei que você será um excelente mago, pois pelo que soube você chegou até mesmo a duelar com meu sobrinho neto, não é?

Só então Kayan associou os sobrenomes e lembrou-se de Allen Kirbby.

– É verdade, então ele era de sua família. Sinto muito por ele ter sido aprisionado e levado para Kallamite, a prisão dos magos.

– Não se preocupe com isso, foi ele próprio quem causou este mal à si mesmo. Além disso, nós nunca fomos muito próximos. Os Kirbby são bem numerosos, mas quase todos são magos abaixo da média. Sou o único aqui em Drugstrein. Meu filho, meu neto e minhas duas netas estão em Shatterae, mas o restante de minha família esta em guildas ou servindo à nobres pela planície de Daran.

O mestre fez uma pequena pausa e Kayan esperou que ele voltasse a falar.

– Agora, vamos nos concentrar a te ensinar o principio do feitiço jinn. Você conhece muito bem a teoria, o seu problema é que você reúne sua aura e a dispersa muito rapidamente, como se fosse um crisis ou um clayn. Para dominar a esfera do ar, você precisa moderar mais sua energia de acordo com que o ar flua quase que naturalmente. Como você se sai com a esfera da água?

– Relativamente bem, mestre Wilder, não tão bem como o fogo ou a terra, mas bem – respondeu o aprendiz.

– Certo, então você já tem uma base por onde começar. Para dominar o ar é um processo bem semelhante, mas você não terá que reunir as partículas de água existentes no ar utilizando sua aura, basta movimentar o próprio ar. Apenas tenha em mente que ele é muito mais instável e requer um controle maior e mais preciso de usa aura. Quando se tem dificuldade com uma esfera, seu aprendizado requer muito mais tentativas e prática, mas todos os magos conseguem aprender todas elas, com exceção da magia branca e magia negra, onde menos da metade dos magos é capaz de executar um ou outro.

– Obrigado pelas dicas, mestre Wilder.

– Para mim é um prazer ensinar, Kayan.

Após estas palavras, o Kirbby deixou o aprendiz praticando sozinho e foi prestar sua assistência para uma garota de cabelos amarelados que também estava tendo dificuldades.

Kayan não desistiu e continuou a praticar. Com os conselhos que recebera de seu mestre ele conseguiu algum progresso no exercício, fazendo com que o ar desse algumas voltas ao redor de sua mão antes de se dispersar. Apesar disso, seu progresso foi lento e desanimador.

Durante as aulas os aprendizes eram livres para se socializarem entre seus exercícios. O Atreius não queria conversar com ninguém naquele momento, mas Viktor não deixaria passar a oportunidade de provoca-lo.

– O que foi, Kayan, não consegue executar um simples jinn?

Apesar da provocação, o rapaz não deixou-se abalar, tentando ignorar os comentários a ele dirigidos. Seu colega de estudo, entretanto, não desistiu.

– E eu que pensei que eletricidade e ar eram as esferas primordiais dos Atreius. Será mesmo que você é filho de Kaatus?

– Os Smalter também tem como esfera primordial o ar não é? – respondeu sagaz. – Mas é um elemento tão fraco que não faço questão de me empenhar muito para aprende-lo. Aposto que você queria ser tão bom quanto eu com fogo ou terra, que é muito mais forte.

O Atreius não tinha certeza de ser melhor que o outro nas esferas por ele citadas, mas sabia que era bom por ter sido o melhor de seu grupo em suas aulas práticas, então decidiu utilizar estes argumentos a seu favor. Um sorriso curvou-lhe o rosto ao perceber que seu "contra-ataque" havia sido eficaz.

– Queria ver se você é bom mesmo como fala. Tente me atingir com suas chamas fracas que eu as mando para longe com um vento tão forte que vai te jogar no chão.

– Posso saber o que de tão interessante vocês conversam, rapazes? – perguntou o mestre, aproximando-se e colocando-se entre ambos.

– Nada de mais, mestre, apenas comparávamos nossas técnicas com a magia.

– Tudo bem, então voltem a praticar.

Estava claro que o mestre havia percebido a hostilidade entre os dois rapazes, mas era uma conduta mais apropriada desfazer a situação de maneira mais sutil e foi o que fez. Os dois rapazes distanciaram-se um do outro, mas não sem antes trocarem olhares nada amistosos.

* * *

Mais tarde, naquele mesmo dia, Kayan deixou o topo da torre um pouco irritado devido ao seu fracasso em dominar o feitiço jinn e seu contato nada amistoso com Viktor.

Descia as escadas até a sala comum onde pretendia descansar um pouco antes da aula teórica de história de Wesmeroth. No último corredor antes das escadas, porém, viu alguém que ajudou a diminuir sua irritação e fez até um pequeno sorriso se formar em seus lábios.

– Oi Sarah, pra onde está indo?

– Olá Kayan, estou indo para o refeitório ver se encontro algo pra comer antes dos meus estudos sobre criaturas.

– Então acho que vou com você.

Eles conseguiram uma cesta com algumas frutas para dividir entre eles e seguiram para um mesa com cadeiras confortáveis. Enquanto comiam, Sarah percebeu que Kayan estava mais quieto que o normal e, preocupada, resolveu perguntar ao amigo o que lhe afligia.

– O que você tem, Kayan? está meio quieto hoje.

O rapaz pensou em tentar disfarçar e dizer que não havia nada de errado, mas depois pensou melhor e descobriu que se pretendia desabafar com alguém teria que ser Sarah ou Mathen.

– É só que... não consegui executar um feito jinn hoje – despejou sua frustração de uma única vez. – Além disso, aquele Viktor Smalter não ajudou nem um pouco.

– O que ele fez? – perguntou Sarah enquanto mordia uma suculenta maçã.

Imitando a garota, o Atreius também apanhou uma maçã da cesta de frutas e mordeu-a com gosto antes de prosseguir com o assunto.

– Aparentemente, a esfera primordial dos Smalter é o ar. Pois bem, ele é bom com o feitiço jinn e muito arrogante também. Digamos que nós trocamos algumas palavras bem desagradáveis.

– Quer dizer que ele ficou te provocando durante a aula.

– Mais ou menos. Ele me olhava de maneira arrogante sempre que conseguia executar um feitiço com perfeição e sempre que eu falhava em conjurar uma porcaria de uma esfera de vento.

A maçã sofreu uma outra mordida antes de Kayan continuar seu relato, uma mordida muito mais violenta do que uma maçã merecia.

– Ele até chegou a dizer que um Atreius deveria ser bom na esfera do ar e da eletricidade e que isso colava-lhe dúvidas de que eu realmente era filho de Kaatus.

– Você não deveria deixar isto lhe abater. Eu também não consegui nada com fogo, terra, ou natureza. Na verdade só fui bem em magias de luz. Patético, não?

Antes que Kayan pudesse responder qualquer coisa, Sarah continuou a falar.

– Mas eu não fui a única que não conseguiu. Em todas as turmas havia cinco ou seis aprendizes que não conseguiam nem o básico. Os mestres falaram que aquilo era normal e tínhamos que praticar para conseguir alguma coisa lá pelo segundo ou terceiro dia de estudo prático da esfera.

– Eu sei, o mestre Wilder também disse o mesmo pra mim, mas mesmo assim não deixa de ser frustrante. Principalmente com aquele Viktor pra me atrapalhar.

Daquela vez foi Sarah quem aproveitou a oportunidade para morder a fruta em sua mão. Uma mordida suave e bem menor que a do Atreius.

– Você não deveria se importar com ele – disse assim que terminou de mastigar e engolir. – Tente ignorá-lo e evitá-lo. Isso não é importante. Tente se concentrar aprender o que o mestre está tentando lhe ensinar e esqueça o irritante Viktor.

– Você tem razão. Vou tentar ignorá-lo daqui para frente e me concentrar no que é importante.

Uma pausa para mais uma mordida e desta vez a maçã não sofreu as represálias da irritação de Kayan.

– E você, o que esta achando dos estudos?

Aquela nova pergunta conduziu a conversa a um outro assunto. E este faria com que os dois chegassem um pouco atrasados em suas respectivas aulas teóricas.


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Notas finais do capítulo

Olá, caro leitor, pretendia portar este capítulo ontem à noite como de costume, mas minha internet me trollou, então atrasou um pouco.

Espero que gostem do capítulo. Leitores fantasmas, se houver algum, apareçam e deem sua opinião, ela é muito importante para o autor.

Críticas, sugestões, comentários? Se gostou deixe um comentário, se gostou mais ainda favorite e deixe uma recomendação. Se não gostou, comente também e aponte onde devo melhorar.

Vejo vocês no próximo capítulo.



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