A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 7
Aprendiz - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Os estudos estão para começar. E as regras da academia de Drugstrein serão reveladas aos aprendizes.



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Capítulo 006

Aprendiz (Parte 2)

Finalmente havia chegado o dia em que os estudos dos aprendizes iriam ter seu início. Kayan e Mathen desceram as escadarias juntos e, quando chegaram no grande salão circular, repararam que o local estava muito diferente do habitual. Todas as poltronas haviam sido removidas, tal como as mesas e tabuleiros de jogos. Em seu lugar haviam longas mesas de madeira e cadeiras confortáveis.

A primeira coisa que Kayan fez ao entrar no recinto foi procurar por rostos conhecidos. Na verdade, ele procurava por um rosto em particular e, assim que o encontrou, rumou diretamente para a segunda fileira de mesas sem sequer consultar o amigo.

­– Oi, Sarah.

– Olá, Kayan. Não te vi mais depois daquele dia.

O rapaz sentou-se na cadeira ao lado da dela e Mathen sentou-se ao seu lado. Kayan estava contente em ter seu nome lembrado pela garota.

– Acho que isso vai mudar agora que os estudos irão começar.

Mal ele respondeu e recebeu uma cotovelada de Mathen, que desejava ser apresentado. Em meio a uma careta disfarçada ele fez o que o amigo desejava.

– Sarah, este é Mathen Muscort, um de meus colegas de quarto. Mathen, está é Sarah Harppon.

O trio, então, começou a coversar sobre coisas do cotidiano enquanto reparavam que o salão tornava-se cada vez mais cheio de aprendizes.

Em frente ao local onde ficava a porta de entrada da torre havia um elevado de madeira de mais de um metro. A plataforma estava envolta em tapeçarias com o brasão de Drugstrein grafado em sua extensão. Não demorou muito para que quatro homens subissem nesta elevação vindos da porta de entrada.

O primeiro a aparecer foi uma pessoa bem velha de longos cabelos brancos e a barba bem aparada. Seus olhos castanhos denotavam grande sabedoria e suas vestimentas eram de um nobre gibão branco e calças da mesma cor. Seu sobretudo negro estendia-se quase até o chão.

Logo após ele entrou um homem na meia idade, com cabelos castanhos volumosos já salpicados de branco. Ele tinha a constituição forte e trajava calças largas e sobretudo marrom. Uma camisa de ceda era sobreposta por um colete de couro negro.

O terceiro que se seguiu foi Sakuro com seus cabelos azuis divididos ao meio, tendo cada metade cobrindo uma lateral de seu rosto. Suas roupas eram todas de lã azul, com exceção das calças e botas que eram de couro numa tonalidade natural do material.

O último deles era o mais alto dos quatro. Seus cabelos eram negros, longos e penteados para trás, porém uma mecha rebelde saltava-se para frente de seu rosto. Os olhos eram pretos como todo Atreius, mas diferente dos de Kayan aqueles eram austeros e frios. Sua indumentária era constituída de calças de couro negro, manto e colete de algodão na mesma cor e uma ombreira prateada em seu ombro esquerdo.

Assim que eles se enfileiraram na frente dos aprendizes, uma forte pressão começou a ser sentida por todos eles. A maioria estava sem compreender o que acontecia e encontravam-se assustados.

– Kayan, o que é isso? Essa pressão está até me dando falta de ar! – perguntou-lhe Sarah, agoniada.

– É a força da aura deles. Ela é muito forte.

Um instante depois toda a pressão sumiu e um murmurinho geral começou a ser ouvido pelo salão, mas ninguém ousava elevar a voz.

– Quem são eles? – quis saber a garota.

– Granmestres, tenho certeza. O de cabelo azulado chama-se Sakuro Cyren e já o conheço. Aquele de cabelos pretos é meu tio, Radamanthys Atreius.

Kayan respondeu com convicção. Ele podia perceber alguns traços seus no último granmestre que entrou. Além disso, chegou a conclusão que um Atreius realmente é facilmente identificável. Sentiu vontade de ir até lá e conversar com seu tio, mas segurou-se porque sabia que não era o momento adequado.

– Você conhece o granmestre Sakuro? – perguntou Mathen, em meio à surpresa.

– Sim, ele era um grande amigo de meu pai e foi ele quem confirmou minha identidade quando cheguei em Drugstrein.

Com base nas informações que acabara de receber, Sarah ligou as coisas com algumas histórias que sua avo havia lhe contado da época em que ela ainda vivia em uma guilda.

– Kayan Atreius – sussurrou para depois elevar a voz ao tom normal novamente. – Espere, você é filho de Kaatus Atreius? O granmestre que se sacrificou para derrubar Zeffirs na Rebelião Negra?

– Sim, sou filho de Kaatus, mas eu não sou ele, sou apenas Kayan.

– Acho que você tem uma história para contar para Sarah, pois ela ainda está sem entender nada – disse Mathen, percebendo a reação de surpresa no rosto da garota.

A conversa seria alongada, mas o mais velho dos granmestre começou a falar e todos no salão se calaram. Kayan teria que contar sua história para Sarah em um outro momento.

– Bem vindos jovens aprendizes. Eu sou Grendolow Maxweel, e estes são Aikos Fixue, Sakuro Cyren e Radamanthys Atreius. Nós somos os atuais granmestres da Ordem de Drugstrein. O que vocês sentiram há pouco foi a pressão de nossas auras. Fazemos isto todos os anos, não para intimidá-los, mas para que vocês entendam que um dia também estivemos no lugar de vocês como aprendizes e, com muito estudo e treinamento, chegamos na posição em que estamos hoje.

Assim que terminou, ele deu espaço para que Aikos falasse.

– Irei explicar-lhes de maneira breve como funciona o sistema de Drugstrein, assim como o das outras ordens. Vocês permanecerão aqui durante um ano, onde aprenderão o básico da magia. Quando os estudos tiverem seu final, vocês prestarão um exame teórico e prático, onde suas capacidades serão testadas. Após isso, serão considerados magos pela nossa sociedade e estarão livres para ingressar em uma guilda ou continuar suas pesquisas sozinhos. A maioria, porém, prefere entrar para a nossa ordem. No entanto, não basta ser um mago para fazer parte de nossa equipe, tem que ser um dos melhores e, por esse motivo, testes serão aplicados para aqueles que desejarem seguir por este caminho.

A seguir, foi a vez de Radamanthys falar. Sua voz era grave e instigava ordem e autoridade.

– As regras de nossa academia são simples e claras. Vocês não devem faltar às aulas a não ser que estejam muito doentes ou por algum outro bom motivo. É terminantemente proibido o uso de feitiços nos corredores ou qualquer outro ambiente fora das salas de aula ou campos de treinamento. Vocês também estão proibidos de sair da área acadêmica sem o acompanhamento de um mago oficial de Drugstrein. Não é permitido duelos nas dependências dessa instituição, mas se houver qualquer desavença entre vocês, poderão duelar no último andar, onde uma arena está preparada para as lições de duelo – a última frase foi dita com um sorriso sádico em seu rosto.

– Gostaria que Radamanthys não instigasse a violência entre os aprendizes todos os anos – Sakuro fez uma pausa enquanto encarava o outro granmestre, que não esboçou reação alguma. – Vocês estão em um número de cento e quarenta e quatro este ano, o que é uma quantidade de aprendizes considerável; nunca tivemos tantos de vocês nos últimos quatorze anos. Para um melhor aproveitamento das aulas, vocês serão divididos em turmas menores, de quinze ou quatorze alunos. Essas turmas serão mutáveis, de forma que vocês possam interagir com todos de maneira semelhante.

O granmestre fez uma pausa e alguns servos do castelo entraram no salão entregando um pequeno rolo de pergaminho para cada um dos aprendizes ali presentes, perguntando seus nomes ao procurar de quem era cada um.

– Estes são os horários individuais de cada aula. Eles são únicos para cada um. Daremos algum tempo para que verifiquem as disciplinas que aprenderão.

– Teremos apenas duas noites livres para cada ciclo de aula. Eles querem nos matar de tanto estudar! – protestou Mathen.

– Mas também teremos um dia de folga a cada seis dias de estudos. Um dia completamente livre será algo bom – afirmou Sarah.

– Vamos ver quais disciplinas estudaremos juntos – sugeriu Kayan.

E, assim como ele sugeriu, eles conferiram seus horários. Cada qual teria três disciplinas com cada um do outro amigo e a defesa contra magia negra era a única disciplina com horário em comum entre os três.

– Espero que tenham achado interessante as disciplinas que estudarão – disse Grendolow. – Lembrem-se que elas são apenas o básico de cada esfera, do controle da aura, das runas, de nossa história e de outras pequenas coisas. Vocês ainda terão muito o que aprender depois destas lições básicas.

Um rapaz de estatura mediana e magro, com os cabelos ruivos e penteados para trás levantou-se de seu lugar. Ele encarava os granmestres com seriedade e respeito, mas esbanjava auto confiança.

– Com licença, granmestres, mas por que não estudaremos Durhan, a esfera da destruição? Teremos todos as outras esferas, menos esta.

Grendolow estava prestes a responder, entretanto, Aikos posou sua mão sobre seu ombro e tomou para si a palavra.

– Viktor Smalter, filho de Joseph Smalter, eu presumo. Seu pai é um grande homem e foi um bom discípulo. Não sei se você sabe, mas formávamos uma boa equipe antes de eu me tornar granmestre e ele fundar a própria guilda. O elemento trevas ou esfera da destruíção, como é chamada, é a mais destrutiva das magias. Além dela ser extremamente difícil de se aprender, é ainda mais difícil de se dominar. Ou seja, se um mago inexperiente tentasse utilizá-la, algo muito ruim poderia acontecer. Isso significa que ela não faz parte do básico de um aprendiz e apenas magos experientes o tentam e muitos sequer consegue algum resultado nesta esfera, tal como o é com a esfera luz.

– Mesmo assim, granmestre Aikos Fixue, acredito que...

– Você, um simples aprendiz, que discutir um sistema de estudo que mestres experientes vêem aprimorando durante séculos? – questionou Radamanthys com sua voz severa. – Creio que deva pensar um pouco mais sobre isto, senhor Smalter.

– Desculpem-me, senhores, então serei obrigado a aprender esta esfera na guilda de meu pai.

Viktor Smalter sentou-se visivelmente contrariado. Um silencio constrangedor se instaurou no local até que Sakuro o quebrou.

– Está na hora de nosso banquete de boas vindas.

Assim que o granmestre proferiu estas palavras, vários criados do castelo começaram a servir a comida. Haviam diversos pratos de carnes vermelhas e de aves. Leitões, faisões e peixes assados foram servidos. Tortas e bolos e para ajudar tudo isso a descer foi servido cerveja, vinho e hidromel. A mesa era farta e todos comiam satisfeitos e ansiosos para os estudos que se iniciariam na manhã seguinte.

Viktor Smalter permaneceu quieto e pouco tocou na comida. Kayan não conhecia o rapaz, mas logo sentiu uma antipatia pelo mesmo. Apesar disto, logo tirou-o da cabeça e aproveitou a farta refeição que lhes era servida, conversando e brincando com seus amigos.

Passado algum tempo, resolveu que era hora de tentar uma aproximação com seu tio Radamanthys. Quando olhou para o alto do palanque onde os granmestres estavam, porém, percebeu que ele fora o único a se retirar do recinto. Não fazia ideia de o por que de ele o ter feito, mas tinha a certeza de que não seria naquele momento que ele finalmente conheceria seu último familiar vivo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam dos quatro granmestre de Drugstrein?

Críticas, sugestões, comentários? Se gostou deixe um comentário, se gostou mais ainda favorite e deixe uma recomendação. Se não gostou, comente também e aponte onde devo melhorar.

Vejo vocês no próximo capítulo.



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