–-Por que diabos estamos levando tudo pra fora de casa?- Koala segurava a mão de Luffy, conduzindo a distraída criança pela estrada de terra para que não se perdesse a dois quarteirões da própria casa.

–-Porque vamos cear no bar da Makino.- Sabo tentava equilibrar os dois bolos desproporcionalmente grandes nos braços enquanto respondia.

Koala encarou o amigo, descrente.

–-Então porque diabos tivemos que decorar a casa inteira e fazer faxina?

Ace deu de ombros.

–-Luffy gosta de montar a arvore.

–-É!

–-E a casa precisava de limpeza.- Dadan completava a resposta.

Koala soltou o ar com força. Não conseguia compreender a lógica daquela família nem se esforçando ao máximo.

–-Além disso...- Sabo tentava olhar para a garota por cima das caixas gigantes-.. Dá pra você conhecer o resto do pessoal todo de uma vez só.

–-Isso foi um pleonasmo.

–-Quê?- Os outros três membros da família não familiarizados com o palavreado da garota faziam uma expressão confusa.

–-“Repetição desnecessária de palavras ao afirmar algo. Muito empregada em poemas para...”- Koala iniciou a explicação decorada do dicionário.

–-Parei de prestar atenção em “palavras”.- Ace interrompia a garota.

–-Parei de prestar atenção em “desnecessária”.- Dadan completava

–-Eu nunca prestei atenção.- Sabo era sincero como sempre.

–-Quê?- E Luffy boiava.

Koala soprou a franja.

–-Esquece. Vocês não passam natal ceiando em família? Que nem nos filmes?

–-Bom, tecnicamente... Estamos indo ceiar em família, mas com os amigos também.- Sabo explicava a situação- E depois, por aqui o dia de ação de graças é mais valorizado que o natal.

–-Ação de Graças? Aquela coisa dos perus decorados com mini chapéus de chef?

–-Estrangeiros não entendem Sabo.- Dadan pegava a caixa de cima das mãos do filho antes que o chão o fizesse- Não adianta tentar explicar.

–-Não entendo mesmo.

–-Ah, vamos logo! Vai gostar de conhecer o prefeito.

_________________________________________________________________________--

Koala seguia para dentro do salão pela porta da frente, acompanhada de Ace e Luffy. Dadan e Sabo se dirigiam aos fundos, com o intuito de deixar as caixas de bolo na cozinha para que fossem servidos mais ao fim da ceia.

–-USSOP!!!!!- Luffy saia em disparada pelo salão a procura do melhor amigo, passando por entre as pernas da garota e quase a levando ao chão, deixando-a sozinha com o recém-conhecido Ace.

–-Garota nova Ace?- Um jovem loiro, com um penteado estranho que lembrava vagamente a crista de um abacaxi, sentado ao lado de um moreno mais velho com um topete digno de inveja a Elvis Presley dirigia a pergunta sem ao menos cumprimentar o amigo.

–-Quem dera fênix.- Parecia normal naquela cidade ter apelidos estranhos e nomes ainda mais esquisitos. Koala mal conseguia distinguir qual era qual.- Marco, Thatch, conheçam Koala, minha cunhada importada.

–-Qu..Quê?

–-Ah, é a australiana do Sabo né? Muito prazer!- O topetudo que a estrangeira identificava com “Thathc” saudava com um aceno enérgico.

–-Ouvimos muito de você yoi!

–- E vocês ainda reclamam que eu tenho sotaque engraçado?

Os três rapazes riram.

–-Não culpe o pobre fênix, ele veio do norte!

–-Então eu vim do sul.

Mais risadas.

–-Gostei de você garota! É espirituosa!- Thatch deu leves tapinhas no ombro da mais nova amiga.

–- Ace, pra onde você arrastou a Koala?- O loiro bronqueava o irmão mais baixo- Eu pedi pra você me esperar na por...

–-Oe! Sabo! Acabamos de conhecer a sua garota!

–-Ah! Já apresentou a coitada pra má influencias?- O recém chegado dava risada, trocando soquinhos com os outros.

–-Má influências?- Koala fazia uma expressão confusa- Porque?

–-Todos os três aqui...- Ele apontou para o trio de amigos- Trabalham no setor de exportação do maior vício mundial.

–-Quê...?- Ela arregalou os olhos, assustada

–-VIDEOGAMES!

E os quatro caíram na gargalhada. Parecia ser uma velha piada entre eles.

–-Os três trabalham na corporação do Shirohige, fabricante de games. Ace é o Beta-tester, Marco o programador e Thatch é a babá dos dois.

–-Supervisor!

–-Dá no mesmo.

–-Se for assim, Koala é a SUA babá.- Ace dava a patada inicial.

–-Ei, mais respeito meu jovem!

–-Eu sou mais velho que você!

–-Mas EU...- Sabo bateu no próprio peito-..ESTOU NA UNIVERSIDADE.

–-Grande diferença! Eu larguei a minha porque quis!

–-Você ia bombar em seis matérias!

–-Ora, parem com essas brigas infentis!- Uma quinta nativa chegava para apartar a briga- Estão assustando a garota!

White Bay apontava para os olhos arregalados de Koala, direcionando o olhar de todos.

–-Na verdade eu...

–-Pobrezinha! Como você aguenta tanta burrice? Eu salvo você!- A mulher de cabelos brancos tomou a menor pelo pulso- Vem conhecer o prefeito.

–-Ei, eu ia apresentar ela pra Makino!- Sabo tentava impedir a dupla feminina.

Marco deu um tapinha amigável no ombro nas costas do amigo.

–-Não adianta cara. Quando Bay decide...

–-Bay faz.- Os outros dois completaram.

–-É o nosso lema no trabalho.

–-Você podia ter ido impedi-la Marco.

–-Eu não! Enfrentar a neta do Oyaji! To fora!

Sabo soprou o cabelo, se jogando na única cadeira livre no balcão.

__________________________________________________________________________--

–- Oh! Sabo-kun! Como vai?- Makino sorria, simpática e tranquila como sempre, ninando o bebê por trás do balcão.

–-Yo Makino. Yo Eiji.- O estudante não se importara em virar o rosto para cumprimenta-los. Fazia meia hora que encarava a amiga a poucos metros de distância, se desviando de leve as vezes para fuzilar a albina com quem Koala conversava.

–- Onde está sua amiga?

–-Foi sequestrada pela Bay.

A dona do bar riu de leve.

–-Eu sei, ela já me apresentou.

–-Quê?- Sabo virou a cabeça em quase 180° graus, se arrependendo ao lembrar que não era uma coruja.- ESSA ERA MINHA FUNÇÃO! Maldita Bay...

–-Hihihi.- A mãe escondeu uma risadinha, soltando uma das mãos do bebê para cobrir a boca- Acho que a essa altura Koala-chan já conhece o salão inteiro.

–-Hunf.- Sabo voltou a encarar a cabeleira castanha curta, longe demais de onde estava (segundo os próprios padrões.).

–-Ela é uma garota adorável.

–-Eu sei disso.

–-Oe, Makino!- Marco chamava a atenção da mulher- Não acha que colocou visco demais na decoração?

O comentário fez a face de Sabo aderir a um tom vermelho que combinava perfeitamente com o clima natalino. E, é claro, ninguém mais entendeu o porque de Ace começar a rir de acordo com o grande retardado que era.

–-Verdade! Não queremos mais incidentes, né Sabo?

O loiro se limitou a sussurrar um ou dois palavrões inventados na hora envolvendo viscos.

Makino deu um sorriso de leve.

–-Ah, na verdade não. Adoro o significado de união que eles tem. E queria atrair casais sabe?

–-Porque?- Sabo não prestava atenção na conversa.- O dia dos namorados é só em fevereiro!

–-Mas tem a promoção de comida de graça pra quem conseguir juntar algum.

O loiro finalmente deixara a ficha cair, se virando rapidamente e a tempo de ver Ace trocar um sorriso cúmplice com Thatch.

Era tarde demais.

–-KOALA!- Thatch usava um tom de voz além do necessário para chamar a moça.

–-Mas que dia...- Sabo não teve tempo de completar a frase antes de ser (gentilmente) chutado pelo irmão na direção da amiga, apenas conseguindo manter o equilíbrio graças ao amparo da mesma.

–-Ensina ele a dançar.

Em resposta, a dona dos olhos azuis piscou o olho direito, seguido por um polegar para cima enquanto arrastava o pobre garoto para a pista de dança.

E enquanto isso, uma garota albina com falsa irritação se dirigia ao outro loiro de plantão.

–-Oe, abacaxi.

–-Que foi Branca de neve?

–-Seu amigo acabou de levar embora a única pessoa sensata que eu tinha pra conversar.

–- Fico feliz por ela.

Os dois travavam uma batalha de olhares como se disputassem a final internacional de “quem pisca primeiro”. E nenhum dos dois estavam disposto a perder.

–-Você vai só ficar lamuriando aí ou..?

–-Não, agora eu vou arrastar VOCÊ comigo.- E, tal qual fizera com a outra garota mais cedo, White Bay era vista puxando pelo pulso Marco a Fênix.

Ace pulou uma cadeira para mais perto de Thatch.

–-Aposto três pratas que o Marco desiste primeiro.

–-Coloco cinco que o Sabo faz a Koala desistir antes.