Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 44
Cavalherismo é meu rabo!


Notas iniciais do capítulo

EEEEEE PESSOAR! Então, sô, eu estava em semana de prôva, sacomé não? Tão fiquei fora uns tempos, mas já vortei. Fiquem transquilos que aqui nóis é mole, mas não é rapadura. -q
Alias, feliz são joãaaaao! Bora pas festas comeeeeerrrrrr
Boa leitura!



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Capitulo 45 — Cavalherismo é meu rabo!

Claire

Quil não ficou muito tempo no controle do avião. Logo acionou o piloto automático e se virou para mim, como se temesse alguma coisa. Eu não estava entendendo a sua reação.

— Claire, você está bem? — ele perguntou com aquele tom preocupado e cuidadoso e eu franzi mais a testa.

Qual era o problema?

— Eu estou ótima Quil, porque você está com essa...

— Claire, você sempre desmaia quando fica em choque? — ele me cortou.

— Que pergunta é essa Quil? Por que está perguntando isso? — Agora eu estava ficando preocupada.

— Eu só estou... — Ele começa a dizer, mas não terminou, deixando a pergunta pendente no ar.

Ele respira fundo, encarando o meu rosto e em alguma coisa em minha testa. Ele se levanta de sua cadeira, ficando bem mais alto do que eu, e tocando com delicadeza um lugar á cima de meus olhos que tinha alguma coisa grudenta.

Seus olhos estavam mais suaves agora, e seu rosto estava sem expressão alguma.

Eu senti meu corpo estremecer quando sua mão fez o contorno do meu rosto e parou do meu queixo. Meu rosto queimava de uma maneira estranha e eu não consegui mais olhar para o seu rosto. Mas Quil pareceu não gostar da minha ideia de encarar os meus sapatos, já que ele puxou meu rosto para cima pelo queixo e eu fui obrigada a olhar em seus olhos.

Ahh, droga. Aquela sensação engraçada de novo? O que esta acontecendo comigo?

Eu não consigo desviar os meus olhos dos dele. Eles estão ficando tão próximos agora, me sinto como se estivesse hipnotizada enquanto eu tento olhar a sua alma por aqueles dois buracos negros. Eu sabia que se sua alma tivesse uma forma, seria de um anjo. Um anjo corajoso e valente. O salvador da pátria.

Como um cavalheiro. O... meu cavalheiro.

Senti meu estomago se contrair fortemente em uma sensação um tanto quanto desconfortável, apesar de muito boa. Eu não consegui segurar o meu arfar. Eu senti o meu hálito bater no rosto de Quil e voltar no meu e somente então eu vi a distancia que estava o meu rosto do dele.

Como nós chegamos naquela posição? Quando foi que nós nos aproximamos tanto? E... O que nós estávamos exatamente fazendo tão próximos assim?

Senti que minhas mãos suavam frio e começavam a tremer.

E apesar de tudo isso, eu não conseguia desviar o meu olhar de Quil. O seu perfume familiar entrando pelo meu nariz e me deixando um tanto ofegante.

Estou começando a enxergar alguma coisa a mais em seu olhar, ou é apenas impressão minha? Era...Ternura? Ou compreensão? Não consegui identificar.

E quando finalmente os olhos dele pararam de perfurar os meus, eles apenas se desviaram um pouco mais para baixo e eu entendi que eles se focalizavam em minha boca. Minha boca que estava levemente aberta e por onde passava o ar com rapidez. Eu estava respirando pesadamente.

O rosto dele, os olhos dele, a boca dele se aproximava de mim e eu estava paralisada demais para pensar o que ele pretendia com aquilo. O que estava acontecendo.

Eu me senti molhando os lábios, como por reflexo ao vê-lo tão junto á mim. Eu estava ficando com calor por dento de minhas roupas.

Sua mão que estava em meu queixo havia caído e deslizou suavemente até o meu pescoço. Eu estremeci ao toque quente de sua mão, que parecia pulsar contra a minha pele.

Ele... Ele... Iria me beijar? Céus! Talvez... Talvez alguma coisa havia mudado entre nós...? Eu não conseguia pensar aonde aquilo começou a ficar tão... Eu acho que vou desmaiar de novo, mas, por favor, não pare.

A boca dele chegando perto da minha o suficiente para eu quase sentir o contato e leves cosquinhas em meu lábio inferior, mas, no ultimo segundo, ele se desviou e pousou um beijo doce em minha bochecha.

Meu ar se extinguiu.

Eu não conseguia respirar, seja pela decepção que eu sentia ou pela vergonha de, por um segundo, pensar que ele gostava de mim daquela forma. Eu fechei os olhos com força e me fiz engolir o bolo em minha garganta, enquanto ele ainda não olhava o meu rosto.

— Eu fiquei tão preocupado com você... — ele sussurrou com a voz rouca em meus cabelos, me fazendo tremer novamente. — Clairezinha.

Clairezinha.

Diminutivo usado por ele quando eu era criança.

Usado muito quando eu desaparecia de sua vista e ele me encontrava me abraçando. E havia um tipo de acordo entre nós daquele tempo: Quando ele usava o diminutivo, eu usava o diminutivo.

Cuilzinho.

Eu respirei fundo tentando espantar a tristeza estranha que se abateu sobre mim ao constatar que ele me considerava uma criança ainda. A tristeza se transformou em magoa e a mesma se transformou em raiva, tudo isso em alguns segundos.

Ele não podia ver? Eu já havia crescido o bastante!

Eu me soltei do seu abraço ressentida e fui me sentar na cadeira do piloto, observando as luzes com tristeza e evitando o seu olhar quando eu quebrasse o nosso acordo. Se ele me consideraria como uma criança, eu agiria como uma criança!

Nada de acordos com você, Cuilzinho! — pensei com raiva.

— Tudo bem Quil. — eu disse rapidamente, sorrindo falsamente — Eu estou bem... Mas esse avião parece não estar.

Eu continuei sem olhar para ele, que continuava parado no mesmo lugar sem dizer uma palavra sobre a minha frase. Eu tentei ignorar aquela reação.

— Nós temos gasolina para chegar até terra firme? — Perguntei tentando arranjar assunto — Lembro que não tínhamos muita. Ah, olhe aqui está. Estamos já quase no final... Talvez tenhamos mais duas horas de voou seguro?

Quil desparalizou e andou lentamente até a minha cadeira, apoiando as costas no painel de botões e olhando para mim, com uma expressão confusa. Ele assentiu duramente, como se estivesse perdido demais em pensamentos para responder aquela pergunta.

— É... Mas... Mas eu acho que é o suficiente para chegarmos... Clairezinha — A voz dele dando ênfase extra em meu nome, como se para me lembrar de nosso acordo.

Eu fingi que não escutei e somente tentei não travar o queixo com muita força.

— E onde você acha que vamos pousar Quil? — respondi com quase raiva na voz quando disse o seu nome, sem responder o acordo.

Ele ficou me encarando sem responder a minha pergunta e eu levantei uma sobrancelha para ele, definitivamente não me reconhecendo. Nunca fui de ter acessos de raiva e aquele estava sendo o pior de toda a minha vida.

Quil pareceu chocado quando viu a minha ação, como se tivesse alguma coisa de errado. E havia, ele estava certo. Eu estava com muita raiva dele!

— Quil? — Ele me perguntou confuso e incomodado — Você está me chamando de Quil?

Eu travei o maxilar com força e eu senti que meus olhos estavam começando a marejar.

— Sim! Por quê? Por acaso trocou de nome? — Eu respondi com a voz embargada e senti raiva por isso. Me levantei abruptamente e sai da cabine pisando duro, indo direto para o banheiro, onde eu ficaria trancada até que o maldito (Desculpe Deus por dizer palavrões) avião pousasse, tentando não fazer barulho enquanto eu chorava escondida.

Jacob

Sete. Esse era o numero de passageiro que havia restado tirando nós. Todos eles estavam bem, sem machucados profundos, somente escoriações e um trauma para o resto de suas vidas.

O avião estava aos cacos. Os passageiros e as uma aeromoça que estava no banheiro o tempo todo, tentaram organizar o máximo possível e remover os cacos de vidros dos copos e pratos para que ninguém se machucasse ainda mais.

Eu havia coberto os corpos da mulher e do homem mortos pela bandeira com um dos cobertores de seda que havia no avião. No carpete do chão, havia manchas principalmente de vinho e comida misturados com sangue, mas a maioria foi limpa com alguns poucos panos.

Todos os passageiros foram movidos para se sentarem na parte da frente do avião para caso de uma saída mais rápida. Seth e Jonathan foram quem comandaram os passageiros que ainda estavam um tanto em pânico e choque a se levantarem e ir sentar nas poltronas da frente, prendendo bem o cinto. A aeromoça continuou sentada em seu acento perto da porta, com o cinto mais apertado do que o normal.

Eu tinha que admitir que Seth e Jonathan trabalhavam bem juntos. Mesmo com os dois se bicando o tempo todo, eles lidavam bem e já haviam terminado tudo em menos de meia hora.

Jonathan agora estava novamente com sua pilha de livros no chão, lendo avidamente, como se cada palavra fosse a comida mais deliciosa do mundo e ele não conseguisse parar de comer.

Já Seth tinha o olhar perdido na janela que mostrava as nuvens brancas e fofas. Ele tinha um pequeno sorriso nos lábios e eu sabia em quem ele estava pensando.

Será que era assim que eu agia quando estava perdido em pensamentos sobre a irmã dele?

Vi Claire sair da cabine correndo e entrar no banheiro sem dizer nada e com a mão cobrindo o rosto. Eu estranhei tão ação e entrei na cabine, onde encontrei um Quil com a expressão chocada, como se tivesse levado uma bofetada na cara.

— O que aconteceu aqui? — Perguntei — Vi Claire saindo parecer estar brava...

— Brava? — Perguntou ele perplexo — Como assim brava?

— Brava oras! — respondeu Jon entrando na cabine ainda sem tirar os olhos do livro — Raiva, rosto vermelho... Brava!

— O que aconteceu? — Perguntei novamente olhando para Quil, que estava se sentando lentamente na poltrona do piloto com uma cara muito confusa.

Seth apareceu do meu lado e olhou para Quil como se entendesse como ele se sentia. Ele deu um leve sorriso e depois olhou para mim.

— Quando ele mesmo descobrir, ele conta, Jake.

Eu não sei dizer quanto tempo Quil ficou parado olhando para o chão e perdido em pensamentos, mas logo ele voltou a pilotar o avião sem tirar sua mascara de confusão.

Seth começou uma conversa amigável com Jon sobre livros conhecidos que de vez em quando eu dava uma palavra enquanto Quil continuava em silencio completo.

Entre uma frase de Jonathan e a outra eu dormi sentado na poltrona do copiloto e só acordei quando Quil deu um grito para Seth, que estava parado em frente a porta..

— SAIA DA MINHA FRENTE! — gritou ele quando eu dei um pulo acordando de uma vez.

O avião começou a inclinar e eu percebi que ninguém o controlava. Pulei para o lugar de Quil puxando o manche e sem saber o que diabos eu estava fazendo.

— Quil, deixe ela lá. — Respondeu Seth enquanto bloqueava o caminho dele com muita calma — Ela só precisa ficar sozinha

— O QUE É ISSO? — Eu gritei tentando controlar o avião e olhar para eles ao mesmo tempo

Quil rosnou alto.

— Você. Saia. Da. Porta. Agora! — ele disse entre dentes — Eu quero saber o que está acontecendo com Claire!

— Quil, pare. O Seth está certo! — Disse Jon tentando apaziguar as coisas — Entrar lá agora só irá piorar as coisas!

— PIORAR AS COISAS? QUE COISAS? — Ele gritou balançando os braços sobre a cabeça — QUE PORRA QUE ESTÁ ACONTECENDO? POR QUE ELA ESTÁ CHORANDO?

Foi somente então que eu ouvi os fungos e soluços baixos vindo do corredor e mais especificamente do banheiro. Eu sabia que nenhum humano era capais de ouvir, mas com nossa audição extra, estava muito fácil de detectar que aquele choro era de Claire.

— Quil? O que aconteceu? — Eu perguntei tentando manter a calma, pilotar esse troço e solucionar o problema ao mesmo tempo.

— Eu não sei! — Ele respondeu parecendo cansado — Nós só estávamos conversando. Eu perguntei se ela estava bem e me descontrolei por um momento quando eu estava mais perto dela, mas não aconteceu nada! E depois... Ela começou me chamar somente de Quil, como se estivesse brava comigo! Eu não consigo entender o que eu fiz!?

— Como assim você se descontrolou? — perguntou Seth franzindo a testa

— Esperai! Antes de qualquer coisa, vem controlar esse negocio aqui, eu não tenho a mínima ideia do que eu to fazendo! — Eu disse e ele bufou me empurrando da cadeira e tomando o meu lugar antes de apertar um botão no meio de muitos.

— Agora responde, o que você quis dizer que se descontrolou? — perguntou novamente Seth, se sentando virado para Quil da cadeira do copiloto.

Quil respirou fundo, olhando para nós por um segundo.

— Bem... Eu quase a beijei, mas foi sem querer! Uma hora eu estava limpando uma gota de sangue que tinha em sua testa e no outro... Quando eu vi eu estava quase a beijando! — Ele passou a mão pelos cabelos e respirou fundo de novo.

Essa frase chamou a atenção de Jonathan, fazendo ele finalmente desgrudar os olhos daquele livro de bruxos que agora era seu novo xodó.

— Esperai, então você não a beijou? — ele perguntou com um olhar um tanto de zombaria.

— Não! É claro que não! Ela ainda é... Ela ainda não pensa em mim desse jeito. Somente quando ela estiver pronta eu poderei... — Ele respondeu rapidamente hesitando em suas respostas — No ultimo segundo eu desviei e beijei a bochecha e ela simpl...

Jon interrompeu Quil com uma gargalhada estrondosa que me fez pular de susto. Seth encarou feio ele.

— Então está aí sua resposta Quil. — Disse Jon entre risos e voltando a ler novamente — Ela ficou brava porque você não a beijou.

Seth olhou para Jonathan balançando a cabeça em reprovação pelo modo que ele falava. Quil ficou parado absorvendo as informações, ainda meio chocado.

Eu comecei a rir um pouco junto com Jon, sem saber o que falar.

Vi que começara a nascer um pequeno sorriso no rosto de Quil, como se ele estivesse descobrindo a melhor coisa do mundo, mas logo se apagou quando Jon continuou.

— Agora será um grande problema beija-la de novo... Mesmo você sendo imprinting e tudo o mais.

— Por que?

— Hã, Quil... Você acabou de rejeita-la — respondeu Seth — Somente pelo choro dela que estamos ouvindo, sabemos que isso a deixou muito magoada.

Ele ficou em silencio absorvendo tudo;

— É cara... Aquela hora não foi das melhores para cavalheirismo — eu disse tentando quebrar o clima.

— Ah! E agora Jake? O que eu vou fazer? — perguntou ele parecendo ligeiramente desesperado.

Mas quando eu e Seth fomos responder e confortar nosso irmão, Jon corta nós três ainda falando enquanto tinha os olhos no livro. Aquilo estava me irritando.

— Eu sugeriria pilotar o avião e pousa-lo logo mais a frente — respondeu Jon — Aquela luz que acho que é do combustível esta piscando já faz uns dez minutos.

— O COMBUSTIVEL ACABOU? — Gritei desesperado praticamente pulando em cima de Quil para ver com os meus próprios olhos o que Jon dizia — Droga! Aonde vamos pousar agora?

— Hmmm... Que tal naqueles campos ali? — perguntou Seth apontando para nossa frente onde no lugar da imensidão de agua salgada haviam aparecido colinas verdes.

Quil escarou boquiaberto o sol que se punha atrás das colinas em uma visão linda antes de ele virar para nós com uma cara séria.

— Mande todos colocarem os cintos. Vamos aprender a pousar um avião.

Espere... O que ele quis dizer com aprender?


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