Daniel narrando

Depois que Maria Joaquina finalmente conseguiu se acalmar, esperei por um tempo até ela se levantar devagar da mesa. Chegando de volta à sala, tive uma ideia:

–Gente, por quê não deixamos o ocorrido de lado e vamos estudar juntos? Eu sei que não estamos em clima pra isso, mas não vamos ficar aqui pra sempre né?- eu disse.

–Eu concordo.- disse Matheus.

–Eu acho uma boa. - concordou Gabriel.

Então, os dois foram para a casa deles pegar o material para estudar enquanto eu fui até em casa buscar o meu material e o de Mário, enquanto ele ficou lá com Paulo e as meninas.

Chegando lá, estávamos tão distraídos com tudo que estudávamos que realmente parecia que nada tinha acontecido, o Matheus e o Gabriel eram ótimas pessoas, conversar com eles era tão divertido, não sei como não falei com eles durante todo esse tempo.

Quando deu seis da tarde, eu e Mário voltamos pra casa enquanto Matheus e Gabriel foram pra casa deles, pois o dia seguinte seria muito puxado, pois era o dia em que a escola mais fica movimentada. Por quê? Porque era uma sexta-feira.

***

No dia seguinte, acordei um pouco mais cedo que o normal porque o dia anterior havia sido um pouco mais agitado que o costume, então, eu dormi mais cedo que de costume e isso me levou à acordar mais cedo, mas não me importei com isso, pois isso fazia a gente se sentir bem disposto e sem preguiça.

Tomei meu café tão tranquilamente que eu nem me preocupei com a hora. Quando chegou a hora de ir para o carro do motorista, eu e Mário saímos juntos e fomos até a escola com os fones de ouvido ouvindo nossas músicas prediletas.

Chego na escola, não consigo avistar Matheus e Gabriel e nem Marcelina e Maria Joaquina, mas Paulo estava sentado em um dos bancos do pátio com Alícia e assim que o sinal tocou, eles se levantaram pra entrar.

Na sala de aula, consegui ver as duas colocando o material da primeira aula na mesa, decidi não atrapalhar e fui para o meu lugar, Matheus me viu e estendeu a mão pra mim e eu apertei, já que me sentava uma cadeira atrás dele enquanto Gabriel se sentava do seu lado e fez com Mário o mesmo que ele fez comigo.

O professor Celso já estava na metade de sua aula quando a diretora chegou:

–Com licença professor, posso interromper por um minuto?- ela pediu.

–Claro. Fique à vontade. - disse o professor com um sorriso e ela agradeceu, se pôs no meio da sala à nossa frente e anunciou:

–Silêncio alunos por favor. Obrigada. Agora tenho um aviso muito importante, a escola será fechada durante um mês para uma reforma de urgência.

– YEAH! UM MÊS DE FERIAS ANTECIPADAS!! - gritou um engraçadinho que fez a sala inteira começar a rir e gritar.

– CALEM-SE JÁ!! - ordenou a diretora autoritária, e mel foi ralo a baixo. – Obrigada. Mas quem disse que não vão estudar? - a sala foi mergulhada em reclamações.

– Qual é diretora, a gente passa um ano sofrendo e quando temos uma chance de escapar, a senhora coloca a gente pra estudar mais? - reclamou outro garoto que eu não conheço.

– Mocinho cale-se. Ou se não vou mandá-lo para a diretoria. - disse irritada e ele não falou mais nada. – Ótimo. Continuando, percebi que essa sala tem muitos alunos com problemas em três matérias em especial: ciências naturais, biologia e educação física. Por isso, eu, os professores e o conselho escolar, resolvemos fazer um acampamento. - anunciou feliz, a sala foi inundada por gritos e burburinhos, que droga. Escandalosos. e a senhora continuou. – Silêncio, serão formadas duplas, e antes que perguntem, sim, podem ser mistas, o acampamento terá duração de um mês ou seja até a escola estar totalmente reformada. Formem as duplas agora e depois peguem suas autorizações com o sr. Celso e estão liberados para arrumar tudo. - a escola é louca em mandar pessoas fazerem duplas mistas?

Bom, Acho que vou com o Matheus, assim podemos dar um pouco de liberdade para o Mário e quem sabe paquerar algumas meninas enquanto zoamos por aí?

Sim, isso é um bom plano. Cheguei perto dele, e o cumprimentei.

– E aí cara. - falei sorrindo.

– E ai! - sorriu também.

– Ei, que tal nós dois irmos para o acampamento?

–Ih cara, não vai dar. Tá vendo aquela mina ali? Já vou com ela.- foi como um soco na cara.

– Qual é?

– Foi mal mesmo.

– Sem problemas.

– Ok. Mas por quê você não aproveita e chama ela?- ele apontou seu olhar para Maria Joaquina. É isso, ela pode ir comigo, mas é preciso primeiro torcer pra ela aceitar.

– Ok.

Bom, isso foi até meio chato e me deixou chateado, mas não posso impedi-lo fazer suas escolhas, e eu também posso fazer as minhas. Andei um pouco mais à frente da sala pra ver se encontrava alguém disponível e sem querer esbarro em alguém, olho pra frente, é Maria Joaquina.

–Desculpa.- eu digo.

–Eu que me desculpo.- disse ela.

–E aí? Vai com quem?- perguntei ao acaso temendo a resposta.

–Ainda com ninguém.- ela ficou cabisbaixa.

–Eu posso ir com você? Também tô sem dupla.- tentei parecer normal.

–Pode ser. - ela sorriu como se fosse a coisa mais natural do mundo, me afastei dela sorrindo, mas com uma alegria enorme no peito, finalmente eu poderei ter a chance de me aproximar da Maria Joaquina outra vez e quem saber reconquistá-la?

Maria Joaquina narrando

Puxa, um acampamento. É até bom pra conhecer novas coisas, mas não sei se vai ser boa ideia porque não vou estar na escola, além disso, vou estar longe dos meus pais, como vou aguentar isso?

Ah, como sou boba, a Marcelina também vai. Sei que nós podemos não ter feito dupla, mas pelo menos a gente ia se ver lá. Depois de decididos todas as duplas, fomos liberados.

–Você vai Maria Joaquina?- perguntou Paulo.

–Sim. Eu vou com o Daniel. E vocês?

–Eu vou com a Alícia.

–E eu vou com o Mário.

–Puxa, que sorte.

Marcelina parecia a mais feliz de estar indo nesse acampamento, ficou o resto do caminho falando sobre como deve ser o lugar, o que vai ter lá. Pelo menos, do ponto de vista dela, parecia legal. Me despedi dos dois e entrei em casa, enquanto almoçava, dei a autorização pra minha mãe assinar. Ela assinou prontamente enquanto eu comia.

–Com quem você vai?- ela perguntou quando acabou de assinar.

–Com o Daniel.- eu falei e ela assentiu sorrindo. mesmo depois de tudo que eu passei por causa dele, ela viu que ele estava arrependido e agora voltou a ser amiga dele.

–Mas, será que antes de tudo, posso te pedir um favor?

–Claro filha.

–Me ajude a arrumar as coisas comigo?- nem precisei fazer beicinho pra ela aceitar.

–Claro filha, ajudo sim. Aliás, recebi uma notícia hoje de manhã e estava esperando você chegar pra lhe contar: me ligaram do trabalho, eu tenho que ir a uma reunião, e vai ser fora do país, vai durar um mês e essa é uma ótima oportunidade, poderemos ficar aqui e também seu pai vai ficar um mês fora da cidade porque terá que fazer um cargo por lá que não deu pra entender direito, essa é uma ótima oportunidade tanto pra você quanto para nós. Entendeu?

–Sim.- assenti, feliz e triste por meus pais terem que ficar longe de mim por um mês.

–Ótimo, termine de comer que eu ajudo você a arrumar tudo tá?

–Tá bem.

Acabei de comer, escovei meus dentes e logo subi para arrumar as coisas porque era sexta-feira e o acampamento começaria na segunda de manhã, eu não podia atrasar, mas antes de ir, queria fazer alguma coisa nesse fim de semana para me despedir de tudo que eu deixaria pra trás com esse acampamento. O que eu poderia fazer? Não sei, mas primeiro vou descansar porque o dia havia sido cansativo.