– Ele te beijou? – Perguntou descrente, sua voz elevada chamando a atenção de algumas pessoas que passavam por perto. Assenti envergonhada. – Você precisa ser mais específica Caitlin Snow. – Felicity sentou no gramado do campus cruzando os tornozelos. – Barry Allen, o certinho Barry Allen, o mesmo que namora Iris sua eterna paixão te beijou, eu preciso de mais...

– Eu entendi... – A interrompi.

– Então que tal começar a dar os benditos detalhes? – Sugeriu. – Do começo.

– Bem... Ele teve a ideia de irmos pegar a comida...

Flashback On

– Você tinha que sugerir que íamos pegar a comida. – Murmurei reclamando. Barry e eu andávamos lado a lado em um passo calmo. Logo que Felicity havia puxado Tommy para seu quarto e eu percebi a carranca de Oliver em resposta puxei o braço de Barry e pedi desculpas a Sara por deixa-la a sós com ele, isso aumentou a carranca de Oliver e fez com que eu saísse o mais rápido o possível da minha própria casa.

– Vamos lá Caity, vai ser divertido. – Não pude deixar de retornar seu sorriso de menino, mas baixei a cabeça quando seus olhos encontram o meu fixamente. Com Barry sempre foi assim, a princípio não nos dava bem, em boa parte por minha culpa, mas aos poucos ele foi arruinando cada muro que eu havia erguido, desde a morte de Ronnie eu não queria me envolver emocionalmente novamente com nenhum outro cara, e sempre agia na defensiva quando um se aproximava, mas Barry... Ele se tornou meu melhor amigo, eu realmente me importava com ele, e foi impossível esse sentimento não seguir um pouco mais além do que deveria, infelizmente havia Iris, e ela não era de todo má, eu era a primeira a admitir que qualquer implicância minha com ela se originavam pelo fato dela namorar Barry. – Caitlin... – Barry me chamou, tirando-me dos meus próprios pensamentos.

– Hum... – O encarei e vi que seu sorriso não estava mais lá, seu semblante estava sério e parecia preocupado com algo. – O que há de errado?

– Eu só estava pensando...- Começou, mas parou, franzi o cenho estranhando sua atitude. – É só que...

– Barry, você sabe que pode me perguntar qualquer coisa... – Tentei deixa-lo confortável. Ele assentiu e ajeitou os ombros.

– Você gosta dele? – Finalmente soltou, passou um bom tempo até que eu assimilasse de quem ele estava falando. Ele encarou meu silêncio atônito como um sim. – Esquece, você não precisa responder. – Falou virando o corpo e voltando a caminhar.

– Pare bem ai Barry Allen. – Exigi.

– O quê?

– Primeiro: Embora não seja da sua conta, eu vejo Tommy como um amigo, querido, mas um amigo. – Respirei fundo tentando não rir, a reação de Tommy não seria muito boa ao escutar isso, seu ego não o deixaria reagir bem. – E segundo... O restaurante é naquela direção. – Apontei a direção oposta a que ele havia tomado. Ele me encarou e voltou parecendo um pouco envergonhado.

– Agi como um idiota não foi?

– Um pouco. – Concordei. Ele, entretanto não seguiu a direção que apontei, parou em minha frente, próximo o suficiente para me deixar nervosa.

– Você está errada Caitlin, eu sou seu amigo, eu me importo com você, me preocupo com você, e isso faz com que seja da minha conta. – Eu ia abrir a boca para protestar, mas ele me interrompeu. – É de Tommy Merlyn que estamos falando, ele e Oliver Queen podem ser pessoas boas, e legais, mas eles mudam de garotas todos os dias, eles não sabem o que significam um relacionamento sério e você se magoaria.

– Então ele não é bom para mim?

– Sim. –Concordou.

– Por que ele não sabe lidar com um relacionamento sério?

– Isso.

– Como você é idiota. - Ele piscou não entendendo. – E quem seria? Você? Que sabe tanto lidar com um relacionamento sério que está aqui comigo, invés de estar com sua namorada perfeita? Pensa que não percebo que nos últimos dias vocês se evitam cada vez mais? Que está se esforçando tanto em apontar os defeitos de um cara que até o momento só se mostrou legal comigo que só me faz pensar nas qualidades dele e nos seus defeitos? – Ele engoliu em seco, eu podia ver que ele não esperava tal reação, e isso me deixou mais chateada, ele não podia esperar que eu ficasse sozinha enquanto ele seguia namorando Iris, ele não poderia ter nós duas, eu não podia continuar sendo sua namorada no quesito emocional. - Não. Não é da sua conta Barry, não lhe diz respeito com quem saio até que você tenha a coragem de se mexer e agir por si mesmo. Estou cansada de te esperar Barry, e por uma vez só, você devia cansar de chegar atrasado. – Foi minha vez de volta-me para o caminho de que virmos – Compre a maldita comida sozinho.

– Caitlin. – Ignorei seu chamado e apressei o passo. – Caitlin espere.

– Eu não sei qual foi à parte de estar cansada de te esperar, que você não entendeu. – Gritei por cima do ombro. Respirei fundo e tentei me acalmar, parei e o encarei, ele se aproximou aos poucos, talvez temendo uma nova explosão. – Eu estou em um péssimo humor Barry, talvez devêssemos conversar outro dia...

– Você não pode querer que eu apenas ignorasse o que você disse. – Negou.

– Esquece o que eu disse. – Pedi em tom duro. – Eu já esqueci.

– Caitlin...

– Por favor, Barry. – Pedi mais suave. – Eu não quero brigar com você. – Eu sabia que não estava sendo justa com ele, que eu havia começado, mas eu não conseguiria lidar com isso agora. Vendo que ele havia assentido a contra gosto voltei a me afastar e dessa vez ele não me impediu.

Flashback off

– Por que você parou? – Felicity me perguntou notando meu silêncio repentino, eu dei de ombros. – Você disse que ele havia te beijado, eu não escutei nenhum beijo.

– Eu não sei se quero continuar. – Confessei. – As coisas estão estranhas, não se beija seu amigo e volta tudo ao normal, não acredite nessas séries em que dizem isso.

– Eu sei. – Suspirou. – E se sei... – Franzi o cenho notando sua resposta, ela me encarou notando meu desconcerto e corou, então eu percebi.

– Vocês se beijaram...

– Eu e o Barry? – Seus olhos se abriram em surpresa. - Nunca, você sabe que bem que chagamos perto, mas não...

– Eu não estou falando de você e Barry Felicity. – A interrompi. – Você e Oliver, vocês se beijaram, a questão é quando, e por que você não me contou?

– Você não pode me exigir isso, se até agora não chegou a parte em que seus lábios colaram ao de Barry. – Retrucou.

– Quando? – A ignorei.

– Três dias atrás. – Confessou em meio a um suspiro. Ri com isso, ela falou como se eu não fosse ligar o faro que três dias atrás havia sido na noite do jantar.

– E como vocês estão?

– Eu prefiro saber em que momento Barry voltou e lhe beijou. – Se endireitou. – Por que ele voltou não é mesmo? – Suspirei assentindo.

– Sim. – Concordei. – Eu estava...

Flashback on

Eu estava enrolada em meus lençóis, não conseguia tirar a conversa com Barry da minha cabeça. No momento em que cheguei em casa estava apenas Tommy e Sara comendo da minha lasanha, Oliver havia saído e Felicity estava trancada no quarto, eu sabia que devia ir até minha amiga e saber o que havia ocorrido de errado, por que eu não sou estúpida Oliver não desgrudaria de Felicity se algo não tivesse acontecido, Tommy havia me dito que Oliver saiu as pressas, não explicou o porquê, e que Felicity estava com enxaqueca, envolta em meus próprios problemas deixei para verificar Lis mais tarde, Sara percebeu que eu não estava bem, primeiro pela a ausência da comida, e segundo pela ausência do próprio Barry, ela tentou chamar Tommy discretamente para irem embora, mas Tommy não conhece muito bem o significado de discreto, e ela teve que ser mais explicita sobre como as garotas precisavam ficar sozinhas, ele aceitou a explicação e partiu com ela, não antes de me surpreender com um abraço, ele beijava meu rosto, minha mão, e as vezes em gesto camaradagem ou flerte passava o braço em cima dos meus ombros, mas ele nunca havia me abraçado, e por um momento absorvendo o calor do seu corpo, e o seu cheiro reconfortante pensei se não seria ótimo se eu me apaixonasse por ele.

Quando foram embora juntos arrumei a cozinha e caminhei para o meu quarto, tomei meu banho, vesti meu pijama e me enrolei nos lençóis, sem deixar de pensar em um segundo sequer no que eu havia dito. Eu sou uma estúpida, tudo que pude fazer foi deixa-lo constrangido e desconfortável perto de mim, eu não queria perder minha amizade com Barry, não queria que ele agisse diferente comigo e por mais que eu não fosse muito amiga de Iris, não conseguia parar de me sentir mal sobre isso. Mexi-me inquieta quando vi a tela do meu celular se iluminar, já sabia de quem seria a mensagem, e por um momento pensei em ignora-la, mas eu curiosa demais para isso.

“Eu preciso falar com você.”

“Eu já disse que não quero falar com você sobre isso mais.” – Enviei e voltei a me deitar, mais uma vez a tela se ascendeu, era de se esperar que ele seria teimoso a esse ponto.

“Você não pode me ignorar, eu estou em frente a sua porta e eu não vou embora.” – Ergui-me ao ler a mensagem e sair da cama em um pulo, com passos rápidos cheguei até a porta da minha sala, quando percebi o que estava fazendo parei com a mão em volta da chave. Peguei me celular e voltei a digitar.

“Volte para casa, eu não vou abrir a porta para você” – Enviei.

“Eu vou ligar para Lis” – Isso era golpe baixo, mas ele conseguiu o que queria, logo eu estava destrancando a porta, ele deu um passo para trás ao notar que eu não estava muito alegra com a chantagem.

– Nossa! – Exclamou.

– O quê?

– Você parece que vai...

– Te bater? Matar? – Sugeri fechando a porta atrás de mim. – Estou tentada a fazer Barry, você já viu que horas são?

– Bem...

– Barry. – O encarei com um pouco mais paciência. – Não acho que essa seja uma boa hora para conversar.

– Eu só queria...- Parou e se aproximou. – Eu não queria que ficasse chateada comigo.

– Eu não estou chateada com você Barry. – Neguei. – Eu estou chateada comigo. – Confessei com um suspiro e sentei nos degraus. Ele imitou meu gesto sentando-se ao meu lado. – Eu cruzei uma linha, e se não bastasse eu enchi você com isso, e eu temo que não sejamos mais os mesmos de antes, e eu não quero que isso aconteça.

– Não vai acontecer. – Prometeu segurando meu ombro. – Eu e você, não é como se pudéssemos nos separar, você sabe disso, eu gosto de você, e me importo com você. – Acrescentou. – Você é minha melhor amiga. – E foi nesse momento em que eu percebi que nunca mudaríamos, que Barry sempre seria da Iris e vice-versa, que nunca teríamos algo além, ele gostava de mim, se importava comigo, e talvez ele me amasse, mas nunca estaria apaixonado por mim.

– Posso te pedir algo? – Fechei os olhos brevemente pensando no que eu iria pedir. Já me arrependia e mesmo assim não iria voltar atrás.

– Claro. – Concordou. – Ele me encarou esperando que eu expressasse em palavras o meu pedido, mas não consegui, estava envergonhada, e por um momento me fez lembrar meus tempos de colegial, o que era ridículo e ainda assim verdadeiro, me aproximei lentamente dele, e apenas quando nossos rostos estavam muito próximos e nossas respirações se mesclavam que ele percebeu o que de fato eu queria, seus olhos demonstravam surpresa e talvez algo mais, havia dúvida e receio, e uma centelha de curiosidade.

– Caitlin? – Um mero sussurro sai de seus lábios, quase inaudível, só escutei devido a nossa proximidade.

– Eu quero que você me beije. – Falei por fim. Tão logo soltei as palavras sua mão envolveu meu queixo eliminando qualquer distância, e nada do que eu havia imaginado havia me preparado para a realidade que era beijar Barry Allen. Barry podia ser carinhoso, delicado e exigente em apenas um beijo, quando seus lábios tomaram posse dos meus foi suave e gentil, e em poucos segundos ultrapassou de doce para picante, quente e intenso, tomou minha respiração e nublou a minha mente, tudo que pude fazer foi corresponder até que gradativamente diminuíssemos a intensidade do beijo, quando nos separámos estávamos ofegantes e incrédulos de realmente havíamos feito isso, ele me encarou atônito, eu me ergui em um salto, e tentei manter a dignidade que ainda me restava após pedir um beijo ao meu melhor amigo. – Obrigada. – Sussurrei. – Agora posso tirar isso da minha mente. – Menti. – Te vejo segunda.

– Mas hoje é terça. – Falou piscando os olhos ainda confuso.

– Até lá então. – Retruquei antes de fechar a porta bruscamente e deixa-lo confuso e um pouco aborrecido do outro lado da porta.

Flashback off

– Hum. – Felicity se levantou e tirou a poeira da parte de trás da sua calça Jeans. Levantei-me e repeti seu gesto – Você diz a Barry de forma indireta que está apaixonada por ele, vocês meio que brigam, ele volta para saber se você estão bem, e de quebra te recoloca na friendzone, você pede um beijo e deixa Barry totalmente abalado do lado de fora...

– É um bom resumo. – Concordei caminhando ao seu lado.

– Como está sua tentativa de evita-lo a todo custo? – Perguntou preocupada.

– Bem. – Respondi. – Considerando que já é sexta e ainda não o vi, acho que ele está me evitando também.

– Estou preocupada Caitlin. – Felicity segurou meu braço impedindo-me de seguir em frente. – Você demorou três dias para me contar isso, você não está bem com o que aconteceu, você ainda está magoada.

– Eu também estou preocupada com você. – Devolvi. – Você também demorou três dias para me contar sobre Oliver, e eu descobri, também não tenho visto Oliver em casa, mas pensei que o que ele tinha precisado resolver era sobre sua família e ele tinha voltado para lá por alguns dias... Ele está aqui não está? – Ela assentiu.

– Ele tem me ligado. – Falou. – Quer conversar sobre o que aconteceu, em teoria eu também quero conversar com ele, eu sinto falta dele, mas na prática...

– Você está complicando tudo. – Falei voltando a caminhar. – Ele não tem namorada, ele claramente gosta de você...

– Ele é um galinha. – Protestou. – Ontem houve uma festa e mais uma vez ele foi o assunto mais falado.

– Bem, você se nega a conversar com ele. – Eu não acreditava que estava defendendo Oliver Queen. – Talvez ele só esteja tentando te tirar da mente.

– Faz todo o sentindo do mundo você tirar alguém da sua mente entrando no corpo de outra. – Retrucou ácida.

– Eu não disse que concordava. – Dei de ombros. – Homens são idiotas.

– Eu não vou comprar isso. – Negou. – Ele pode ser idiota sem está transando com outra garota.

– Você está agindo como a namorada traída. – Ressaltei. – E Felicity, vocês não namoram.

– Por falar em namorada traída. – Ela sussurrou. Segui a direção de seu olhar para encarar Laurel Lance caminhando altivamente pelos corredores, de braços dados com ninguém menos que Oliver Queen. – Tem razão Caitlin ele está sofrendo por mim. – Ironizou. Ela olhou em volta procurando um meio de fugir do encontro que estava fadado a acontecer e se voltou para um mural, mas já era tarde, Oliver já havia visto e havia apressado o passo em direção a Lis, carregando consigo Laurel que se negou a soltar seu braço.

– Felicity. – A chamou embora ela seguisse encarando um mural, franzi o cenho ao notar que ele não estava a cumprimentando da maneira usual. – Precisamos conversar. – Ele seguiu ignorando me causando aborrecimento. – Fe-Li-Ci-Ty. – Falou com pouco menos de paciência, a maneira como ele a chamou fez com que ela desviasse a atenção do mural e tirasse os fones dos ouvidos, minha boca se abriu em surpresa por que eu mesma havia perdido o momento em que ela havia os colocados.

– Sim? – Perguntou como se essa fosse a primeira vez que ele a chamasse.

– Precisamos conversar. – Repetiu, pela a dureza em sua expressão eu duvidava que ainda restasse algum pingo de paciência. – A sós. – Acrescentou. – Eu entendi minha deixa e comecei a me afastar, porém Felicity segurou meu braço me impedindo.

– Não sou eu que tenho alguém pendurada no meu braço. – Retrucou, uma vez que Laurel não havia se afastado e encarava Felicity com desdém. – Olá Laurel. – Sorriu. Ponto para Felicity.

– Espere que não se importe Felicity. – Laurel sorriu, um sorriso falso. – Mas Olie vai me dar uma carona até em casa.

– “Olie” é solteiro e maior de idade. – Deu de ombros. – Eu não poderia me importar menos. – Dois pontos.

– Felicity. – Oliver falou entre dentes e soltou seu braço do aperto possesivo de Laurel e puxou o de Felicity afastando-a de nós.

– Ops. – Sussurrei. – Fomos deixadas para trás.

– Eu ouvi que eles estavam namorando... – Laurel sussurrou. – Mas ela nega. Ela é sua amiga, o que me diz?

– Hum eu te digo que por ela ser minha amiga, que tenho nada a te dizer. – Sorri. – Tenha uma boa tarde Laurel. – Sai deixando-a boquiaberta e não me preocupando com Felicity, ela estava segura com Oliver. Eu entretanto não poderia estar mais encrencada quando me deparei com o olhar acusador de Iris ao virar a esquina do corredor.