– Lis! – Virei-me assustada com o grito feminino, pelo apelido eu já sabia de quem se tratava, tirei os fones de ouvidos e observei Sara se aproximar correndo, como de costume ela atraiu todos os olhares masculinos, alguns olhares de curiosidade, desejo e de inveja.

– Ei. – Sorri quando ela me alcançou, ela retornou o sorriso e me abraçou. – Não me entenda mal, mas por que o abraço? – Perguntei quando me soltou, ela puxou meu braço fazendo com que eu andasse.

– É um abraço de “desculpe por ter te largado bêbada na festa passada”. – Respondeu parecendo constrangida.

– A festa que aconteceu há dois meses – Perguntei franzindo o cenho. – Essa festa?

– Foi há dois meses? – Picou surpresa. - Desculpe. – Fechou os olhos brevemente. – Tivemos o recesso e feriado, e depois estive em um congresso sem falar que eu não te vi nos dias seguintes a festa...

– Tudo bem. – A interrompi. – Só estava te provocando. Não sobre o tempo, por que realmente aconteceu há... Esquece.

– Eu fiquei sabendo que você... – Parou observando as pessoas que nos olhava com curiosidade. – Para onde você estava indo?

– Eu ia comer algo. – Respondi. Minha mente vagando para o que ela ia dizer antes. – Tenho um horário vago.

– Eu vou com você. – Falou rapidamente me puxando. Quando chegamos à cantina pedi um café expresso com uma fatia de bolo, paguei e fui me sentar à mesa que ela havia escolhido.

– O que você ia dizer? – Perguntei sem rodeios. – Você começou algo e não terminou.

– Você está saindo com Olie? – Foi direta. Pisquei surpresa pelo rumo da conversa.

– Não. – Respondi prontamente. Eu ia questionar o porquê de tal pergunta, mas repensei, não era a primeira vez que escutava algo do tipo. Muitos andavam confundindo minha amizade com Oliver em algo mais, eu sempre negava, no começo ele também o fazia, mas passou a dar de ombros e não se importar mais com os rumores. Não era difícil imaginar o porquê de pensarem assim, Oliver saiu de uma festa comigo, que fujo dos padrões das garotas com que ele apenas passa as noites, passamos a ser vistos sempre juntos, ele sempre sentava comigo na cantina, algumas vezes me acompanhava a biblioteca, me fazia companhia até eu chegar a minha sala e chegamos a ir juntos a algumas de suas festas. Ninguém reparava que nessas festas ele ficava com garotas diferentes e que quase sempre íamos embora separados. – Oliver é meu amigo.

– Com benefícios? – Perguntou com malícia.

– Não! – Exclamei arrancando um sorriso de seus lábios. – Como Barry, ele meu amigo. – Seu ar divertido se foi, eu semblante ficou mais sério.

– Eu conheço Olie há muito tempo Lis. – Eu já imaginava o que vinha por ai. – E nesse tempo todo ele nunca, nunca teve uma amiga. – Suspirei. - Ele não consegue separar as coisas, e eu não sei se você irá conseguir também.

– Por quê? Por que ele é incrivelmente bonito? – Perguntei sem refletir no que eu dizia.

– Você não deixaria de notar. – Observou divertida.

–Eu não quis dizer dessa forma.

– Mas sim, sim por que ele é quente, por que você se apega fácil Felciity. – Lembrou-me. – Por que você não resiste ao bad boy.

– Isso é uma mentira. – Protestei.

– Preciso citar Cooper? Ou o que venho antes? Era Paul o nome dele? – Retrucou.

– Ethan. – A corrigi, embora soubesse que isso não estava me ajudando.

– Oh Paul foi um erro meu, desculpe. – Então voltou ao típico. – Mas você me entendeu.

– Oliver não é bad boy. – Neguei. – Ele é doce e gentil, e somos apenas amigos. – Reafirmei.

– Ele está tentando entrar em suas calcinhas. – Falou novamente. – Do que você está falando? Olie definitivamente se enquadra no quesito bad boy. Posso te garantir que todas as mulheres com quem ele já dormiu, o que não foram poucas 97% ele não lembra o nome.

– Nossa Sara, nem Caitlin me deu esse sermão, qual o seu problema com Oliver? – Perguntei surpresa.

– Ele já namorou minha irmã, terminaram tantas vezes que é difícil eu dizer quantas. – Deu de ombros. – Quase sempre por traição, você é minha amiga, eu sei que você se apaixona fácil e lembro como você ficou quando Cooper te traiu, eu não quero que você se magoe, eu amo Olie, como eu disse, eu o conheço há muito tempo, mas em questão de mulheres ele é um idiota.

– Eu aprecio que você se preocupe comigo Sara. – Sorri. – De verdade, mas você não precisa, nós somos apenas amigos, não temos sentimentos românticos um pelo outro. – Ela pareceu analisar minhas palavras e assentiu, dando por fim o assunto.

– Olha se não são minhas duas loiras preferidas! – Ambas erguemos o rosto para encarando o grande sorriso que Tommy exibia.

– Se eu não te conhecesse Merlyn. – Sara o repreendeu embora exibisse um sorriso quando ele se sentou e envolveu seus ombros com um braço.

– Não digas isso, Felicity vai pensar que não passo de um galanteador barato. – Piscou para mim.

– Se eu não te conhecesse Merlyn. – Repeti a frase de Sara fingindo pesar. Ele meneou a cabeça com um sorriso de garoto em seu rosto, então limpou a garganta, parecendo até mesmo tímido, uma coisa que nunca julguei Tommy ser capaz de ser.

– Então... Onde está Caitlin? – Perguntou como se não se importasse com a resposta. Sara abriu a boca, surpresa estampada em seu olhar, eu tinha que admitir que ele estava sendo persistente, todos os sábados ele e Oliver vinham em casa e tomavam o café da manhã conosco, Oliver sempre levava uma sacola com pães e Donuts, Tommy vinha apenas com seu sorriso de menino, e seus olhares carentes para Caitlin que se divertia com suas investidas nada sutil, mas não conseguia o levar a sério.

– Caitlin Snow? – Sara perguntou antes que eu pudesse responder. – Essa Caitlin?

– Sim. – Tommy assentiu franzindo o cenho. – Por quê? – Ela soltou uma risada.

– Você não nenhuma chance com ela. Desista. – Coloquei uma mão no meu queixo observando a interação dos dois.

– Claro que tenho. – Discordou. – Eu sou charmoso, nenhuma mulher nunca reclamou da minha aparência e sei como agradar uma mulher. De várias maneiras.

– Você esqueceu-se de colocar arrogante nessa sua listinha. – Interveio.

– Felicity você acha que sou arrogante? – Tommy me encarou de repente.

– 100%. – Acenei. Sara sorriu vitoriosa, então pareceu notar algo.

– Desde quando vocês se conhecem? – Beliscou a barriga de Tommy. – Eu avisei para ficar longe dela.

– Quando? – Tommy e eu perguntamos ao mesmo tempo.

– Na festa.

– Ah era ela? – Franzi o cenho com sua pergunta. – Desculpe, eu estava bêbado.

– Nós não nos conhecemos na festa. – Neguei, apesar já ter visto tanto Oliver e Tommy pelos corredores antes, é claro que eles nunca antes me notaram.

– Não. – Tommy concordou. – Oliver nos apresentou.

– Oliver não nos apresentou. – Neguei. – Você invadiu minha casa.

– E depois Oliver nos apresentou. – Sorriu. Olhou por cima do meu ombro. – Hum isso não é bom.

– O quê? - Perguntei resistindo à vontade de olhar para trás.

– Não é engraçado Tommy. – Sara reclamou seguindo seu olhar.

– Nyssa se aproximando. – A ignorou me avisando. – Com sorte ela não vai nos ver, ops ela nos viu.

– Eu tenho que ir. – Levantei-me rapidamente. - Preciso checar alguns detalhes com Barry sobre um projeto. – Falei pegando minhas coisas e segurando meu café.

– Felicity! – Sara me repreendeu.

– O quê? – Perguntei. – Ela me dá medo. – Confessei.

– Ela está vindo. – Tommy falou. – Sabe... –Soltou Sara e se ergueu. – Eu acho que Felicity precisa da minha ajuda também.

– Em quê? Fugir? – Sara o provocou. – Você não podem me deixar sozinha.

– Sara ela gosta de você. – Tommy argumentou. – O resto do mundo ela odeia.

– Até onde eu sei, ele está certo. – Concordei.

– Do que Merlyn está certo? – A voz feminina perguntou atrás de mim, gelei por alguns segundos antes de virar com um sorriso forçado.

– Olá Nyssa. – Sara interveio com um sorriso.

– Sara. – Seu olhos tomaram um brilho especial ao falar seu nome.

– Felicity estava falando sobre um projeto dela com seu amigo...

–... Barry. – Completei automaticamente, embora ela estivesse roubando a minha desculpa para ir embora.

– Barry, e eu pedi para ela me mostrar. – Concluiu.

– E o que você tem haver com isso? – Perguntou encarando Tommy.

– Eu? – Perguntou.

– Ele disse que não entenderíamos nada do que ela iria falar. - Sara voltou a intervir, apesar do sorriso eu podia ver que ela queria desesperadamente sair dali. - E ele está certo. E estamos atrasadas Felicity não podemos deixar...

– Barry. – Voltei a lembra-la.

– Barry esperando. – Concluiu puxando o meu braço e o de Tommy Nyssa nos encarou desconfiada. – Tchau Nyssa.

– Foi bom ver você. – Menti.

– Espere. – Exigiu. A encaramos em um misto de expectativa e apreensão. – Você esqueceu seu bolo.

– Obrigada. – Falei. – Você pode comer, eu não estou mais com fome.

– Tem certeza?

– Claro. – Assenti antes de sair. – Eu não gosto disso, me faz lembrar o fundamental. – Falei quando saímos da cantina e andávamos pelo campus. – Eu amava aquele bolo.

– Por que você deu o bolo para ela então? – Tommy riu.

– Já disse me lembra o fundamental. – Retruquei. – Tinha uma garota linha dura que roubava meu lanche, ela me lembra Nyssa. – Virei-me para Sara. – Qual a história de vocês duas afinal?

– Eu estou curioso para ouvir sobre isso. –Tommy sentou no enorme banco de madeira, semelhante aos das praças. Estendeu os braços no encosto, ficando relaxado. – Vamos Sara, abra seu coração para mim. – Sara cruzou os braços meneando a cabeça antes de sentar ao seu lado.

– Você vai ter que me contar depois. - Falei antes de dar um gole no meu já esquecido café. – Eu realmente preciso ir agora, nos vemos mais tarde.

– Felicity. – Tommy gritou meu nome quando eu já me afastava. – Quase me esqueci. Oliver não poderá encontra-la amanhã. – Voltei a me aproximar.

– Ele não tomar café da manhã conosco? – Perguntei confusa. Eu havia me acostuma em ter Oliver por perto, principalmente nos sábados pela manhã, mesmo quando ele vinha com uma ressaca enorme e descontava todo o seu mau humor em mim.

– Ele vai estar em Starling City. – Respondeu. Sara me analisava atentamente, absorvendo mais essa informação. – Você acha estranho se eu for sem ele? - Perguntou soando inseguro, algo tão diferente do Tommy que eu conhecia.

– Claro que não. – Sorri. – Você é bem vindo Tommy, mas você tem que passar na mesma padaria que ele passa.

– Sem problema. – Concordou. – Tchau loirinha. – Segurei meu desejo de repreendê-lo por que sabia que se o fizesse o apelido ficaria.

– A propósito, Caitlin não veio hoje. – O informei. – Ela está doente, acho que está gripada.

– Ahh. – assentiu. – E seria estranho se eu passasse por lá mais tarde para ver como ela está? – Dei de ombros sem realmente responder.

– Está por sua conta Merlyn. – Pisquei. – Te vejo por ai Sara.

– Tchau Lis.

Passei o restante do dia entre aulas e uma reunião rápida com Dr. Wells e uma passada rápida no laboratório ajudando Barry, embora fizéssemos cursos diferentes, sempre tentávamos ajudar um ao outro em nossos projetos, principalmente por que o nosso estágio era interdisciplinar, o que resultava que nos víamos bastante. Quando fui terminamos ele resolveu me acompanhar até em casa, pois queria fazer uma visita a Caitlin, só quando chegamos à esquina da minha rua e vimos Tommy em frente a minha casa que me lembrei de que ele ficou de visita-la, Barry vacilou no passo, parando.

– Eu acho melhor eu passar amanhã. – Falou observando a porta se abrir e Caitlin vestida de pijama abrir espaço para Tommy entrar.

– Por quê? – Perguntei me sentindo mal por não ter me lembrado de antes e ter sugerido que ele aparecesse mais tarde. – Vamos entrar Barry. – Pedi.

– Ela já tem visita, eu não quero atrapalhar. – Deu de ombros. – Amanhã a gente assisti alguma coisa, e comemos pizza... – Então parou franzindo o cenho. – A não ser que seu namorado venha amanhã.

– Oliver não é meu namorado. – Falei cansada de ter que explicar.

– Eu estava falando de Caitlin. – Falou com um sorriso de canto.

– Oh. – Corei. – Mas de qualquer jeito Tommy não é seu namorado. – “ainda”. Pensei. Então me concentrei no que ele havia dito antes. - Desde quando você atrapalha? – Perguntei sem paciência.

– É melhor eu passar amanhã. – Repetiu. – Eu preciso pegar umas coisas em Joe que Iris me pediu. – Eu tinha certeza que isso não passava de uma desculpa. - Até amanhã Felicity.

– Barry... – Comecei tentando persuadi-lo.

– Tchau. – Falou antes de voltar pelo mesmo caminho. Suspirei aborrecida pelo péssimo timing, subis os degraus da minha varanda e já estava encaixando a chave na porta quando o escutei atrás de mim.

– Smoak. – Fechei os olhos brevemente negando-me a me sentir tão eufórica apenas por ter escutado sua voz. E virei-me, um pouco surpresa por encontra-lo hoje. Tommy fez parecer como se ele já tivesse indo embora.

– Queen. – Devolvi. Ele inclinou a cabeça observando-me atentamente, um pequeno sorriso se estendendo em seus lábios.

– Você não achou que eu iria sem me despedir, achou?