Meceno escrita por lui


Capítulo 9
Capitulo 9




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Andaram o dia todo, Ciro parecia muito cansado então Emily encontrou uma caverna para descansarem.

–A noite vai ser fria, melhor fazermos uma fogueira – Emily falou.

–Os robôs não são a pior coisa nessa floresta, faríamos bem não mostrando nossa localização – Will retrucou – Há muita coisa que você deve aprender, como se esquentar, por exemplo, fogo não é a única maneira.

–Como mais?

–Calor humano, não há nada melhor, dormimos abraçados, os animais também podem nos esquentar.

–Não gosto da conversa dele – Ciro rosnou.

–Ciro não gosta da sua ideia.

–O que foi lobinho? Não é hora para desconfianças, não farei mal a Emily, disso você pode ter certeza.

Emily se aproximou de Will com Ciro atrás de orelhas erguidas, ainda desconfiado.

–Me ensine como me esquentar.

–Tecnicamente, sem roupas o efeito é melhor... – Ciro rosnou advertindo – Mas ainda é possível com roupas. Venha cá – Will abraçou Emily e os dois deitaram, a escuridão rodeando-os.

–Devíamos ter trazido roupas mais quentes.

–Não se preocupe, daqui a pouco você vai se sentir mais aquecida. Ciro, Tina, venham ajudar.

A noite avançou e só ficou mais frio. Emily dormiu tremendo. Will nem dormir conseguiu, foi vigiado pelo lobo o tempo todo.

–Não precisa ter medo, eu cuidarei dela, dorme, você esta machucado, precisa descansar. – Will murmurou para o lobo, mas ele só bufou. Entretanto o cansaço o venceu e Ciro dormiu.

Will teve ciúmes do lobo, ele ficou acordado durante a noite toda e quando o dia começou a clarear se levantou para assistir o nascer do sol, o mundo explodindo em luz. Quando o espetáculo acabou deu uma olhada para dentro da caverna e sorriu com a imagem dos três dormindo.

Pegou o arco e foi caçar o café da manhã.

Emily acordou com o cheiro de comida no fogo, a boca salivando de fome.

–Que cheiro delicioso – falou ainda de olhos fechados.

–Estou preparando o nosso café da manhã, temos ovos e ovos. Mas estarão deliciosos assim que eu terminar.

Emily abriu os olhos e se espreguiçou no exato instante que Will quebrava um ovo e voava clara e gema para todo o lado. Emily riu.

–Deixa comigo. – Emily pegou o ovo da mão dele e quebrou delicadamente, colocando em uma casca de arvore que Will tinha pegado para servir de panela. –Viu? Delicadamente.

Já havia uma casca de arvore na fogueira com um ovo todo espalhado.

–Onde estão os animais?

–Foram caçar o café da manha. Essa área é fértil e cheia de animais, terão comida boa e farta.

–Que maravilha.

Quando os animais chegaram Emily e Will já tinham comido os ovos e estavam prontos para partir. Não tinham pertences nenhum, Emily saíra correndo de novo e se esquecera de pegar uma mochila com roupas e cobertores, disso ela se arrependia muito.

Andaram durante toda a manhã com o sol a esquentar suas costas e o vento gelado para refrescar. Ao meio dia pararam mais uma vez e foi a vez de Emily caçar para o almoço, avistou um cervo e preparou seu arco, estava pronta para soltar a corda quando seu poder lhe mostrou que alguém estava atrás dela.

Se virou rapidamente e apontou a flecha para o peito da mulher.

–Quem é você?

–Por favor, preciso de ajuda – A mulher caiu no chão, desmaiada. Emily se aproximou cuidadosamente, e a inspecionou.

A mulher tinha cortes pelo rosto, vestia um manto que lhe cobria todo o corpo e por baixo estava nua, mas o que surpreendeu Emily não foi a magreza da mulher com seus membros finos de fome ou os diversos ferimentos que pareciam graves que cobriam seu corpo, mas sim a barriga dela. A mulher estava gravida.

Emily notou que tinha uma raposa espreitando da mata, assustada.

–Venha cá, não tenha medo, está tudo bem, vou ajudar vocês. – A raposa saiu com o rabo entre as pernas. –Qual é o seu nome?

–Não tenho nome, sou apenas a raposa, o marido de minha dona não a permitia me dar um nome...

–Qual é o nome dela então?

A raposa arregalou os olhos quando percebeu que Emily a tinha entendido.

–Ce... Cecilia. Como consegue me entender?

–É meu poder. Cecilia, uma vez tive uma amiga que se chamava Cecilia, agora me conte raposa, o que aconteceu com vocês?

A raposa lhe contou tudo, o marido de Cecilia tinha outras mulheres, mas nenhum filho, todas as vezes que uma mulher engravidava ele matava a criança assim que ela nascia. Cecilia já havia perdido dois de seus filhos para o marido e quando soube que estava gravida de novo, fugiu, não ia aguentar perder mais uma criança.

Estavam a uma semana vagando pela floresta quando o marido as achou, os cães as caçaram durante um dia e uma noite até que as alcançaram, o homem a ameaçou e exigiu que voltasse para casa, ou a mataria ali.

Então a raposa enfrentou o cão do homem e o matou, durante a agonia do homem, Cecília e a raposa fugiram e têm estado sozinhas desde então, Emily era a primeira pessoa que encontravam.

–Não se preocupe, vou ajuda-las. – Emily levou Cecilia e a raposa para onde Will estava.

–O que é isso? – Will perguntou quando viu a raposa e Emily carregando a mulher gravida

–Encontrei-as enquanto caçava, elas precisam de nossa ajuda! A mulher está gravida.

–Por isso mesmo não podemos cuidar delas, você por acaso sabe fazer um parto? Cuidar de uma criança recém-nascida? Tenho certeza que não. Se estivéssemos no acampamento teríamos mulheres preparadas para cuidar dessa situação...

–Mas não estamos – Emily o interrompeu – Se arrepende de ter saído de seu lar? Achei que me seguiria até o inferno, o que aconteceu? Ela é uma mulher gravida que precisa de ajuda. Não sei fazer um parto, mas posso aprender, não sei cuidar de bebês, mas posso aprender. Nos últimos meses tenho aprendido tudo que me é exigido, e você? Vai aprender, ou vai fugir?

–Está bem, cuidaremos dela, mas não posso garantir a proteção de todo mundo.

–Vou caçar, ela precisa de comida, fique de olho nela. Ciro, comigo.

Emily voltou tarde da noite com três cervos mortos.

–Estava ficando preocupado, você demorou muito.

–Caçar um cervo é fácil, agora três leva tempo. Como está a mulher?

–Ela acordou assustada, mas eu lhe expliquei tudo, ela está na fogueira. Vai lá, deixa que eu limpo a carne.

Emily se aproximou cuidadosamente da mulher, ela encarava as chamas fixamente e agarrava o pelo da raposa com força.

–Você está bem?

A mulher se assustou quando Emily falou e caiu do tronco onde estava sentada

–Desculpa, não queria te assustar, você está bem?

–Vo...Você é a caçadora.

–É, quando você me achou eu estava caçando, você está com fome? – A mulher acenou – Meu amigo está limpando os animais, daqui a pouco teremos carne mais que o suficiente. – A mulher se agarrou no manto.

–Por que estão fazendo isso por mim?

–Você pediu minha ajuda na floresta, sua raposa me explicou a situação e eu a trouxe para cuidar de você. Me diga, tem frio?

–Não, só estou assustada. Você disse que a raposa explicou para você, como?

–Posso falar com os animais, qual é o seu poder?

–Eu curo. – Emily franziu a testa.

–Por que não se cura então?

–Os machucados que meu marido me fez vão ficar, não consigo curá-los.

–Por quê?

–Foram feitos com o chicote de seu mais leal escravo, ele fez algo naquela coisa que torna praticamente impossível de curar, o sague não coagula durante semanas e as cicatrizes ficam para sempre, meu poder não é capaz de curar os ferimentos do chicote.

–Você sofreu muito, está segura agora.

–Não! – Ela se levantou – Nunca estou segura, meu marido me caçara e me machucará tanto que vou implorar para morrer. Foi o que ele fez com a ultima que fugiu.

–Muitas fogem?

–Não, só as mais assustadas e as tolas. Sou as duas por isso estou aqui. – Ela se abraçou – É só que eu não podia perder mais um filho, sempre sonhei em ver as crianças correndo pelo jardim, as meninas brincando no lago com o cabelo brilhando no sol. Casei com dez anos. Quando meu pai me disse que ia me casar, nunca fui tão feliz, até a lua de mel.

–Não precisa me contar se não quiser.

–Eu quero, preciso falar. – Ela respirou fundo e continuou. – Nunca senti tanta dor, ele me machucou de todas as maneiras, tirou tudo de mim, minha família ele matou a todos, proibiu que eu desse um nome ao meu animal e matou todos os meus filhos. Eram garotas, as duas. – Ela chorava enquanto falava. Emily estava sem reação.

–Eu... Eu sinto muito, o que posso fazer para te ajudar?

–Meu bebe nascerá dentro de alguns dias, protejam ele, ou ela, deem um lar bom e calmo, mas não deixem que meu marido descubra que ele nasceu. Só isso que eu peço.

–Estamos em uma busca, não poderemos criar uma criança. – Will chegou com as carnes limpas – Eu sinto muito.

–Por favor – A mulher chorava – Achem um lar para ele.

–Por que você mesma não acha?

–Voltarei para meu marido assim que o bebe nascer.

–Não pode fazer isso – Emily falou – Ele vai mata-la!

–Mas não vai matar meu filho, cuidem dele.

–Nós vamos – Emily prometeu - E se não pudermos, acharemos alguém que possa.

–Obrigada – A mulher sorriu aliviada – Não sabem o quanto isso é importante para mim.

–Eu posso ver. – Emily murmurou.

Esperaram a comida cozinhar, Will se abraçou a Emily, a noite estava começando a esfriar e quando o sol se pusesse, teriam que apagar a fogueira. Ciro se enroscou nos pés de Emily e dormiu.

–Sabe que não podemos cuidar da criança.

–Acharemos uma casa para ela, com uma família boa, deve ter muitos camponeses por perto.

–Não se apegue ao bebê, não ficaremos com ele!

–Não se preocupe – Emily sorriu e se enroscou ainda mais em Will, mas se lembrou de um detalhe.

–Cecilia, você disse que seu poder era curar, não?

–Sim, porque?

–Ciro está um pouco machucado, será que você poderia ajuda-lo?

–Claro – Ela sorriu feliz em poder fazer algo.

Cecilia se aproximou do lobo com todo o cuidado, falando palavras tranquilizadoras. Ela pos as mãos no machucado e surgiu uma luz branca onde ela tocava. Quando o brilho acabou Emily viu que Ciro estava completamente curado e até mais forte.

Ele lambeu o rosto de Cecilia como agradecimento.


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