Meceno escrita por lui


Capítulo 10
Capitulo 10




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Cecília pouco reclamava, andava o dia todo, ajudava a fazer a comida, e acabava dormindo sozinha num canto, sempre agarrada a raposa e ao manto. Emily sabia que ela estava mais aquecida com o manto do que Emily e Will estavam.

Uma vez Emily perguntou porque estava vestida só com o manto, Cecilia respondeu que era a ultima coisa que restara de sua família, o pai lhe dera de presente de casamento. Quando fugiu havia levado mais roupas, mas quando o marido a encontrou, lhe deixou nua no chão, quando fugiu de novo só pensou em pegar o manto.

Emily podia entender, dormira com o casaco do pai durante meses depois que ele foi para guerra e ela começou a sonhar que ele morria bombardeado.

–Estamos a dois dias de viagem da cidade – Will avisou. – Quando chegarmos lá poderemos arrumar um medico para você.

–Não preciso de um medico, já fiz dois partos, sei fazer um terceiro.

–Nenhum de nós dois sabe fazer um parto, não poderíamos ajuda-la. – Emily falou.

–Acha mesmo que meu marido deixava alguém me ajudar no parto? Só preciso de raposa ao meu lado, ela sabe o que fazer e quando.

–Mesmo assim acho melhor procurar um medico para ver se está tudo bem com você e o bebe, não queremos que nada de ruim aconteça. – Emily insistiu mais um pouco.

–Não se preocupem. Além do mais, não acho que farei o parto na cidade.

Emily sentiu um arrepio, mas devia ser apenas o vento gelado que vinha das cordilheiras. Estavam andando ao lado da Cordilheira Fantasma como Will havia explicado, no topo era tão alto que diziam que podia ver o Urso.

O Urso era uma ilha famosa pelos seus jardins e joias preciosas que eram facilmente encontradas, além disso seu formato realmente se parecia com um urso.

Durante as caminhadas Emily pensou ouvir pessoas rindo, mas ignorou, devia ser o sol que a estava deixando louca, quando comentou com Will, ele riu e perguntou porque ela achava que chamavam aquela cordilheira de Cordilheira Fantasma. Depois dessa informação Emily não conseguiu mais dormir durante a noite e durante as caminhadas ela estava sempre pronta para correr para longe das montanhas.

No terceiro dia os animais já começavam a ficar mais raros, poucos riachos para beber agua e poucas árvores para se esconder. O sol era escaldante durante o dia e a noite era de congelar os ossos.

Eles pararam ao meio dia, Will já havia tirado a blusa e Emily desejou ser homem para poder fazer o mesmo. Ciro foi caçar, mas não encontrou nada, Emily estava começando a se preocupar, se não comessem, não iriam conseguir seguir muito adiante.

–Hoje o almoço vai ser reduzido, comeremos as sobras das carnes. Na cidade pegaremos um pouco mais de comida, amanha já devemos chegar e então descansaremos.

Depois de comerem, continuaram com a marcha, mas Emily reparou que Cecilia estava nervosa.

–Você está bem Cecilia?

–Estou com um pressentimento ruim... Mas não se preocupe, vamos seguir adiante.

–Como está o bebe?

–Inquieto hoje, não para de chutar – Ela sorriu.

–Vai ser jogador de futebol? – Emily fez a piadinha ridícula que alguém sempre tem que fazer.

–Jogador de que?

–Fute... Nada não – Emily esqueceu que não estava em seu mundo, as coisas eram diferentes por aqui. Futebol não existia.

Os três já estavam suando, cansados e até com um pouco de fome quando Emily sentiu que dez pessoas montadas em cavalos iam em direção ao grupo dos três. Emily tirou uma flecha do arco e gritou.

–Parados, quem são vocês? – Cecilia se desesperou.

–Não queremos confusão, nosso senhor nos mandou para levar para casa a mulher dele e seu futuro filho. – Tarde demais Emily percebeu que estavam atrás de Cecilia.

Raposa mostrou os dentes e Ciro a imitou. Os cavalos ficaram inquietos e empinaram, mas os homens montados conseguiram controlar. Emily percebeu que os cavalos eram os animais dos homens, ela ficou curiosa sobre isso.

–Desculpe senhores, mas essa mulher está sobre a nossa proteção.

–Foi nos permitido o uso da força se não cooperarem.

–Emily, Cecilia está com problemas – Emily se virou quando Ciro a chamou e viu Cecilia pálida, a mão na barriga e a roupa molhada.

Emily já tinha assistido filmes e lido a respeito de gravidez e por isso soube, o bebe ia nascer.

–Então lamento senhores, mas vocês terão que usar a força – Emily puxou ainda mais a corda do arco, mirando na cabeça do que parecia ser o chefe do grupo. Sua mão tremia um pouco e ela rezava para que ninguém percebesse. – Ciro, leve Cecilia para um lugar seguro e proteja-a.

Ciro rosnou para mostrar que ouviu, enquanto isso Will se postava ao seu lado com espada na mão.

–Você é uma pessoa com um bom coração, sabia disso?

–Estou fazendo o que é certo. – Então atirou. A flecha atingiu bem no meio da cabeça do homem, este caiu no chão enquanto o cavalo relinchava e se contorcia, até morrer. Os outro cavalos deram um passo para trás assustados, os homens montados também pareciam abalados, mas se mantiveram firmes.

Outro homem tomou à frente.

–Todos em posição, preparar... – Outra flecha de Emily acertou a cabeça do homem e este caiu igual ao primeiro. Dessa vez três fugiram.

–Posso fazer isso o dia todo – Emily gritou, a raiva estampada na voz. – Quem vai ser o próximo?

Nenhum deles parecia ansioso para ser o novo líder. Emily se aproveitou disso.

–Deixarei que saiam daqui, fujam igual a seus companheiros e prometo não atirar.

–Somos leais, não aceitaremos ordens de uma garotinha.

Emily atirou no homem que falou, ele era alto com o cabelo escuro, tinha músculos bem definidos por todo o corpo. Dessa vez a flecha se partiu no meio do caminho.

Emily deu um passo atrás com a surpresa. O homem se aproveitou disso e gritou:

–Ataquem, matem todos, mas tragam a mulher de nosso senhor viva, somente ela.

Então os cavalos avançaram, Emily matou dois antes que eles a alcançarem. Então desembaiou a espada e a usou. Ela sempre foi horrível com combate corpo a corpo e os homens estavam montados em cavalos o que lhes dava uma vantagem.

Tina veio em seu socorro.

–O que está fazendo com uma espada? Use seu arco.

Emily largou a espada e voltou para o arco, ela atirava o mais rápido que conseguia, mas não conseguia ser tão precisa.

O homem musculoso que mandou atacar se aproximou de Emily sorrateiramente, a espada em punho pronta para matar. Mas Emily o sentiu antes que tivesse a chance de golpeá-la, ela se virou e espetou a flecha na barriga do homem, sangue respingou em Emily e ela se sentiu enjoada.

Quando os homens viram que seu líder havia morrido, os sobrevivente fugiram, só dois haviam sobrado, mas Will, Tina, Emily, Ciro, Cecilia e a raposa estavam vivos.

Emily se agachou e vomitou, era sua primeira batalha e por mais que Andrew e Will a preparassem para esse momento, ela se sentia enjoada e agora com um pouco de culpa por matar todas aquelas pessoas.

Will ficou ao seu lado, ele tinha um corte na testa que sangrava, mas não parecia profundo.

–Você está bem?

Emily quase respondeu com grosseria, quando as pessoas vomitam, elas por acaso estão bem? Mas Emily segurou a língua,

–Não, não estou bem. Mas já estou melhor. – Emily se levantou, estava meio zonza, mas Will a apoiou. – Temos que ir até Cecilia e Ciro.

Emily os levou até uma caverna de pedras que pareciam caídas de um desmoronamento. Ciro estava na porta.

–Como ela está? – Como resposta Cecilia gritou de dentro da caverna.

–Ela não para de gritar, mas raposa não quer que eu entre para ajudar. – Ciro se encolheu com o grito.

–Talvez eu possa ajudar – Emily falou já entrando na caverna, mas raposa apareceu.

–Fora – Ela disse mostrando os dentes. Emily não discutiu.

Os quatro ficaram do lado de fora da caverna ouvindo os gritos cada vez piores de Cecilia. Pareceu passar duas horas quando raposa se arrastou para fora, ela parecia sentir muita dor.

–Emily, Cecilia está te chamando. – Emily entrou correndo e viu Cecilia encostada em uma pedra segurando um embrulho, o chão parecia alagado de sangue.

–Você está bem?

–Isso não importa, o importante é que meu bebe está vivo, lembre-se de sua promessa, encontre um lar para minha menininha. – Cecilia tossiu e saiu sangue de sua boca.

–Cecilia, você precisa de um medico! – Emily falou alarmada.

–Sangrei muito hoje, medico nenhum poderá me salvar. Morrerei em paz Emily, tudo por causa de você. – Ela sorriu, um sorriso vermelho. Ela olhou para a criança e Emily viu uma paz nos olhos de Cecilia que ela nunca antes tinha visto, ela beijou a cabeça da criança e fechou os olhos para sempre.

Emily se ajoelhou e chorou, ela nunca vira amor tão grande. Ciro, Will e Tina entraram correndo. Will a abraçou.

–A raposa morreu lá fora, entramos correndo para ver o que tinha acontecido. – Will falou.

–Ela teve o bebe, é uma menina – Emily falou com os olhos embaçados por causa das lagrimas. – Temos que leva-la conosco, eu prometi.

–Eu sei, vamos arrumar um lar para essa criança. – Emily sorriu para ele, agradecida.

Will tirou o bebe do colo de Cecilia, que começou a chorar como que pedindo a mãe de volta. Will entregou à Emily a criança.

–Não chore, sua mãe morreu de amor por você, e agora encontraremos um lar para você, com pessoas que te amarão tanto quanto sua mãe te amou. – Emily sussurrou, a criança não parou de chorar, mas quanto a isso Emily não podia fazer nada por enquanto.


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