Quando Emily, Ceci e Ciro saíram do banheiro já era noite e a festa já tinha começado. Ceci ia em um vestido verde que batia no joelho com decote de coração e uma mascara de plumas brancas para combinar com salto que usava, Emily estava com um vestido preto com decote em V e um cinto laranja em baixo dos seios para combinar com a mascara preta com lindos detalhes laranjas com um brilhante na testa e com botas pretas de cano longo. Ciro estava com o pelo longo escovado e limpo.

Emily chegou a achar que mais ninguém ia de mascara, mas ao chegar no centro era praticamente impossível reconhecer alguém. Ceci sumiu tão rápido no meio da multidão que Emily só percebeu quando não havia sinal dela em lugar algum.

–Ciro, acho que foi uma péssima ideia vir a essa festa.

–Não acredito que você me fez passar por aquela tortura a toa, agora eu é que não vou deixar você sair dessa festa!

Emily dava passos para traz. Mas parou ao sentir que Ceci estava a caminho da cabana com um garoto.

–Droga, tarde demais...

–Vamos medrosa, você esta linda, encontre Andrew.

–É tem razão, vai ser melhor. – Ela tentou encontrar Andrew, mas ele não estava em lugar algum que pudesse sentir. – Um... Não o encontro.

–Vamos dar um passeio, talvez você o encontre.

Emily entrou no meio da multidão, os olhos negros vasculhando o rosto de todos, a procura dos traços familiares de Andrew, mas ele não estava em lugar algum que ela pudesse ver. Ela sentia um cheiro de álcool tão forte que chegava a ficar enjoada.

Alguém pegou em seu braço com força e a virou. O rapaz vestia uma calça jeans e uma blusa branca que estava manchada, a máscara era preta e simples.

–E ai gata, cê tá muito gata.

–Um... Obrigada, mas eu tenho que encontrar um amigo meu.

–Esse seu amigo pode esperar – Ele apertou o braço dela com mais força – Agora você é só minha.

Emily ouviu Ciro rosnar, mas um leão pulou em cima dele e o segurou no chão.

–Olha aqui, mande seu leão soltar meu lobo ou então você vai sofrer as consequências!

–Se a consequência for me dar um beijo, eu aceito de bom grado. – Ele fechou os olhos e fez um biquinho e foi se aproximando.

Emily enfiou o salto agulha da bota no meio do pé do rapaz. Ele abriu os olhos assustado e a empurrou. Emily caiu no chão enquanto Ciro se livrava do leão e ficava em posição de ataque. O Rapaz se recompôs e se aproximou, a raiva estampada em seus olhos.

Emily se levantou o mais rápido possível e correu para Ciro, montou nele e quando estavam prestes a fugir o rapaz agarrou o braço de Emily. Ela pegou um pedaço de madeira que estava em cima de uma mesa e se virou pronta para acertar a cara do rapaz, mas ele não estava mais lá.

Quando olhou para cima Will segurava o rapaz, que se contorcia, pelo pescoço.

–Sabe não foi nada legal da sua parte atacar a garota. Que tal uma voltinha? –Will subiu tão alto que mal era possível vê-lo.

–Me... Me solta! – Pedia o rapaz.

–Se esse é o seu desejo – Will soltou o rapaz ainda no alto. Só o grito dele era ouvido lá em cima, mas Will também ouviu o grito de Emily.

–Will não!

Ele se arrependeu na hora e desceu para aparar a queda. Mas não o pousou confortavelmente no chão, o rapaz continuou estendido no chão como se estivesse morto, mas era visível sua respiração.

–Vamos sair daqui. – Will não precisou falar duas vezes e Ciro o seguiu com Emily montada.

Ele voou para longe, além dos limites do acampamento, o mais afastado da festa. Um lugar que Will sabia que Emily ia gostar.

–Para onde você esta me levando? – Emily perguntou.

–Já estamos chegando, acho que você vai gostar. – Eles passaram por um conjunto de árvores e chegaram ao rio. Emily desceu de Ciro olhando para cima maravilhada.

A lua cheia era um holofote no céu negro com milhões, talvez, trilhões de estrelas, cada uma brilhando mais que a outra.

Passou um vento brincando com os cabelos de Emily, rodando seu vestido. Para Will ela era a garota mais linda que ele já tinha visto. O jeito que olhava para o céu, admirada e feliz, ele nunca tinha visto uma expressão tão pura.

Ela olhou para ele sorrindo, mas inclinou a cabeça curiosa sobre o olhar dele. Ela estava muito fofa desse jeito.

–O que foi?

–Você parece uma filha da lua – Ele soltou involuntariamente.

–O que é uma filha da lua? O Dan da sua barraca me disse a mesma coisa.

–Como sabe que ele é da minha barraca. – Will ficou com um pouco de ciúmes, ela era a filha da lua dele!

–Lembro que Andrew perguntou de você quando me apresentou a ele.

–Ah, as filhas da lua são garotas escolhidas e protegidas pela lua, diz à lenda que essas meninas perderam os pais de forma horrível e que a lua se apiedou delas e as guiou para um lar no meio da floresta junto com suas outras filhas. Reza a lenda que elas têm o brilho das estrelas e a beleza da natureza.

–E por que eu me pareço com elas?

Will não ia admitir que quando uma garota era linda, a chamavam de filha da lua.

–As filhas da lua têm um lobo como animal e você parecia uma delas admirando o céu agora.

–Bem, sou apaixonada pelo céu, ele meio que me deixa embriagada, é tão lindo com as estrelas, ainda mais quando tem estrelas cadentes.

–Já viu alguma?

–Muitas, antes de começar a guerra eu ficava horas no meu quarto olhando para o céu. Em uma viajem que eu fiz, era proibido ter luzes nas praias e o céu era lindo, para mim era o mais estrelado que eu já tinha visto, até agora...

–E caíram muitas estrelas?

–Todo dia era no mínimo uma – Emily sorriu com a lembrança. – Você gostaria de conhecer as filhas da lua?

–Tá brincando né? É o sonho de todo mundo! Ao menos de todos os homens... – Ele deu um sorriso culpado.

–Acho que posso encontrá-las!

–É claro que pode, você me encontrou e vai achar todos os outros escolhidos.

–Fico feliz de saber que você confia em mim. - Ela sorriu.

Will segurou a mão dela, e olhou em seus olhos tão escuros quanto o infinito. Foi como se tudo deixasse de existir, eram apenas os dois com o barulho do rio como musica de fundo.

–Seguirei você até o inferno se decidir ir até lá, só que já vi o Andrew interpretar sinais, sonhos e se decepcionar. Não quero que o mesmo aconteça com você.

Emily olhou para os céus em busca de respostas e passou uma estrela cadente. Seu sorriso era imenso.

–Não se preocupe, as estrelas e a lua vão nos proteger.

Will sorriu também. Os dois sentaram na base do tronco de uma árvore e ficaram olhando o céu.