Meceno escrita por lui


Capítulo 4
Capítulo 4




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Meceno era muito mais do que ela imaginava, o cheiro de grama molhada era muito bom, os pássaros brincavam nas arvores e mais na frente tinha um riacho com águas transparentes.

Andrew passava a mão, distraído, em um tigre.

–Emily, quero te apresentar uma grande amiga, essa é Meg.

–Andrew falou muito de você, é um prazer te conhecer.

–Igualmente – Ela respondeu seca.

–Meg, ela tem o poder de entender os animais – Meg olhou curiosa para Emily.

–É estranho a garota do lobo poder entender os animais. Deveria estar ligada a um papagaio ou algum animal inteligente, mas lobos? Por favor.

–O que quer dizer com isso frescurenta? – Ciro respondeu arreganhando os dentes.

–Você é burro, mas não tão burro para deixar de entender.

Ciro se preparou para atacar, Meg o imitou.

–Ei, por favor, acabamos de chegar, não quero uma briga, muito menos para me machucar ainda mais. Podem no mínimo ignorar um ao outro?

–Se esse lobo ficar mais perto de mim ou do Andrew vai acabar morto, não me importo se tiver que te machucar também!

–Certo, podemos discutir isso mais tarde... Ciro?

Por um momento ela achou que ele fosse dizer não.

–Esta bem, por você.

–Obrigada – Ela sorriu – Agora seria ótimo se vocês nos mostrassem aquele acampamento, meu pé esta doendo muito e mal consigo me movimentar que meu corpo todo dói, e Andrew precisa de outro curativo na cabeça.

–Se seu lobo aguentar corram atrás de mim e lhe mostrarei o caminho.

–O que ouve com o seu pé? – Andrew parecia muito preocupado.

–Um, não é nada, já estava doendo quando saí do abrigo... – Ela mentiu.

–Emily, você esta mentindo!

–Não, não estou – Uma de suas características é que ela ia até o fim com uma mentira.

–Emily, meu poder é saber quando uma pessoa esta mentindo!

–Ah – Ela corou – Bem, nesse caso, tropecei no asfalto quando os soldados nos alcançaram...

–Olha, me desculpa, eu devia ter ouvido você, sair nesse ataque foi pedir para morrer, você esta toda machucada. – Ele parecia muito arrependido, se aproximou e passou a mão no rosto dela, perto de um corte.

–Estou bem, não precisa se preocupar comigo, você está mais machucado do que eu.

–Eu sinto muito, não consegui te proteger e eu lhe fiz uma promessa.

–Andrew, pare com isso, você fez o melhor que pode. Você já estava machucado, agora vamos para o acampamento, você esta perdendo sangue demais!

–Certo, vamos Meg, mas eu vou arranjar um jeito de te recompensar.

Eles correram durante uma hora aproximadamente, quando chegaram a bunda de Emily doía, os braços doíam, os pés doíam, tudo doía...

No acampamento haviam crianças assustadas agarradas em seus animais, mulheres com cestas de roupas lavadas, homens lutando com seus filhos pequenos. Mas todos pararam o que estavam fazendo para ajudar Emily e Andrew. Os levaram para uma cabana de madeira bem no centro do acampamento que deveria ser a enfermaria.

Uma garota foi atende-los, o cabelo ruivo dela era cortado no estilo Chanel, os olhos tinham olheiras profundas de noites não dormidas, ela era meio gordinha e pequena. Ela não tinha visto Emily.

–Andrew, eu não lhe disse para não ir atrás do herdeiro olhe como você ficou. E adiantou alguma coisa? Ainda estamos em guerra!

–Acho que essa guerra logo acabará Valentina, se tudo der certo... – Os olhos dele brilharam na direção de Emily. Valentina finalmente a viu.

–Ó, quem é ela?

–Uma velha amiga, nós nos encontramos em Brasília, ela vai me ajudar a encontrar as pessoas da profecia.

–Você não desistiu dessa historia? Vai acabar morrendo, vocês dois.

–Apenas faça o seu trabalho, essa decisão é nossa.

Ela curou Andrew usando apenas uma pasta amarela e por incrível que pareça os ferimentos se fecharam completamente em questão de segundos. Valeria se virou para Emily e Andrew saiu da cabana.

–Olha, vou passar essa pasta em você, ela pode curar praticamente tudo, é feita de uma flor rara que só floresce nas montanhas ao por do sol e morre ao nascer dele.

Emily observou enquanto Valéria passava no seu pé, a pomada esquentava a pele. Valeria passou no braço, em alguns cortes no rosto e aonde a costela quebrada ficava que se curaram em questões de segundos iguais aos ferimentos de Andrew.

–Pode ir, mas se quer um conselho, não vá com Andrew, você pode se machucar ainda mais, não permita que ele envolva mais pessoas inocentes.

–Mas eu acredito que ele esteja certo, acho que podemos achar o herdeiro.

–Ele acredita nisso desde que ouviu a profecia, sonha em encontrar os prometidos e lutar ao lado deles, mas pessoalmente, eu acho que é loucura...

–Loucura ou não, é a única chance que temos de salvar Meceno.

Andrew a esperava do lado de fora da cabana junto com Meg e Ciro. Meg não parecia confiar em Ciro o suficiente para deixá-lo a sós com Andrew.

–Vamos, quero te apresentar aos meus colegas de quarto.

–Quartos?

–Bem, cabana, mas fica estranho falar colegas de cabana...

–Tem razão – Emily riu.

Foram até uma das cabanas, ela era pequena, mas era melhor do que nada. Ciro e Meg ficaram do lado de fora. Andrew abriu para Emily entrar, tinha cinco colchões apertados no chão. Em um deles um garoto lia.

–Dan!

Dan tirou os olhos do livro quando Andrew falou.

Dan tinha o cabelo raspado bem rente à cabeça, ele tinha um jeito de soldado durão que Emily nunca vira, os olhos castanhos eram disciplinados e controladores.

–Não acredito! Finalmente voltou, resolveu dar o ar da sua graça por mais algum tempo? – Ele se levantou e deu um abraço em Andrew. Andrew era maior que Dan, mas este tinha músculos maiores.

–Acho que dessa vez vou ficar um tempo a mais, umas férias. A viagem foi mais produtiva do que eu esperava...

–Um... Até arrumou uma namorada? Vanessa não vai gostar nada disso...

Andrew fez uma careta.

–Ela não é... ela é uma amiga que conheci pelo caminho, a trouxe para o acampamento porque achei que ela poderia ser útil. E não me importo com que Vanessa acha.

–Bem, já que não tem namorado, sou Daniel, ao seu dispor – Ele pegou a mão de Emily e a beijou. Ela sentiu seu rosto esquentar.

–Emily – Murmurou.

–Você sabe onde estão os outros? – Andrew perguntou.

–Não. – A resposta foi rápida e curta, até Emily podia saber que ele estava mentindo.

–Sabe Dan, você ficou muito tempo sem praticar, pode ir falando.

–Um dia eu consigo te enganar. Leo esta treinando arco e flecha, Will deve estar voando como sempre e Samuel esta na cachoeira.

–Como sempre... Vou até Samuel primeiro.

–Será que a novata consegue?

–Acredito que sim, ela é dura na queda e o animal dela é um lobo.

–Um lobo? Não me diga que ela é uma filha da lua. – Ele parecia cada vez mais interessado.

–Não, ela consegue falar com os animais, nada ligado a terra...

–Ah, uma pena. Mas espero que traga sorte ao acampamento, estamos precisando, sofremos 3 ataques seguido, perdemos muita gente.

–Se eu estiver certo tudo isso vai acabar logo – Dan rolou os olhos, parecia que só Andrew acreditava que os escolhidos chegariam logo. Todos tinham perdido a esperança...

O acampamento parecia estar dividido, ao redor os jovens treinavam e lutavam, no centro ficavam aqueles que não lutavam, idosos e crianças. No acampamento até as mulheres pegavam em armas. O que mais impressionou Emily foi a quantidade de animais, porcos do mato, cães, leões, pássaros, gatos, tinha de todos os tipos, mas Emily não viu nenhum lobo além de Ciro.

Atravessaram todo o acampamento, até que Emily começou a ouvir o som de água corrente. Chegaram logo à cachoeira, mas ela era gigantesca, a água caia fazendo fumaça...

–Samuel gosta de ficar em cima da cachoeira, ele tem um poder muito especial, mas você tem que se fazer merecedora, não posso te ajudar, você tem que chegar lá em cima sozinha.

–Certo – Emily olhou para o paredão da cachoeira – Eu vou dar um jeito...

Ela pulou e tentando se agarrar em uma das pedras, mas esta estava solta. Ela caiu no chão e teve que rolar para a pedra não a atingir.

–Talvez essa não seja uma boa ideia.

–Por quê? – Ela reclamou.

–Você é novata, muitos que estão aqui há muito tempo não conseguem.

–Mas você conseguiu.

–É, mas...

–E além disso, você mesmo disse que eu sou durona, acredite, eu vou dar um jeito.

Ciro rosnou concordando.

–Tá, use o seu dom, ele te ajuda na maioria dos casos – Andrew foi embora deixando-a com Ciro.

–Como falar com os animais pode ajudar?

–Emily, se concentre, observe as pedras, sinta a ligação com a natureza, ela faz parte de você, EU faço parte de você.

Ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando colocar de lado tudo que tinha acontecido nesses últimos dias, tentando deixar sua mente em branco. Ela sentia o calor do sol que passava por entre as folhas, a brisa que brincava com seu cabelo e balançava as árvores. Seu coração desacelerou.

Quando abriu os olhos algumas pedras se destacaram, quando pulou e agarrou a mais perto, esta não escorregou. Emily começou a escalar, não era fácil, seus pés pisavam sem querem nas pedras soltas, mas ela não chegou a cair.

A subida foi longa e cansativa, quando chegou lá em cima estava cansada, molhada de suor e seus braços estavam tremendo do esforço.

Um garoto de cabelos vermelhos estava sentado de costas para Emily e meditava. Uma cobra se desenrolou da pedra e foi rastejando até os pés de Emily.

–Não vou fazer mal a vocês.

–Eu sei – A cobra sibilou e voltou para perto do garoto.

Assim que ela se enrolou na pedra o garoto se virou para Emily, os olhos faiscando nos dela, tão vermelhos quanto o cabelo.

Isso a desnorteou, ela deu um passo para trás.

–Não precisa ter medo, vejo que você é corajosa, mas o que faz aqui em cima?

–Andrew me mandou. Ele disse que eu tinha que subir sozinha, provar ser merecedora.

–Merecedora de que, você sabe?

–Não, só sei que você tem um poder especial.

–Ele não te disse qual era meu poder?

–Não...

–Venha – ele esticou uma mão, convidando a tocá-lo. E ela o tocou, quando o fez uma corrente elétrica passou por todo o seu corpo, lhe dando choques cada vez mais fortes, até que ela não aguentou mais. A dor era insuportável.

Um grito involuntário saiu de sua boca, ela soltou a mão do garoto e a levou a cabeça. Suas pernas não a aguentaram e ela caiu de joelhos na grama. Parecia que enfiavam mil agulhas em sua cabeça, da forma mais dolorosa possível.

–Faça isso parar – Implorou.

–Eu...Eu não entendo – Ele a tocou no ombro e a dor parou.

Emily sabia que estava de olhos fechados, mas podia ver tudo, como Samuel estava agachado de forma preocupada ao seu lado, podia ver Ciro lá em baixo esperando por ela, podia ver Andrew conversando com algumas pessoas, ela podia ver tudo, onde cada animal ou pessoa estava.

Quando abriu os olhos Samuel estava na mesma posição que ela sabia que ele estaria.

–O que...O que aconteceu?

–Eu não sei, meu poder é aumentar os poderes das pessoas, mas nunca causou dor a ninguém. – Ele falou.

Emily massageou as têmporas, a sombra da dor ainda estava lá. Uma águia piou nos céus, Emily sabia que tinha um garoto com ela.

–Quem é o garoto que está com a águia? – Ela perguntou.

–Como sabe que tem alguém nos céus? – Emily deu de ombros – Você é rara, o garoto se chama Willian.

–Eu acho que... tenho que falar com ele

–Como assim?

–Não sei, é um pressentimento, acho que é importante.

–Andrew lhe mandou falar com ele?

–Não.

–Certo, venha comigo, vou te levar até ele, é o mínimo que posso fazer por você depois do que fiz você passar.

–Não precisa, Andrew disse que eu tinha que descer sozinha também.

–Não precisa.

–Eu quero, eu sei que consigo.

–Então te encontro lá embaixo, boa sorte.

Emily foi até a beirada por onde tinha subido, se agachou e quando tocou no chão soube que tinha um caminho muito mais fácil do outro lado, escondido pela vegetação.

Ela deu um meio sorriso e foi na direção da descida, realmente estava onde deveria estar, era uma descida em zigue-zague, sem pedras soltas no caminho.

–Agora você vem comigo? – Emily perguntou

–Agora sim – Ele sorriu.


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Notas finais do capítulo

o primeiro capitulo em meceno, espero que gostem



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