Meceno escrita por lui


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

vou dar uma adiantada na historia



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/588462/chapter/2

–É claro que estou em perigo, eu, você, todos. Nessa guerra ninguém está seguro! – Emily falou o óbvio, a raiva ainda na sua voz.

–Já se perguntou por que essa guerra começou? Ou você realmente acredita nessa desculpa de alguém ter jogado uma bomba e não ter assumido a culpa?

–Como ela começou então? – Emily o desafiou.

O garoto abriu a boca para falar, mas a fechou com um estalo.

–Não posso te contar.

A raiva veio de novo, mais forte e incontrolável. Ela estava pronta para levantar e fazer o garoto em fatias, o ingrato que zomba dela e não se explica. Então a terra tremeu sem nenhum aviso, sem nenhum alarme.

Emily se assustou tanto que de algum jeito foi parar no seu canto e tremia toda. O garoto a olhava de boca aberta.

–Tenho medo de bombas – Emily admitiu envergonhada e olhou para seus pés – Meu pai foi para guerra e toda noite eu sonho que ele morre em um bombardeio.

O garoto se levantou, ele ficou um pouco branco, mas parecia forte o suficiente para andar sem precisar de ajuda. Ele se sentou ao lado dela e colocou a mão no ombro de Emily. O coração dela estava a mil por causa do susto

–Existe um mundo onde você olha para os céus e vê dragões, nas águas nadam sereias e alguns possuem poderes. Esse mundo se chama Meceno. É de lá que eu sou e é de lá que Guerd é. Faz alguns anos que Guerd reuniu um exercito, chamamos eles de robôs, porque os robôs eram os seus primeiros soldados, e iniciou uma rebelião para tomar o poder. Lutamos, mas é fácil substituir um robô, homens nem tanto.

“Guerd acabou vencendo e quando finalmente conseguiu quebrar nossa ultima linha de defesa e invadir o palácio real, o rei e a rainha tinham desaparecidos com o herdeiro. Guerd ficou furioso, matou milhares de reféns durante interrogatórios e detonou cidades inteiras. Ninguém estava a salvo de sua fúria, nem mesmo seus mais fiéis empregados.

“Então Guerd descobriu a passagem para esse mundo e teve a certeza de que eles estavam escondidos aqui e está procurando incansavelmente”.

–E o que isso tem a ver com a guerra?

–Guerd começou a guerra. A guerra é o jeito mais fácil de se matar uma pessoa.

–Que horror!

–A resistência descobriu sobre os planos de Guerd e eu vim em busca da família real, para salvá-los.

–Você tem poderes? Você disse que algumas pessoas têm poderes, você tem? – O tremor estava passando e seu coração começava a diminuir o ritmo.

–Tenho sim – Ele sorriu – E estou começando a pensar que você também tem.

–Eu? Não sou desse mundo que você falou, nasci aqui.

–Bem, não sei se você é de lá ou não, mas você entendeu o que Meridan falou e ela é uma gata. –Emily levantou uma sobrancelha para ele – Não, quero dizer gata de animal, não gata de bonita. – Ela riu enquanto ele corava.

–Isso é impossível, eu saberia se eu pudesse entender os animais, desde pequena eu sou apaixonada por animais, lembro que eu queria ter uma arca de Noé para mim...

–Você nunca olhou para um animal e percebeu o que ele queria? O que ele sentia?

–Isso não é entender os animais, é intuição!

–Você sabe que não é verdade.

Emily começou a lembrar das tantas vezes que ela se aproximava de um animal, não se lembrou de nenhuma que ele tenha rosnado para ela, que a tenha mordido, na casa de sua amiga Emily sempre soube quando a cachorrinha queria passear, ou comer. Mas era apenas o modo como a cachorrinha se comportava, ela chorava para Emily quando queria comida e vinha até seus pés pedir para passear

–Está bem, mas agora estou curiosa, o que faz você pensar que eu não pertenço a esse mundo?

–As pessoas têm animais.

–Isso é fácil, passamos no primeiro pet-shop aberto e compramos um cachorro. Quer dizer, não deve ser tão fácil, não deve ter nenhum pet-shop aberto em Brasília... Muito menos no entorno.

–Não é desse tipo de animais de que estou falando – Ele riu, era leve e despreocupado – Em Meceno todos temos animais, mas são eles que nos encontram, às vezes demora, mas as vezes a pessoa ainda é um bebe quando o animal a encontra.

–Qual é o seu animal?

Ele deu um meio sorriso antes de responder.

–Um tigre.

–Um tigre!? – Os olhos de Emily se arregalaram mais – Que LEGAL! Qual é o nome?

A expressão dele foi engraçada, primeiro choque e depois ele deu uma gargalhada.

–Que legal? Podia jurar que você ou me chamaria de louco ou ficaria com medo – Ele revirou os olhos – O nome dela é Meg.

–Eu te disse que queria ter uma arca de Noé quando era pequena, não me importo com os animais selvagens. Será que eu poderei conhecê-la algum dia?

Os olhos dele brilharam na direção de Emily.

–Quando Guerd tomou o poder a resistência se formou, pessoas que querem a volta do rei e da rainha. Então uma profecia foi feita: Ar, Fogo, Terra e Água unidos serão a única coisa que acabará com o sofrimento. Somente o verdadeiro herdeiro poderá liderar o exercito dos elementos.

–As pessoas já estão reunidas?

–Não, cansei de esperar e resolvi sair atrás do herdeiro, sei que só ele pode encontrar os outros 4. – Os olhos dele não deixaram os dela enquanto falava.

–Por que esta me olhando assim?

–Quer saber o que eu estou pensando?

–Umm... não, tenho medo do que você pode estar pensando, mas tenho que admitir que estou curiosa... – Ele deu um meio sorriso.

–Acho que você é o herdeiro.

–E porque seria eu?

–Tudo faz sentido, Guerd matou sua mãe enquanto ela te protegia. Você tem poderes, isso me faz pensar que você é de Meceno e não consigo imaginar o porquê de ser criada nesse mundo, a não ser que sua mãe estivesse tentando esconde-la de Guerd.

–Você sabe que tudo isso é loucura não?

–Loucura ou não, peço que me acompanhe e me ajude a achar os outros e se você não for o herdeiro, me ajude a achá-lo.

–Vamos para Meceno?

–É claro – Emily sorriu e ele também, não foi preciso uma resposta, ele já sabia que ela ia aceitar – Arrume uma bolsa com apenas duas mudas de roupas e um chinelo e um casaco, não queremos carregar muito peso.

Ela correu para pegar uma mochila e jogou as roupas mais confortáveis que tinha na mochila. Parou olhando para o banheiro.

–Umm... Não acho que devemos sair imediatamente, você precisa descansar e se recuperar e eu gostaria de tomar um banho se não se importa... Não sei quanto tempo vou ficar sem ver um chuveiro...

–Concordo com você e depois sou eu. – Ele sorriu – Partimos amanha antes do sol nascer, combinado?

–Certo, mas vou ter que fazer uma mala de primeiros socorros para você.

–Olha, em Meceno vamos direto para o acampamento dos rebeldes, lá eles cuidarão de mim de maneira correta e até lá eu posso me virar.

–Ótimo, banho ai vou eu.

Emily se trancou no banheiro, ela tremia de emoção, só mesmo ela para se meter em confusão e gostar, pensou consigo mesma, mas ela teria a chance de vingar a morte de sua mãe.

A água do chuveiro estava gelada como sempre, era muito difícil ter água quente em um abrigo. Seu banho foi rápido, colocou o pijama e saiu com o cabelo pingando.

O garoto estava deitado na cama de costas para ela mexendo em uma bússola.

–Eu não sei o seu nome... –Emily.

Ele se assustou.

–Ah, Andrew – Ele sorriu – E o seu?

–Emily.

–Você fica muito bonita assim... – Ela se virou para olhar no espelho do banheiro, os olhos de certa forma pareciam maiores de emoção, o cabelo estava encharcando a blusa e a sua pele tinha alguns pontos rosados nas bochechas. Ela estava perfeitamente normal. Emily olhou para ele com uma sobrancelha levantada. – Mas eu aconselho a não dormir de pijama, se acontecer algum imprevisto durante a noite e formos obrigados a sair, você não teria tempo de se trocar...

–Ok, o que eu coloco?

– Nada de calça jeans, tiram os movimentos, use short ou uma calça legue se tiver. Uma blusa confortável e um tênis, se não quiser dormir com eles, durma com as meias pelo menos. Um... Faz frio à noite em Brasília?

–Nunca esteve no Brasil?

–Não, não costumo sair muito de Meceno.

–Brasília tem um clima seco, ou seja, as roupas secam com uma considerada rapidez, mas a temperatura pode variar de 30ºC até uns 16ºC, mas hoje pelo visto não vai fazer frio, dá para você usar bermuda e uma camiseta normal de mangas ou sem, tanto faz.

–Bem, minha vez – Ele passou por ela na direção do banheiro, Emily esperou poder ouvir a água do chuveiro para se trocar.

O banho dele foi muito mais rápido que o dela, quando ele saiu estava com uma bermuda e sem camisa, ela se obrigou a desviar os olhos para não babar. Ele pegou uma camisa que estava no encosto da cadeira.

–Vai ter que fazer outro curativo para a noite, esse pano já está encharcado com o sangue. – Andrew falou lhe entregando o pano.

Ele deitou na cama com o ferimento para cima enquanto Emily limpava novamente, passava uma pomada que tinha no abrigo para machucados e prendia um pano limpo. Ela lavou o pano sujo de sangue e fez uma malinha de primeiros socorros com a pomada e panos limpos, em caso de emergência.

Emily deitou na cama de sua mãe, o ultimo dia que ela ia ficar naquele abrigo, o ultimo lugar que ela a viu. Andrew ficou na cama dela. Emily apagou as luzes, mas não dormiu imediatamente, não conseguia dormir sabendo que sua mãe havia morrido.

A ultima imagem dela surgiu na mente de Emily, lagrimas começaram a sair de seus olhos e ela abafou um soluço no travesseiro.

Emily sentiu uma mão lhe tocar nos ombros, ela virou assustada, mas era só Andrew. Ela chegou para o lado e ele deitou ao seu lado e lhe abraçou.

Era tudo que Emily precisava, ela se aconchegou em seus braços e chorou, chorou pela mãe, pelo pai, pela vida que tinha, por tudo. Acabou dormindo chorando e nos braços de Andrew.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meceno" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.