Meceno escrita por lui


Capítulo 11
Capitulo 11


Notas iniciais do capítulo

esse capitulo é bem grandinho....



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Eles resolveram ficar por ali até amanhecer, faltava pouco para chegar a cidade, mas com um bebe recém nascido era muito perigoso.

A menininha não parava de chorar, mesmo quando Emily tentou alimentá-la com um pouco de leite de uma cabra que tinham encontrado. Will estava ficando irritado e foi dormir afastado dos berros da criança.

–Shhhh, eu estou aqui, vai ficar tudo bem. – Emily falou bocejando de sono.

A bebezinha parou de chorar e arregalou os olhos. Emily se colocou em alerta imediatamente.

Uma mulher se aproximava, ela usava um vestido branco e longo, os cabelos negros ultrapassavam a cintura e os olhos dela brilhavam como as estrelas. Emily sabia que estava na presença que alguém importante, então se ajoelhou.

–Emily querida, se levante.

–Como sabe meu nome?

–Você foi uma de minhas escolhidas, embora nunca precisasse cuidar pessoalmente de você. Mas essa criança precisa de mim.

–Prometi achar um lar para ela, com pessoas que a amassem.

–Eu a amarei e a protegerei. Ela terá irmãs e um dia, você a verá de novo.

–Verei?

–Não demorará muito. De a criança para mim.

–Eu... Desculpa, mas como sei que posso confiar em você?

–Emily, você tem um coração bom, mas não seja irracional. Eu sou sua guia e sua protetora, confie em mim.

Ciro colocou o focinho molhado em seu cotovelo incentivando-a. A mulher branca sorriu para ele, agradecida.

–Tudo bem. Posso confiar em você.

–É claro que pode.

Emily se aproximou da mulher e lhe entregou a criança que sorriu quando ficou nos braços dela.

–Ela gosta de você. – Emily comentou.

–Ela gosta de você também, mas tem medo. Tão pequena e já passou por muita coisa. Você também minha querida, só que você vai passar por muito mais.

–Você me protegerá?

–Sempre! Olhe para o céu e quando tiver estrelas, você estará mais do que segura.

Emily abaixou a cabeça em respeito, mas quando levantou o olhar, a mulher não estava mais lá. Ela não pensou muito nisso, o sono lhe arrastava os pensamentos e ela dormiu enroscada em Ciro.

Will a acordou preocupado.

–Emily! Onde está a criança?

–Encontrei um lar para ela – Emily falou ainda com sono.

–O que? No meio da noite? Como? Quem são eles?

–Não sei direito Will. Uma mulher apareceu e me convenceu a dar o bebe a ela.

–EMILY! – Will gritou. Isso foi o suficiente para espantar o sono de Emily. – VOCÊ FICOU LOUCA?

–Nossa. Calma. Ela era boa, ela me conhecia.

–Te conhecia? Como?

–Não sei, ela me chamou pelo nome. Ela falou que o bebe teria um lar com irmãs e seria muito amada... Achei que era a melhor coisa entregar a ela.

–Irmãs? Como era essa mulher?

–Linda, parecia uma rainha. Ela veio em um vestido branco, tinha cabelos negros e olhos que brilhavam como estrelas.

–Não acredito! – Will estava de boca caída. – Você... Não, isso não pode ser verdade!

–O que foi? Fiz alguma coisa errada?

–Se eu estiver certo, quem você viu era a Lua em pessoa. A bebezinha vai se tornar uma filha da lua. Ainda não consigo acreditar nisso.

–Eu... Eu vi a Lua? Meu Deus, isso faz muito sentido! Todo o papo sobre estrelas e proteção agora se encaixam.

–Vocês conversaram?

–É claro, não ia entregar a criança para a primeira pessoa que aparecesse! Mas eu estava com sono, é tudo meio embaçado...

–Ela está bem, isso é que importa, não estaria melhor em outro lugar. Agora é nossa vez, temos que chegar a cidade.

–Ok, qual o nosso plano?

–Entraremos na cidade, seremos muito discretos, pegaremos suprimentos, curativos, roupas e um mapa e sairemos da cidade. – Emily falou, não era exatamente um plano.

–Só tem um pequeno detalhe, nós, rebeldes, temos cartazes de procurados por todas as cidade.

–Então teremos que nos disfarçar.

–Deixa comigo, seremos garotos de rua – Ele falava enquanto pegava terra e sujava todo o seu rosto e corpo – Seremos namorados, acabamos de fugir de casa por que sua mãe não queria que você se casasse comigo. – Ele rasgou as roupas em pontos estratégicos para parecerem velhas.

–Certo, agora imagino que você saiba o trabalho que é lavar todo esse cabelo... – Emily falou passando os dedos da raiz até as pontas do longo cabelo.

–Se quiser eu te ajudo no banho.

–Sabe, não é tão difícil assim – Ela corou.

–Então o que está esperando? Eu rasgar a sua blusa?

Do lado de fora só era possível ver uma grande muralha de pedras, o portão de ferro brilhava ao longe e uma fila de comerciantes e outras pessoas alcançava distancias. A maioria levava carroças e sacolas enquanto outras vinham carregadas em liteiras por escravos.

Emily e Will demoraram quase 4 horas para chegarem ao guarda da entrada. Ele vestia um uniforme roxo com um chapéu com uma pluma e tinha uma prancheta na mão em que anotava e fazia perguntas aos visitantes.

–Nome?

–Carolina e Marcos.

–O que pretendem fazer aqui?

–Estamos fugindo. – Emily tinha certeza de que isso ia dar problemas, mas Will parecia confiante.

–Fugindo? Certo, passarão muito tempo aqui?

–Não senhor.

–Certo, podem entrar.

Emily e Will entraram. Na entrada havia uma multidão, desde pessoas bem vestidas até as mais miseráveis que Emily já tinha visto. Havia uma divisão clara. As pessoas bem vestidas eram conduzidas para um trem à direita, já os pobres eram quase arrastados para a esquerda. Foi por onde Emily e Will seguiram.

Emily estava agarrada ao braço de Will. Os guardas os olhavam com nojo e descrença.

A parte para onde eles foram era suja e mal cuidada, as casas e lojas de madeira e palha eram grudadas umas ao lado da outra. Pessoas doentes e esfomeadas estavam amontoadas nas ruas e praças. Nenhum pedaço de comida era desperdiçado, mesmo estando podres e mofados.

Emily se agarrou ainda mais ao braço de Will enquanto andavam pelas ruas.

–Não podemos roubar dessas pessoas, elas têm menos do que nós! – Emily sussurrou.

–Está pior. Da ultima vez que vim aqui não era tão cheio...

–O que faremos? Não quero ficar aqui durante a noite.

–Você me parece ser contra roubar...

–Não roubarei dessas pessoas!

–E o que me diz de pegar da parte mais rica?

–Bem, ai já é uma história bem diferente...

Eles sorriram um para o outro. Will pegou a mão de Emily e correram pelo caminho de volta. Por trás das casas um garoto magro e pequeno de 12 anos, a pele bronzeada e olhos como continhas pretas os seguia.

Eles voltaram aos portões por onde tinham entrado.

–Como vamos passar para o outro lado? – Emily perguntou.

–Lutando? – Will sugeriu.

–Lutar? Lutar!? Vocês são mais malucos do que eu pensei – Uma risada foi ouvida.

–Quem está ai? – Will ameaçou – Saia e lute!

–Deixa eu adivinhar, rebeldes... – Um garoto saiu das sombras, o mesmo que os seguiu pelas casas.

–Por que estava nos espionando? – Emily quis saber.

–Não estava espionando. Assim que vi vocês passarem na rua onde eu estava, percebi que não eram pobres de Meceno, imaginei que fossem ricos disfarçados, ia roubar vocês, mas quando ouvi que queriam lutar, soube que eram rebeldes.

–Certo, podemos não falar essa palavra?

–Os guardas daqui são estúpidos, não reconheceriam um rebelde nem que o quadro de procurado estivesse ao lado da cabeça deles.

–E quem é você?

–Sou Manuel, a seu dispor senhorita – Ele segurou a mão de Emily e a beijou. Ela corou.

–Somos Emily e Will.

Will virou as costas.

–Onde está o seu animal?

–Ele é uma aranha, agora ele deve estar procurando passagens secretas para me mostrar mais tarde. Se vocês querem chegar à parte rica, têm sorte por terem me encontrado, sou especialista em passagens.

–Será que poderia nos ajudar? – Emily pediu.

–Não precisamos de sua ajuda! – Will resmungou.

–Will! Desculpa, pode nos dar um minuto? – Ela falou para Manuel.

–Claro, senhorita.

Manuel saiu de perto e Emily olhou brava para Will. Manuel observou de longe enquanto os dois discutiam, no final ficou claro que Emily tinha ganhado a discursão. Os dois voltaram para junto de Manuel.

–Aceitaremos sua ajuda.

–Mas quero algo em troca...

–Claro que quer – Murmurou Will.

–Suponho que vocês vão lutar, quero ir junto.

–Bem, estamos em uma missão especial, não nos juntaremos aos outros tão em breve... – Emily falou.

–Quero ir com vocês! Quero fazer a diferença!

–Vamos conversar de novo – Will puxou Emily para o canto.

Manuel assistiu os dois discutindo com um meio sorriso no rosto, tinha certeza de que no final ele levaria a melhor.

Will voltou emburrado atrás de Emily.

–Aceitaremos a sua proposta, mas vamos querer remédios, alimentos em boa qualidade e um mapa!

–Só isso? Achei que fossem querer joias e dinheiro também. Que mentes pequenas, se quiserem me esperem na colina em baixo de uma macieira que eu encontro vocês ao anoitecer com tudo o que me pediram.

–E só o que precisamos é levar você com a gente não é? Não haverá mais surpresas no caminho, sem nenhuma exigência extra não é?

–Eu quero lutar!

–Espere – Will – Tenho uma contra proposta, precisamos de alguém na cidade, alguém que realmente a conheça e possa convencer os outros a lutar ao nosso lado.

–Opa, tem uma coisa, eu não sou muito popular por aqui, as pessoas não confiam muito em mim...

–Por que isso não me surpreende? – Will cruzou os braços no peito.

Manuel parecia desconfortável.

–Descobri algumas coisas que deveriam ter ficado em segredo. Sei muita coisa de muita gente, e as pessoas sempre me culpam quando algo que eu descobri se torna publico. E ultimamente eu fiquei sabendo de coisas muito grandes, os guardas querem minha cabeça, preciso de um lugar para ir, não posso fugir assim, sozinho.

–Você quer proteção – Emily adivinhou.

–Não vamos confiar em alguém que está sendo jurado de morte, tenho certeza de que nos trairia na primeira oportunidade. – Will falou. Emily não podia imaginar o que um garoto tão novo tinha feito para ser ameaçado.

–Desculpa, podemos tirar você da cidade se quiser, mas leva-lo é perigoso para a missão em si. – Emily falou.

–Se eu quisesse sair já tinha saído há muito tempo, mas não tenho para onde ir, me deixa acompanhar vocês até a próxima cidade, lá vocês podem se livrar de mim. E eu juro não me intrometer na missão de vocês.

–Se nos arranjar o que precisamos, você pode nos acompanhar até a próxima cidade, mas nossos animais vão ficar de olho em você! E seu animal preso e vigiado! – Will cedeu.

Era claro que Manuel não tinha gostado da proposta.

–Tá, melhor do que nada, mas quero proteção enquanto não chegamos à outra cidade.

–Pode deixar. Nos encontraremos na macieira da qual você falou.

Will e Emily seguiram para fora da cidade, ninguém os impediu. Realmente, ninguém ali reconheceria um fugitivo do governo. Já estava anoitecendo e a fila estava diminuindo, as pessoas pareciam com pressa para entrar.

–Vocês vão sair agora? – Um senhor idoso os parou, parecia preocupado.

–Por que senhor? Tem algo errado?

–Vocês não sabem do monstro? – O senhor deve ter percebido pela cara dos dois que eles não faziam ideia do que o velho falava. – Um monstro vem atacando as redondezas, todos os que saem para a floresta desaparecem. Mas o monstro nunca atacou a cidade, esperem até amanhã.

–Não podemos, temos amigos esperando. Não se preocupe, ficaremos bem.

O velho não parecia acreditar, mas não os impediu. Emily e Will chamaram Ciro e Tina e foram para a macieira. Quando a encontraram a lua já estava brilhante, mas não era lua cheia.

–Será que é verdade essa história de monstro? – Ciro perguntou. Emily tinha falado para os animais do aviso do velho.

–Não temos outra escolha, temos que esperar Manuel aqui, como prometemos. – Emily falou.

–Ele bem que podia ser mais rápido – Resmungou Will

A lua foi subindo e os quatro acabaram pegando no sono. Emily estava sonhando quando um barulho a acordou. Ela levantou assustada e só Ciro estava ao lado dela e ele estava ainda mais machucado.

–Ciro! O que aconteceu?

–Fomos atacados, eu e Tina tentamos proteger você e Will, mas o monstro conseguiu pegar Will, Tina caiu mais a frente, esta tão machucada quanto eu.

Um galho foi quebrado atrás de Emily. Ela se virou pronta para lutar, mas era só Manuel.

–O que está fazendo aqui! – Ela exigiu.

–Nós combinamos...

–Por que demorou tanto? Will sumiu! O monstro o pegou!

–É, eu vi de longe, seu lobo foi atingido com muita força, eu posso cuidar dele enquanto você vai atrás do seu amigo. Bem, na minha opinião você devia deixar ele servir de comida para o monstro, não vai fazer falta alguma.

Emily o pegou pela gola da camisa e o empurrou no tronco da macieira. Ela rosnou.

–Olha aqui, se meu amigo desaparecer, você pode dizer adeus para a sua ultima esperança de conseguir uma vida melhor. A terra só vai morrer e as trevas se tornarão mais poderosas. Está me entendendo. – Emily o sacudiu.

–Ai tá bom, não precisa exagerar... É só mais um.

–Um dos únicos cinco que podem livrar o mundo de Guerd!

O rosto do garoto se iluminou.

–Ele é um dos escolhidos. – Ele riu – Não acredito que ele é tão idiota, os escolhidos não deveriam ser heróis ou algo assim?

Emily o bateu contra o tronco novamente.

–Vou tirar esse riso idiota da sua cara agora. – Ela rosnou mais forte.

–EMILY – Ciro rosnou conseguindo a atenção dela – Você tem que ir atrás de Will, deixe o garoto comigo. Assim que voltar vamos estar prontos para seguirmos viagem.

–Certo – Ela o soltou. – Agora presta atenção, cuide dos ferimentos dele, o nome é Ciro. Ele é forte mesmo ferido, então eu não tentaria nada se fosse você. Tem uma águia mais adiante, deve estar mais ferida, cuide dela também e esteja pronto quando eu chegar.

–Quer umas dicas? Encontre-o antes do nascer do sol, se não ele vai estar morto, e limpe-se, o monstro é um dos cidadãos ricos, você vai precisar entrar naquela parte da cidade, então eu aconselho a se limpar. Tem um riacho aqui pertinho.

–Eu sei. Mas como você sabe de onde o monstro é?

–Eu falei que exagerei na cidade, descobri segredos que deveriam permanecer do jeito que eram: segredos.

–Certo, obrigada pelas dicas... Cuide dele, vou me lavar.

Emily tirou a lama e voltou para junto de Ciro. Manuel já tinha pegado Tina e estava curando de seus ferimentos.

–Você tem 3 horas para recuperá-lo, depois disso volte correndo porque ele já era. – Manuel falou sem olhar para Emily.

–Como é o monstro?

–É grande, tem um nariz de batata e tem pelo azul cobrindo o corpo. Mas se você tiver sorte, não vai precisar enfrenta-lo. Procure pelo velho Gamal, fale que você precisa da ajuda dele para encontrar o Ira. Ele vai entender.

–Obrigada. Volto antes do nascer do sol. – Emily não queria falar, mas estava morrendo de medo, se o monstro fez aqueles machucados em Ciro e em Tina, não queria pensar no que ele faria com ela.

–Boa sorte – Manuel levantou e apertou a mão dela – Os animais estarão prontos esperando vocês.

Emily caminhou de volta para as muralhas. Os portões estavam fechados, ela deu a volta pela direita, procurando uma brecha por onde ela poderia entrar, infelizmente ela não achou.

Ela fechou os olhos e se concentrou. Havia uma passagem secreta por onde Manuel devia ter passado para sair.

Do lado de uma das torres de vigia, que estava vazia, tinha um conjunto de pedras. Elas estavam soltas e quando retiradas, levavam a um túnel que ia dar na capela, que estava vazia. Por sinal, a cidade inteira parecia vazia, todas as pessoas estavam escondidas nas casas, sem coragem para sair.

Emily se concentrou de novo e procurou pela casa do velho Gamal. Ficava no centro da cidade, aparentemente tinha apenas o velho na casa e ele estava dormindo.

Ela andou furtivamente até a casa, se escondendo de guardas e se esgueirando por becos. A casa era simples, pintada de um tom de verde discreto, com varias janelas que davam para um jardim bem cuidado e uma cerca com um portão, ao qual Emily pulou.

Entrou pela porta da frente que estava destrancada. A sala estava escura, mas ela não precisava dos olhos para enxergar, ela usou o seu poder e foi até o quarto.

Ele tinha cabelos brancos longos e encaracolados que estavam espalhados no travesseiro, a pele enrugada parecia fina e macia como ceda. Ele usava um pijama amarelo e no chão, ao pé da cama, tinha sandálias verdes. Péssima combinação, pensou Emily

O velho dormia um sono profundo. Emily fez de tudo para acordá-lo, sacudiu, chamou, gritou, até pegou uma panela.

–Certo, você não me deixa escolha. – Foi até a cozinha novamente, encheu um copo d’água e jogou na cabeça do velho Gamal.

–O que? Quem é você? Por que invadiu minha casa e jogou agua em mim? – Ele exigiu. Os olhos dele eram de um castanho acolhedor.

–Desculpe senhor, mas eu tentei acordá-lo delicadamente, mas o senhor não acordava, então tive que jogar água...

–Pois é, as pessoas dizem que eu tenho um sono pesado... Mas você ainda não falou porque invadiu minha casa.

–O monstro pegou meu amigo, tenho que ajuda-lo. Manuel me mandou procura-lo, preciso de ajuda para encontrar o Ira.

–Manuel é seu amigo sequestrado?

–Não senhor.

–Uma pena, seria ótimo se fosse ele, sabe aquele moleque é muito enxerido, vivia bisbilhotando na redondeza. Já o peguei invadindo casas. Não sei como os guardas não o prenderam ainda...

–Me ajude a encontrar o Ira e levo Manuel da cidade para sempre.

–Fechado! – O velho se levantou, parecia ter a energia de uma criança, andava pulando de tanta felicidade, chegava a ser contagiante.

Emily soltou um riso involuntário.

–Fico feliz em saber que não estou tão enferrujado. – Ele lançou um meio sorriso para Emily. Era o sorriso mais bonito que ela tinha visto. – Meu poder é fazer as pessoas rirem, mas faz um tempo que não converso com meus vizinhos.

–Por quê? Um dom como esse deveria ser compartilhado. Fazer as pessoas ficarem felizes é muito especial!

–É eu sei. Mas a 8 anos minha mulher morreu. Conheci ela quando eu tinha 12 anos, ela se tornou minha melhor amiga e depois minha esposa. Mas o monstro a pegou, foi a primeira vez que ele foi visto nas redondezas. Minha mulher gostava de pegar maçãs a noite, eu a ajudava. Quando ouvi seu grito corri para onde ela estava, mas vi as costas do monstro sumindo nas arvores e a cesta caída no chão com as maçãs espalhadas.

–Eu sinto muito – Emily falou colocando a mão no ombro dele. – Mas os vizinhos não têm culpa do que aconteceu.

–Eu sei, mas desde então eu fui ficando triste, a minha tristeza também contagiava alguns. Então fui ficando sozinho, nunca mais tinha feito alguém rir... Fico feliz por ter vindo me procurar.

–Me ajude a encontrar o monstro e quem sabe não posso tirá-lo da cidade para sempre também?

–Oh não, isso é impossível. Venha, eu vou lhe mostrar. – O velho a guiou para uma porta secreta na parede do quarto, eles atravessaram um túnel subterrâneo. Eles foram parar em uma ilha na parte mais alta de toda a cidade. A cidade inteira era vista, a parte pobre e a parte rica. – Me diga o que você vê.

–Contraste principalmente. Ricos e pobres separados pelo rio.

–O que mais? Pense no que você conhece da cidade, no que você viu.

–Bem, as pessoas do lado pobre não têm muitos objetivos, só parecem aceitar o que lhes é concebido.

–Muito bem! Todas as pessoas dessa cidade não lutam por algo, elas estão acomodadas. A cidade a noite passou a ganhar vida, seu espirito sai e pega umas pessoas que tem um objetivo nobre.

–Ele pegou o Will porque ele ia me ajudar a salvar o mundo.

–Sabe, tenho certas duvida de que o monstro estava atrás de você, mas algo não o deixou pegá-la, então ele teve que se satisfazer com o garoto. – O velho olhava fundo nos olhos dela.

–Eu tenho um poder que pode ajudar todos, é meu dever fazer o melhor. Tenho pessoas contando comigo.

–Você pode encontrar o mostro, melhor, a toca dele em baixo do palácio, mas corra, o sol nasce daqui a pouco. Não cometa o mesmo erro que eu cometi, não aja tarde demais.

–Obrigada senhor. – Ela o abraçou – Não se esqueça de sorrir.

O velho sorriu e Emily também.


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