Stop! escrita por Elizabeth


Capítulo 5
Parte - 01




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‘’- Por que estou afim de você desde a primeira vez que te vi - ‘’

A garota que via, possuía um semblante melancólico. Triste. Era pequena, magra. Linda. Mas odiava a vida. George não sabia disso. Estava iludido. Nunca a entenderia. Lizz não o via, estava sonhadora de mais com a sua tão esperada paz. Esta que viria com o seu suicídio. Mas George não permitiria. Nunca permitiria. Aquilo foi obra do destino. Amor à primeira vista.

Capitulo - cinco

Era segunda-feira. Dia de Física. Lizz também odiava física. Tanto quando odiava aquela escola. Estava um tempo frio e acinzentado. Não chovia, e Lizz implorava para que não chovesse. Sua casa era, digamos assim, um tanto longe, e caminhar a pé até ela, não estava em seus planos. Sua mochila pesava. E o casaco negro que usava sobre o uniforme escolar, lhe aquecia. Os cabelos, antes longos, agora batiam um pouco abaixo de seus lábios. Estavam bagunçados. Lizz já não tinha mais o prazer de penteá-los.

Ao entrar na sala, a professora Luiza já se preparava para dar sua aula. A mulher era dotada de seios fartos, estes que ficavam grudados à blusa vermelha que usava. Não possuía um decote, na verdade era bem comportada. Mas aqueles peitos não ficariam escondidos apenas com aquilo.

‘’ Que os garotos sejam felizes’’

Mesmo não gostando da aula, Lizz fora obrigada a dar atenção. Era péssima em física, e não gostaria de repetir o ano.

‘’Não mesmo’’ Pensou, voltando anotar algo importante, que a professora escrevia no quadro negro.

O diretor da escola era um gordo baixinho e com a barba por fazer. Não possuía cabelo algum em sua careca, e Lizz podia jurar que ele tinha seus sessenta e poucos anos. Era um homem de pavio curto, que se irritava com pouca coisa. E tinha uma tara pelos seios daquela professora.

Luiza até ficava com vergonha algumas vezes, quando notava os olhos grandes em cima de seus peitos. Jorge era desligado de mais, e nem percebia quando babava por eles. Mas todos perceberam, ate mesmo os alunos, quando a professora fora interrompida. Jorge entrou sala adentro, e após dar uma leve encarada nos olhos da professora, enquanto a cumprimentava, correu os próprios pelo corpo da mesma, ate o deixarem colados em seu busto farto. Luiza constrangida virou o corpo escondendo-o dos olhos alheios, fazendo o diretor voltar à vida.

_ Professora Luiza _ começou _ Peço desculpas por atrapalhar sua aula, mas eu gostaria que a senhorita Lizz me acompanhasse. _ pediu, encarando a menina.

Lizz congelou-se em seu lugar. Sentindo-se enjoada ao ser o centro das atenções. Engolida por tantos olhares curiosos.

_ Bem... _ pareceu pensar _ Não há problema algum. Se ela não demorar muito_ deixou claro, lançando o olhar ao diretor.

_ Como desejar. Será rápido _ afirmou. _ Por favor, Lizz, me acompanhe. _

Tremeu.

‘’Acalme-se. Você está nervosa de mais’’

Otavia e Daniella cochicharam algo entre si. A morena maior, de cabelos longos e negros, encarava Lizz com os olhos cheios de graça. Detinha um sorriso orgulhoso nos lábios, e antes da moça sair, ergueu o dedo indicador até a boca e ordenou para que ficasse silencio.

A sala do diretor era escura de mais. Limpa e comportada de mais. Não havia poeira na estante cheia de livros. Sua mesa de madeira não era lotada de papeis. Na verdade, era ate comportada. O piso era brilhoso e os moveis ali reluzia. Lizz encarou tudo espantada.

‘’Por um acaso ele tem TOC?’’

_ Lizz, limpe seus pés, sim? _ pediu, encarando com nojo o all star que a menina usava.

Lizz o olhou com a sobrancelha erguida. Havia um tapete ali, logo na entrada. Esfregou o solado nele, vendo o homem sentir-se aliviado.

_ Bem. _ suspirou. Sentando-se em sua cadeira. _ O assunto é um tanto delicado. _

Lizz piscou os olhos negros. Mexendo os dedos um no outro. Fazia isso, sempre que ficava nervosa ou assustada.

_ Poderia ser direto, Diretor. Eu preciso voltar à aula _ Sussurrou.

Jorge novamente suspirou, levando os dedos ate a careca, massageando o lugar. Ele também estava nervoso.

_ Olhe. Apareceram algumas fotos suas no blogger da escola. _

Lizz piscou os olhos, confusa.

_ Isto não é normal? _ lembrou _ Sempre há fotos de alunos no blogger _

_ Não Lizz. Você não entendeu _ Jorge a olhou _ Nas fotos você usava apenas roupas intimas. Estava toda molhada e pelo que sei elas foram tiradas no colégio. Imagino que pela sua expressão de espanto você não esperava por isto. Mas não se preocupe, eu já as tirei. Infelizmente alguns alunos visualizaram. Eu sinto muito... _

_ Diretor... _ o interrompeu sem encara-lo. Estava angustiada de mais. Queria socar-se em algum lugar e morrer lá. ‘’Como Otavia fora capaz’’ Tremeu. _ Eu gostaria de voltar para a aula. _

_ Como? _ Jorge a olhou incrédulo _ Não vê a situação das coisas? Quero nomes Lizz. Sei muito bem que você não permitiria isto. _

Lizz tremeu o lábio inferior.

_ Não... Sei... Quem possa ter sido. _ mentiu. Não sabia nem ao menos o que responder. Aliás, o que responder? Estava na cara que aquilo se tratava de bullying.

‘’Otavia está me testando?’’

_ Veja. Eu quero ajuda-la, mas assim não posso. Se ficar calada, não saberei o que fazer. _

_ Então não faça nada _ Sorriu de modo triste. _ Isso tudo... Um dia acaba. _

Jorge não ficara feliz com tudo aquilo. Na sua escola? Aquela merda toda estava acontecendo na sua escola? Com uma de suas melhores alunas? Não poderia permitir. Lizz era calada. Sempre quieta e comportada. Estava com medo, era certeza. Jorge sabia disto. Aprendera alguma coisa nas palestras do colégio. As mesmas quase sempre falavam sobre isto. O medo de cometer algum erro, e como consequência apanhar novamente.

_ Lizz, acho que você não me entendeu. _ fora direto. _ Quando me disser os nomes, farei questão de expulsar todos eles do meu colégio. Eu lhe garanto que isto não irá se repetir. _

A morena sentiu um choque de excitação. Jorge percebeu isto, e sorriu amigável. Imaginar que poderia estar livre de todas aquelas agressões a fazia rir internamente. Seus olhos negros brilhavam, e seu estômago revirava.

‘’Não tenho nada a perder. Só a ganhar’’ pensou.

Jorge apurou os ouvidos.

_ Foram as... _

A música I’m sorry do Flyleaf, começou a tocar pelo recinto. Lizz gelou diante a cara de puro desgosto que o diretor fez. O celular vibrava no bolso traseiro de sua calça, à medida que a musica se prolongava. Tremula. Sentiu suas bochechas ficarem vermelhas. Pegou o celular em mãos. Confusa, leu ‘’Numero desconhecido’’ na tela.

_ Atenda logo, pode ser importante _ Jorge rugiu, assustando a menina _ E que isto não se repita. _

Faltou-lhe o ar. Ergueu o celular até seu ouvido. E antes mesmo de dizer algo, ouviu uma voz venenosa escapar.

‘’Se disse algo eu acabo contigo’’

Os olhos negros se arregalaram. Seu estômago revirou-se, deixando-a enjoada.

‘’Era Otavia’’

Jorge notou o rosto pálido. Preocupado, correu ate a garota e a obrigou a sentar-se.

_ Lizz? Lizz? _ chamou algumas vezes, vendou-a estar em estado de choque. Ergueu o braço esquerdo, desferindo-lhe uma tapa. Sem machuca-la. Lizz sugou o ar com força. Encarando-o confusa _ Meu Deus. O que aconteceu? Você ficou assim de repente, após a ligação. _

‘’Eu não posso contar’’

_ Nada. _ ditou, erguendo-se da cadeira _ Eu preciso voltar para a sala _

Jorge franziu as sobrancelhas.

_ Você não ia me contar... _

_ Eu já disse. Não faço a mínima ideia de quem possa ter sido. _

Lizz suspirou, guardando o celular.

_ Desculpe-me por isto. Não voltarei a trazê-lo para a escola. _

Despediu-se. Correndo até a saída antes mesmo que o direto lhe impedisse.

‘’Não me diga que... Ela está sendo ameaçada’’

Seus olhos estavam cheios de lágrimas.

‘’Como pude pensar que estaria livre disto. Assim tão facilmente’’

Odiava ser tão fraca. Se fosse outra não perderia essa chance.

‘’Como sinto nojo de mim mesma’’

Fungou. Sem parar de correr. Iria esconder-se no banheiro feminino, até o intervalo. Estava com medo. Não queria encontrar Otavia. Seu corpo todo tremia ao imaginar isto.

_ Mas que merda _ Sussurrou consigo mesmo.

Seus olhos não estavam fechados, mas sua vista estava embaçada. Ao virar um corredor, acabou por chocar a face em algo macio. Ambos caíram ao chão. Lizz ficara com as bochechas vermelhas, ao perceber onde estava.

_ Argh _ gemeu _ Você esta bem? _

Travou. Cairá em cima de um garoto.

_ Sim... Eu... _ gagueja, deixando o rapaz confuso.

Ajoelhou-se, ficando de quatro sobre ele. Assustando-se ao ver de quem se tratava.

_ Lizz! _ George gritara. Feliz _ Caramba. Eu pensava que nunca mais iria vê-la.

Lizz arregalou os olhos. Estava embasbacada.

_ Ahr... Geo... George _ Sussurrou, sem jeito, ao ver a posição que estava. George riu ao notar a vergonha da mesma.

_ Eu também nunca a vi por aqui. Onde esteve todo esse tempo? _ Brincou.

Não soube o que responder. Sem jeito, ergueu-se do chão sendo acompanhada pelo garoto. Bateu seus dedos na calça jeans que usava, limpando-a. George voltou a sorrir. Estava feliz de mais.

_ Olhe, eu preciso resolver alguns problemas na diretoria. Podemos nos falar no intervalo? _ pediu, ansioso por um sim.

_ Uhn _ Lizz desviou o olhar. _ Claro _

O garoto sorriu. Despedindo-se. Lizz estava estranhamente feliz.

Lizz ficara todo o começo das aulas, trancada no banheiro. Ninguém notara a sua falta. Suspirou, encarando o próprio all star. Sua bunda já começava a doer pelo mau jeito que estava sentada sobre a tampa do vaso. Aquele lugar lhe trazia más lembranças.

De repente, engasgou-se com um grito assustado. Impedindo- o de escapar ao ouvir a porta do banheiro ser aberta com brutalidade. Arregalou os olhos, ao notar de quem se tratava.

_ Não vi a Lizz depois que ela saiu pra diretoria _ Notou Daniella.

_ Deve estar chorando em algum canto da escola. _ Otavia riu _ Aposto que ela fez nas calças quando recebeu minha ligação. _

_ Meu Deus, Otavia _ A amiga pareceu indignada _ O que fez? _

_ Apenas disse que acabaria com a raça dela, caso me dedurasse ao diretor. _

_ Caramba. As coisas estão ficando séria. Imagina se ela contou algo. _

_ Eu duvido! Caso tivesse contado, eu com certeza estaria na diretoria. _ Otavia pareceu ficar irritada. _ Lizz é inteligente. Ela sabe que eu não estava brincando quando disse que acabaria com ela. _

Daniella tremeu.

_ Pare com isto, está começando a me assustar. _

Otavia gargalhou, logo depois brincando a amiga. As duas deixaram o banheiro feminino, sem imaginar que Lizz estava escondida. A morena cobria a boca com uma de suas mãos. Encolhida. Estava realmente apavorada.

Na hora do intervalo, George procurara por ela. Seus olhos passeavam pelo pátio, até encontrar uma morena de cabelos curtos e bagunçados. Sorriu, seguindo-a. A mesma caminhava ate a quadra de basquete.

Lizz sentou-se em uma das arquibancadas. Pousando sua refeição ao lado. Suspirou. Estava cansada.

_ Yo! _ George apareceu ao seu lado. Assustou-se após dar um grito. Nem ao menos o notara. _ Ah, desculpa _ Pediu envergonhado.

_ Não chegue assim. Tão de repente. _ desviou o olhar para a quadra vazia.

_ Ah, sinto muito. _ Sorriu sem jeito _ Disse que queria conversar com você no intervalo. A vi caminhando ate aqui e não resisti em segui-la _ Admitiu.

Lizz o encarou pelo canto dos olhos.

_ O que você quer? _ Perguntou, dando atenção ao suco que estava em sua bandeja.

_ Quero conhecê-la _ Sorriu _ Sabe nosso primeiro encontro não foi muito agradável. Já que você pretendia pular de um prédio. _

Engasgou-se com o liquido.

_ Calado. Alguém pode ouvir. _

_ Não há ninguém aqui. _

Lizz vasculhou o lugar.

_ Hun _ sussurrou, voltando a tomar o suco.

_ Que ano você faz? Acho que nunca nos encontramos por isto. _ Ditou, mordendo o seu sanduíche.

_ Faço o primeiro ainda. E você? _

_ Ah! Já estou no terceiro. Como imaginei. Seria quase impossível um encontro nosso. Foi obra do destino. _

Lizz riu. Os garotos do terceiro ano estudavam no terceiro andar. Os do segundo, no segundo andar. Era quase impossível um encontro de classes diferentes. A maioria dos alunos não ia para o segundo ou terceiro, caso fossem do primeiro. E vice versa. A não ser na hora do intervalo. Mas a escola era grande mais para que isto acontecesse. Ou não, já que acabaram se batendo.

_ Lizz... _ George a chamou após um tempo em silencio _ Você gostaria de sair comigo? _

Lizz o encarou com seus olhos arregalados. Suas bochechas queimavam. Estava surpresa de mais.

_ Uhn? _ George esperou por uma resposta. _ Pode pelo menos me dar o seu numero? _ pediu, retirando o celular do bolso.

Lizz o olhou.

_ Por quê? _

_ Por que estou afim de você desde a primeira vez que te vi _

Empalideceu. Iria desmaiar ali mesmo. Nunca ninguém havia se interessado por si. Não sabia o que fazer ou como agir.

_ Eu... Eu _

_ Vamos Lizz _ implorou, juntando as mãos uma na outra. _ É apenas para conversar. Caso se irrite pode apaga-lo de sua agenda. _

Lizz suspirou. Ainda envergonhada. Trocaram contatos.

Não havia chovido. Ainda fazia frio, e a noite, ao chegar em casa, a temperatura apenas diminuiu. Tirou o casaco, jogando ele e a mochila no sofá da sala. Estava tudo silencioso de mais.

Caminhou ate a cozinha. Abriu a geladeira e retirou um bolo de chocolate. Estava faminta. Após o jantar, foi ate o seu quarto e tomou um banho. Estava tarde. Exausta. Seu pai chegaria de madrugada. Era certeza. Já que o mesmo trabalhava na semana. Suspirou, aconchegando-se aos lençóis. Fechou os olhos, agradecida por hoje ter sido um dia calmo. Sorrindo ao lembrar-se do que aconteceu na quadra de basquete.

Arregalou os olhos, ouvindo o celular vibrar sobre a mesinha ao lado de sua cama.

‘’Poderia ser Otavia’’ gemeu de modo triste.

‘’Ou... Poderia ser o George’’ riu.

Sentou-se sobre o colchão, pegando o aparelho em mãos. Não sabia por que, mas estava animada.

‘’Numero desconhecido’’

Era uma mensagem.

‘’Eu vi você com o George hoje! George é meu! Não pense que ele se interessaria por uma coisa ridícula como você. Amanha teremos uma conversinha. ’’

Lizz deixou que o celular escorregasse ate os lençóis da cama. Estava desacreditada.


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