Stop! escrita por Elizabeth


Capítulo 6
Parte - 02




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‘’ - Ela havia sido... Morta. – ‘’

‘’Lizz amava gatinhos. Eram independentes e ao mesmo tempo tão dependentes. Com certeza era seu animal preferido. Talvez um dia possuísse um. Quando não estivesse mais morando com o pai. Ele nunca aceitaria.

Naquele dia, por incrível que pareça, não chovia. E Lizz não chegaria atrasada para a aula. Apesar de já estar acostumada, sempre chovia as Quartas. Mas naquela Quarta, não houve chuva. Nem nuvens carregadas. Nem aquele clima frio. Na verdade fazia um calor desnecessário.

Lizz não iria correr. Era certo de que chegaria a tempo. Sim, chegaria se não tivesse parado no caminho. Mas como não? Veja o que temos logo ali. Lizz murchou.

‘’Mas o que fizeram? ‘’

Indagou a si mesma, caminhando até uma caixa de papelão que estava do outro lado da rua, em uma calçada.

‘’Que fofo. ’’ Sorriu, levando o dedo até o bigode do felino. ‘’Como puderam fazer isto contigo, uhn? ‘’

O gatinho que possuía um tom de cor amarela nos pelos, miou como resposta. Lizz riu.

‘’Quando eu voltar da escola, irei trazer algo para ti’’

Capitulo - seis

Jorge mantinha as sobrancelhas franzidas enquanto encarava com ódio a menina. Seus braços estavam cruzados sobre a barriga roliça que ele possuía. Usava um terno cinza, com uma gravata. E sapatos perfeitamente limpos. A mesa da diretoria, como sempre, não estava bagunçada. Tudo era impecável. E o relógio a parede, que fazia um barulho de Tic-Tac, chegava a incomodar.

_ Lizz Lee _ Jorge rosnou o seu nome entre dentes _ Você está novamente atrasada. Explique-se _ Ordenou, sem o mínimo de paciência.

_ Eu... _ Lizz desviou o olhar, encarando a traseira do monitor _ Encontrei um gatinho _

O homem grunhiu, mostrando os dentes.

_ Você o que?! _

_ Eu encontrei um gatinho _ Lizz elevou o tom de voz. Totalmente nervosa. _ Ele estava lá. Dentro de uma caixa. Abandonando. Miando como se dissesse ‘’Por favor, me leve daqui’’. Então... Então... Eu resolvi ir lá. Dar um ‘’olá’’ para ele! Ai eu acabei perdendo a hora e... _

_... E resolveu chegar atrasada. _ Jorge tremeu o olho esquerdo. Irado.

_ Uhn _ Lizz começou a brincar com seus dedos. Nervosa. _ Não foi bem assim... _

_ Ficará depois das aulas. _ Riu, ao ver o rosto incrédulo da aluna _ E irá escrever uma redação de duas folhas, falando o quanto é inaceitável chegar atrasada na escola _

_ Uhn! _ Choramingou _ Mas eu tenho algo importante para fazer depois da escola! _

_ Como o que? _ O velho ergueu as sobrancelhas, nada curioso com a resposta da outra.

_ Er... _ Ficara vermelha _ Certo... Gato estará... A minha espera e... _

_ Lizz... _ Sussurrou, implorando por calma _ Saia já desta sala, sim? _

A garota prensou os lábios um no outro, irritada.

_ Espere no pátio, até o horário da próxima aula _ Jorge ordenou, fazendo um sinal com a mão para que a garota saísse. _ E que isso não se repita. _

Lizz escapou da diretoria, seguindo caminho até umas das mesas do refeitório. Estava silencio e alguns professores e faxineiros passeavam pelo lugar, lançando-lhe um sorriso amigável. A professora de Historia, Maria, caminhou até si e perguntou o porquê de Lizz não estar na sala. Após explicar, a mulher afastou-se e seguiu para a sala dos professores. Maria era uma mulher baixinha e gordinha. Que usava um óculos vermelho e que possuía cabelos curtos e encaracolados, de cor negra. Era amigável, sempre sorridente. Um doce de pessoa.

Lizz remexeu-se contra a cadeira desconfortável, e jogou a cabeça contra a mesa. Não que estivesse com sono. Era apenas por que não tinha nada de útil a se fazer. Mas não podia negar que estava com preguiça. Já se passou das 2horas da tarde. O que faria até o intervalo? O mesmo só seria as 3horas e meia.

‘’Tédio’’ pensou consigo mesma ‘’irei à biblioteca’’

Sorriu, lembrando-se logo agora que aquilo era uma oportunidade única. Adora ler, tanto quanto adorava as aulas de inglês, espanhol e japonês. Chegando a choramingar ao perceber que as primeiras aulas do dia seriam estás. Não que Lizz estudasse japonês na escola. A língua Japonesa era nos dias de sábado, e seu pai pagava por elas. A questão ali era, se fosse por Lizz, ela com certeza não estudaria apenas aquelas.

A morena cantarolou uma musica qualquer, em quanto caminhava ate a biblioteca. Era uma sala grande e quente. Havia fileiras de estantes repletas de livros e Lizz se perguntou se era capaz de se perder ali dentro. A senhora que ficava responsável pelo lugar, era uma mulher magra e que sempre usava roupas longas que possuíam cores mortas. Lizz nunca falara muito com ela.

_ Boa tarde, Liduina _ ela não gostava que a chamassem de senhora, ou de qualquer outra coisa que a fizesse sentir velha.

_ Oh _ abriu os olhos em direção à menina _ Bom dia, querida. O que faz aqui? _

_ Cheguei atrasada. _ encolheu os ombros _ Jorge me pediu para esperar ate a próxima aula. Mas esta só acontecerá depois do intervalo. _

Liduina estalou a língua, negando com a cabeça.

_ Vocês adolescentes. _ sorriu carinhoso, recebendo outro de Lizz _ Bem. _ a mulher suspirou _ Faça companhia ao outro aluno. Hoje você não foi a única a chegar atrasada. _

Lizz prendeu o ar.

‘’Faça companhia ao outro aluno’’

Isso era tudo que ela menos desejava. Agarrou com força a alça de sua mochila e lentamente caminhou para dentro. Iria evita-lo. Suspirou, passando os dedos por alguns livros que ficavam nas primeiras estantes. Liduina a olhou, incentivando-a seguir caminho mais para dentro. Lizz desviou o olhar e caminhou mais um pouco, na tentativa de fazer a mulher acreditar que realmente iria. E fora realmente o que aconteceu. Antes de sumir entre as fileiras, Lizz notou que a outra já estava novamente concentrada em seu livro.

A mochila escorregou-se pelo seu corpo, pousando cuidadosamente no chão. Lizz afastou-se um pouco, embasbacada com tantos livros. Sim, já havia vindo ali algumas vezes, mas não importa, era sempre a mesma sensação maravilhosa.

Assustou-se com um pulo. Ouvindo um palavrão ser desferido baixinho. Seu corpo paralisou como se isto a tornasse invisível para a pessoa que estava por ali. Ouviu outro palavrão. E chegou a pensar que reconhecia aquela voz de algum lugar. Negou, dando meia volta a fim de se distanciar, e por descuido, acabou batendo o all star contra a própria mochila, que havia sido deixada ao chão. Xingou-se mentalmente ao perceber o que acabara de fazer. Havia chamado à atenção de quem não queria.

_ Oi? Tem alguém ai? _ George ergueu o olhar, quase caindo de lado na tentativa de ver quem era. Seu celular formou um som já conhecido, deixando claro que ele havia novamente perdido no jogo. Ignorou-o, deixando que sua curiosidade falasse mais alto e ficou em pé, dando apenas um passo para esquerda, ficando cara a cara com uma cabeleira negra. A mesma estava de costas, mas George logo soube de quem se tratava. Era baixinha, magra e possuía cabelos tão curtos que de longe poderia ser confundido com um rapaz. Sorriu.

_ Lizz? _

Lizz tremeu, virando-se contra a voz. Seus lábios se separaram em busca de ar. Estava visivelmente nervosa. George a encarava com um brilho nos olhos e Lizz sentiu que seu coração pudesse saltar para fora. Estava feliz e queria sorrir para ele. Mas não fez.

_ George! _ acabou por gritar seu nome. George riu, adorando quando as bochechas de Lizz ficaram vermelhas.

_ Olá _ disse ele, guardando o celular no bolso de sua calça. _ O que faz aqui? _

_ O... Oi _ Lizz encarou-lhe por alguns segundos, não conseguindo sustentar o olhar. _ Eu... Cheguei atrasada, e você? _

_ O mesmo _ respondeu, mexendo os ombros. _ Jorge me obrigou a ficar aqui até aproxima aula também. Apenas resolvi ficar tempo de mais. _ Admitiu, voltando a sentar-se no chão, em um pedido mudo para que Lizz fizesse o mesmo.

_ Hun... _ tremeu um tanto incomodada por ficar tão perto de si. _ Por que atrasou? _

George dobrou os joelhos, permitindo que seu braço desancasse sobre ele. Os olhos verdes grudaram na garota ao lado, fazendo o sorrir ao notar o estado em que a mesma estava. Pernas grudadas ao peito, braços ao redor das pernas, e olhar fixo nos próprios pés. Lizz era uma menina tímida. Estava obvio. George gostava disto.

_ Me atrasei alguns minutos. Por causa do meu irmão mais novo _

Lizz o encarou.

‘’Ele tem um irmão’’

_ Ficou aqui... Todo este tempo? _

_ Ah! Sim. Às vezes eu gosto de dar uma escapada das aulas. Esta foi uma oportunidade ótima. _ Sorriu para ela.

Ficaram um tempo em silencio. Coisa que incomodava muito Lizz. Ela queria sair, ir embora, e ao mesmo tempo ficar e conversa. Sua curiosidade por George chegava a espantar. Tanto é que tinha medo de assusta-lo também, caso demonstrasse.

O olhou, pelo cantinho dos olhos, pensando que ele não notaria. Mas fora pega por dois pares redondos de cores verdes a lhe estudar. Suas bochechas ficaram rosadas e ela obrigou-se a desviar o olhar.

_ Tudo bem? _ George perguntou, aproximando-se da menina. Sua respiração bateu contra a bochecha quente de Lizz. Enquanto que seus dedos tocavam o seu joelho. Lizz pode sentir até o mesmo o perfume que ele usava. E por Deus. Era bom sentir o seu perfume. Na verdade, era bom estar bem perto dele. Gemeu. E George a encarou, confuso, ao notar que ela havia gemido. Lizz arregalou os olhos

‘’Próximo de mais. Próximo de mais. ’’ Alertou a si mesma.

_ Ah! _ sentiu coração falhar. _ nada! Nada. Eu estou bem _

De repente, a biblioteca ficou cheia de mais. Alguns alunos do segundo ano adentraram o local, e junto a eles vinha à professora de literatura. Um trabalho talvez? Lizz assustou-se ao ver uma garota aparecer de repente em frente a eles. A menina ficou vermelha, sussurrando um ‘’desculpe’’. Talvez pensando algo errado dos dois. George pareceu não se importar. Voltando sua atenção para Lizz.

Lizz lambeu os lábios, nervosa. George ainda estava próximo. E era impressão sua ou ele estava ficando mais e mais? Assustou-se, esquecendo-se de respirar e sem pensar, empurrou-o com força de mais.

_ Oh! Desculpe, eu não queria. Quer dizer... Eu... _ as palavras saiam em desordem. Causando um embaralho para ambos. _ Bem... Eu... Até... Até mais! _ Desistiu, temendo que o outro pensasse que ela era uma retardada.

Pegou a mochila e correu até a saída da biblioteca. A o se ver fora, ouviu o barulho do toque que sempre se dava ao iniciar o intervalo. E as várias pessoas que começavam a encher o refeitório.

Lizz ainda sentia o gosto de carne na boca. Isso graças à refeição de hoje. Havia guardado um pouco dentro de sua mochila, para dá-lo a Mi. Sim, já estava chamando a gatinha de Mi. Mesmo que não fosse sua, queria cuidar dela. Apenas por um tempo, quem sabe, até a mesma conseguir sobreviver sozinha.

Arrepiou-se, sentindo o olhar duro em suas costas. Sabia, mesmo que não olhasse para trás, que Otavia estava lhe queimando com os olhos. Bem que isto era normal todos os dias, mas Lizz sabia que algo ali estava diferente. Otavia a encarava de mais. Com ódio de mais.

Atreveu-se a virar o rosto, para poder nota-la lá atrás. Otavia ainda lhe encarava. E Lizz teve certeza de que ela rosnou ao ver que Lizz lhe olhava. Tremeu. Estava assustada. Realmente assustada. Suas mãos tremiam e os dedos deslizavam um no outro, como se massageassem a si mesmos.

_ Lizz!? _

Assustou-se, remexendo os olhos a procura de quem lhe chamara. A professora de Biologia lhe encarava confusa e preocupada. Carregava um livro grosso em seus braços. Lizz não pode deixar de nota-la. Era magra, possuía cabelos longos de cor castanha, e usava saia comprida. Uma cruz balançava em seu pescoço, à medida que a professora caminhava.

‘’Alguma devota a Deus, quem sabe’’

_ Lizz? Estou lhe chamando há algum tempo. Está tudo bem? _

Lizz passeou as pontas dos dedos em sua testa molhada.

_ Sim, professora _

_ Ah... Que bom. Então, por favor, abra seu livro e preste mais atenção na aula _

Alguns alunos riram, sussurrando algo maldoso. Lizz abaixou o olhar e pediu desculpas enquanto abria o livro de Biologia. Suspirou. Tentando recuperar a calma.

O sinal havia alegrado a todos, com certeza. Os alunos saíram com força pela porta. Alguns empurrando alguns, enquanto Lizz esperava para ser a ultima. A professora também estava ao seu lado, e antes de sair, disse algo como ‘’Que isso não se repita, mocinha’’ para Lizz.

Lizz prendeu o ar, afirmando com a cabeça. Logo, voltando a tremer ao perceber que a professora não estava mais ali. Suas mãos mexiam contra o uniforme escolar, sentindo que talvez ele pudesse se rasgar com aquilo.

_ Vamos ao banheiro. _ Gemeu, ao ouvi-la _ Amiguinha _

O tom de voz deixava clara a falsidade ali. A palavra ‘’amiguinha’’ fora dita com asco. Otavia estava esperando tanto por aquilo. Ficar a sós com Lizz Lee, que não pode evitar um sorriso.

Daniella não estava consigo. E Lizz não soube dizer se agradecia ou se chorava por isto. Daniella poderia ser uma completa cretina com Lizz, mas às vezes era ela que fazia com que Otavia parasse com as agressões, dizendo que a mesma estava exagerando.

_ Otavia _ Lizz sussurrou pelo caminho _ Eu... Você não pode falar comigo amanha? Eu preciso chegar... _

_ Quem disse que vou falar com você? _ Otavia perguntou, lançando-lhe um olhar enojado.

Lizz mordeu o lábio inferior, pensando em correr até não sentir mais as pernas. Isso seria uma droga. No outro dia, Otavia lhe socaria ate sangrar pelos olhos.

O banheiro estava vazio. O que era óbvio, afinal, todos já deveria estar a caminho de suas casas. Otavia não esperou que a outra entrasse no banheiro, já fora lhe chutando, obrigando que a mesma caísse sobre o azulejo.

_ Mas o que...? _

Lizz engasgou-se com a própria saliva. Otavia ficou em pé, obrigando o corpo magro de Lizz ficar entre suas pernas. Abaixou-se apenas o necessário para que pudesse agarrar aos curtos cabelos de Lizz e puxa-los sem piedade alguma.

Houve um grito pela dor, e os dedos magros se chocaram contra os dedos roliços de Otavia, em uma tentativa inútil de que ela soltasse o seu cabelo. Otavia rosnou, cuspindo em sua cara e Lizz fechou os olhos. Enojada.

_ Sua vadiazinha de merda. O que você acha? Que pode ir pegando o que não é seu? _

_ Mas do que você está falando? _ gemeu confusa.

_ Ah _ Otavia soltou os fios negros com força, e Lizz sentiu que poderia ter batido a cabeça com aquela brutalidade _ Do que eu estou falando? De você aos agarrados com o George hoje mais cedo. Quem você pensa que é? _ Sussurrou a ultima frase, bem próximo do rosto magro, assustando-a com as falsas mentiras.

_ Mas... Eu não estava agarrando-me com ele _

_ Oh não?! _ Otavia ergueu as mãos, balançando-as no ar. _ Uma garota do segundo ano disse que você estava se pegando com ele na biblioteca. _

_ Mas não estávamos se pegando. Tínhamos chegado atrasados e... Como só poderíamos entrar nas próximas aulas, ficamos na biblioteca conversando. _

Lizz tentou explicar e Otavia a encarou.

_ Foi um engano, Otavia. Essa garota teve um engano. Pensou que eu e... _

Otavia deu a primeira tapa.

_ Então era verdade. _

Os olhos de Lizz encheram-se de lagrimas. Sufocada pela vontade de gritar.

_ Não... _ sua voz tremia, e olhar para Otavia era assustador, quando a mesma estava em pé diante de si.

_ Pare de mentir! _ Rosnou, sentando-se sobre a outra. Otavia agarrou seus cabelos com força, ouvindo Lizz gritar. A mão fora em direção a boca da mesma e sem pensar duas vezes, Lizz mordeu-lhe o dedo mindinho. Otavia choramingou, soltando-a para que pudesse ver se havia feito algum estrago no mesmo. Após ficar de pé, Lizz escapou-se para trás, batendo as costas contra a parede. Sua cabeça ficara abaixo da pia do banheiro, e logo ao lado ficavam os chuveiros. Otavia correu ate si e segurou-se contra as torneiras, chutando o corpo abaixo da pia. Lizz gritou para que a mesma parasse. O tênis sujo de Otavia se chocou contra o seu lábio. Bateu algumas vezes contra o seu peito, e com força em seu estômago. Otavia se afastou, passando o dorso da mão contra os lábios. Sua face de olhos arregalados deixava claro que havia exagerado. Mas Otavia não se arrependera de nada. Lizz havia formado um escudo com os braços. Estes que agora estavam vermelhos e arranhados. O cabelo negro despenteado e a face vermelha e molhada. Otavia havia dado o recado.

_ Você... Fica longe dele. O George é meu! _ rugiu.

Lizz tremeu, passeando os dedos pelo estômago. A blusa de seu uniforme agora possuía uma cor escura. Seu lábio inferior sangrava, e Lizz podia sentir o gosto do mesmo. Seu abdômen doía e sua cabeça parecia querer explodir. Otavia havia feito um ótimo trabalho.

Após recuperar-se um pouco. Totalmente humilhada. Uma vontade absurda de sair e desaparecer em algum lugar. Mas no fim, sempre havia aquele pequeno desejo de vingar-se. Queria vingança e se odiava por não ter coragem de consegui-la.

Choramingou baixinho, ao ver que seu nariz também estava sangrando. Talvez, em algum momento, Otavia tivesse a acertado ali. Chupou o ar, agarrando a alça de sua mochila, que havia sido jogada pelo canto. Estava pesada.

Por sorte o colégio estava praticamente vazio. Apenas alguns faxineiros passeavam por ali, mas nenhum deu importância. Apenas curiosidade. Lizz olhou para dentro da mochila e gemeu ao ver que o pouco do lanche que guardara estava totalmente espalhado pelo local. Mas não era um total problema.

Após passar pelo portão, sentiu vontade de correr, mas não conseguia fazer muito esforço. Lizz tremeu o corpo e sentiu o coração pular com isso. Seus olhos se abriram mais que o normal e por algum momento não soube o que fazer.

‘’Não. Agora não’’ suspirou inquieta.

_ Lizz!? Eu vi você entrando no banheiro feminino e resolvi te esperar _ George sorriu, correndo até ela. _ Nossa. Você demorou muito e... _

Lizz não soube como encara-lo. George calou-se, observando o estado de sua amiga. E Lizz se perguntou a si mesma, por que diabos aquele garoto resolveu esperar por ela logo hoje. Gemeu.

_ Lizz... O que houve com você? _ George indagou com preocupação e ódio. Seus olhos verdes passeavam pela garota, franzindo as sobrancelhas ao ver que a mesma começava a chorava em silencio.

Lizz derramou-se, não se importando se ele também veria aquele seu lado fraco. Mordendo o lábio inferior para que não gritasse e pedisse por ajuda. Não conseguia lhe olhar nos olhos.

‘’Ninguém ali poderia ajuda-la’’ soltou o ar, fungando pelo nariz.

_ Meu Deus. Seu nariz está sangrando... _ o garoto aproximou-se de si, tocando-a com delicadeza. Lizz grunhiu, empurrando-o para longe.

_ Não toque em mim _ pediu, sentindo seu coração se apertar com isto. Dando um passo para o lado, correndo para longe logo em seguida. Tudo ali doía. Mas Lizz não iria parar de correr. Queria se distanciar de tudo aquilo.

‘’É tudo culpa sua’’ pensou em fim. Mas logo se negou a acreditar naquilo. Não era culpa de George. Não era culpa de ninguém. A culpa era sua!

Por fim, quando seu rosto estava vermelho, praguejou, ao se jogar contra o chão daquele beco e olhar para dentro da caixa de papelão. Lá estava ela. Lizz chorou. Olhando para a gatinha, não pode evitar sorrir. Mesmo que fosse um sorriso triste.

‘’Morta’’

Ela havia sido... Morta.


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