Como amar escrita por blackHeart


Capítulo 3
Passado vermelho


Notas iniciais do capítulo

Eu decidi postar esse pequeno pedaço, que foi até onde achei o capítulo coerente. :'(
Espero que vocês gostem! ♥ Manifestem-se.



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– Conheço essa garota desde o terceiro ano do ensino médio, e desde lá... Você sabe. Eu era um garoto que respirava oxigênio e eliminava testosterona. Eu queria essa menina arredia de todo jeito. Ela não era muito falante e tinha uma amiga, mas elas duas não pareciam ter um vínculo forte de qualquer jeito. Ela era tão durona e se achava tanto, que eu precisava vê-la desmontar, entende? – Sasori olhou ao redor. – Vamos sentar ali na minha mesa.

Os dois ruivos se encaminharam para onde Sasori indicou, mas Gaara estava aéreo e contrariado. Ino tinha um rosto de anjo e ele não queria acreditar no que Sasori dizia. Sequer pareciam estar falando sobre a mesma pessoa.

– Eu fui um cara babaca, confesso. Mas quando queremos muito beijar uma virilha em especial, nos tornamos outra pessoa. Virei amigo dela. Foram uns meses de dedicação e masturbação até dar o primeiro beijo dela. E eu fui o primeiro sexo também. Mas eu devia desconfiar que com aquelas roupas esfarrapadas, ela vinha direto das montanhas. E vinha, cara! No dia seguinte ela veio acompanhada de outro cara como ela. Esfarrapado igual. Aluno novo. Os dois tinham intimidade e não se desgrudavam. Assim foi até terminar o médio. Depois de alguns anos nós nos encontramos quando recebi uma ordem de vigiar a floresta por uma noite por conta de uns cheiradinhos. No fim achei ela morando com o cara numa casa de madeira. E mesmo assim, no dia seguinte, ela deu pra mim dentro do meu carro. Na porta da casa!

Gaara levantou a sobrancelha, direcionando o olhar ligeiro para Sasori.

– Vocês tem uma história. – Assumiu, ainda um pouco desacreditado.

– Tá saindo com ela?

– Não. Mas na verdade, conheci uma Ino bem diferente desta que você me contou. – Foi sincero, olhando Sasori de esguelha. – É uma moça bem doce. Mas está perdida. Acho que sofreu um acidente sério que afetou a cabeça.

Sasori ficou um pouco rígido. O ar zombeteiro sumiu.

– Sério? Mas por que você acha? Ainda não foram no médico?

– Ela está no carro. Eu estou indo agora. – O Sabaku respirou fundo. – Talvez fosse bom você aparecer. Vai que ela se lembra de algo.

O outro ruivo apenas assentiu debilmente, parecendo repentinamente fora do ar.



Gaara olhava de relance para Sasori no banco de trás, pensando na péssima ideia que teve de reaproximá-los. Como Ino ia ao lado dele, o Sabaku não estava tão preocupado. Não queria dar margens para uma aproximação íntima entre os dois. Não estava certo do que Sasori contou, mas aquelas lembranças não pareciam exatamente boas. Ino, no entanto, sequer reconheceu o Akasuna, fato que deixou este surpreso.

– Gaara, nós vamos ao médico agora, não vamos? – Ela perguntou, e sua voz doce o fez querer acelerar. Ele desviou o olhar da direção por um segundo, lendo no rosto da moça que estava confusa com a presença do policial no banco de trás.

– Vamos. Fique tranquila. – Aconselhou.

Ficaram em silêncio até chegar.




– Ok, tem algo sério acontecendo com ela. – O Akasuna admitiu quando ela sumiu numa das portas do hospital. – E o que é aquele moletom gigante? É seu? – Perguntou.

– É dela. Ela apareceu com ele. – Sem querer falar muito, Gaara sentou na cadeira.

Estava difícil de esquecer o que acontecera minutos antes. Quando ele parou o carro numa vaga do hospital, Ino travou no lugar. Ele não sabia porquê, mas mandou um olhar significativo para Sasori e o esperou descer do carro. Com cara de poucos amigos, o homem de olhos amendoados bateu a porta quando saiu.

– Eu estou nervosa. – Ela confessou, baixando os olhos para as mãos. – com medo.

Gaara suspirou. Apertou o volante na mão esquerda, pensando no que dizer. Ela foi mais rápida.

– Podemos voltar para a sua casa?

Ela não suplicou, mas não precisou verbalizar o desespero que crescia. Ele lia nela facilmente. Sem saber se era a melhor decisão a tomar, negou com a cabeça, pegando uma bala colorida que ela encarou durante todo o caminho e não teve coragem de pedir.

– Coma. – Disse. Ela pegou o doce de sua mão. – Vai dar tudo certo. – Garantiu.



E mesmo há trinta minutos sentado naquele maldito lugar, não tinha certeza se tudo realmente daria certo. Ino despertara nele um instinto protetor muito perigoso, e agora estava com medo também. Como poderia ficar tranquilo sabendo que memórias estranhas como as de Sasori podiam voltar? E se ela não se sentisse bem?

– Droga. – Sussurrou. Aquilo pareceu despertar a atenção do outro ruivo.

– O quê?

– Isso não te parece estranho? – Desconversou. – Essa menina apareceu na porta da minha casa desacordada e... Desmiolada.

Desmiolada... Que ótima escolha para defini-la. – Ironizou, olhando através do ombro de Gaara.

– Ela é uma garota ingênua, e eu estou me sentindo no dever de cuidar dela. Esse dever não deveria ser meu. – Relatou, deixando os ombros caírem. – É uma responsabilidade enorme cuidar de uma moça nessa condição. Eu vou precisar da polícia e...

– Gaara. – Sakura pigarreou atrás dele num tom repreensivo e irritadiço. Os olhos verdes do ruivo se fecharam num pedido mudo, mas ele tinha certeza que Ino ouviu cada palavra que ele disse.



Precisava reparar a besteira, mas Ino estava tão amuada e encolhida, que ele não se sentia pronto para romper aquela barreira construída entre eles. Ligou o rádio, reconhecendo a voz de Brandon Flowers imediatamente.

There ain’t no motive for this crime, Jenny was a friend of mine...

Engoliu seco.

– Ino... – Chamou, vendo-a se mexer minimamente. Os olhos azuis claros moveram-se lentos até os dele, e os moletons a faziam parecer a figura mais triste que ele já viu. Suas íris azuis tremeluziam, estavam opacas. Ela era tão delicada...

– Você vai me entregar para a polícia?

Ele colocou os olhos do volante novamente, sentindo-se chateado por encontrá-la chateada. Negou com a cabeça. De uma forma bem assustadora, sentia-se terrivelmente conectado a ela.

– Não. Eu vou pedir ajuda. Precisamos saber o que houve com você. Mas... Eu não faria isso. – Assegurou. Ela soltou o ar, quase o fazendo sorrir. Era quase como uma criança.

I just can’t take this, I sweare I told you the truth...

– Podemos comer algo gorduroso hoje? – Ela perguntou de repente. Agora sorria um pouco, mexendo-se no banco como se estivesse se ajeitando. Não tinha dúvidas: Ela confiava nele.

Gaara sorriu também desta vez sem exibir os dentes, assentindo.

– Certo. Tenho algo em mente.



O Sabaku sorriu por mais tempo do que em toda a sua vida. Ino dizia coisas estranhas, e num momento da noite, ele se perdeu em pensamentos. Os olhos estupidamente brilhantes encarando as pessoas na calçada.

– Uma batata com cheddar pelo seu pensamento. – Ela falou num tom de voz ameno, adorável. O ruivo desviou os olhos para ela, encontrando um sorriso evidenciando a covinha que ela tinha.

Estavam no Burger king.

Gaara sorriu pequeno, engolindo com prazer a pepsi antes de respondê-la:

– Estava pensando nos seus exames. – Ele viu o semblante dela murchar. – Até eles saírem, você precisa de roupas novas. – Sorriu pequeno, sentindo as bochechas esquentarem levemente. Ino o fazia parecer um maldito adolescente.

Ela voltou a sorrir, avermelhando igual a ele.

– Espero que quando eu descobrir quem sou, possa pagar tudo que você já fez por mim. Mesmo que eu considere tudo isso a coisa mais linda do mundo.

Gaara ergueu a sobrancelha, estranhando o modo que ela escolheu para definir aquela situação.

– Conhecer um homem gentil como você foi maravilhoso. Você prepara café da manhã, almoço e janta para mim. Me traz pra comer onde quero, e me dá doces quando estou triste ou nervosa. Você me acolheu sem hesitar, pagou médico, você... Droga! Independente da vida que tive, eu duvido que tenha conhecido alguém como você. Juro, Gaara. E a sua casa é a mais gostosa em que já fiquei, tenho certeza!

O ruivo não soube o que responder, e sentiu o rubor tomar conta de seu rosto por ficar sem palavras. Era um sentimento estranho que o preenchia. Era o orgulho de si mesmo misturado com a sensação de bem estar por ver aquela mulher bem. Ele queria que ela ficasse bem.

Continuaram a comer em silêncio. Ele pediu dois milk shakes de morango por fim, e dirigiram-se ao carro com sorrisinhos e lábios sujos de rosa.

Durante todo o caminho, Ino ficou tomando o shake grande e pensando no quanto adorava a sala do Sabaku. Quando estavam chegando, entretanto, o ruivo teve de frear com tudo.

Um cachorro morto.

No mesmo lugar onde encontrou Ino.


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