Pura Confusão - Cobrina escrita por LabWriter


Capítulo 16
Pura Confusão - 2


Notas iniciais do capítulo

Ok, vamos por partes:
1- Oiie!!!
2- Sim! Eu voltei. Depois de quase um mês sem postar, eu estou de volta. Acho que dessa vez é até o fim ;)
3- Nesse momento são mais ou menos 06:00 da manhã, pq eram 02:30 e bateu uma inspiração e eu virei a noite escrevendo esse capítulo.
4- Muitíssimo obrigada pelo apoio de todos vocês e também por entenderem a importância desse tempo para a continuação da fic.
5- ANTES QUE VOCÊ LEIA O "6", EU PRECISO QUE VOCÊ VOLTE AO CAPÍTULO 14. PQ? BOM, PARA AJEITAR AS COISAS EU TIVE QUE EDITAR AQUELE CAPÍTULO. O QUE ANTES ERA "A VERDADEIRA BIANCA", AGORA É "PORQUE NÓS NUNCA TENTAMOS?".
6- Voltou para o capítulo 14? Leu tudo de novo? Sim, então você pode continuar.
7- Esse é o maior capítulo até agora, tem quase 3.000 palavras. Não sei bem se é o que vocês esperam, afinal, eu tenho que pegar o ritmo (de novo). "Mas, espera aí. Você acabou de dizer que esse é o maior capítulo até agora, e depois diz que ainda está pegando o ritmo?" Pois, é. Eu não sei explicar, leia que talvez você entenda.
8- Só tem a narração da Karina nesse. Daqui pra frente vai ser basicamente Karina/Cobra nas narrações, mas, de vez em quando, vai aparecer algum outro personagem contando a história.
9- Daqui a alguns capítulos a história vai ser focada, quase que, completamente no romance Cobrina.
10- Adoro vocês.

Aproveitem o capítulo!!!



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KARINA

Sabe quando você acha que as coisas estão começando a se ajeitar e nasce aquele fio de esperança de que tudo vai acabar bem e, de repente, você se vê sem chão? Pois é, é uma droga. Foi exatamente assim que eu me senti quando aquele oficial de justiça bateu na porta de casa, procurando por Gael e Karina Duarte.

Eu queria mandar ele embora e fechar a porta na cara do sujeito, mas apenas chamei o meu pai e me sentei no sofá, já sabendo o que estava por vir. Meu pai pegou um envelope que o oficial entregou para ele e se sentou na poltrona na frente do sofá. Ele abria o envelope calmamente, como se soubesse exatamente o que era aquilo, assim como eu, mas não quisesse encarar a realidade.

— Filha, a gente vai ter que fazer um exame de DNA. — ele disse depois de ler a intimação. Doeu como um tapa na cara, mas eu não estava surpresa, e sim desesperada.

Automaticamente, me lembrei do que o Lobão falou quando me procurou.

FLASHBACK ON

Terminei de organizar tudo e o Duca ainda não tinha voltado. Sentei na borda do ringue e fiquei olhando ao redor, pensando, mais uma vez, em como tudo mudou tão rápido. Ouço o som de passos e me viro, esperando encontrar a criatura que estava demorando, mas dou de cara com o Lobão. Assim que o vejo fico em estado de alerta. Me levanto e ele vem na minha direção.

— O que você quer? — pergunto ríspida, na esperança de que ele fosse embora. Mas é claro que isso não aconteceu.

— Fiquei sabendo que você finalmente descobriu quem é seu pai.

Então ele já estava sabendo. Por quem? É uma ótima pergunta, mas, no momento, não era isso que importava.

— Eu vim te chamar para ir comigo. — ele disse com uma tranquilidade quase assustadora e eu lamentei o fato da academia estar vazia.

— Eu nunca vou chegar perto de você, da sua academia e muito menos da sua casa. — eu disse irritada.

Ele riu e começou a se aproximar. Eu queria sair correndo, mas não conseguia. Estava paralisada ali, e ele se aproximava cada vez mais.

— Eu volto para te buscar, filha.

FLASHBACK OFF

Me senti sem ar, mas esperei ele terminar.

— O Lobão. Ele quer a sua guarda, K.

Parecia que a minha cabeça ia explodir. Eu estava entrando em pânico. Isso não podia estar acontecendo. Então ele tinha falado sério sobre voltar para me buscar. Puxava ar tentando respirar e não conseguia de jeito nenhum. Era como tentar encher um balão furado. Meu pai, parecendo perceber que eu ia desmaiar, me abraçou e tentou me acalmar. Eu queria poder lutar, extravasar a minha raiva, mas o gesso não deixava.

Quando eu finalmente consegui me acalmar, meu pai me deu um copo de água. Parecia que tinha passado um caminhão por cima de mim. Eu só queria desaparecer. E se o Lobão fosse mesmo o meu pai?

— Quando?. — perguntei, imaginando que ele saberia do que eu estava falando.

— Na sexta.

— Isso não pode estar acontecendo. Não pode. Não… — era tudo o que eu conseguia dizer, mais para mim mesma, do que para qualquer outra pessoa.

Três dias. Era só o que eu tinha até o dia do exame, mas acho que podia ser dois anos, uma década. Nunca seria tempo o suficiente para me preparar psicologicamente pra isso.

É, eu já devia ter me acostumado com essa mania que a minha vida tem de ficar virando e desvirando as coisas. Estava tudo muito bom para ser verdade.

~~~&~~~

Eu estava andando pela praça. Estava tudo vazio. Não lembrava onde estava indo. Na verdade, eu não sabia nem como eu tinha chegado ali. Resolvi voltar pra casa. Quando fui atravessar a rua, um carro preto freou na minha frente, e de dentro dele saíram dois caras. Eles me seguraram. Eu tentei me soltar, mas eles eram muito mais fortes do que eu, então eu mudei a estratégia. Comecei a gritar igual uma louca, mas uma mordaça surgiu na mão de um deles, e logo eu não conseguia falar mais nada. Eu ainda me debatia, e, mesmo assim, de nada adiantava. Um deles colocou um saco de pano na minha cabeça e me jogou para dentro do carro. Ouvi os barulhos da porta fechando e do carro acelerando.

~~~&~~~

Acordei desesperada, respirando ofegante. Que droga de sonho foi esse? Olhei o horário: 04h23min. Achei que não acabaria ficando acordada a noite inteira, mas assim que me deitei novamente e fechei os olhos, eu dormi.

~~~&~~~

Depois de dias e mais dias de ansiedade, a sexta chegou. O clima na casa estava pesado, ninguém falava nada. Eu não tinha nada para fazer, então resolvi conversar com a única pessoa que conseguiria me tranquilizar em um momento como esse.

Fazem alguns dias desde a última vez em que falei com o Cobra, no dia do “Porque nós nunca tentamos?”. Eu não estava tentando me afastar dele, apenas “desgrudando” um pouco. Com tudo o que estava acontecendo eu nem percebi que ocupava todo o tempo livre dele com conversas sobre como a vida é injusta, ou com outras coisas…

De qualquer forma, quando meu pai foi dar aula na academia, eu fui para o QG. O Cobra não sabia do exame de DNA. Pelo menos eu não tinha contado.

— Oi. — eu disse baixo, mas ele ouviu e abriu um sorriso no mesmo momento.

— Oi, estranha. — ele brincou e eu ri.

— Nem ficamos tanto tempo sem nos ver. Foram só uns…cinco ou seis dias, nada demais.

— É, cinco ou seis dias sem notícias suas. Acho que se você não viesse hoje, eu subiria pela sacada do seu quarto durante a noite só para ver se você está viva. — não sei bem o motivo, mas eu me senti muito bem ouvindo aquelas palavras. Então ele realmente se importava comigo. Por um segundo foi como se todos os problemas desaparecessem. Pena que foi por tão pouco tempo.

Ficamos conversando sobre qualquer coisa, e eu ria sem parar com as nossas brincadeiras. Era incrível a capacidade que ele tinha para me fazer sorrir, de me trazer paz. Infelizmente, as horas passaram muito mais rápido do que eu gostaria e nós nem percebemos. Até que eu recebi uma mensagem no celular.

De: Pai

“Filha, está na hora. Larga o Cobra (eu sei que você está com ele), que a Bete fez almoço. Vai pra casa, come e se arruma. Eu vou almoçar no Perfeitão com a Dandara e depois vou lá te buscar.“

O sorriso que estava no meu rosto desapareceu no mesmo instante, o que não passou despercebido pelo Cobra.

— O que aconteceu, loirinha? — ele perguntou preocupado.

— Eu vou fazer um exame de DNA hoje, pra saber quem é meu pai. — revelei de uma vez só, não me permitindo chorar.

Eu só queria que ele me abraçasse, isso já seria o bastante para que eu tivesse certeza de que tudo ficaria bem. E foi exatamente isso que ele fez. Envolvi meus braços em sua cintura, enquanto ele fazia carinho no meu cabelo. O que seria de mim sem ele? Às vezes eu me pergunto se estaria conseguindo enfrentar tudo isso sem ele. Claro, eu tinha o meu pai, e eu tinha uma fração da Bianca, da qual eu já não sentia mais tanto ódio. Mas, ainda assim, o Cobra, estar com ele, era...era mais do que bom. Se as pessoas conhecessem um pouco mais esse lado carinhoso dele, talvez elas não achassem que ele era um completo marginal. Eu ainda estava envolvida em seu abraço, quando ouvimos um barulho de salto no ambiente, antes silencioso, do QG.

— O que é que é isso, Vagabundo? O que você está fazendo abraçado com essa machinho?

Não precisei nem me virar para ver quem era, mas o fiz mesmo assim. O olhar furioso de Jade alternava entre mim e o Cobra.

— O que você quer, Jade? — ele perguntou grosso, ainda me abraçando, fazendo a bailarina ficar ainda mais irritada.

— Eu vou indo, Cobra. Obrigada pelo apoio. — eu disse me soltando de seu delicioso abraço, percebendo que não teria muito lugar na DR dos dois. Mas ele veio atrás de mim.

— Não, pequena. Espera aí. — ele puxou meu braço e me sentou no banco da praça.

— Como é que é? Eu ouvi direito? Você chamou ela de pequena? — Jade praticamente gritava no meio da praça, o que já estava atraindo a atenção de algumas pessoas.

— Chamei. Algum problema? — o Cobra fez questão de responder no mesmo tom. E eu só observando tudo. A cara da Jade ficou vermelha, depois azul e depois roxa, foi até meio assustador.

— Eu não acredito que você me trocou pela maria-macho! — ela explodiu. — Olha pra mim, Cobra. Eu sou linda, me visto bem, tenho corpo. — Jade dizia apontando para si mesma. — Isso daí que você estava abraçando, olha pra ela. Ela é toda bruta, nem se veste como uma menina. E esse cabelo curto, nem se fala. Como que você preferiu essa mal...

— Chega, Jade. — o Cobra a interrompeu, e só aí que eu percebi que estava chorando. As palavras daquela idiota realmente tinham me atingido. Eu deveria socar ela, mas parecia não valer a pena. Olhei ao redor, e pude ver que praticamente a rua toda nos observava. Tentei ignorar os olhares de pena sobre mim e limpei as lágrimas.

— Não fala assim da Karina, nunca mais. É claro que eu te troquei por ela. Você é toda metida, mimadinha, fica se achando e humilhando os outros. E a K… A Karina é linda. Ela não sabe disso ainda, mas é verdade. — ele disse se virando para mim e eu sorri. — E, diferente de você, ela tem inúmeras qualidades. Eu trocaria várias de você por ela. Fica longe da gente, ninguém te aguenta mais. — eu tentava disfarçar o sorriso em meu rosto, mas era quase impossível. Foi aquilo que eu falei. Em um instante eu estava arrasada pelas palavras da Jade e no próximo eu estava sorrindo com as de Cobra. Quando ele terminou de dar o toco do milênio na Jade, eu o puxei pela mão em direção a minha casa, ignorando todos que nos observavam.

— Normalmente eu diria que não preciso de ninguém me defendendo. Mas obrigada. — agradeci já dentro de casa.

— De nada.

— É verdade? — perguntei tímida, me sentando no sofá. — Tipo, aquilo tudo que você falou. — expliquei vendo sua expressão confusa.

— Claro. Você é tudo aquilo e mais um pouco. — ele respondeu com um sorriso no rosto e eu corei.

Ele se sentou ao meu lado e me olhou nos olhos. Sua mão foi de encontro ao meu rosto, seu polegar me acariciando delicadamente. Fechei os olhos, aproveitando o carinho. Não sei o que teríamos feito em seguida, e também nunca saberemos, pois a porta se abriu, revelando o meu pai acompanhado da Dandara. Eu e o Cobra nos separamos bruscamente, ficando de lados totalmente opostos do sofá. Meu pai nos olhava com uma expressão que transbordava desconfiança, mas, se ele queria falar, ou fazer, alguma coisa, desistiu.

— Você já almoçou, querida? — a Dandara perguntou com sua voz doce e calma, como sempre. Com toda aquela discussão com a Jade eu tinha esquecido do almoço.

— Ainda não. — respondi baixinho.

— É, afinal, os dois estavam muito ocupados arrumando briga no meio da praça, não é? — meu pai disse irônico. É claro que ele não ia deixar passar.

— Desculpa aí, Mestre. — o Cobra começou, se manifestando pela primeira vez desde que os dois entraram. — Mas é que a Jade provocou e…

— Eu sei, Cobra. Essa menina está sempre aprontando alguma. Até hoje eu me pergunto qual o motivo da Karina ter batido nela — meu pai interrompeu.

Droga, não pergunte. Droga, não pergunte. Droga, não pergunte.

Olhei para o Cobra e ele parecia pensar o mesmo que eu. Lancei o mesmo olhar desesperado para a Dandara, como quem diz “por favor, mude de assunto”.

— Então, é melhor você almoçar logo. Não é, K? Se não a gente vai se atrasar. — que bom, ela entendeu. Soltei todo o ar que nem percebi que estava prendendo.

Almocei o mais rápido que pude, foi estranho, pois os três estavam me observando da sala. Depois disso, escovei os dentes, coloquei uma outra roupa qualquer, e parei no meio do quarto. Eu simplesmente estagnei ali. Parecia que dois fios desencapados tinham acabado de se encostar dentro da minha cabeça.

Tinha acabado de cair a ficha. Eu podia ser filha do Lobão. O Lobão e a minha mãe… E se eu tivesse que morar com ele? Eu teria que deixar a minha casa, o meu bairro, meus amigos. Ele me faria lutar pela Khan. O desespero tomou conta de mim. O que aconteceria dali em diante? Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Karina. Vamos? Está na hora. — meu pai chamou batendo na porta, mas eu não respondi. Sentei no chão e apoiei a testa nos joelhos, fingindo não ouvir.

— Karina. Filha, você está bem? — droga, ele ia derrubar a porta. Eu não podia fazer esse exame, não hoje, não agora.

Forcei a mim mesma a levantar e começar a pensar. Olhei ao redor. Como fugir? É claro!

Abri a sacada, verifiquei se ninguém estava olhando. Estavam todos distraídos.

— Filha, responde. Você está me deixando preocupado. — ele já estava gritando, provavelmente atraindo a atenção do Cobra e da Dandara.

— K, meu amor. Você está bem? — não disse? agora ela já estava batendo na porta também.

Eu tinha que ser rápida. Me certifiquei de que tinha celular, fones e dinheiro no bolso, subi na grade, me segurei e desci no exato momento em que ouvi a porta do meu quarto indo de encontro ao chão. Corri como nunca. Não sei pra onde, talvez para lugar nenhum. Não importava, eu só tinha que sumir por algumas horas.

Olhava para trás toda hora, vendo se nenhum deles estava atrás de mim, mas em nenhum momento os vi.

~~~&~~~

Já faziam umas três horas (acho) que eu tinha fugido e, até agora, estava tentando achar o caminho de volta pra casa. Já tinha parado em um posto para comprar um Gatorade e um pacote de salgadinho. Quer uma dica? Nunca corra que nem uma ratazana apavorada no meio do Rio de Janeiro sem saber para onde você está indo. Agora você me pergunta: será que pode piorar?

Sim, sempre pode. Depressão. Foi o que eu senti quando as primeiras gotas de um forte temporal caíram no meu rosto. Ok, talvez fosse hora de ligar para o meu pai. Só que não. Bateria do celular, o que eu fiz pra você? Tentei pegar um taxi, mas que motorista vai querer pegar uma menina de 16 anos, encharcada e sozinha? Comecei a ficar com frio. E o céu começou a ficar escuro. Mas já? O pior é que eu não tinha nem como saber que horas eram. Poucos minutos depois, ainda vagando no meio da chuva, a fome começou a bater. Olhei ao redor em busca de um mercado ou algo assim, e achei um. Pelo menos isso! Entrei e gastei o resto do meu dinheiro em comida, o que não era muito. Perguntei para o atendente do caixa que horas eram e ele disse que eram quase 20h00min! Ferrou.

Tentei ficar dentro do mercado pra não pegar mais chuva, mas os seguranças acharam que eu era uma mendiga e me expulsaram. Andei mais um pouco e achei um beco. É, um beco. Sentei ali e me encostei na parede.

Agora, vamos analisar a situação:

Eu fujo de casa pra não ter que fazer um exame de DNA que pode mudar minha vida, saio correndo igual uma maluca e me perco, acaba a bateria do meu celular, começa a chover, nenhum motorista de táxi quer me levar pra lugar nenhum, eu gastei todo o meu dinheiro com comida em um mercado do qual eu fui expulsa por acharem que eu era uma moradora de rua, estava com frio, encharcada e encostada na parede de um beco, esperando que alguma coisa aconteça.

É, sempre pode piorar.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Gente, espero que vocês não tenham me abandonado. Por favor, comentem para que eu saiba quem ainda está aí.
Existem alguns detalhes, tipo a Vicki, que vão entrar de verdade na fic daqui a alguns capítulos.
Eu não sei bem quando vou conseguir postar de novo. Infelizmente, isso pode demorar. Mas não me abandonem, que vai dar tudo certo.
Comentem :D

Beijos!!!