PEV - Pokémon Estilo de Vida escrita por Kevin


Capítulo 16
Capítulo 15 – Maré das oportunidades em ajudar


Notas iniciais do capítulo

Olá!

É com prazer que trago para vocês o inicio de nossa segunda fase. Acredito que irão gostar das revelações de hoje.

Espero que gostem! ^^



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Pokémon Estilo de Vida
Saga 02 – Fantasmas do Passado
Etapa 05 – Competições Escolares

Existe uma maré nos casos dos homens.
Cuja, levando à inundação, nos encabeça à fortuna.
Mas omitidos, e a viagem das vidas deles está restrita em sombras e misérias.
Em um mar tão cheio estamos agora a flutuar.
E nós devemos pegar a correnteza quando nos for útil,
Ou perder as aventuras antes de nós ”

(Shakespeare)

Capítulo 15 – Maré das oportunidades em ajudar

Burro! Burro! Sou muito Burro! Estraguei tudo! Logo agora que as garotas estavam começando a se sentir seguras. Burro! Burro! Cody, hoje você se superou!

O veículo era dirigido em alta velocidade. Apesar de antigo, estava bem conservado e mesmo com as barbeiragens que Mevoj fazia o carro não se desestabilizava. Parecia realmente um carro propício para o que ele estava tentando realizar, uma fuga.

Temos que sair ainda essa noite! Volto durante a semana para pedir demissão assim que conseguir deixá-las em um local seguro, ou a diretora colocará meu nome nos jornais por abandono de trabalho e piorar ainda mais a situação. Cody você é muito burro!

Era noite, nem chegavam as nove horas ainda. Mas, naquela estrada deserta tudo era escuridão e os postes com suas luminárias eram bem distantes uns dos outros deixando o trajeto quase que em penumbra, não fossem os faróis do veículo. Era uma estrada pouco utilizada durante o inverno, já que beirava toda uma área de praia com corais e que para banho pouco servia. Pegou aquele caminho no momento de apavoramento. Achou que um caminho não convencional seria mais prudente, já que velocidade era tudo. Sem radar, sem câmeras e sem semáforos.

A ilha central de Khubar não era grande, uma pessoa poderia cruzá-la com seis a oito horas de caminhada. De carro seriam poucos minutos se a combinação de trânsito livre e sinais abertos acontecessem. Mas, para Mevoj não bastava ser rápido, precisava despistar e tinha esperanças que se viesse a ser seguido naquela estrada litorânea iria despistá-lo.

Metade do caminho e tudo bem! Ninguém me segue! Não sabem onde moro. Não sabem onde moro! Talvez seja apenas um mal entendido!

Repetir que não estavam seguindo-o e que todo o desespero poderia ser apenas um alarme falso parecia fazê-lo bem, talvez não por acreditar que fosse se tornar verdade, mas precisava se acalmar. Chegar daquela forma em casa só deixaria as coisas complicadas. Mas, a verdade era que ninguém o seguia e isso já era sinal de que poderia começar a se acalmar.

Riu de nervoso, sentindo o vento frio da noite passar pela janela aberta do carro. Vento que aumentava a cada instante e levantava poeira e folhas em volta da pista. Sentiu o carro sair de lado de repente. Não entendeu o motivo até perceber que os ventos se formavam ao redor do carro apenas.

Pisou fundo e mesmo assim parecia ser cercado por uma tempestade de vento. Apertou o volante tentando não se deixar dominar pelo medo e então, de repente, os faróis iluminaram uma pessoa no meio da pista. O pedal do frio foi pressionado com força e os pneus começaram a lixar no asfalto por vários metros.

O carro parou e depois de recuperar-se do solavanco da freada ergueu o olhar. Não havia acertado a pessoa, mas por alguns instantes percebeu que talvez devesse tê-lo feito. Loiro, roupa um pouco largada e parado como se não houvesse corrido perigo de ser atropelado a poucos instantes.

– Por favor, saia do carro. -

A voz de fora veio calma, mas sentia que era uma ordem. Girou a chave para partir dali acelerado, mas o motor não pareceu funcionar. Uma, duas, três vezes tentou fazer o carro pegar. Desistiu antes da quarta. Olhou novamente para a pessoa parada no meio da pista sendo iluminada apenas pelos faróis, já que os postes de iluminação estavam distantes. A mão na maçaneta demorou-se a decidir-se por concluir o movimento. Desistiu e tentou mais uma vez ligar o carro, estava apavorado demais conseguir fazer outra coisa diferente de uma patética tentativa de fuga.

– Por favor, saia do carro! -

Sentiu o ar parado e o silêncio do lugar. A rota não havia sido uma boa escolha. Abaixou-se no banco, procurando por algo no chão do carro e logo depois abriu a porta. Saiu, encarando o loiro e demorou-se para afastar-se do carro. Mas, depois que se afastou revelou na mão direita uma chave de rodas robustas e no rosto um sorriso desafiador de quem pedia para que o estranho tentasse a sorte.

– Por que estava me procurando? -

Mevoj foi pego de surpresa por aquela pergunta. Deu um passo a frente, tentando não transparecer o medo e manter a postura confiante e pode ver um rapaz de no máximo dezenove anos. Sorria, mas seu olhar não deixava dúvidas que não estava contente.

– Por que acha que eu estava procurando? - Mevoj indagou.

– Deixou cair meu currículo quando me derrubou no campus há alguns instantes. -

Mevoj pareceu tentar entender aquilo. Havia sim ido ao campus da UPK procurar por um estudante que talvez pudesse ajudá-lo, mas em vez de encontrar quem procurava encontrou quem não desejava. Apavorou-se correu trombando com alguém fazendo-o cair. Um jovem loiro parecido com quem procurava, mas seus planos e prioridades mudaram completamente. O objetivo era fugir antes que fosse pego. Sim, tinha um currículo do jovem que procurava, na mão.

– Descul... - Parou o pedido de desculpas dando dois passos para trás. Era humanamente impossível o jovem que havia sido derrubado a pouco mais de quinze minutos ter tomado a dianteira e esperado-o no meio de uma estrada deserta que quase ninguém usava. - Como? - Ele se virou para trás e depois olhou em volta buscando algo que justificasse a aparição dele, ali no meio do nada.

O loiro pareceu pensar na pergunta monossilábica, mas foi a reação de quem procurava algo que facilitou o entendimento do rapaz. Ergue a cabeça calmamente, olhando para cima e induzindo Mevoj a fazer a mesma coisa. Lentamente Mevoj moveu a cabeça para para olhar e no mesmo momento deixou a ferramenta cair no chão fazendo um forte barulho. Apavorado desta vez sequer conseguiu dar vazão ao instinto de fugir. Existia uma ave gigante no céu voando em círculos, aparentemente observando-os.

– Por que fugiu daquela maneira quando John se aproximou? -

A pergunta pareceu lhe retirar do transe que a ave havia lhe posto. Era assustador pensar que aquela ave gigante servira de transporte para o jovem, que produzira toda aquela ventania em volta do carro e havia sido muito mais veloz. Pior era pensar que talvez toda a calma do jovem se desse pela ave poder defendê-lo de qualquer coisa. Qual seria a força daquele pokémon em batalha?

– J-John? - Cody perguntou. - Não conheço. - Ele disse. - Corri porque... -

– Esqueça. - O loiro cortou-o ao ver que ele gaguejava. - John não o viu. Ao menos não seu rosto, esteve todo o tempo de costas para ele. - Ele fez um movimento com o braço. - Vim atrás de você para saber o que queria comigo e para saber o que te deixou amedrontado. Achei que precisava de ajuda. Mas, não precisa ou já teria parado de tentar me enrolar.-

Aquilo era uma verdade. Quando viu John ele estava sendo apontando por uma moça como um colega de classe de Kevin, o rapaz quem procurava. Viu o rosto e se apavorou saindo correndo enquanto era chamado para pedir ajuda para encontrar Kevin. John até tentou segui-lo, mas pelo que o loiro dizia, não tinha ideia de quem ele era.

De repente a ave desceu e parou atrás do rapaz, teve certeza que a ave desceu devido ao gesto feito pelo rapaz. Penas coloridas e com cores vivas. Marrom, beje e alguns tons rosados podiam ser identificados por Mevoj, mas não tinha ideia de que ave era aquela. Achava ser um Pidgeot, mas as cores pareciam um pouco diferentes e o tamanho era assustadoramente maior do que imaginava que poderiam ser. O rapaz preparou-se para subir nas costas da ave.

– Preciso de ajuda! - Mevoj falou rapidamente se dando conta de que o rapaz havia dito que veio para ajudá-lo e agora estava para partir. - As coisas que escreveu naquele currículo são verdadeiras? -

O rapaz parou de subir por alguns instantes. Virou-se olhou para Mevoj.

– Kirian? - Questionou o professor. - Kevin Kirian Júnior? O jovem que foi ao colégio no dia do incidente com o Tangrow? -

– Sou eu. - Disse o rapaz. - Nada desse currículo é verdadeiro. Estava desesperados por créditos extras e acabei inventando. -

– Não possui nenhuma daquelas habilidades? - O professor pareceu não acreditar.

– Todas falsas. - Disse Kevin.

Mevoj pensou durante alguns instantes olhando o jovem e a gigante ave. O currículo dizia que foi treinador e líder de ginásio, dentre outras coisas. As outras coisas não poderia dizer, mas treinador e líder de ginásio poderiam ser verdade. A ave falava por si só. Não eram as habilidades de treinador que ele queria, mas se claramente ele estava mentindo sobre ser treinador, e talvez até líder de ginásio, talvez pudesse estar mentindo sobre o resto.

– Além de professor, sou historiador doutorado pela Universidade Pokémon de Khubar. Posso fornecer créditos extras em troca da ajuda. - Disse Cody mevoj agora mais confiante e menos tremulo do que no inicio da conversa. - Aquele incidente teve repercussão negativa. Tive que assumir toda a culpa para minhas filhas não serem expulsas. E agora corro o risco de perder meu emprego. - Mevoj viu que o rapaz, mesmo montando parou e olhou de forma estranha.

Eles se encararam por alguns instantes. Cody sentia que aquele jovem era mais estranho do que ele aparentava ser. Sentia uma sensação muito estranha vindo dele. Mesmo que tudo fosse mentira a criatividade para inventar tudo aquilo já era suficiente. Mas, o jovem balançou a cabeça negativamente terminando aquela conversa por olhares. A ave que agitou as asas e alçou voo.

– Espere! - Gritou Mevoj desesperado enquanto a ave ganhava altitude. - Fugi naquela hora porque John Carther era da Estilo de Poder! -

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– A sorteada foi Lívia! -

Os olhos da menina se arregalaram. Aquilo era o tipo de coisa que acontecia com ela. Infelizmente quando começava demorava para parar. As vezes ela chegava a acreditar ser alguma espécie de urucubaca ou perseguição, pois só isso explicaria a uma maré de azar que vez ou outra tomava conta de sua vida.

Era segunda feira e tudo parecia ter começado bem para ela. Acordou assustada após o repetitivo pesadelo de que estava recebendo um tiro enquanto era carregada nos braços por alguém, mas quando abriu a janela para tomar um ar o encapuzado e seu belíssimo Luxaray estavam chegando a pracinha. Saiu de casa no horário atrasada, mas conseguiu pegar o ônibus de sempre já que o motorista a viu indo em direção ao ponto e resolveu esperá-la.

Tremeu quando o professor começou a aula chamando a atenção de todos pela falta da conquista de crédito extras e que eles já deveriam ter ao menos metade se esperavam se matricular no próximo semestre. Mas, achou-se sortuda quando Doutor Hércules anunciou que havia um final de semana do voluntariado e que ele possuía cinco vagas para conquistarem quatorze créditos extras e ela estava entre uma das que ele pretendia selecionar.

Mas, o equilíbrio entre sorte e azar acabara quando alguns da turma solicitaram sorteio para que todos tivessem chances iguais. Após Rafael e Sarah retirarem seus nomes do sorteio, pois eram os únicos que possuíam boa quantidade de créditos, a jovem Landsteiner era a sorteada para não participar.

– Tudo bem! -

Sorriso amarelo no rosto na tentativa de esconder um pouco da decepção. Um endurecer de pescoço para não olhar para os lados. Ninguém precisava perceber o quanto ela havia ficado chateada com aquilo. Apesar do dia ter começado cheio de seus altos e baixos, trazendo-lhe algo bom após algo ruim acontecer, não via como algo bom poderia surgir daquilo.

– Ela pode ficar com minha vaga professor. -

Lívia olhou para o lado, correndo os olhos pela ferradura. A voz ela reconhecia, só não acreditava que aquilo poderia estar acontecendo. Kevin estava com a mão erguida informando aquilo.

– Não! - Ela exclamou mais forte do que pretendia. Mas, viu o professor olhá-la como quem mandava-a calar-se. - Não precisa abrir mão da vaga. Eu... -

– Ele tem vinte sete créditos extras. - Disse o professor. - Seria um dos que eu não selecionaria, a princípio. Tem gente em situações piores. - Ele a encarou dizendo-a com os olhos que ela era a situação pior. - Uma pausa de dez minutos e vou voltar a transformá-los em médicos descentes. - Ele sorriu ao sair da sala.

Lívia ficou sentada por alguns instantes pensando naquilo. Ela realmente estaria com problemas se não obtivesse aquela vaga, não possuía nenhum crédito extra ainda e todas as suas tentativas de conquistá-las resultaram em uma necessidade de recuperar a autoestima. Kevin estava salvando-a.

No entanto, a dias estava evitando o jovem Kirian. Desde que conversara com Riley e Maya e constatara que além de vender bebida para elas, que são menores, também havia cantado-as, Lívia temia questionar Kevin quanto àquilo. Eles não eram nada além de colegas de sala, apesar de tratarem-se mais carinhosamente do que tratavam os demais. Ela sabia que se começasse a conversar com ele acabaria questionando a respeito e temia o resultado daquela conversa. Não queria passar por boba e muito menos correr o risco de se relacionar com alguém que ia atrás de garotinhas.

O termo irritava a irmã, Leila. Riley e Maya tinham praticamente a mesma idade que Leila e Kevin possuía apenas dois para três anos de diferença. Para as meninas aquilo não era nada. Mas, o que um universitário, visivelmente maduro, iria querer com uma garota de ensino médio? Aquilo era óbvio para ela e não gostava do que concluía. Piorava quando pensava que a irmã poderia cair nas garras de um universitário.

– Preciso tomar um ar. -

Disse mais para si mesma do que para alguém na sala. Sarah e Núbia conversavam sobre qualquer assunto sobre moda, enquanto os rapazes pareciam entretidos em comentar algo sobre esporte. Apenas o professor, Kevin e John não estavam na sala. Caminhou até a porta e deu de cara com Kevin, que entrava, distraído a folear um livro.

Ele a olhou e sorriu. Ela, um tanto quanto frustrada, não conseguiu sorrir de volta.

– Tudo bem? - Ele perguntou fechando o livro e o deixando na mão esquerda.

– Sim. - Ela tentou sorrir, mas suspirou deixando transparecer que algo a incomodava. Sua visão parou sobre o livro que ele segurava. - Não sabia que gostava de literatura. - O livro parecia antigo e tinha o nome Júlio César estampado. Era apenas uma tentativa de não falar do assunto mas, não resistiu. - Por que cedeu sua vaga para mim? -

– Isso te incomoda? - Ele quase gracejou com a fala. Confessava que o comentário do livro seguido pela pergunta o deixou confuso. Mas, ao perceber que ela o encarava fixou os olhos nela, devolvendo o olhar.

Por alguns instantes Lívia teve a certeza de que não eram olhos de um cara que tentava se dar bem em cima de todas, muito menos de garotas ingênuas e novinhas. Mas, não podia negar que os fatos provavam que ele estava a fazê-lo.

– Você precisava dos créditos também. - Ela não desviou o olhar.

– Eu estava ali do meu lugar e vi seu sorriso desaparecer quando foi sorteada. - Ele parou um pouco abaixando o olhar. - Senti que você queria muito essa oportunidade. Precisava de uma ajuda. - Ele voltou a olhar para ela. - Então, abri mão por você. -

– Deixou seus créditos por mim? - Ela sorriu, quase que sem perceber.

– Devemos pegar a correnteza quando nos convir e encarar as aventuras que estão por vir. - Ele a olhava sorridente enquanto falava. - Ou qualquer coisa assim, ainda não entendi. - Sacudiu o livro para ela e deu um passo.

Lívia ficou surpresa quando aquilo aconteceu. Do nada, Kevin deu um passo para frente e passou o braço direito por sua cintura. Ela sentiu o corpo dele colar no seu. Antes que pudesse reagir sentiu o corpo deslocar-se para frente, como se ele a levasse. Ficou olhando para o rosto dele, incerta do que acontecia até que escutou uma voz vinda de trás de Kevin.

– Foi mal! - John estava na porta pedindo passagem. - Achei que precisavam de uma ajudinha para saírem desse impasse. -

Kevin soltou Lívia e deu uma risada descontraída enquanto a menina envergonhava-se com o comentário. Só então percebeu que estavam parados impedindo a passagem de John e do professor.

– Poderia ter nos machucado. - Disse Lívia para John. - Não pode empurrar as pessoas assim. -

– Você se machucaria perto dele eu fazendo isso ou não. - Disse John indo para sua cadeira enquanto o professor dava uma risada enquanto passava.

Lívia olhou para Kevin que pareceu não se incomodar com o comentário.

– Sabe... Ouvi coisas desse tipo a seu respeito. - Ela comentou. - E de outros tipos também. - Viu que ele continuava a olha-a, sorrindo totalmente receptivo. Perguntaria naquele momento sobre tudo aquilo. - Você vendeu... -

“Saudações aspirantes a médicos pokémon. Sou Luz das Batalhas e venho para salvar as miseráveis vidas de vocês.”

A dupla olhou para frente e viu que a losa digital havia se ligado e exibia uma pessoa de sobre tudo negro com voz metálica. Deram dois passos para frente imaginando que a aula estava começando, mas então perceberam o professor sem entender o que estava acontecendo.

“Vocês correm perigo! Toda a Khubar, na verdade corre grande perigo. Mas, é provável que sete de vocês venham a falecer muito em breve por causa de algumas pessoas dentro desta sala.”

O professor mexeu algumas vezes nos controles, mas sem ter exito em fazer aquilo parar.

“Caro Doutor Hércules, a tentativa é inútil. Apenas me escute e talvez eu consiga salvar sua vida e a de seus alunos. Sem minha ajuda, Khubar será palco de uma guerra em que a maioria de vocês não precisaria estar envolvida não fosse a patética decisão de algumas pessoas em tenar fugir delas mesmas.”

– Do que será que ele está falando? - Questionou Lívia a meia voz para Kevin.

“Hoje vou ajudá-los a tentar sobreviver revelando a identidade de uma das pessoas mais perigosas dessa sala.”

Imagens de uma cidade sendo destruída por um ataque criminoso começaram a aparecer. Um texto informada que a cidade era Ion em Kanto há cerca de quatro anos. Passava o número de mortes e o nome da organização criminosa responsável foi estampada, Estilo de Poder.

A foto de um agente mascarado apareceu em seu macacão cinza e logo depois vestido com roupas de presidiário e um número de série abaixo. Em seguida, uma terceira foto apareceu e qualquer dúvida sobre a identidade da pessoa desapareceu. Todos puderam ver a foto do agente da Estilo de Poder que fora preso, John Carther! A comparação das três fotos não deixava dúvidas sobre quem ele era.

“Ele vai matar vocês assim que tiver uma oportunidade. Pois a vida dele é roubar e matar!”

A tela apagou-se enquanto todo o grupo ficava em silêncio. Ninguém se mexia ou falava nada. Pareciam tentar processar o que acabara de ser informado. O professor respirou fundo, faria o que lhe era pedido naquele momento verificar se estavam todos bem após aquele tipo de informação, falar que aquilo não passava de uma brincadeira de mal gosto e encerrar a aula para poder conversar com a coordenação do curso.

– Fale alguma coisa John. - Disse Franciano.

Todos olharam para o rapaz branco dos cabelos pretos e porte atlético. Ele parecia respirar pausadamente e sua expressão era indecifrável. Fosse verdade ou não, ele deveria ter algum tipo de reação e até então parecia tão surpreso quanto todos.

– John! - Berrou Franciano.

Franciano era um dos mais chegados dos quatro caras que andavam com John. Apesar de algumas brincadeiras de mau gosto, nunca pensara que o amigo fosse um assassino. Já estavam em junho e ele nunca havia dado sinal de ser alguém com aquele tipo de índole. Franciano não queria creditar naquilo.

No entanto, John foi derrubado no chão. Zeliomar, que estava ao lado dele, levantou-se e com um puxão o jogou no chão o lançando para o fundo da sala. Núbia a Sarah começaram a gritar enquanto os demais afastaram-se da situação. Ninguém sabia exatamente o que fazer. John tentou levantar-se, mas uma cadeira foi jogada contra ele o acertando e o fazendo voltar ao chão. Lívia assustada tentou refugiar-se próximo a Kevin, buscando proteção, mas não o encontrou.

– Seu desgraçado! - Zeliomar agora perto de John em vez de jogar a cadeira a empunhou para acertá-lo.

Todos viram a expressão de ira no rosto quando o movimento foi para descer a cadeira foi executado. Mas, a cadeira não desceu no arco que deveria, mesmo Zeliomar fazendo força. O agressor olhou para trás e viu Kevin segurando a cadeira, impedindo o ataque.

– Você? - Zeliomar soltou a cadeira e ficou em posição defensiva pois John havia levantado e o encarava. - Sabe o que esse cara fala de você para todos com quem tem contato? -

Kevin abaixou a cadeira que havia ficado com ele e não disse nada. Viu John ficar apenas observando enquanto do seu supercílio um grande filete de sangue jorrava.

– Solte-me! - Gritou Zeliomar quando foi agarrado pelo professor que tentou contê-lo. - Meu pai morreu naquele ataque. Ele matou meu pai! Ele matou meu pai. -

A gritaria das meninas fez alunos de outras salas e seguranças virem até a sala ver o que acontecia. O corredor lotou de curiosos que ouviam os gritos de Zeliomar que agora era contido também por Rafael e outro dois professores.

– Assassino! Assassino! - Gritava ele sacudindo-se e lutando para se soltar. Zeliomar não era tão forte, mas em seu estado de fúria e a falta de vontade dos professores e alunos de machucá-lo, estava dando a ele toda a vantagem. - Ele tem que morrer! Ele tem que morrer! -

John tremeu no seu lugar. Não apenas o rosto sangrava, mas parecia que o braço esquerdo, que usou para defender-se da cadeira, estava machucado. Um segurança o segurou, impedindo que ele desabasse no chão.

– Alguém me ajude a levá-lo a enfermaria. - Disse o segurança, mas ninguém pareceu se mover.

Quem não era da sala apenas sabia que Zeliomar o chamava de assassino. Já os da sala o reconheciam como um agente da Estilo de Poder. Ninguém queria chegar perto. O segurança acabou levando-o sozinho. Enquanto pessoas entravam na sala buscando informações sobre o ocorrido ou mesmo buscando acalmar Núbia e Sarah que pareciam em choque. Lívia no meio da multidão agarrou o braço de Kevin, sem saber exatamente o motivo pelo qual fazia.

Talvez fosse a pessoa mais próxima, a pessoa mais acessível já que as outras meninas estavam em choque, ou talvez simplesmente porque ele parecia ser o mais calmo e ela queria entender o motivo.

– Você está bem? - Perguntou ele sorrindo para ela.

Um sorriso. Depois de tudo aquilo ele sorria para ela. O sorriso a acalmava, sem sombra dúvidas. Ela achava aquilo engraçado, ele que nos últimas dias era o que incomodava sua mente tornava-se a pessoa que a acalmava apenass por sorrir.

– Por que o ajudou? - Perguntou Lívia a Kevin.

– Ninguém morre enquanto eu estiver por perto. -

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Há uma maré na história do homem. Cuja a enchente nos leva à fortuna. Mas se omitida, a viagem das suas vidas percorrerá vales e misérias. Num mar tão cheio agora flutuamos. Porque existem inúmeras oportunidades ocorrendo ao nosso redor e acabamos sendo pequenos para lutar contra ou aproveitar todas. Devemos pegar a corrente quando ela nos servir. Ou perder as aventuras que estão por vir.

A mesa sacudiu-se e Kevin pode ver mãos de homem de pele clara espalmadas a sua frente. Levantou o olhar e viu John. Cabelos pretos espetados e olhos castanhos escuros transtornados e revoltados. Respirava pesadamente e parecia estar a ponto de partir para uma briga.

– Qual é o seu problema? -

A voz dele não saia tão alta quanto Kevin imaginara que saia. A expressão era de quem estava bem transtornado. Estava com o braço enfaixado e algumas bandagens na cabeça. Mas, ali, no meio de refeitório, mesmo pessoas sentadas em mesas ao lado, pareciam não notá-lo em seu momento de fúria.

– No momento, entender o motivo de enchente nos levarem a fortuna. -

O sorriso do loiro era genuíno. Estava ali lendo em seu tempo livre na parte da tarde, já que a aula do dia havia sido cancelada devido ao incidente. Manteve um fone de ouvido na orelha direita, apesar de não haver nenhuma música tocando.

– Estilo de Poder. - Disse John. - Eu! - A irritação era evidente. - Eu era da extinta Estilo de Poder. Cacei você, sua família, amigos e pokémon! - Fechou os punhos em cima da mesa. - Você é o Maerd e eu sei. Minhas últimas ordens eram te matar. -

– A Estilo de Poder acabou. - Disse Kevin sorrindo e olhando para o seu livro e depois voltando a olhar para John. - Você sabe disso, né? Você mesmo disse. -

Era a primeira vez em meses que Kevin não negava que era Kevin Maerd Júnior. Sua identidade de Kevin Kirian Júnior sempre foi prioridade, mas John sabia quem ele era desde que o viu pela primeira vez. Não adiantava mentir, até porque ele estava irritado o suficiente para querer arrancar seu disfarce no meio de todos.

– Fiquei dois anos preso! - Disse o jovem de cabelos pretos e porte atlético admitindo que realmente a equipe criminosa que aterrorizou o mundo havia acabado. - Mas, como pode não me odiar? Você nos odiava e prometia nos matar. Por que estamos aqui um de frente para o outro e nada acontece? -

Kevin retirou o fone que estava na orelha direita calmamente. Marcou a página que estava lendo com a folha onde fazia anotações e afastou o livro, não deixando nada na mesa entre ele e John. Olhou-o nos olhos. O azul contra o castanho. Olhos calmos e sorridentes contra olhos zangados e transtornados.

– Eu deveria agarrar a gola de sua camisa e jogá-lo contra a parede deixando meus olhos frios e sem vida? - Questionou Kevin. - Te acalmaria se eu iniciasse um escândalo para que todos exigissem sua expulsão? - Kevin olhou em volta. - Ficaria contente se travássemos uma luta titânica de vida ou morte, por nada? -

– Por que me defendeu? - O berro ecoou por todo o refeitório e ninguém teve como deixar de olhá-los.

– Está zangado por eu ter evitado que arrebentassem sua cabeça? - Kevin pareceu confuso. - Queria morrer? - Sorriu, de forma sincera ao perguntar.

Eles continuavam se encarando. O silêncio era a melhor resposta para a pergunta que Kevin fez. Talvez não quisesse morrer, mas estava claro que não conseguia aceitar que a pessoa que ele tentou matar várias vezes havia salvado sua vida.

– Você é louco? - John parecia transtornado com a tranquilidade e sorrisos de Kevin. - Eles tinham razão. - Ele sentou parecendo não acreditar naquilo. - Você é completamente louco. - Ele olhou para os lados enquanto pessoas ainda os observavam. - Você sabe que alguns membros antigos ainda te odeiam? -

– Por que acha que deixei tudo de lado e vim pra cá? - Kevin riu. - Uma região onde quase ninguém me conhece e onde eu nunca mais precisaria pegar em uma pokebola com o intuito de batalha. -

– Como pode deixar de lado tudo o que fizemos e vir para cá? - John realmente estava transtornado. - Como deixou os amigos, a família, as coisas que fez... - Ele parou. - Como deixou quem você era para trás? Por que fez isso? -

– O que veio fazer aqui se não deixar o passado de lado? - Perguntou Kevin.

John de repente abriu a boca mas parou. Ficou olhando Kevin, com a boca aberta e estático. Fechou a cara parecendo pensar no que Kevin havia perguntado e levantou-se. Deu alguns passos afastando-se da mesa e olhou o loiro dos olhos esverdeados, ainda sorrindo de maneira calma. John se perguntava como o garoto escandaloso e inconsequente poderia ter se tornado esse cara que não parava de sorrir e se mantinha calmo mesmo diante de alguém que acabara de falar que teve a missão de matá-lo e que existia gente por ai que ainda queria fazê-lo.

Existem muitas oportunidades na vida das pessoas. Ignorando todas, sua vida nunca mudará, pois a fortuna surge ao aproveitá-las. São tantas oportunidades passando por nós que nos perdemos em meio a elas. Pegamos a que está na direção que melhor nos servir na esperança que nos leve até as melhores aventuras desconhecidas a seguir. Pois parados viveremos para sempre os fantasmas do passado.

Gostaria de saber porquê John escolheu a oportunidade de vir para cá. Que tipo de aventura ele esperava encontrar? Será que as oportunidades que estão diante dele agora o levarão para uma aventura nova ou terá que continuar vivendo com esses fantasmas do passado?

Passei a noite toda acordado querendo partir para cima de John, mas acabei decidindo que assim como eu ele deveria merecer uma vida diferente da que viveu, independente do tipo de coisa que ele já fez. Se Mevoj não tivesse me revelado aquilo ontem a noite eu teria descoberto na sala e com certeza teria atacado-o, assim como Zeliomar. Eu teria me traído quanto ao meu propósito de proteger a vida. Fui testado e quase vacilei.

Agarrei a oportunidade de trocar de nome, tentar salvar as pessoas que amo e acabar com essa onda de mortes que me persegue. Conheci uma região onde não preciso me preocupar em ficar escondendo meu passado. Conheci pessoas legais, mas tento mantê-las distante para que seu algum dia meu passado vier me atormentar elas não virem alvos. Será que ao fazer isso estou perdendo a correnteza que me levaria a fortuna?

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– Professor Mevoj, a diretora aguarda-o na diretoria. -

A sala riu da informação que saia dos auto falantes. Normalmente só chamavam a diretoria os alunos encrenqueiros, qualquer outro tipo de assunto não era falado naquelas caixas de som. O professor riu e fez cara de quem acabava de ter feito molecagem.

– Exercícios da pagina 50 a 90. -

Disse de forma casual enquanto saia rindo. Passou pela porta fechando-a, certo de que a sala se tornaria palco de guerra em instantes. Seu sorriso desapareceu dando lugar a uma expressão preocupada.

A escola estava em silêncio naquele momento e ele agradecia por aquilo. Corredores vazios ajudavam-no a não ter que esconder a preocupação daquele momento. Tentou por várias semanas conseguir algo para lhe ajudar naquele bendito pedido da diretora, mas agora estava indo enfrentá-la sem a menor chance de defesa.

Não culpava o garoto loiro, Kevin. Mesmo que tivesse disposto a ajudar a tarefa era tão desumana e o tempo tão curto que era capaz de ter certeza que mesmo que tentasse contratar um profissional, o mesmo recusaria.

Ao menos estava tranquilo quando ao medo de ter sido reconhecido. Não precisava fugir de casa com as meninas como temeu durante algumas horas da noite anterior. Realmente John Carther não o reconheceu e ninguém veio atrás dele. Se o reconhecimento tivesse sido feito, nesse horário já estaria sendo levado de Arton há muito tempo.

As meninas estavam seguras, ele estava seguro. Mas, seu emprego teria fim naquele momento. Lembrava-se perfeitamente das palavras ameaçadoras que aceitaria e cumpria a tarefa de forma satisfatória ou poderia retirar seu material dos armários e sair da escola.

Parou em frente a porta da diretora e deu duas batidas e abriu-a. A diretora estava parada, sentada em sua mesa, com cara de quem não estava gostando nada de algo que estava observando. Estava com os olhos fixos em seu computador e parecia a ponto de quebrá-lo.

– Senhor Mevoj. - A diretora parecia nada satisfeita. - Convença-me a não chutá-lo da escola nesse exato momento. -

– A senhora é uma dama e não se exporia ao ridículo de chutar-me para fora da escola com todos os alunos preparados para filmá-la fazendo isso. - Ele disse com um sorriso nervoso. - Achei que esperaria o final dia para termos essa conversa. -

– Eu também achei. - Disse ela sem tirar os olhos da tela do computador. - Mas, sei que não tem nada pronto ainda. - Ela finalmente o encarou. - Isso ou adorarei entender como possui algo pronto, não me entregou nada e só agora resolveu me pedir o histórico das atividades dos outros anos. -

Cody Mevoj não sabia esconder suas expressões e naquele momento sua sorte era que sua expressão de confuso servia como combustível para a irritação da diretora.

– Só não o demite ainda porque você ganhou as crianças muito rapidamente. - Ela comentou. - Mas, você é um historiador doutorado. Dar aula em uma escola de ensino médio, sendo que existe uma universidade na porta da sua casa onde teria muito mais desafios para suas habilidades e dinheiro é no mínimo suspeito. -

– Quero poder acompanhar minhas filhas mais de perto. - Disse Mevoj. - Uma carteira na universidade me faria ter pouquíssimo tempo disponível para elas. A adolescência é uma idade difícil. -

– Você está se saindo muito bem com a Maya. - Ela debochou lembrando-se de todas as coisas que a menina aprontava. - Mas, nada disso importa. Passei por e-mail oque seu assistente pediu e ele respondeu que amanhã a tarefa já estará em execução. -

– Assistente. - Mevoj repetiu a palavra ainda com sua expressão confusa.

– Amanhã virei de bota lustrada e cabelo escovado. - Ela sorriu. - Quando você falhar, eu chutarei seu traseiro na frente das crianças e irei parar na internet linda e maravilhosa. -

– Assistente. - Ele repetiu.

– Agora, peça a seu assistente para não me mandar mais e-mails. - Ele bufou fazendo sinal para ele sair.

Ele levantou-se um quanto perdido e confuso. Abriu a porta e a fechou questionando-se que assistente era aquele que ele não conhecia.

– Sério que você achava que conseguiria organizar um evento festivo de três dias para este final de semana sem sequer ter começado? -

A voz soou do lado dele o assustando. Ele olhou para o lado e viu os olhos azul esverdeados, o cabelo loiro e o sorriso no rosto. Kevin estava ali no corredor esperando por ele com uma prancheta e muitos papéis presos a ela.

– Assistente? - Mevoj sorriu compreendendo.

– Sem perguntas sobre quem somos? - Questionou Kevin.

– Sem perguntas. - Disse Mevoj compreendendo que a identidade do rapaz não era realmente Kevin Kirian e que ele queria que isso se mantivesse como segredo. Sendo que desta forma Kevin não faria perguntas sobre quem era Cody Mevoj. - Mas, porque decidiu me ajudar? -

– Existe uma maré nos casos dos homens. Cuja, levando à inundação, nos encabeça à fortuna. - Respondeu Kevin.


– Mas omitidos, a viagem das vidas deles está restrita em sombras e misérias. - Mevoj riu com ao completar a citação, não esperava que alguém conhecesse tal trecho de um livro antigo. - Obrigado por me tirar da miséria. -

– Obrigado por me ajudar a lidar com John -


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Acho que até o tom mudou um pouco, né?

No próximo episódio traremos um person antigo que estava faltando aparecer.



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