__Precisamos conversar,Isabella._ diz frio entrando no quarto.Deus, que não seja o que eu estou pensando.
Continuação...
P.V.O Bella
O encaro por alguns segundos. Meu pai está parado na porta do quarto com cara de poucos amigos. Impecável em seu terno preto. Charlie é um homem muito bonito, pele branca, cabelos pretos perfeitamente cortados e o inigualável bigode que ele insiste em manter. Acho que passa uma imagem séria, de um homem autoritário. Como sempre ele estar acompanhado de seus dois seguranças, não sei por que um advogado precisa de segurança, por mais famoso que ele seja, não é como se alguém estivesse planejando um sequestro a cada segundo. Bom, vindo do meu pai tudo é possível.
_Vai ficar me encarando até quando, Isabella? Não tenho o dia todo._ diz impaciente. Só agora me dou conta que ainda estou parada segurando a porta.
_Ah...é...desculpa, pode entrar._ dou passagem para ele. Os seguranças ficam do lado de fora.
_Pelo preço que eu pago, esse lugar não vale nem a metade._ diz olhando ao redor.
Charlie é assim, nenhum lugar é bom o suficiente para ele, nada é bom o suficiente para o grande, Charlie Swan. Ele para olhando para ,Renesmee por um segundo. Somente isso um segundo. É a primeira vez que ele vem aqui. É a primeira vez que ela a vê.
_O senhor não veio aqui para conhecer o lugar ou começar a colocar seus inúmeros defeitos em tudo não é mesmo? O que você quer, Charlie?_ digo ainda parada no mesmo lugar. Eu não sou mais aquela ,Isabella de anos atrás e ele precisa saber disso.
_Você é igualzinha a vadia da sua mãe. E em pensar em todo dinheiro que eu investir em sua educação para virar isso._ me olha de cima a baixo como se eu fosse uma aberração.
_Não ouse falar da minha mãe._ digo entre dentes. Eu não vou deixar ele sujar a memória da minha mãe.
_Não ouse chingar minha mamãezinha perfeita, Charlie. Ela era uma santa e blá, blá, blá..._ diz em tom de deboche._ Tão santinha que me colocava um par de chifres diferente a cada dia._ termina se alterando. Respira fundo e me dar as costas.
A minha mãe não era isso que ele diz, eu tenho certeza.
_Não precisava ter matado ela por causa disso._ sai mais como um sussurro. Ele se vira avançando em mim e me segurando pelo braço.
_Eu não matei aquela vadia. Por mais que ela mercesse._ diz com raiva apertando meu braço e me sacudindo no processo.
_Me diz o que aconteceu com ela então?_ praticamente imploro. Ele me olha por um segundo e é o suficiente para eu saber que ele não vai dizer.
Charlie nunca me disse e nunca deixou que alguém me dissesse o que aconteceu. Não existe notas em jornais sobre a morte da minha mãe, nada. Eu não sei como ela morreu ou o porquê. É como se ela nunca tivesse existido.
_Eu não vim aqui para isso. Eu pago rios de dinheiro a esse hospital e é assim que você me recebe?
_O que você queria? Que eu enfeitasse todo o quarto para você? Com flores e corações? Uma faicha bem grande escrito, bem vindo papai ou melhor vovô? é bom recebe-lo depois de tanto tempo._ digo ironicamente. A raiva tomando conta de todo o meu corpo. Como ele consegue ser tão sinico?! _ E a propósito eu nunca pedir para você pagar nada.
_Se você não tivesse voltado e ter acontecido toda essa merda de acidente por aqui...
_O senhor me expulsou da sua casa, da sua vida, me deserdou e ainda acha o que? Que eu deveria ficar longe da cidade para sempre?
_Sim, eu acho. Acho que você deveria ter morrido nesse acidente seria bem melhor para mim._ diz me encarando frio como gelo. Nem uma gota de arrependimento no seu olhar após proferir essas palavras.
Eu nunca recebi uma facada, mas com toda a certeza deve doer menos do que ouvir isso. De todas as coisas que Charlie já me disse essa foi a pior. Não é como se eu não soubesse que que ele me preferia morta, mas foi bem pior ouvir.
Sempre foi assim, ele sempre jogou a sua raiva da minha mãe encima de mim. Era como se ele tivesse me deixado viva e com ela para ter alguém em quem descarregar seu ódio.
_Eu nunca estive viva para você, Charlie._ respondo tão friamente quanto eu posso. Não vou deixar que ele veja o quanto me machucou. _ Chega de conversa fiada, o senhor deve ter mais o que fazer. Vamos ao que interessa.
_Claro._ diz se sentando no sofá no canto do quarto. Abre a pasta e de lá tira alguns papéis. Permaneço de pé.
_Assine.
_O que?
_Eu disse para você assinar.
Encaro os papéis por alguns segundos. Charlie respira fundo impaciente.
_Eu não vou assinar nada. Se o senhor não percebeu eu não tenho mais cinco anos, você não manda em mim._ tento não me alterar, vou até ele pegando os papéis.
_ O que são esses papéis?_ pergunto folheando. Meu coração acelerando a medida que vou entendendo.
_Como você sabe eu monitoro isso aqui, no pagamento do mês passado como de costume o hospital me informou sobre a situação da menina , que continua a mesma. Já se passaram meses, Isabella, e sua atividade cerebral continua a mesma, não responde aos estímulos de nenhum exame. Então eles acham que deveriamos considerar o desligamento dos aparelhos. Você provavelmente já sabe disso._ me explica tudo calmamente. Sem emoções, como se estivesse falando de um objeto não de uma criança. Sua neta.
Eu estou tremendo neste momento, minha respiração está falha. ele se levanta tirando uma caneta do bolso e me estendendo.
_Eu não vou assinar nada,Charlie._ susssurro entre dentes.
_Não dificulta as coisas, Isabella...
_Não digo eu. Escuta aqui, essa é a minha vida, a minha filha. O senhor não decide nada. Você pode ter matado a minha mãe, os meus sonhos, ter me tirado tudo mas a minha filha não. Eu não vou deixar._ despejo toda minha raiva encima dele. Rasgo as folhas.
_Então é assim? Você prefere deixar sua filha em estado vegetativo do que dar um descaço total a ela?
_Não finga que se importa com ela. Esse tempo todo aqui e você se quer olhou na direção dela.
_Eu não me importo mesmo, mas me importo com o meu dinheiro e eu não vou ficar pagando para manter essa menina viva quando a gente sabe que ela já esta mais que morta._ diz se encaminhando a porta._ Eu vou dar um meu jeito, Isabella._ diz antes de sair.
Me desabo no chão, meu corpo tremendo e as lágrimas rolando livremente pelo meu rosto. Sinto a dor, a dor de ser odiada pelo meu próprio pai, a dor das suas palavras. O gelo de cada uma delas me queimando por dentro, meu choro vai ficando mais forte, agora pelo medo. Eu não posso perder a Renesmee. Ela é tudo que eu tenho o que me mantém inteira e mais uma vez eu me sinto perdida. Sem rumo, sem direção.
Permaneço no chão até ouvir meu celular tocando, me levanto para atende-lo.
_Oi Rose.
_Bella, que voz é essa?!
_Charlie, esteve aqui.
_O que esse desgraçado fez com você?
_Você poderia vim pra cá agora?
_Já estou indo.
Encerro a ligação e vou até minha filha me deitando ao seu lado.
_Meu anjo, você precisa acordar. A mamãe não consegue viver sem você._ abraço seu corpinho e deixo o medo de lado por um instante. Ninguém vai tirar minha filha de mim. Nunca.