As Crônicas do Apocalipse - ''A Escolhida'' escrita por PatrickTorrres


Capítulo 2
PARTE I: O Início das Vidas Sombrias




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Os quatro cavaleiros virão. Cada um montado em seu prêmio adquirido nas profundezas do inferno.
Fome
Guerra
Peste
Morte.
Não há uma ordem. Não há uma sequência. Há fatos. E só quem souber reconhecer reconhecerá.
Interpretará da melhor forma possível. E verá que de qualquer forma, tinha que acontecer.
Matá-los? Bom, até que é uma boa ideia. Apresente ao mundo uma forma de matar a própria Morte. E o mundo lhe apresentará uma maneira de não morrer.
Retardar cada acontecimento? Bom, não chega a ser impossível. A humanidade pode frear três deles. O Morte vem, provavelmente por último. E esse não, para ele não há freios.
Crie uma cura para o processo de consequências das ações do Peste. E ele irá parar. Mas vai voltar. Seja ele amanhã, ou daqui a dois séculos. E mais uma coisa. Ele não vai deixar barato.
O Guerra? Ele até é compreensível, ele tem seus motivos pra existir. Além de tentar cumprir sua missão, é claro. Ele é bem oportunista, uma divergência em opiniões aqui e ali e BOOOM ele surge em forma de canhões e soldados mortos de forma cruel.
Quando a fome se espalhar e você passar a não ter o que comer, tentará mastigar qualquer coisa que esteja à tua frente... O que seria? Sua mãe? Seu pai? Amigo? Ente próximo? – essas são as consequências do que o Fome deixou para ser sentido. Parar? Olha, o que eu posso dizer é que: plante, mate, coma, sobreviva.
– Com amor, Apocalipse.
Assim finalizava o décimo terceiro livro que Bejamin leu só este ano.

Capítulo 1
Ainda estamos em junho, e bom. Ali está ele. Olhando para o telhado com um livro fechado com as costas para cima sob o seu malhado peitoral.
Malhado? Sim.
Bejamin é um típico menino bonito descendente de alemão com brasileiro.
Cabelos pretos e lisos, olhos azul-claros, pele branca sem nenhuma mancha ou espinha. Músculos definidos, barriga sarada, resultado de não mais que quatro meses de academia que fez durante fevereiro até o final de maio.
Que tipo de pessoa não vai olhar com segundas intenções para um belo, alto, e vistoso menino de dezessete anos?
Bom. Qualquer pessoa que não entendesse a sua paranoia e visão aberta sobre o que pode futuramente ou agora acontecer.
Toc-toc, fez a porta naquela noite. São 11:30 P.M.
– Passei apenas para conferir se ainda estava acordado. Vá dormir. Amanhã é dia de aula. – diz a mãe. Vestida em seu pijama tão vermelho quanto sangue.
A porta se fecha. E Bejamin coloca o livro no chão, ao lado de sua cama. Em poucos minutos ele apaga.
Enquanto ele dormia, em sua cabeça, passavam-se imagens criadas durante a leitura de seu ultimo livro lido “O início do fim’’”.
Sangue, espadas, anjos, demônios, asas brancas e pretas, escuridão e gritos eram os frutos de sua afiada imaginação...
Bom, naquela mesma noite, se nós subirmos do céu as barreiras que a ciência estuda, ultrapassarmos as fronteiras conhecidas pela humanidade, abrir um portal que divide realidade de submundo, entrar neste portal, e chegar em outra dimensão existente iríamos ver uma reunião de celestiais.
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No sétimo Céu, estava sentado em seu trono prateado em meio a um círculo de Celestes, o Arcanjo Miguel, com seus cabelos cacheados e negros, olhos tão claros quanto o azul da agua cristalina, a pele branca como a neve, o corpo definido de forma surreal, esculpido pelas mãos do Criador. Em meio à euforia os anjos se organizam e comentam sobre a sua convocação para o local onde habita o tão temido Miguel.
– Amigos e irmãos – iniciou o Arcanjo -, eu os convoquei aqui hoje, para dar uma informação para vocês sobre o que acontece no mundo dos frutos da Criação. – Miguel pausou a fala, se levantou. Enquanto ele ficava de pé, os Anjos discutiam ansiosos e nervosos sobre o que seria o assunto. A confusão de vozes ficou tão imensa que Miguel teve que bater palmas duas vezes. O encontro de suas mãos gerou um barulho estridente. E ele continuou. - Creio que poucos de vocês sabem, talvez nenhum. Mas há um grupo de humanos que sabem muitas coisas sobre o nosso tão esperado dia do Apocalipse.
Os Anjos entraram em conflito consigo mesmo. Algumas asas balançavam para um lado e para o outro.
A voz de Miguel subiu algumas oitavas.
– Saibam que nós corremos o risco de sermos desvendados pela mais bela criação. Que como nós mesmos temos o entendimento: não valorizaram algo que nosso Pai lhes dera. A escolha.
Os Anjos se calaram e Miguel retirou de sua armadura prateada, sua espada. Grande, prateada e exorbitantemente afiada, seu fio chegava a cortar até as partículas atômicas. Ele colocou-a nas duas mãos, e começou a brincar com ela, enquanto andava de um lado para o outro.
– Eles sabem, meus irmãos, até mesmo sobre os cavaleiros das trevas. – o espanto estava visível entre os Celestes -. Vocês acham justo eles saberem disso? Eu não.
Uma luz se abriu em meio ao ambiente limpo e bonito, e de lá, um homem alto, loiro, corpo bonito e armadura de bronze brilhante surgiu de um portal que se fechou logo em seguida.
– Qual o problema desta vez, irmão?
– Gabriel – disse Miguel com um tom de entusiasmo -, eu sabia que tu virias.
Os anjos se juntaram em um canto do espaço que se parecia com um jardim. Miguel guardou sua espada, e levantou sua mão esquerda. De lá, uma bola de ar se formou girando e girando, criou-se luz à sua volta, um estouro de brilho, e surgiram as faces de cinco jovens.
– Os conhece? – Miguel mandou um olhar para Gabriel.
– Claro, são estes tua grande ameaça, ó irmão?
– Não eles. Mas sim o que eles sabem.
– Porque achas que o fato de um mortal saber do fim dos tempos te levará à prejuízo? Qual o dano a ti e ao céu que tu tomas de conta?
Miguel ponderou.
A luz em sua mão esquerda se apagou, e o ar parou de girar, ele abaixou sua mão.
– ELES SABEM SOBRE O QUE SÓ NOS PODEMOS SABER. O APOCALIPSE É UM SEGREDO NOSSO! – Explodiu.
Gabriel olhou-o com uma aparência sarcástica...
– Está com medo de humanos, irmão? Ou melhor... Está procurando um motivo para exterminar cinco nobres jovens da face da Terra?
Essa poderia não ser a intensão verdadeira de Miguel. O motivo da revolta já estava explícito.
– Então, Gabriel, tu aceitas dividir tua tamanha sabedoria com seres humanos?
Gabriel se calou.
– Suponhamos que não. – Enfim falou.
Miguel sorriu.
– O que pretendes fazer com estes jovens? – Gabriel perguntou.
– Como você sabe, o nosso outro irmão, Lúcifer também sabe do que está acontecendo na Terra, tenho certeza de que não aprova o que está acontecendo.
Os celestes em volta, já entendendo parte do plano de Miguel, entraram em euforia. Mais duas palmas. Silêncio.
– Está pesando em entrar em contato com o tão infeliz que renegou as vontades de nosso Pai, e que tu mesmo, se deste o trabalho de expulsar de nosso território Celeste? Qual seria o teu objetivo com isso? Decepcionar Papai, depois de todos estes anos fazendo a vontade Dele, tu quer mesmo traí-lo e se rebelar como fez o nosso tão odiado irmão que hoje vive nas profundezas do inferno? Quer agir como o homem que tu abominou? Qual é o teu poder para tal função? Obedeça ao Pai, e tua vida será poupada. Não por mim, mas pelo teu próprio Criador. Porque, Miguel, tu és sangue do meu sangue, aura da minha aura, assim como o amaldiçoado Querubim que reina no cemitério dos pecadores, e nós somos também, sangue e aura de Deus.
Miguel ponderou.
– Meu plano é entrar em contato com Lúcifer, e ver o que ele acha de nossas opiniões. Pois, Gabriel, eu pretendo dar a sentença final a estes cinco jovens.
Gabriel sacou sua espada, e a colocou sobre a mão direita, agarrou-a pela mão esquerda, e fez dela pedaço de seu corpo.
– Só por cima do meu cadáver.
Como num passe de mágica, todos os Anjos ao redor dos dois Arcanjos irmãos, desapareceram. Um nada tomou de conta, sem nenhum barulho.
A espada de Miguel foi novamente sacada e devidamente posicionada sobre suas mãos. As asas dos dois celestes se abriram de forma divina.
– Hoje mesmo falo com nosso irmão! – Disse Miguel, enquanto traçava seu caminho flutuante até Gabriel.
A velocidade com que Miguel avançava para destruir Gabriel era estupenda. Sua espada rasgando as partículas de ar divino.
Gabriel não estava mais lá.
– Atrás de você.
Gabriel deu um chute tremendo que de suas pernas sobre as costas de Miguel, saíram fagulhas de raios, vento, e luz.
Miguel foi lançado ao ar, sua espada havia ficado no chão.
Gabriel avançou, e enquanto estava próximo a Miguel, diminuiu a velocidade, esperou o irmão cair, e pisou em sua garganta.
– Pare com plano idiota e infantil, Miguel. Até quando a tua inveja reinará sobre o teu bom senso? – Com um soco para baixo em direção ao rosto do irmão, Gabriel fez o nariz e de Miguel sangrar.
Uma pausa aconteceu.
– Meu irmão. Sabes que eu sei de todos os teus erros e acertos. Achas mesmo que nosso Pai se agrada de vê-lo batendo seu próprio irmão? Sei de todos os teus podres, Gabriel. Sei das vezes em que tu se materializou na Terra para satisfazer-se de prazeres sexuais com a raça que não honrou a Criação mais demorada e trabalhosa do nosso Pai. A Terra. – Gabriel folgou o pé da garganta de Miguel. – Mas creio que isso não vai influenciar o que eu quero lhe dizer. Antes, deixe-me levantar.
A curiosidade de Gabriel reinou sobre o assunto. Livrou uma de suas mãos da espada, guardando-a.
Deu a mão direita para Miguel. E fez com que o irmão se levantasse.
Miguel enxugou o sangue do Nariz...
– Imagine só irmão: o mundo mais corrompido, a humanidade prevendo tudo o que nós esperamos bilhões de anos para acontecer. Visualizar a terra em nossa forma original é uma sensação que eu sei que tu quer ter. assim como eu. Assim como qualquer celestial. Já parou para pensar o quanto pode ser nada agradável ter este dia retardado pelos humanos? Este dia tem dia marcado, Gabriel, e tu estás mais ansioso que todos nós. E para que tudo volte a ser como antes, nós só precisamos por um fim na sabedoria destes jovens. Podemos até poupar suas vidas. Mas, se tomarmos providências drásticas, nosso Pai não vai nos punir por isso. Precisamos de um consenso com Céu e inferno. Mas todos tem que estar a favor.
Gabriel sentiu-se convencido. Ele esperava este dia mais que qualquer coisa. Tudo o que ele queria era se sentir um livre, sentindo coisas boas em sua própria forma angelical.
– Como pretendes entrar em contato com o nosso outro irmão? – Perguntou Gabriel.
– Isso não é difícil. Se eu o coloquei onde ele está, eu posso trazê-lo aqui. Mas sei que isso é perigoso. Eu poderia ir ao seu reino macabro. Mas sei que isso também não seria a melhor opção. Vamos nos encontrar, eu, tu e Lúcifer, na cidade onde moram os meninos. Nós nos materializaremos e chegaremos à Terra.
– Como sabes, antes de qualquer coisa, que eu aceitarei a sua proposta? – Interrogou Gabriel.
– Bom. Você está do meu lado, irmão. Você vai, não vai?
Gabriel apenas fez que sim com a cabeça e, continuou a interrogar:
– Quanto a Lúcifer? Ele vai? Como sabes?
– Lúcifer, apesar de divergências, não recusaria, eu sei que ele também aguarda pelo dia final, ele também tem suas funções de destruição no Apocalipse, e não aceitaria nenhuma forma de retardo nas coisas que ele mais gosta de fazer. Com certeza já deve estar revoltado a essa altura do campeonato.
– Certo. Vemo-nos na breve reunião. Brasil, Rio de Janeiro, praia de Copacabana. Vá voando, fique em flutuação no local desejado do rio, na cidade dos sábios jovens.
Os anjos só poderiam ir à Terra em sua forma humana, criada por cada um ou tendo a casca roubada de uma alma mente fraca. Aposto que Lúcifer vai optar pela segunda opção.
Almas mente fraca são pessoas que não buscam a palavra correta, e são desoladas. A maioria delas sofre de depressão.
Mesmo com as cascas roubadas, os anjos podem mostrar as suas asas, fazendo cortes nas costas e exibindo-as. No caso da casca criada, o próprio anjo já se preocupa em criar seus próprios espaços para suas belas asas.
Eram três e meia da manhã. A cidade do Rio de Janeiro descansava. Exceto por dois grandes brilhos que chegaram à mesma hora. Os brilhos eram dourados, e surgiram de uma espécie de nada.
– Pontuais. – Disse Gabriel com um sorriso tenso.
– O evento necessita de precisão, meu caro. – Esclareceu Miguel.
– Quanto ao outro?
– Ah, já está para chegar. Não foi nada complicado convencê-lo a vir aqui. Disse que tinha alguns jovens que colocam os planos elaborados por nós em risco, e ele logo já deixou claro que estava sabendo de tudo. Apresentei a proposta e ele aceitou de primeira. Só está um pouco atrasado.
– Como tirou ele de lá? – Interrogou Gabriel.
– Do mesmo jeito que o coloquei.
Miguel não era muito diferente de sua forma celestial, quando humano. Não fosse pelos cabelos que agora estavam loiros.
Gabriel estava completamente outro ser. Cabelos negros, pele morena, olhos escuros, e um pouco mais alto do que de costume.
As asas brancas e puras dos dois celestiais levavam o ar, de um lado para o outro, enquanto flutuavam sobre o mar, quase sobre a orla. Ninguém os via, era uma área deserta.
Sobre a parte de terra na beira da praia, avistaram um homem, roupas simples, pele branca, cabelos lisos e barba mal feita.
– Finalmente – Disse Gabriel enquanto Miguel apenas ria da situação.
Eles souberam que era Lúcifer, pois sentiram sua Aura, assim que ele se aproximara.
Lúcifer parecia perdido, como se quisesse encontrar os irmãos.
Gabriel pôs uma mão sobre a outra e formou-se uma luz vermelha.
Lúcifer avistou.
O homem retirou suas vestes superiores, exibindo suas costas malhadas e chamativas, seria o perfeito homem para uma mulher em busca de prazer sexual, arrancou um punhal de seu bolso esquerdo, e o arrastou pelos dois lados de suas costas, expressando uma cara de dor e prazer.
As asas negras do Anjo Caído logo apareceram.
Ele voou até os seus irmãos.
– Bela casca. – Disse Miguel.
De perto a casca de Lúcifer era a mais bela das três, diferente de sua forma original, é claro.
Mas a casca roubada serviu tão bem que o anjo caído disse em um tom engraçado:
– Vou usar essa sempre.
Um silêncio se fez.
Miguel então tomou as rédeas da conversa.
Como em uma cena de ironia, Miguel olhou para Lúcifer. O anjo caído retribuiu o olhar.
Gabriel percebeu a tão estranha troca de olhares.
Quando notou do que se tratava já era tarde demais.
– Agora! – Berrou Miguel.

Lúcifer partiu para cima de Gabriel, deu-lhe um chute no abdome. Sangue espirrou da boca do indefeso irmão.
Enquanto Gabriel era lançado em alta velocidade ainda pelo chute de Lúcifer, Miguel apareceu em suas costas e estendeu a mão para frente.
O impacto nas costas de Gabriel gerou um temendo estrondo. Estava provavelmente com todas as suas costelas quebradas.
Gabriel caía em direção ao rio.
Lúcifer se juntou a Miguel. Os dois desceram em direção ao corpo inativado e sofrido de Gabriel.
Miguel agarrou-o pelo pescoço, saindo de sua frente e mantendo-o suspenso pela parte posterior do mesmo.
Lúcifer veio em sua frente. Olhou-o sem piedade e então indagou:
– Achou mesmo que iria nos atrapalhar, maninho?
Com o mesmo punhal que fez espaço para as suas asas, Lúcifer abriu um profundo corte entre as quebradas costelas de Gabriel.
Ele estava prestes a mata-lo.
Para matar um anjo. É necessário arrancar sua Aura e quebra-la fora do mesmo.
Uma luz forte se fez no local do corte.
Lúcifer enfiou a mão no corte, e como se fosse algo físico, a luz veio apoiada em sua mão.
Como se fosse algo de vidro, o anjo caído apertou a com toda a sua força, a luz em sua mão, espedaçando-a. uma explosão se fez. E como se não mais existisse. O corpo de Gabriel desaparecera das mãos de Miguel.
– Belo trabalho. – Aplaudiu Miguel. Orgulhoso.
– Obrigado. Bela ideia a sua.
– Eu previ que Gabriel iria nos atrapalhar. Ele não iria permitir que acabássemos com estes meninos de uma vez só.
– Brilhante. – Lúcifer disse empolgado.
– Te libertei da tua prisão para que pudesse me ajudar a matar Gabriel. Você cumpriu sua missão. Sinto que posso confiar em ti. Foi destemido quando te falei qual era o primeiro objetivo.
Sim, Miguel havia ido até o inferno, não só para libertar o irmão para a conversa de arcanjos. Mas também para fazer-lhe a proposta de matar o Gabriel que poderia atrapalhar tudo o que tramara fazer. Lúcifer não hesitou. Ele guardava certo rancor do irmão, e sabia que, junto com Miguel, seria fácil transformar este rancor em pó.
– O trato é o seguinte – continuou Miguel -, se você não me trair, eu não te jogo nas profundezas de teu lar. Caso contrário, prenderei tua suja alma às dezoito chaves nas mais obscuras fendas de teu abismo.
– Assustador. – Balbuciou Lúcifer.
– O que tu precisas fazer é lançar alguns de teus filhos na Terra, e matar os cinco jovens que sabem mais do que deveriam.
– Quanto a ti?
– Farei o mesmo com os celestiais que não discordam de mim em hipótese alguma.
– Miguel. Está esquecendo de algo... Qual seria a minha recompensa com tudo isso?
– Faça a sua escolha, irmão.
– Tire-me das profundezas daquele lugar, junto com meus filhos. Me dê um céu, me dê algo frutífero.
– Bom. Vai depender de sua lealdade.
– Não falharei.
– Juntos? – Interrogou Miguel.
– Juntos!

Capítulo 2 O dia de Bejamin começou. E com um banho e um leve café da manhã ele partiu pra escola. Sua mãe, nem um beijo de bom dia sequer lhe dera. Talvez pela falta de tempo. Mas Bejamin não é considerado um adolescente mal amado e esquecido pelos pais. Pelo contrário. Bejamin sempre teve toda a atenção necessária e em alguns momentos até fora dos limites. Na porta da escola, estavam Alex e Rayssa. Rayssa era uma jovem leitora de dezesseis anos, com os cabelos curtos e com mais ou menos cinco centímetros de suas pontas pintados de vermelho-fogo, era fã de livros com histórias fantásticas e apocalípticas, não muito diferente do próprio Bejamin. Ao seu lado, estava Alex. Um jovem menino negro, óculos de grau grandes e com um cabelo penteado para trás alisado artificialmente. Uma de suas principais características era a incrível capacidade de ler dois ou três livros ao mesmo tempo sem a menor confusão. Alex sempre falava muito de um livro que havia lido há algum tempo. Este que despertou nele uma grande paixão pelas minhas histórias. Ou... Oops, você está quase descobrindo quem eu sou. Não esqueça que eu estou contando uma história pra você. E você está tendo o privilégio de lê-la ou até mesmo, ouvi-la. Tenha calma... Você saberá quem eu sou no fim. O livro de que Alex havia lido tinha sido ‘’A batalha do Apocalipse’’ de Eduardo Spohr. O livro deixara claro alguns fatos que só o próprio Alex conseguia captar e transmitir para uma turma de amigos leitores. Pouca gente que Alex conhecia tinha lido este belo livro. Mas os que leram não entenderam da forma que Alex entendeu. Eu sei que você deve achar que essas minhas pausas no meio de sua leitura chatas. Mas, não estou falando nenhuma bobagem. Tudo aqui vai te ajudar a identificar quem eu sou. Contando que você não leia o final do livro. Não faça isso. Continuemos... - Olha só quem chegou... GRANDE BEJAMIN. Terminou ‘’O começo do fim’’? – interrogou Alex, com um tom de entusiasmo. - Há há há, muito engraçada a sua ironia quanto ao ‘’Grande Bejamin’’, Sir Alex. – Bejamin liberou um ar irônico -, sim. Terminei. - O que achou? – as primeiras palavras de Rayssa saíram de forma calma-, gostou do final? - Gostei do livro todo. Não só de seu final pouco conclusivo. - Pouco conclusivo? - Sim. Ele termina fazendo alguns tipos de previsões sobre os cavaleiros que vocês sabem quem são e como são. Não muito diferentes de Bejamin, Alex e Rayssa entendem sobre estes fatos apocalípticos de previsões que alguns livros explicam, tanto pelos que eles mesmos leem, quanto pelas informações que compartilham entre si. Eles adentraram no prédio. Agora, deixe-me falar sobre o prédio da Escola Católica de Frei Natanael, do Rio de Janeiro. Em sua frente, ainda em meio ao seu jardim, há um Anjo esculpido em mármore branco, e outro Anjo esculpido em mármore negro. Estes estão de frente um para o outro, como se eles se encarassem expressando desafio. O Anjo branco tem uma coroa em sua cabeça, enquanto o Anjo negro tem correntes quebradas amarradas aos seus punhos, estas correntes formam um fio que se arrasta e se prendem ao chão. Dentro do prédio, não é muito diferente de escolas normais. Se não fosse pela exorbitante quantidade de imagens e esculturas de figuras celestiais e infernais. Anjos e demônios. Santos e pinturas de acontecimentos narrados pela bíblia. É de arrepiar. Não a mim é claro. Arrepia qualquer outra pessoa. Nada me assusta. Até porque eu assustarei muita gente. O prédio até que é bonito. Muito bem conservado. Sobre sua localização? Vamos lá. Não se chateie com os meus longos textos explicativos. Como eu já disse. Tudo isso é importante. O colégio fica no centro da cidade. Rodeado por árvores. O seu espaço é amplo. E ainda dentro de seu belo e florido jardim há uma pequena capela. Esta capela é historicamente importante para a cidade. Depois do descobrimento do Brasil. Ainda no poder de Dom Pedro II, a capela foi construída por escravos refugiados. Ela é pequena. Espaço para mais ou menos trinta pessoas. Trinta alunos de cada turma. A escola optou por manter a capela, fazendo reparos conforme o tempo. As esculturas dos dois anjos, foi feita na época do renascimento, em Florença na Itália, feitas pelas mãos de Sandro Botticelli. É uma escultura em tamanho humano. Foi trazida por um grupo de uma associação secreta católica. Que resolveu adotar, com a permissão do Papa e dos poderes do Vaticano, a capela como patrimônio religioso. Agora, até hoje eu me pergunto. Mesmo que eu tenha visto tudo isso. Mesmo que eu já existisse bem antes de ver as belas mãos de Sandro Botticelli esculpindo aquelas imagens. Quem são aqueles dois possíveis celestiais? Quem sou eu? Você já está desconfiando. Mas talvez não sou nenhum dos personagens que passam pela sua cabeça. E mais uma coisa. Nem os membros da escola, e nem os membros da associação católica que levou as duas esculturas que se completam sabem que o escultor foi Sandro Botticelli. Até mesmo porque, por algum motivo, não se sabe qual, a escultura tinha o nome de Leonardo Da Vinci. Com duas letras D. Mas a minha história não é um Código Da Vinci. Então... Prossigamos.


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