Música, Sangue e Eternidade escrita por Countess Dracula


Capítulo 8
Capítulo 8: Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Não sei se alguém vai ler aqui, rs.
Em primeiro lugar, queria agradecer a maravilhosa recomendação que a fic recebeu da bloodyrose. Obrigada pelo carinho. ^^
A bloody também disse para dar espaçamento, sem colocar a linha, ao mudar de cena. Vamos tentar assim, então. ;D
Segundo, agradecer à Lyn Hale Bass, porque se não fosse ela, não teria terminado. E obrigada por betar também.
E terceiro e não menos importante:Pedir desculpas pela demora de... Sete meses. *se esconde*
;***



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Foi uma mudança gradual das cores alaranjadas do pôr-do-sol para a escuridão total da noite. Uma chuva fininha, irritante, voltou a cair.

Michelle Levy estava entediada. Não suportava mais ficar na saleta, com suas preces eo cheiro sufocante das velas. Também não conseguia sequer pensar em comer nada do banquete servido no velório – seu estômago revirava. Resolveu por fim ir deitar-se. Maura gentilmente avisou-a de que o quarto de hóspede estava preparado para ela, caso quisesse descansar.

-Sinta-se em casa, minha querida. – Finalizou, apertando trêmulaa mão da garota, que apenas conseguiu responder com um leve aceno de cabeça.

Charles e Marion haviam saído para caçar,mas o violinista declinou do convite. Queria tocar um pouco antes de sair.

Andrei sentia falta de Edna – de seu sangue, claro, mas também da inspiração que emanava de sua primeira vítima. Sabia que jamais se sentiria assim novamente. Com um suspiro, pegou seu violino e começou a tocar a suave melodia que havia escrito para ela.

Ainda sentia uma ligação inexplicável coma jovem. O que era tolice, obviamente. Ele não a conhecia e não teria a chance de fazê-lo agora. Ainda pensando nela, resolveu visitar o quartode Ednapela última vez.

Michelle subiu lentamente as escadas, para não chamar a atenção das pessoas que continuavam a rezar. Parou subitamente em frente ao antigo quarto da falecida amiga, a curiosidade falando alto, a ansiedade percorrendo seu corpo. Certamente não iria ser um problema se ela entrasse, não é? Maura não ficaria aborrecida, sua filha e ela foram praticamente irmãs durante a infância e se correspondiam durante a adolescência.

De mais a mais, só estaria matando a saudade – ou era isso que diria, caso lhe perguntassem.

Entrou. Olhou ao redor de si. O quarto era claro, delicado. A cara de Edna, na verdade.

Andou até a cama e deitou-se nela, pensando em como teria acontecido, o que Edna teria sentido no derradeiro momento, como seria a existência, ou a falta dela, após a morte. Não saberia dizer quanto tempo ficou pensando nisso.  Começou a sentir-se sonolenta, o corpo pesado.

Adormeceu sem notarumasombraa espreitana janela.

Passava da meia-noite. Com agilidade animal, Andrei havia escalado a parede do quarto de Edna e qual não foi sua surpresa ao notar alguém deitado na cama. Sabia perfeitamente que não era Edna, mas espantou-se com a ousadia. Aquele ambientedeveriamanter-se intocado: Pertencia à sua musa e não deveria ser maculado por desconhecidos.

O violinista entrou silenciosamente nolocal, sentindo o perfume de Edna misturar-se ao do intruso. Reconheceu o cheiro antes mesmo de olhar em sua direção: era a garota loura que vira no velório.

Raios do luar entravam pela janela aberta, iluminando as cortinas ao redor da cama. Michelle dormia, serena, os cabelos dourados espalhados no travesseiro. Em pé, ao lado da cama, Andrei a estudava em furioso silêncio.

Ainda dormindo ela remexeu-se e, num estranhodéjà vupara o vampiro, virandoo rosto para o lado esquerdo mostrando-lhe bem a suave linha deseupescoço, como Edna fizera algum tempo atrás.

Tentado pela visão e pela sua sede de sangue, não resistiu e mordeu-a levemente. Com um gemido, Michelle levantou o pescoço, dando-lhe mais liberdade, encostando uma das mãos em seu ombro.

Confusa, a garota sonhava com a amiga falecida. Era como se Edna estivesse sentada do outro lado do quarto, observando-a dormir.

- Gostarias de saber como aconteceu... Vais descobrir.

E sorriu enigmaticamente, silenciando-se.

Logo, Michelle sentiu uma dor profunda e a sensação de flutuar.

Andrei sugava, faminto. O sangue era delicioso e diferente do que provara até então. Apertou-a mais firmemente, e então sentiu-se observado. Confuso, soltou a vítima lenta e cuidadosamente na cama.

Virou-se procurando quem mais poderia estar ali. Não encontrou ninguém.

Michelle pôde ver a amiga mais nitidamente, sentada em uma cadeira, usando o mesmo vestido branco com que estava deitada no caixão. O único diferencial era seu cabelo preso em um coque e uma expressão indecifrável no rosto, olhando diretamente para ela.

Bruscamente, Michelle abriu os olhos. Não era um sonho. Havia alguém ao seu lado. Um homem, mais precisamente. Levantou subitamente o tronco, para vê-lo melhor, mas ele desapareceu.

O sino distante da catedral anunciou as três da madrugada quando Marion retornou ao local de um crime. Havia voltado acasana qualchacinara a família. O patriarca retornara e não era boa idéia deixá-lo vivo. Pessoas costumam ligar pontos e era bom evitar que isso acontecesse. Sem paciência, empurrou a velha porta de madeira, sem se preocupar com o barulho alto, um nevoeiro acompanhando-a.

O velho, que estava acordado, bebendo, levantou-se imediatamente, assustado, derrubando a cadeira atrás de si.

- Mas que diabos... ?

Calou-se ao ver os sensuais cachos caindo pelos ombros de Marion, em flagrante desrespeito pelo costume da época.Imediatamente seu coração passou a bater mais forte, a adrenalina percorrendoseu corpo. A mulher apenas pôs um dedo enluvado em sua própria boca, pedindo silêncio. O homem silenciou incapaz de fazer algo além de olhá-la. Com um sorriso ao mesmo tempo sensual e cruel, a vampira moveu-se sorrateiramente até ele. Tocou levemente os ombros, subindo as mãos até o rosto. Com um movimento brusco, quebrou-lhe o pescoço.

Um corvo observava Charles Remarque descer a rua principal. Olhou atentamente quando ele deu um sorriso caloroso à morena voluptuosa em roupas vulgares, gastas e sujas. Voou para mais perto quando eles entraram em um beco, a tempo de ver acortesãencostar-se no muro e vê-lo inclinar-se para ela, como se fosse beijá-la na jugular. Enquanto a jovem desfalecia, o corvo transformava-se em uma mulher de longos cabelos negro – tãonegrosquanto seus olhos. No momento em que Remarque terminou, lamentando mentalmente que a esposa não estivesse ali, pois sempreadoraraver esse joguinho pessoal, percebeu o vulto que sumia lentamente.

Sentiu surpresa. Em seguida, uma raiva consumindo-lhe por dentro. Resolveu voltar à mansão, esperando que Marion já tivesse voltado.

Logo pela manhã o cortejo fúnebre tomou as ruas da cidade.  A carruagem preta, com laterais de vidro, seguida por muitas pessoas á pé – pajens vestidos a caráter, e carregadores de caixão - parou em frente àcapela, no centro do cemitério. Os enlutados entraram calmos no recinto, o pai da jovem tão silencioso e imóvel quanto às imagens que decoravam o local. Meia hora depois, o serviço funerário terminou, jádolado de fora do local de sepultamento e as mulheres retiraram-se. Apenas os homens veriama jovem ser encerrada em seu eterno sepulcro, no jazigo da família.

De volta à casa da falecida amiga, uma pálida Michelle aceitou de bom grado um copo de sidra. Convenceu sua mãe a voltar para casa assim que seu pai chegasse. À luz do dia o sonho não parecera tão ruim.Tinhade ser um sonho. Edna estava morta e homem algum apareceria e desapareceria assim. Fantasmas não existiam, mas ainda assim queria ir embora.  

Preferia pensar no assunto quando estivesse na paz de seu próprio quarto.

Andrei Goddard, deitado em seu caixão, pensava na jovem loura. Estava furioso com a ousadia da garota em ocupar um quarto que não lhe pertencia – que nãodeveriaser ocupado por mais ninguém. Por outro lado, ainda queria o sangue dela.

O casal Levy não sabia que, do quarto de Michelle, caso a porta do mesmo estivesse aberta, podia-se ouvir o que eles discutiam na biblioteca.

-Maura comentou a palidez de nossa filha, Dale. Acha que a morte da amiga deve tê-la perturbado muito?

-Talvez, mas sem sombra de dúvidas a mais perturbada era a mãe. Pensar que a morte da filha teria algo a ver com uma família ter sido brutalmente assassinada e uma criança ter desaparecido é uma bela teoria da conspiração!

-Bem sabes o que seu pai diria sobre isso, meu bem!

- O quê? Aquilo sobre vampiros? Por favor. Vampiros não existem.

-Podem não existir, mas o testamento foi claro com relação ao que fazer com nossa casa, não? Normas e proteção...

-Conversa fiada! Meu bisavô acreditava que o tal vampiro roubou sua noiva e escureceu o sol. A estória foi passada de geração em geração. Creio que ele enlouqueceu. Não fosse a questão de descendentes, Caspar provavelmente jamais teria se casado.

- Ora, quem saiu ganhando fui eu.

Disse Sherilyn em tom brejeito. Michelle podia perfeitamente visualizar o rosto da mãeseabrindo em um sorriso. Devagar, levantou-se e fechou a porta do quarto, parando de ouvir a conversa.

Marion Remarque sentada na poltrona da sala olhava o marido andar de um lado para o outro, as mãos atrás das costas, o rosto preocupado.

- Benzinho, você está agitado desde a noite passada. Devo me preocupar?

- Primeiro, tem a questão Levy...

-Andrei, sem saber, começou a cuidar de tudo. Algo me diz que não é isso.

A vampira viu o marido recomeçar a andar, ansioso, até que parou em frente a ela, o rosto sério.

-Eu a vi, belezinha. A mulher que começou tudo isso.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo se foi, três por vir!
;*



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