Gamer Love escrita por NMCMsama, silentread


Capítulo 6
Encontro virtual x real 3


Notas iniciais do capítulo

Agora é Ori e Dwalin...
Eu peço desculpas pela demora... E meio que exagerei nesse cap!! Passou da média do que deveria escrever, bem, enfim ^^ vocês é que ganham!
Essa é a primeira vez que escrevo sobre esse casal, e sendo meio diferente dos outros caps deixei tanto o encontro virtual quando o real com o foco no Ori.
Espero que gostem!



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Desde quando você não quer mais roubar? –Essa foi a pergunta de “DB” feito no jogo Terra Média- online, Ori observava a tela do seu notebook enquanto tomava tranquilamente um caneca cheia de chocolate quente, lá fora chovia e era essa a causa de seus amigos não estarem ali, jogando juntos, já que com aquela clima impedia que saíssem de suas confortáveis e quentes lares.

–Realmente... Isso eu queria também saber...-Falou Ori, mas como sempre não expressou sua dúvida através de seu personagem “MagicRin”, era introspectivo até mesmo no mundo virtual.

Ora...Não é que eu não queira roubar, eu só acho que devemos escolher bem quem poderia ser nossas vítimas! Mesmo que não seja ilegal usar a minha habilidade quando estamos em uma quest ou algo do tipo... Podemos roubar itens importante para jogadores iniciantes, acho que isso não seria algo legal. –Explicou “Burglar”, Ori sorriu, sabia que deveria ter algo por trás desta súbita mudança de táticas, bem que ele não iria se opor a mudança, afinal os três garotos tinham personagens fortes o suficiente para conseguir seus próprios itens sem necessitar roubar de outros.

Hum... Isso tem algo haver com o tal “Escudo de Carvalho”? –Perguntou “DB”, Drogo tinha acertado na mosca.

Lógico que não! Por que teria algo haver? Eu posso muito bem decidir quando mudar nosso modo de agir, não? Devemos mudar nossa imagem! De ladrões para heróis!

–Sei...-Riu baixo, Bilbo era como um livro aberto, dificilmente conseguia esconder seus sentimentos tanto no mundo virtual quanto no real.

E além disso, como podemos ser grandes ladrões quando temos um pet um coelho?

–Muito bem, Bilbo... Atacando o Drogo ao invés de se defender. –Falou enquanto tomava o seu chocolate quente, feliz pela a tranquilidade do seu quarto, se os seus amigos estivessem ali tinha certeza que agora seria o momento da briga.

Não envolva Edmund nisso! –Um emotion de um smile vermelho de raiva surgiu sobre a cabeça do personagem elfo.

Quem dá o nome de Edmund para um coelho?

Bilbo...Eu estou avisando! Não começa!

Ou você vai fazer o que?! Jogar cenouras em mim, aí seu coelho iria me atacar? Nossa...Que meda!

Ok! Eu avisei! –Nisso “DB” desapareceu em uma luz branca, indicando que ele tinha se desconectado.

Acho que você exagerou... –Finalmente Ori tomou coragem e escreveu algo, não gostava quando seus melhores amigos brigavam (mesmo que isso fosse frequente), principalmente quando as causas se tratavam de coisas bobas.

Talvez sim... Mas ele não precisava me questionar tanto assim! –Tentou argumentar “Burglar”/Bilbo.

Ele só perguntou a causa da mudança de suas ações, mas não as criticou...Eu acho que diminuir os roubos é algo bom para o nosso grupo.

Sério? Oh! Claro! Eu pensei nisso! Foi por causa disso que vamos parar de roubar dos jogad...– “Burglar” não terminou a mensagem, Ori esperou mas seu amigo não continuou, nem seu personagem se movimentava, será que tinha ocorrido algo? Ori olhou para o seu celular ao seu lado, deveria ligar?

Droga! Maldito Drogo! –Subitamente “Burglar” voltou – Acredita que ele ligou para a minha mãe contando que eu, deliberadamente, chutei as partes intimas de um rapaz no supermercado?! Agora ela quer saber mais sobre o assunto e meu pai vai me colocar de castigo! Acredita?! Eu tenho 20 anos e vou ficar de CASTIGO!

Ori soltou uma baixa risada, sabia que não deveria se divertir com os infortúnios de seus amigos, mas já podia imaginar como Bilbo deveria estar... Uma coisa era certa, Drogo irá receber o troco, logo logo. Era assim que aqueles primos funcionavam!

Vou ter que sair...Meu pai está dando sermão sobre como um Bolseiro deve ser portar.

Boa sorte. Expliquei tudo direitinho que eles não vão te colocar de castigo.

Até parece...Não posso contar para eles sobre o Thorin!

Ori quase podia imaginar o corar dominando o rosto de Bilbo, ao que parecia seu amigo realmente estava gostando deste rapaz... Mas também apresentava uma afeição pelo jogador misterioso “Escudo-de-Carvalho”. Aquilo era muito confuso.

“Ainda bem que eu não tenho que me preocupar com esses problemas românticos...” Pensou.

Se minha mãe souber ela vai querer dar uma de cupido e se meu pai souber vai me começar aquela conversa sobre sexo seguro e tal. Você não tem ideia como isso é embaraçoso! Meu pai já me ensinou a colocar uma camisinha em uma banana! UMA BANANA! Eu tinha apenas 11 anos... Depois disso nunca mais olhei para uma banana da mesma forma...Definitivamente não vou contar para eles! Eu vou aguentar o castigo! Nós vemos amanhã da faculdade... Tchau! –Falando isso “Burglar” se desconectou.

–Agora fiquei sozinho... –Suspirou, o som da chuva agora tinha aumentado indicando que provavelmente se tornaria uma tempestade de inverno. Seus irmãos mais velhos, Dori e Nori, estavam trabalhando e só voltariam horas mais tarde, isso significaria muito tempo só – O que vou fazer? –Perguntou para si mesmo, de repente a ideia de ter seus amigos ali não era de todo ruim... Mesmo com a confusão e falatório que eles causavam, pelo menos não se sentiria solitário.

–Talvez eu jogue um pouco e depois assista alguns episódios de Doctor Who. –Nisso voltou sua atenção ao jogo, olhou no mapa mundi da Terra Média e seus olhos logo se focaram em um ponto especifico do mapa, era uma fortaleza abandonada onde se localizava histórias antigas e lendas sobre o mundo fictício do jogo, não era um local muito visitado pelos jogadores, mas Ori adorava ler e se perder dentro daqueles contos, além disso, as vezes algum documento tinha uma dica para um quest especial –Esse será o meu passatempo de hoje. –Falou decidido teletransportando seu personagem para aquele local usando sua habilidade mágica.

Ori tomou mais um pouco de seu chocolate quente enquanto controlava seu personagem com sua outra mão livre, apertando as setas do teclado do notebook. Havia várias fileiras de livros ali dispostos, algumas vezes era possível ver o vulto espectral de um fantasma, o único tipo de monstro naquele mapa, contudo eles não atacavam, a não ser que fossem provocados.

–Veremos por onde devo começar a ler? –Disse com um tom levemente excitado, livros sempre foram a sua maior paixão. Pegou uma estante aleatória e também um documento randômico, era uma história sobre dragões, começou a ler avidamente.

O tempo foi passado, o chocolate quente tinha terminado e a chuva se perpetuava. Estava frio, Ori se cobriu com seu coberto, logo percebera que não era o único na biblioteca, havia outro personagem anão ali...

–Espera...Eu conheço...

Ei, você! Onde ficam os pergaminhos sobre Erebor. Estou com presssa! –Falou “FudinMaster”, não, a descrição certa era que o jogador parecia ter proferido um comando. Ori mordeu o lábio inferior, não gostava de receber ordens ainda mais de desconhecidos! Pelo menos no mundo virtual podia responder sem ter um ataque de pânico.

Não é assim que se pede ajuda... –Disse, não entendia por que optara colocar os três pontinhos quando deveria ter colocado um ponto de exclamação no final da frase.

“Droga...Tenho que parecer mais firme!” Pensou irritado consigo mesmo.

Se você não sabe é só dizer. –Falou o outro anão.

Eu não disse que não sabia! –Respondeu rapidamente.

Pois então, onde fica.

Eu não tenho obrigação de dizer. –Ori estava orgulhoso dele mesmo, conseguira se impor.

“Queria que Bilbo e Drogo tivessem visto isso!”.

Está se fazendo de difícil, é? – Disse “FudinMaster” que agora empunhava o seu machado.

E-ei...Eu sou mais forte que você! Nem pense em tentar lutar contra mim! –Na verdade Ori não gostava de lutar contra outros jogadores, a não ser quando estava juntos de seus amigos, mas se fosse forçado a batalhar, usaria toda a sua força.

Quem disse que irei lutar contra você? Eu soube que se atacar os fantasmas neste mapa, quando destruí-los, antes deles sumirem, eles podem indicar a localização de determinado livro. Ou seja, não preciso da sua ajuda. Então, pode ficar descansado, garoto, enquanto eu faço o trabalho de um guerreiro de verdade. –Concluiu indo atacar um fantasma que se esgueirava entre as estantes. Ori mordeu mais fortemente o seu lábio inferior, por que se sentia furioso por aquilo? Talvez por se sentir inferiorizado... Estava acostumado a ser um personagem secundário no filme da sua própria vida, nunca fora o foco dos holofotes, de certa forma, até gostava de ser invisível e observador das coisas que ocorria em sua volta, mas às vezes queria ser reconhecido e útil. Tinha lido praticamente todos os livros naquela biblioteca, sabia, mas do que ninguém, a localização dos documentos! Bastava aquele “FudinMaster” pedir de forma mais educado que Ori não iria pensar duas vezes antes de ajudar... Mas, não, aquele jogador tinha que ser mandão e orgulhoso. Além do mais, quem disse que Ori não era um guerreiro? Só por “MagicRin” ser da classe dos magos e ser caracterizado por ter bons ataques a longa distância, não significava que não poderia batalhar tal qual um guerreiro qualquer!

–Que seja destruído pelos fantasmas! –Decidiu, Bilbo havia lhe dito uma vez que Ori era muito bonzinho e submisso, que não precisava ajudar todo aquele que fosse lhe pedir ajuda, sendo que a maioria das vezes, essas pessoas queria se aproveitar de sua bondade e de fato nem necessitavam de auxilio. Sim, aquilo seria um treinamento, se conseguisse se impor no mundo virtual poderia conseguir também o mesmo feito no mundo real.

–Quero só ver quantos fantasmas ele terá que destruir antes de encontrar o que deseja...- Disse, tentando se concentrar novamente na leitura de algum documento, tentando não ligar pelos os sons de luta no fundo... Definitivamente não iria se compadecer do jogador presunçoso e metido a machão! Mesmo sabendo que talvez os fantasmas fossem monstros muito fortes para ele...

Seus olhos não mais liam as linhas da janela aberta a sua frente, na verdade estava buscando indícios do resultado da luta.

–Eu não acredito...Não devia estar preocupado com ele! –Falou pegando uma almofada e abraçando com força, esse era seu defeito como também qualidade, se preocupava demais com as pessoas e não conseguia simplesmente ignorar.

Irritado, fechou a janela e resolveu investigar o estado do “FudinMaster”, quem sabe ele tivera mudado de ideia e pedisse desculpas? Ao se aproximar da fonte dos sons ficou maravilhado com o que viu. “FudinMaster” era de um nível menor, mas conseguira destruir diversos fantasmas, Ori sabia disso pois via os diversos itens que foram dropados (caíram ou foram deixados) pelos monstros ao serem destruídos... O jogador do anão guerreiro era inteligente, esperava o fantasma lançar o seu ataque que demorava um pouco para se concluir, nesse meio tempo atacava e depois se afastava para diminuir o dano do ataque, mesmo que infligisse pouco dano, conseguia destruir o inimigo... Era paciente e persistente, normalmente os jogadores que escolhiam a classe dos guerreiros só usavam a força física do personagem, pouco usando outras táticas em suas batalhas. Isso o impressionou... Contudo, mesmo utilizando essa manobra inteligente, “FudinMaster” não estava em boas condições de HP (Pontos de vida), na verdade estava em uma condição critica, mais um ataque e seu personagem iria morrer e isso significava ser teletransportado para a ultima cidade em que o jogador esteve... Isso também significava que Ori poderia não mais vê-lo.

–Tenho que fazer alguma coisa... –Concluiu sem ao menos analisar suas próprias palavras e ações, afinal há poucos minutos atrás estava totalmente enfurecido com aquele anão guerreiro e seu misterioso jogador que o controlava, estava decidido por ignora-lo, mas agora toda aquela irritação tinha se esvaído.

“MagicRin” conjurou meteoros de fogo que caíram sob os fantasmas que circundavam o anão, destruindo-os rapidamente.

Eu não pedi a sua ajuda. –Ori novamente mordeu seu lábio inferior, era impressionante como aquele anão e seja-lá-quem-for que o controlava era um total idiota metido a macho-man! Não tem nada de errado em agradecer como também não tem nada de errado em pedir ajuda.

Eu fiz por que quis! Você iria morrer se eu não intervisse!

Se tivesse me dito onde estaria o documento eu não seria forçado a isso...

Se tivesse me pedido com educação eu teria lhe dado a informação!

Então, você sabia onde estava o documento. –Não era uma pergunta e sim uma afirmação.

Sim, eu vou te mostrar em que estante está! Vamos me siga!

Por que? Você está sendo contraditório... Não queria que eu fosse educado?

Por todos dos deuses do olimpo! Sim, estou sendo contraditório! Eu não devia nem ligar para você, um jogador cabeça dura e mal educado, mas aqui estou fazendo justamente o que eu não deveria fazer! Se quiser o seu maldito documento, me siga! – Ori estava ofegante, era a primeira vez que escrevia daquela maneira, bem como a força que empregara na escrita de cada palavra foi tão forte que temeu ter quebrado o teclado de seu notebook.

Oh...– Isso foi tudo que “FudinMaster” falou, Ori sentia, pela a primeira vez, vontade de bater no rosto real daquele que controlava o guerreiro anão, afinal depois de toda aquela explosão de raiva, algo que não era comum para o pequeno Ori, o misterioso jogador só tinha um monossílabo como resposta? E o que significava? Era um oh que indicava arrependimento? Ou era um oh que significava “tanto-faz”, não se importando com o ocorrido?

Então, quando irá me guiar para o dito livro? –Sim, o anão guerreiro ainda teve o descaradamente de exigir que ele cumprisse com a sua palavra, demonstrando que nem ligara com o que ocorreu a poucos segundos atrás.

–Eu não sei nem por que estou fazendo isso...-Resmungou Ori enquanto movimentava seu personagem por entre as estantes indo exatamente onde estava o documento sobre Erebor, lógico que ele já tinha lido a respeito do assunto, afinal tratava-se do reino perdido dos anões, uma das quests mais populares por entre os jogadores que tinham escolhido a raça anã, também se tratava de uma quest especial , pois caso ela fosse realizada por algum jogador ou grupo de jogadores como consequência a dinâmica do jogo iria mudar, pois Erebor passaria a fazer parte dos reinos existentes e não seria só um terreno repleto de monstros com níveis super altos e tendo um dragão como boss.

Aí está! –Anunciou irritado o anão mago, Ori já estava se preparando para teletransportar dali, perdera toda a vontade de ler e até mesmo de jogar. Ora, como pode ajudar aquele jogador que nem ao menos agradeceu por sua ajuda?

Acho que tenho que te agradecer, ne?

Os dedos do garoto paralisaram, o comando para a magia foi interrompido pelas palavras que apareceram acima de “FudinMaster”.

Bem, creio que é o certo a se fazer, tendo em vista que te salvei e te guiei até o documento! – Ori então adicionou vários emoticons de smiles com raiva, assim expressava seus sentimentos.

De certa forma, a culpa é sua...

A culpa é minha?

Se não agisse de forma tão fofa, não seria obrigado a provoca-lo.

Ori corou, e não foi uma simples vermelhidão dominando suas bochechas pálidas, não... O rapaz estava totalmente vermelho, dos pés a cabeça. Não era essa resposta que esperava... Definitivamente não esperava aquilo.

Eu não sou fofo! Não agi de forma fofa!

Pena que não posso te ver, aposto que está fazendo biquinho...

Ori já iria escrever que não estava, mas logo viu o seu rosto rubro pelo o espelho do quarto, infelizmente o maldito jogador estava certo, seus lábios estavam formando um biquinho.

Eu não estou! –Respondeu, mesmo sabendo que era mentira.

Que seja, você está enganando a você mesmo e não a mim. –Falou simplesmente, Ori quase podia imagina-lo dando os ombros e assumindo uma expressão de pouco-caso.

Olha, você já tem o seu documento, logo não precisa mais de mim, eu vou embora! –Anunciou, não que precisasse se justificar para “FudinMaster”.

“Eu já devia ter me teletransportado ao invés de continuar conversando com esse...Esse...” Nem sua mente parecia formular uma melhor forma de descrever aquele anão irritante.

Está bem, eu te deixo ir... –“Como se eu precisasse da sua permissão!” Pensou Ori – Depois nós encontramos para discutir a quest...

Ah? O que te faz pensar que irei fazer alguma quest com você?

E por que não? Se realmente não gostasse da minha presença há muito tempo já teria ido embora, além disso, apesar de tudo você me ajudou e me salvou. Creio que podemos fazer uma boa dupla, mas também essa quest de reconquistar Erebor seria uma forma de unir nossos dois grupos de amigos. Creio que teríamos uma chance.

Ori ficou novamente paralisado, então desde o inicio “FudinMaster” o tinha reconhecido e o estava provocando? Será que o estava testando? Sem dúvida aquele jogador era muito complexo... Tinha se enganado em seu julgamento...

–Mas ele continua ser alguém irritante! Quem é ele pensa que é? Querer organizar um trabalho de equipe assim do nada... Unir os dois grupos a qual parecem mais rivais do que amigos! –Falou ofegante para tela do notebook como se o anão guerreiro pudesse ouvir sua nova explosão de raiva –Loucura!

Bem, acho que não tenho mais nada para fazer aqui...–Disse “FudinMaster” – Obrigado por sua ajuda, já te enviei um pedido de amizade. Aceite e iremos discutir o plano.

Antes que Ori pudesse fazer algo ou mesmo escrever alguma coisa para discordar de toda aquela história o anão guerreiro desconectou.

–Droga!! –Falou abraçando ainda mais seu travesseiro em forma de Pikachu – Eu o odeio!

Ori ouviu um aviso sonora que mais parecia um sino, era o jogo anunciando que recebera uma mensagem. Rapidamente abriu a sua caixa de entrada e localizou a mensagem e solicitação de amizade de “FudinMaster”. Deveria deletar! Não queria ter mais nenhuma relação com alguém que gerava reações tão confusas por parte de Ori, ora, desde quando se irritava deste jeito? Cadê o paciente e quieto Ori? Sem dúvida, teria que cortar relações com aquele jogador...

–Droga...-Resmungou abrindo a mensagem.

From: “FudinMaster”

To: “MagicRin”

Oi, garoto.

Desculpe pela a minha atitude, sei que deve estar muito irritado comigo, mas eu juro que com o passar do tempo você irá se acostumar. E não retiro o que eu disse antes, te achei muito fofo, te imagino como aqueles cachorrinhos pequenos e felpudos que parecem mansos mais depois de provocados se tornam verdadeiras feras... Ou seja, você faz o meu tipo.

Eu sou muito direito, não fico fazendo enrolação como alguns amigos que conheço. Por isso, logo digo que sinto uma atração por você, se achar que sou algum tipo de tarado ou pedofilo, problema seu. Não estou acostumado a conter meus sentimentos, eu falo mesmo.

Enfim, eu realmente queria que nossos grupos se unissem, acho que combinamos bem e poderiam vencer as quests mais difíceis.

Mas, você que vai decidir que é uma boa ideia ou não.

–Ai meu deus...-Falou baixinho, era a primeira vez que recebia um carta de amor (tecnicamente aquilo poderia ser considerado uma carta deste tipo?), nunca alguém tinha dito ou sugerido que Ori era bonito ou que se sentia atraído por ele... –Ai meu deus... Ai meu deus... –Continuou a repetir, seu coração batia forte e seu estomago parecia estar voltas completas em sua barriga, tal como estivesse em uma montanha russa eterna.

–O que devo fazer? – O botão de aceitar amizade parecia muito tentador.

–Ele nem me conhece de verdade... Digo... Se ele me visse como sou na realidade talvez nem se sentisse atraído...-Falou tristonho, mas essa era a vantagem do mundo virtual, não é? Não precisava se revelar... Além disso, se a sua personalidade conseguira atrair alguém naquele mundo, significava que talvez tivesse chance no mundo real!

–Eu devo estar muito louco...-Sussurrou, com o dedo trêmulo aceitou a solicitação de amizade.

~~**~~Gamer~Lover~~**~~

–Eu voto para assistirmos a série Sherlock! –Falou Bilbo animado enquanto tomava seu milk-shake. O rapaz estava agasalhado com um sobretudo marrom e um cachecol que tinha o símbolo dos “jogos vorazes” bordado em dourado.

–De novo? –Reclamou Drogo que puxava o seu chapéu de lá para cobrir seus cabelos que tinham sido tingidos de roxo, uma pegadinha de Bilbo para se vingar do castigo a qual fora forçado graças a ligação indevida de seu priminho –Eu já cansei! Você já sabe decorado as falas do Watson! Além disso, acho que você é meio apaixonado pelo Sherlock! –Piscou o mais novo.

–B-besteira! –Resmungou Bilbo, bochechas levemente coradas – Eu só gosto da série!

–Pois eu quero assistir Sobrenatural! –Anunciou Drogo, o adolescente vestia um casaco azul de mangas compridas que praticamente cobriam suas mãos, havia o símbolo “4” bordado nas frente que caracterizava bem o tema do quarteto fantástico.

–Bah! Aquilo tem temporadas infinitas! Já perdi a conta de qual temporada está agora... Você só assiste porque tem uma queda pelo Dean!

–Ele tem uma bunda... Firme... –Se justificou Drogo ficando vermelho – Mas não é só esse o motivo! Digo... É uma boa série!

–Espera, falta mais uma pessoa opinar! Ori! –Bilbo e Drogo se viraram para o amigo que os acompanhava em silêncio –Qual é a série que gostaria de assistir hoje?

Ori sorriu, seus amigos nunca o esqueciam, mesmo que os acompanhasse sem emitir nenhum som, no final eles o incluiriam na conversa e exigiriam a sua opinião.

–Eu gostaria de assistir Teen Wolf...-Falou tímido.

–Oh! Essa série eu ainda não assisti! –Falou Bilbo eufórico.

–Eu já li umas fanfics sobre o assunto... Se não me engando existe um casal Stiles e Derek, não? Praticamente só tem fanfic para esse casal!

–Er... Eles não são bem um casal... –Tentou explicar Ori, mas o grupo já tinha chegado em seu destino, era a livraria “Colinas de Ferro” aonde Ori trabalhava meio período – Bem, eu tenho que ir pessoal... Mais tarde acabamos de discutir qual série assistiremos hoje.

–Sim! Boa sorte Ori, não deixe que o seu chefe te assuste! –Sorriu Bilbo acenando um adeus, ele próprio tinha que correr para o próprio trabalho, sendo este em um Café próximo dali denominado “Valfenda”. Drogo, por sua vez, tinha que ir para o cursinho. No fim do dia, todos se encontrariam na casa de um deles para iniciar “A noite sagrada das séries” que constituía assistir até tarde alguma série escolhida, era essa a tradição das noites de sexta-feira.

Ori adentrou na livraria retirando o casaco negro que usava e revelando sua camisa também negra com a frase: “Why so serious ?” escrita em letras vermelhas.

– Eu realmente não entendo essas roupas que você usa... –Falou um homem alto de barba castanho meio ruiva, Aquele era Dáin, dono da loja e chefe de Ori.

–E-essa camisa... E-ela... É do coringa... –Explicou, gaguejando, o menor.

–Coringa? Quem diabos é coringa? Sinceramente... Esses jovens de hoje em dia...-Falou isso e deu um tapinha no ombro de Ori, mesmo sendo de leve o seu chefe tinha uma incrível força o que fazia o coitado do rapaz quase cair para frente toda vez que Dáin fazia esse gesto –Vá colocar o avental, recebemos livros novos, eles estão no estoque...

Ori apenas confirmou com a cabeça, apesar de já trabalhar por quase um ano ali, não conseguia relaxar ao lado do outro, mesmo adorando trabalhar ali cercado por livros... Rapidamente se dirigiu para a pequena sala dos funcionários e vestiu seu avental marrom e se foi ao estoque.

“Eu devia me esforçar para ser mais cordial com Dáin...Ele não é malvado... Só meio antiquado.” Pensou, seu chefe gostava de séries de cowboys e livros antigos (principalmente envolvendo guerra), a cultura atual lhe era totalmente estranha. Enquanto estava perdido em pensamentos nem notara outra pessoa na sua frente o que ocasionou a sua colisão de encontro a um corpo firme e musculoso.

–Olha para onde anda... –Falou alguém em uma voz áspera e grave.

Ori sobressaltou, levantou os olhos para dar de encontro com um rapaz alto, cabelos curtos, estilo militar, tatuagens nos braços... Ou seja, um visual bastante intimidador.

–E-eu...E-eu...-Gaguejou, sem ser capaz de formular uma frase.

–Hum? –O intruso arqueou uma das sobrancelhas – O que? Está engasgado?

Ele parecia o estar provocado. Isso foi como um gatilho para destravar algo no pequeno rapaz.

–O que está fazendo aqui? Não sabe que é um local restrito?

O intruso arqueou ainda mais a sobrancelha e depois um estranho sorriso se fez em seus lábios.

–Eu, como você, sou funcionário aqui... –Disse dando os ombros.

–Como é?

–Olha...-Apontou para o avental que usava, alias muito pequeno para ocultar o seu peitoral largo e musculoso, ao contrário do de Ori, este avental ainda não tinha a plaquinha presa ao tecido com o seu nome escrito, de modo que o nome daquele grande rapaz ainda era desconhecido – Hoje é o meu primeiro dia.

–Senhor Dáin não me falou nada sobre isso...-Falou teimosamente.

–Está duvidando? Pois pode perguntar para ele... Mas antes me ajude com os livros. –Falando isso empurrou uma pilha de livros nos braços do menor que teve que se esforçar e muito para segura-los.

–E-espera!

–O que? Não consegue segura-los?

Ori mordeu o lábio inferior, furioso.

–Eu consigo segura-los muito bem!

–Bom...- Riu alto o dito novo funcionário –Alias... Meu nome é Dwalin.

–Hum...Ori...-Respondeu, quase que automaticamente, mas logo soltou um gritinho ao sentir algo... Ou alguém apalpando a sua bunda.

–C-como...Ousa!? –Disse quase deixando os livros caírem para dar um tapa no outro.

–Shhh... –Sussurrou Dwalin no ouvido do menor, o que fez Ori sentir um calafrio percorrer o seu corpo –Dáin iria ficar irritado se amassasse seus preciosos livros sobre a segunda guerra...

A mão continuava ali, todavia só acariciava a bunda de Ori, a cada caricia o rapaz mordia o lábio inferior contendo um gemido, odiava como o seu corpo estava reagindo, aquilo era assedio sexual!

–Depois que eu arrumar os livros... Você vai se arrepender do que está fazendo! –Rosnou.

Dwalin riu mais uma vez e deu um tapa na bunda de Ori, arrancando mais um gritinho do garoto, e depois se afastou.

–Vou esperar o seu contra ataque, Ori. –Nisso ele voltou sua atenção para uma pilha de livros, deixando um confuso e irritado rapaz para trás.

–Q-quem ele pensa que é? –Rangeu os dentes saindo do estoque quase tropeçando nos próprios pés.

–Oh! Ori! –Sorriu Daín ao vê-lo na loja – Já deve ter conhecido o Dwalin, não? Ele é um parente distante que precisava de um dinheiro extra, sabe como é?! Universitário, como você, trabalhando de meio período. Espero que se tornem amigos logo! –Riu alto, algo muito semelhante á uma risada de papai noel. Ori se conteve mordendo mais fortemente o lábio inferior, iria dizer que nunca se tornaria amigo daquele pervertido!

–Nós já somos amigos, tio. –Disse Dwalin carregando uma pilha muito maior de livros nas mãos –Não é, Ori?

Ori o ignorou, sentia que sua vida tranquila estava aos poucos se transformando em um inferno... Talvez... Afinal o seu corpo ainda parecia o trair, ao invés de sentir repulsa pelos eventos atuais, seu coração batia rápido e sua pele corava... Não era sintomas de desgosto pela atenção oferecida por Thorin.

“Maldito! Eu o odeio!” Se decidiu, contudo não havia veemência naquele desejo...


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Notas finais do capítulo

Dwalin um pervertido!!!
é isso aí!!
Também, confesso, que adoro escrever sobre o trio de amigos nerds (Bilbo, Drogo e Ori) por isso preferi colocar mais sobre o ponto de vista dos garotos do que dos três machões (Dwalin, Frerin e Thorin).

Espero que gostem!!
Beijos!