–Não, eu não vou hackear os arquivos da faculdade! –Resmungou Frerin tentando expulsar o seu irmão mais velho do quarto, já estava cansado de se repetir. Só por que gostava de jogar vídeo-games e de mexer no computador isso não o fazia ser um Neo do matrix! Ainda mais, tinha certeza que hackear seria algo ilegal mesmo que seja com a valorosa intensão de encontrar o pequeno Geek que tinha conquistado o coração de Thorin.

–Por que não tente colocar o nome dele no google? Quem sabe não acha alguma coisa? –Sugeriu.

–Eu estaria agindo que nem um stalker... –Resmungou em resposta se postando na porta com firmeza o que impedia do Durin mais novo de fechar e, consequentemente, expulsar seu irmão mais velho – Não quero parecer um perseguidor estranho...

–E eu que seria o perseguidor estranho buscando pelo o seu querido Bilbo online?

–Além do mais, eu coloquei o nome dele sim no google...-Disse Thorin ignorando totalmente a cara emburrada de Frerin além da pergunta do irmão – O que resultou em um problema, pelo o que parece existem muitos Bolseiros por aí... E muitos deles têm nomes parecidos com Bilbo, tipo Bulgo, Birlo, Boldo, entre outros...

–Ou seja, você teve preguiça de pesquisar mais afinco sobre o Bilbo e decidiu jogar nas minhas costas?

–Não foi preguiça... Eu só não sou tão bom com tecnologia como você! –Aquilo era parcialmente verdade, Frerin gostava mais de coisas High-Tech do que os outros membros da família Durin, contudo, novamente, aquilo não o fazia um hacker! Thorin só estava sendo teimoso, pois quando colocava uma ideia fixa na cabeça era difícil fazê-lo mudar, ou seja, se ele pensa que o seu irmãozinho era um hacker era isso que ele iria crer.

–Thorin, eu não sou expert! Quantas vezes tenho que dizer isso? –Falou soltando um longo suspiro, era tal como falar para um rocha – Já sei, por que não busca pela lista de alunos nas faculdades da região? Não é um dado necessariamente secreto...

–Tsc...

–Thorin, não é tão difícil assim fazer uma pesquisa e forçar o seu cérebro, sabe? Se não usar muito a sua mente ela vai acabar atrofiando!

–Está me chamando de burro? –Rosnou, lançou seu famoso “olhar mortal”, mas Frerin já se tornara imune a seus efeitos.

–Prove que estou errado e encontre o Bilbo Bolseiro sem a minha ajuda. Eu duvido que consiga. –Disse dando um meio sorriso provocador –Vossa realeza, Thorin, só relega tarefas ao seus humildes súditos.

–Eu já disse para não me chamar de rei ou de realeza! –Rangeu os dentes, estava furioso, uma veia já pulsava de sua têmpora.

–Está tudo bem, Thorin, eu vou fazer a sua pesquisa...Afinal sei que não irá conseguir. –Nisso Frerin deu os ombros e começou a adentrar no quarto, mentalmente fazendo uma contagem de 1 até 10. Nem chegara ao 5 quando sentiu a gola de sua camisa ser puxada.

–Eu vou fazer a maldita pesquisa e vou jogar na sua cara! –Bradou o Durin mais velho –Irá engolir as suas palavras e me pedir desculpas!

–Sério? –Frerin fazia um falso semblante de admiração.

–Eu encontrarei! –Falou por fim, soltando o irmão mais novo.

–Boa sorte na busca pelo o seu futuro namorado! – Falou Frerin.

–Eu já lhe disse que só estou o buscando para me vingar! Você sabe o que ele me fez no supermercado? –Rosnou Thorin, mas um vislumbre de um leve corar era visível em suas bochechas.

O loiro rolou os olhos, já tinha ouvido sobre aquele encontro fatídico e da consequência... Afinal Thorin chegara a casa com um saco de gelo posto entre as pernas, fora algo muito engraçado de se ver.

–Eu sei... Então, reformulando a frase: boa sorte na busca por sua “vingança”.–Fez o sinal das aspas, Thorin resmungou algo, mas agora era a vez de Frerin ignora-lo e aproveitar a chance para finalmente fechar a porta do quarto e expulsar o irmão.

–Ufa! –Suspirou aliviado –Finalmente!

Sim, ele amava seu irmão mais velho, mas, às vezes, Thorin podia ser sufocante devido a sua teimosia e a mania de delegar tarefas para os outros.

–Agora posso jogar em paz... – Se dirigiu ao seu computador, estava querendo um tempo sozinho para poder relaxar, sim, gostava de jogar com o seu irmão e Dwalin, era divertido, mas as vezes só queria ficar sozinho e curtir a sua solidão, de modo que pudesse organizar seus pensamentos. Adentrou no jogo “Terra média –Online” e logo a tela mostrou o seu personagem que se encontrava sentado perto de um córrego.

–E o que devo fazer agora? –Perguntou a si mesmo e também ao personagem, como se o humano pudesse de alguma forma sugerir um divertimento.

–Talvez eu deva continuar uma Quest antiga que era de eliminar 50 monstros desta floresta, eu acho que apesar de não ter feito nada para avançar na Quest neste últimos dias não significa que ela foi cancelada...-Analisou enquanto guiava o seu personagem “GrandeDurin” para o interior do bosque.

–Faz tempo que não ando por esse mapa...-Analisou observando o cenário –Acho que houve alguns updates...Oh!

Um coelho pulou em sua direção, tinha se esquecido de que aquele bosque também era conhecido por sua fauna exclusiva de coelhos (além de alguns entês malvados). Outro personagem sai das moitas, perseguindo o dito animal, apresentava uma cenoura dourada na mão. Frerin logo reconheceu o item, era usado pelos jogadores para a captura de pets. Um coelho era uma escolha estranha para um pet, normalmente os jogadores escolhiam cavalos ou wargs, por serem ótimas montarias e facilitar no deslocamento, até dragões eram um escolhas preferidas (apesar de difíceis de conseguir). Animais fofinhos era preferência para jogadores mulheres, já que de fato não ajudavam em nada nas quests. Contudo, o que Frerin se surpreendeu era o fato de que o dito jogador que buscava o coelho era o mesmo que tinha participado do “roubo” da orcrist semanas atrás, ou seja, fazia parte do grupo do legendário “Burglar”! Era o personagem elfo que tinha lançando flechas congelantes no “Escudo-de-Carvalho”! O estranho e misterioso personagem que tinha o nome “DB”... Nada criativo, realmente.

–Olá! –Tentou ser cordial, afinal ao contrário de seu irmão, não acumulara nenhum ressentimento para com aquele grupo de jogadores, na verdade os admirava.

O outro jogador parou subitamente a sua perseguição, talvez só agora tivesse notado a presença do outro ali.

–Não tem nada de errado em querer um coelho como um pet! –Disse “DB” na defensiva. Frerin deixou soltar uma risada, pelo o que parecia o jogador tinha recebido criticas quanto a escolha do dito pet.

–Eu não iria falar nada em relação a isso...

–Sei...Aposto que pensou em dizer! Pois saiba que um coelho pode ser muito útil!

Frerin rolou os olhos, definitivamente não queria brigar e nem provocar um jogador que tinha um nível superior ao seu personagem, mas... “DB” não estava facilitando.

–Se você fosse da classe dos magos eu diria que você faria algum truque de mágica com ele, talvez o tirando da cartola.

Um emoticon de um smile irritado surgiu acima do personagem elfo.

–Para a sua informação um pet não tem que sempre útil... Não tem nada de errado em querer um pet por ele ser fofo! Eu quero um coelho fofo e ponto final!

Frerin mordeu o lábio inferior, iria dar uma gargalhada, mas de alguma forma temia que o elfo pudesse ouvi-lo, realmente era uma ideia idiota, mas queria dar um pouco de respeito ao jogador desconhecido. Além do mais, agora imaginara que possivelmente ele ou ela estaria fazendo um “biquinho” fofo agora. Definitivamente, não esperava esse tipo de atitude. Estava surpreso e também curioso para saber ainda mais...

–Ok! Eu não pretendo impedi-lo e nem faze-lo mudar de ideia, mas parece que não conseguiu capturar nenhum coelho até agora. –Notou Frerin – Você já tentou capturar um pet antes?

“DB” andava de um lado para o outro, talvez seu jogador estivesse pensando se deveria ou não responder aquela pergunta.

– Não... Meus amigos não gostam muito de pets, acham que são meio infantis e temos um mago no grupo, logo se quisermos nos deslocar podemos usar a magia de teletransporte dele... Então, pets não seria uma opção.

–Bem...Eu tenho um cavalo, mas eu normalmente o deixo em um estabulo, praticamente não uso já que agora meus companheiros de equipe são dois anões, que alias são bem teimosos e não aceitam montar em pôneis.

Um emoticon de um smile sorrindo surgiu na cabeça do elfo.

–Sei como é ter amigos teimosos, na verdade acho que isso reside em meu primo que é o jogador do “Burglar”! Ele é extremamente teimoso!

–Fala o elfo que luta contra tudo e a todos para conseguir o seu pet fofo?

–Isso não é sinal de teimosia e sim de determinação! Sou um garoto que luta pelos seus ideais! – Então por trás do personagem elfo existe um rapaz, foi a conclusão do Durin a partir daquela fala, aquilo só o intrigou mais. Imaginava que tipo de garoto seria?

“Melhor não criar expectativas... Não é como se fosses nos encontrar no mundo real!” Pensou irritado com a sua própria curiosidade.

–Eu posso te ajudar a captura-lo, se quiser. –Sugeriu, não havia nada de errado em oferecer ajuda a outro jogador... Mesmo que tivesse segundas intensões naquela oferta. Queria descobrir mais sobre o misterioso “DB”.

–Sério? Você me ajudaria? –Um emoticon de smile com os olhos substituídos por corações surgiu.

–Lógico. –Frerin nem notara um sorriso bobo se formando em seus lábios. Definitivamente, não deveria ter tanto interesse em relação a um jogador a qual nem sabe o nome e tão pouco a idade... Como o seu pai sempre o alertava, poderia ser um pedófilo (mesmo que Frerin já não era mais uma criança), um serial killer ou mesmo ter a aparência e personalidade totalmente diferentes do que transparece no mundo virtual... O jovem Durin sabia de tudo isso, mas não podia negar a atração que sentia por “DB”.

–Só quero saber mais sobre ele...-Prometeu a si mesmo. Espera, pelo menos, que seu coração cumprisse aquela promessa.

~~**~~Gamer~Lover~~**~~

Drogo sorriu ao ver o seu novo “wallpaper” de seu celular, era a foto de seu pet: Edmund, o coelho. A escolha do nome foi estranho, mas no final achou que combinou com seu coelhinho.

“Sei que ele é virtual... Mas pelo menos compensa o fato de eu não poder ter bichos-de-estimação na realidade” Pensou suspirando, uma nuvem de fumaça se condensou com a sua ação, ter pais alérgicos a animais o impossibilitava de ter um coelho de verdade. Aquela manhã estava fria, o noticiário informou que estava fazendo 5 °C, Drogo odiava o frio, ainda mais por ter que esperar o seu ônibus para a escola naquela parada em que as rajadas de vento pareciam ser constantes em épocas como aquela.

–Bem que Bilbo poderia me dar um carona...-Resmungou, mas seu primo provavelmente estaria dormindo já só teria aula na faculdade as 10 horas, não queria ter que acorda-lo, afinal sabia o quanto Bilbo poderia ser ranzinza ao interromper as suas horas sagradas de sono. Além disso, teria a possibilidade de ouvir a mesma ladainha do primo sobre o misterioso Thorin, aquilo já durava semanas! Estava cansado de tentar acalmar o Bolseiro mais velho, afinal este pensava que ao acertar “bem naquele lugar” findava qualquer possibilidade de um namoro futuro. Drogo não era conselheiro amoroso, nunca namorara e tão pouco beijara! Como poderia saber se aquelas ações estranhas poderiam ser interpretadas como um tipo de flerte ou não! Na verdade, era bem provável que Thorin atacasse Bilbo na próxima vez que se encontrassem... Nenhum homem aceita de bom grado um ataque em meio a seu “instrumento intimo”.

–Atchim! –Espirrou e tentou se enrolar ainda mais em seu cachecol, infelizmente o ato fez com que deixasse cair seus cadernos –Que droga...-Resmungou.

–Não! Deixa que eu pego! –Drogo se sobressaltou, não tinha reparado na presença de outra pessoa na parada. Era um rapaz loiro, olhos intensos azuis...Logo o reconheceu, era o mesmo cara que tinha apartado a briga de Thorin e Bilbo naquele embaraçoso evento a várias semanas atrás. Subitamente, Drogo assumiu uma atitude retraída, sempre ficava assim perto de caras bonitos e que faziam o seu tipo, simplesmente não sabia como agir diante deles.

–Está tudo bem? –Perguntou o loiro dando o seu sorriso amistoso.

–E-esta...Hic...-Cobriu a boca envergonhado, outro tique nervoso estúpido, começava a soluçar em situações de estresse –Hic...Obrigado...hic...-Mordeu o lábio inferior tentando conter mais soluções se formando.

O outro rapaz o olhava em um misto de curiosidade e talvez divertimento.

“Ótimo, estou fazendo um papel ridículo...” Pensou querendo dar pontapés em si mesmo mentalmente. Odiava aquela timidez e nervosismo seletivo.

–Então... Esse cachecol é do Lufa-Lufa? –Perguntou o mais velho.

Drogo ficou surpreso, ele não parecia fazer o perfil de alguém que deteria aquele conhecimento. Ele parecia ser aqueles garotos fortes e esportistas que passavam a maior parte do tempo admirando seus músculos e tentando arrumar alguma namorada sem-cérebro.

–Er...Sim... Hic...- Respondeu baixinho olhando para as cores amarelo e preto do seu cachecol.

–Eu tenho um do sonserina. –Disse dando um novo sorriso – Eu não costumo usa-lo, tenho medo de suja-lo.

–Hum... Eu tenho todos os cachecóis de hogwarts... –Admitiu.

–Sério? Legal!

–Também tenho a camisa laranja do acampamento meio-sangue! –Disse mais animado.

–Uau. Eu ainda estou economizando dinheiro para poder comprar a camisa roxa do acampamento dos romanos. Vai demorar um pouco já que gastei minha ultima mesada em um jogo.

–Qual?

–O novo jogo do fatal frame! –Deu um meio sorriso, como estivesse se vangloriando do fato.

–E-eu não jogo esses tipos de jogos...

–O que foi? Tem medo de fantasmas?

–N-não! –Disse corando –Só acho que são meio bobos!

–Sei...Pelo o que me parece, você tem medo. Essa desculpa não colou!

–Não tenho medo! –Fez biquinho e finalmente encarou de frente o outro rapaz. Só agora percebera que seu soluço tinha se findado bem como a sua timidez. Estava conversando com aquele desconhecido tal como conversava com seus amigos... Mas não deveria, aquele rapaz não podia ser alguém parecido com ele! Afinal sua aparência lhe indicava justamente o contrário! Deveria ser algum tipo de brincadeira... Talvez alguma câmera escondida.

–Se não tem medo de fantasmas poderíamos assistir um filme. Já assistiu “ A mulher de preto 2”?

–Não...Digo...Eu assisti o primeiro... –Admitiu, bochechas corando um pouco.

–Aposto que só assistiu porque o ator que fez Harry Potter estava no filme, não? –Arqueou uma das sobrancelhas em um tom provocador.

–T-talvez... –Resmungou –Enfim, eu consegui assistir o filme até o fim! Nem precisei pedir para dormir com o meu primo e...-Tapou a boca, já estava falando demais.

–Ohh...Quando fica com medo você dorme com o seu primo? Que fofo...-Riu.

–Q-quando eu era pequeno eu fazia isso! H-hoje isso quase não é necessário!

–Quase? –Novamente aquele tom provocar que fazia instantaneamente Drogo esquecer o seu embaraço e substitui-lo por irritação.

–Pois eu posso assistir esse filme sem problema nenhum! –Disse confiante e findando aquela discussão que apenas lhe causaria ainda mais embaraço.

–Então, temos um encontro? Perfeito!

“Encontro!?” Só agora a ficha tinha caído, aquele garoto estava o chamando para sair? Antes que pudesse pedir para que o outro repetisse o que tinha dito, afinal ainda não acreditava no que tinha ouvido, seu ônibus chegou.

–Er...Eu tenho que ir...-Disse, apesar de estar relutante em seguir para escola.

–Frerin.

–Ah? –Tombou a cabeça para o lado confuso.

–Esse é o meu nome! –Sorriu o rapaz apontando para si mesmo.

–Eu sou Drogo...-Falou correspondendo o sorriso.

–Nós encontramos amanha nesta parada? Digo... Aí podemos discutir mais sobre o nosso encontro e trocar números de telefone.

–Oh! S-sim! Lógico!

O ônibus buzinou impaciente. Drogo acenou para Frerin e subiu, meio atrapalhado no ônibus, quase deixando seus livros caírem novamente. O loiro correspondeu o acenou. Jogou-se no banco e apertou fortemente suas bochechas, queria ver se não estava sonhando... A dor forte indicou que de fato estava bem acordado! Drogo Bolseiro tinha conseguido o seu primeiro encontro!

–YEAH! –Gritou, mas logo se retraiu ao ver os olhares dos outros passageiros. Fez uma comemoração mental que incluía uma pequena dança. Parecia sua sorte no amor estava se alterando... Olhou novamente para o wallpaper de seu celular e suspirou. Mas ainda tinha aquele misterioso jogador que tinha sido tão solícito em ajuda-lo a capturar o Edmund... Sentia como o estivesse traindo.

“Espera! Ele só me ajudou, não significa que temos uma relação!” Pensou confuso com a própria linha de pensamentos.

–Céus... –Sacudiu a cabeça rapidamente –Não posso ter uma queda por um personagem virtual! –Resmungou. Agora se sentia dividido.

“Maldito coração...” Pensou dando um soquinho em seu peito “Não complique ainda mais as coisas...”.