Foi em uma fria manhã de agosto que eu tive certeza que amava uma garota.

Um ano e quatro meses já haviam se passado desde a festa no bosque e o acampamento, seria um dia importante para todos nós, era a festa de despedida de Mani, ela havia passado em uma faculdade e logo iria para o Rio de Janeiro, não poderíamos deixar de curtir cada momento com ela.

Esse foi um dia que passou muito, muito rápido, quando me dei conta a fria manhã de agosto já não existia mais e era um fim de tarde gelado e encantador, eu fui encontrar Marina para irmos até o bosque colher alguns cogumelos alucinógenos antes da festa, toquei a campainha de seu apartamento e ela saiu de lá, tão linda quanto um crepúsculo no verão, não existem palavras para definir o quão linda ela estava naquele momento.

No meio de nossa colheita de cogumelos, não conseguia mais resistir a ela... a beijei e para minha surpresa ela não só correspondeu meu beijo como mostrou estar tão interessada em mim quanto eu estava nela. Foi em um começo de noite gelado de agosto que eu descobri que minha amada era mais forte do que parecia.

Perto de uma grande arvore, vi a garota que eu amava mostrar toda sua vulnerabilidade e derramar milhões de lagrimas devido a um problema passado, drogas a fizeram ser infértil, ela havia amado alguém incondicionalmente e esse alguém nem chegou a nascer, ela sofreu e tentou ir com esse alguém... Nunca suportou essa perda e ainda chorava sempre que ia tomar banho... Eu a abracei, ela chorou em meus braços, eu esperei ela parar de chorar, eu fiz um sorriso brotar naquele lindo rosto.

Após isso continuamos seguindo até o salão onde seria a festa de despedida, antes de entrarmos na festa eu puxei e a beijei, foi minha forma de demonstrar que eu estaria do lado dela... Sempre.

Foi uma festa incrível, ela nem parecia a mesma garota que poucas horas antes estava sofrendo ao lado de uma arvore, nos divertimos como nunca, comemos os cogumelos, bebemos vodca, nos sentimos infinitos como em um clipe de música pop, decidimos acampar novamente perto da mesma cachoeira.

Era uma tarde com um clima agradável, não era quente e nem frio, era delicioso, mais uma vez fomos pro meio do bosque, montamos nossas barracas em frente a cachoeira, não comemos nenhum cogumelo, não bebemos uma gota de vodca, demos muitas risadas, tiramos fotos, nos sentimos felizes, mas a felicidade acabou assim que Emilly a convenceu a pular do topo da cachoeira.

No fim de uma tarde de inverno, eu vi uma garota incrível morrer ao cair de cabeça em uma pedra pontiaguda, vi a minha melhor amiga perder toda a alegria e se arrepender de ter convencido alguém a fazer algo, vi o garoto mais despreocupado que conhecia se preocupar, vi um casal inseparável se separar pra buscar ajuda e vi uma índia ligar desesperadamente pra um ambulância.

No mesmo inverno que tive certeza que amava alguém, senti o prazer de ter esse amor correspondido e a dor de saber que jamais poderia ficar com aquela que eu amava.