Where flowers grow wild escrita por Marie


Capítulo 16
Capítulo 16 - Desejo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587475/chapter/16

Enquanto caminhava a passos lentos em direção a estufa, Nicole foi repassando mentalmente sua vida na tentativa vã de descobrir qual tinha sido o momento em que havia perdido o controle sobre si mesma. Sempre se orgulhara de ser uma pessoa lógica e equilibrada, mas depois dos últimos dois dias adquirira a mais absoluta certeza de que estava a um triz de enlouquecer.

Passara o dia anterior trancada no quarto com a pior enxaqueca que já tivera na vida além de uma amnésia inexplicável. A última coisa que conseguia se lembrar com clareza era do sabor doce e suave do vinho que encontrara na biblioteca, mas depois disso as coisas não passavam muito de um borrão sem sentido. Estava tão envergonhada com aquela situação que não sabia como ainda pretendia conversar com seu marido que, como presumido, estava esperando por ela elegantemente sentado à mesinha de chá da estufa com a qual ele a havia presenteado no primeiro dia em que pusera os pés em Kenwood e que depois de certo tempo passara a ser quase que um refúgio para ela.

—Como está se sentindo? — Dorian perguntou com uma nota de preocupação na voz assim que ela entrou.

—Melhor— respondeu, sem conseguir evitar ficar corada.

—A primeira ressaca é sempre a mais memorável— ele comentou agora com um tom mais divertido, mas que a fez desejar sumir. Ainda não estava acreditando que havia bebido daquele modo.

—Acho que precisamos conversar...

Nicole concordou com a cabeça. Sem dúvida alguma precisava saber exatamente o que tinha acontecido naquela noite por mais que no fundo estivesse temerosa das respostas.

—Eu não tenho o hábito de...

—Eu sei— ele a cortou no meio da frase e então seus olhos escureceram —eu vi a beladona, Nicole. E vi o bilhete também.

A condessa sentiu o rosto esquentar. Se ele a tivesse esbofeteado teria sido mais confortável, mas, mesmo assim, ela se manteve encarando o conde.

—Não tem com o que se preocupar.

—Não tenho com o que me preocupar?!— ele repetiu pondo-se de pé e indo até ela em passos rápidos —alguém tentou matar você! E aquele bilhete é simplesmente...

—Esqueça aquilo— ela pediu desviando o olhar para o chão. A expressão de raiva de Dorian imediatamente se suavizou.

—Não foi a primeira vez que ouviu coisas assim sobre você, não é mesmo?— ele questionou segurando-lhe o queixo entre os dedos para fazê-la olhar novamente para ele. Não precisou mais de nenhuma resposta, pois os olhos dela lhe confirmaram todas as convicções que já havia formulado.

—Eu sinto muito— ele murmurou para ela que mais uma vez tentou virar o rosto, mas ele a impediu, ainda segurando-lhe o queixo, mantendo o olhar dela fixo no dele.

—Preciso que me conte o que eu disse a você na outra noite...— ela voltou a falar depois de alguns instantes de um silêncio desconcertante.

—Bem_ Dorian começou, soltando-a finalmente, mas sem se afastar nem um centímetro sequer —você disse que eu era bonito.

—É mesmo?— ela respondeu tentando trazer um pouco de leveza àquela conversa, mas notou que Dorian se mantinha sério, encarando-a com seu olhar penetrante.

—Você me perguntou quantos tipos de beijos existiam...

Dorian deu um passo a frente e ela um para trás, apenas para se ver completamente colada ao vidro das paredes da estufa. Repentinamente sentiu-se como se estivesse encurralada.

—Não sei se ainda quero saber o que eu disse ontem— ela murmurou quando ele novamente aproximou-se dela muito mais do que a situação exigia.

—Tem certeza? Não está curiosa para saber a resposta?— ele perguntou inclinando a cabeça para o lado. Sorriu com malícia ao vê-la confirmar hesitante.

—Eu disse que existiam muitos mais do que você poderia sonhar— ele respondeu baixinho apoiando uma das mãos ao lado da cabeça dela e acariciando lhe a face rosada com a outra —e que eu mostraria cada um deles a você se quisesse...

—Você não disse isso— ela tentou sorrir, mas ele apenas abaixou-se um pouco para que seus rostos ficassem na mesma altura e estupidamente próximos.

—Tem razão. Eu não disse. Mas estou dizendo agora— e ao dizer isso traçou uma linha no pescoço dela com a ponta do nariz, deliciando-se com a maneira como a pele dela arrepiou-se por inteira. Ela cheirava a chuva e as flores que cultivava na estufa. Um aroma delicado, mas que o fez incendiar.

—Você só precisa pedir— ele murmurou ao ouvido dela para só então depositar um beijo ali.

—Dorian, pare com isso...

—O que impede você?— ele perguntou sem se mover. Estava obvio pela voz um pouco rouca que ele não estava muito disposto a parar ou conversar.

—Temos um acordo...— ela lembrou com a voz trêmula e pouco convincente.

—Acordos podem ser desfeitos!

—Não quero desfazer nada.

—Deixe-me então tentar fazer você mudar de ideia— ele retrucou segurando-lhe o corpo junto ao dele com lascívia. Era a primeira vez que pedia a uma mulher que permitisse que ele a seduzisse, mas aquilo pouco o incomodou. Ela, o conde se deu conta, tinha sido sua primeira em muitas coisas e naquele momento ele desejava ardentemente que ela continuasse sendo sua primeira em outras tantas.

Então sem nenhum aviso prévio sua boca desceu sobre a dela, cobrindo-a inteira, ao que Nicole deixou escapar um murmúrio de surpresa, imediatamente aproveitado pelo conde para deslizar a língua para dentro de sua boca de maneira ávida, tórrida, exigente. Nicole nem se deu conta de quando involuntariamente suas mãos passaram a envolver os cabelos negros e macios do marido enquanto as dele passeavam com luxuria pela lateral de seu corpo fazendo-a reagir, enchendo-a de sensações inimagináveis. Nunca tinha sentido algo parecido em toda a sua vida. No entanto, logo se viram obrigados a se afastar em busca de um pouco de ar. Internamente a condessa deu graças a Deus por ter os braços de ferro de Dorian envolvendo lhe a cintura, pois duvidava muitíssimo de sua capacidade de ficar de pé sozinha.

—Você não pode negar isso— ele murmurou ao encostar a testa na dela. Estavam ambos ofegantes e trêmulos, como se estivessem esperando por isso a tempo demais. Nicole não respondeu. Apenas ficou encarando-o com os olhos azuis hipnotizados.

—Haverá mais, Nicole. Muito mais.— ele continuou com os olhos cravados nos dela —você só precisa permitir. Diga que sim e eu vou levar você a lugares que jamais sonhou estar.

Nicole permaneceu em silêncio. Parecia estar surpresa demais para falar o que quer que fosse.

— Não precisa me responder agora. Você terá tempo para pensar sobre o que houve aqui e agora... Vou passar um tempo fora— ele voltou a falar, ainda mantendo os corpos unidos —Passarei um mês, talvez dois, em Londres resolvendo essa história das beladonas que foram enviadas para você. Sei muito bem quem fez isso e farei com que pare imediatamente.

Dorian sentiu Nicole retrair-se em seus braços e por isso segurou-a com mais vontade.

— Esqueça isso— ela pediu novamente —já passou. Está tudo bem...

—Está longe de estar bem! Ele tentou matar você! Lorde Ashton é um cretino covarde!_ Dorian rosnou.

—Lorde Ashton?— ela repetiu surpresa e só então Dorian se deu conta de que ela ainda não sabia de nada.

—Prometo que explicarei tudo assim que eu voltar— o conde a tranquilizou afastando-se dela lentamente —Partirei esta noite, assim que Victor chegar aqui. Enviei uma carta ontem pela manhã pedindo a ele que viesse para assegurar que você ficará segura enquanto eu estiver fora.

—Não preciso de uma babá— ela reclamou baixinho e Dorian sorriu para ela.

—É claro que não.

— Por que está fazendo isso?— ela perguntou. Os lindos olhos azuis, que agora pareciam terrivelmente confusos, deixando claro que aquela pergunta tinha milhares de conotações diferentes. Algumas as quais Dorian se julgava incapaz de responder.

—Porque você importa— ele explicou simplesmente tendo a certeza de que aquela era a mais verdadeira das respostas —E eu vou provar isso a você se você me permitir. Posso fazer nosso casamento ser agradável para nós dois... Prometa-me que pensará no assunto. Só preciso de uma palavra sua.

Dizendo isso, depositou-lhe um beijo casto sobre os cabelos e partiu, deixando-a para trás na estufa, sentindo-se como se tivesse sido tomada por um agrupamento de borboletas esquizofrênicas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, pessoas!!!! Desculpem a demora para postar, mas aqui estou eu!
Espero de verdade que tenham gostado deste capítulo tanto quanto eu gostei de escrevê-lo. Por favor não deixem de comentar o que mais gostaram e o que poderia ser melhorado :D
Fantasmas, convoco vocês para se manifestarem também o/

Até a próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Where flowers grow wild" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.