A lua ilumina o meu quarto, os som de alguns pássaros me acalmam, o silêncio e o vazio das ruas me fazem pensar. Sinto alguma coisa, um daqueles pressentimentos ruins. De repente uma pessoa abre minha porta.

– Mãe - Olho para ela, os cabelos arrumados em um rabo de cavalo, as calças jeans e a blusa rosa com desenhos a faz parecer mais jovem, podiam achar que ela é minha irmã.

– Ei - Ela diz deitando ao meu lado na cama, me lembro de quando dormia ao lado dela, praticamente todos os dias, por causa dos horríveis pesadelos.

– Aconteceu alguma coisa? - Pergunto olhando para os olhos verdes da minha mãe.

– Só estou um pouco preocupada - Minha mãe diz - Com seu pai, ele disse que voltaria de tarde.

Me Pergunto o por que de ela estar falando isto comigo, quer dizer que ela confie em mim, ela sabe que não sou desesperado igual aos outros.

– Olha para mim - Digo me sentando ao lado de minha mãe, seus olhos verdes me encaram - Está tudo bem Ok, daqui a pouco ele vai estar chegando, você sabe como são as estradas.

A mulher sorri gentilmente.

– É incrível - Minha mãe diz me olhando - Você e seu pai.

– O que tem eu e meu pai - Digo sorrindo.

– Você é incrivelmente parecido com ele - Ela diz sorrindo - Se não fosse pelos olhos azuis eu podia dizer que foi seu pai foi clonado. O mesmo jeito estressado, o mesmo olhar calmo, tudo em vocês é igual, até a maneira como falam, são na maioria das vezes irônicos e sarcásticos.

– Acho que nunca percebi isso - Digo sorrindo.

– Viu - Minha mãe diz - Você acabou de ser irônico.

– Acho que a senhora é a única que percebe quando sou irônico - Digo a abraçando.

– Isso que dá você ter um filho idêntico ao pai - Ela diz sorrindo e se levanta - Vou preparar alguma coisa para a janta.

A porta se abre e Megan olha assustada para minha mãe.

– Mil desculpas - Megan diz olhando para minha mãe - Eu não sabia...

– Não tem problemas - Minha mãe diz sorrindo - Eu já estava de saída - Ela diz passando por Megan, ela me agradece e fecha a porta.

– Sua mãe aqui - Megan diz fazendo uma expressão do tipo "Não estou entendendo nada".

– Ela está preocupada com meu pai - Digo olhando para Megan - Ele ainda não chegou de Long Beach.

– Preciso falar com você - Megan diz - É sobre ontem.

– O que aconteceu na festa? - Pergunto Megan.

– Robert está planejando te matar - Megan diz e começo a rir.

– Essa não é a primeira vez - Digo sorrindo - Ele já deve ter bolado milhares planos.

– Mas dessa vez é sério, você precisava ter visto os olhos deles - Megan diz - Parece que tinham uma coisa sombria.

Meu celular começa a tocar e vou até ele, Megan me pergunta quem é, mas não sei dizer o número é desconhecido.

– Alô - Digo com uma voz calma.

– Josh, Josh, Josh - A voz do outro lado fala, me causa arrepios pelo corpo, uma voz masculina, parece que já a escutei, mas nada vem a minha cabeça.

– Quem está falando? - Pergunto olhando para Megan, a ligação começa a me deixar preocupado.

– Não reconhece minha voz - O homem sorri, uma risada que podia ser chamada de sobrenatural, uma risada estranha, um risada de arrepiar os cabelos da nuca.

– Se eu perguntei quem está falando é por que não reconheço - Digo bravo - Eu te conheço.

– Eles te tiraram de mim - O homem diz e posso escutar o homem sorrindo - Eles acharam que eu não ia voltar, senti sua falta.

Coloco o telefone em cima da cama, coloco no viva-voz e Megan com muito esforço consegue ouvir a com do homem.

– Isso só pode ser um brincadeira de mal gosto - Digo e pego o telefone.

– Não ouse em desligar - O homem diz, e reconheço a voz de quando era pequeno "Não precisa ter medo, eu sou seu pai, eu vou te proteger", é o cara que matou Rebeca - Ou o homem que está aqui morre.

Megan me olha assustada, minhas mãos tremem, fico pensando se ele fala de meu pai.

– Meu pai está aí? - Pergunto e as lágrimas começam a se formar nos meus olhos.

– Seu pai - O homem diz e dá para perceber o sarcasmo em sua voz - Eu sou o seu pai.

– Como posso acreditar em você? - Digo esperando alguma resposta.

Escuto um barulho de uma fita sendo arrancada com força e uma voz grita de dor.

– Pai!! - Digo e espero alguma resposta.

– Não vai falar - O homem diz e escuto outro grito de meu pai - É uma falta de educação não responder.

– Pai, responde - Digo e não consigo conter as lágrimas - Por favor.

– Josh - A voz de meu pai sai fraca, rouca - Não escuta esse homem, não faça nada que ele te pedir, ele é um psicopata maluco.

O telefone fica mudo por alguns instantes e me desespero.

– Acho melhor não escutar ele - O homem diz rindo.

– O que quer de mim? - Pergunto.

– Eu quero você de volta - O homem diz - Faremos uma troca, eu devolvo este homem e você vem comigo, mas não traga a polícia.

– Qual o endereço? - Pergunto, o homem diz e anoto em um pequeno papel.

– Já estou indo - Digo e esqueço de desligar o telefone.

– Viu - A voz do outro lado da linha diz - Não adiantou, terei meu filho de volta.

Desço as escadas correndo e vou até a cozinha, minha mãe se assusta ao me ver.

– Filho - Ela me olha preocupada - Você está pálido, aconteceu alguma coisa?

– Sequestraram ele - Digo e pego uma chave pendurada em um pequeno gancho ao lado de um quadro - Megan irá explicar.

Pego a chave e saio correndo até a garagem da casa, visto um casaco que peguei em meu quarto, abro a porta da garagem um pouco de poeira se espalha pelo local, vejo a moto ali em um dos cantos, tiro uma lona de cima dela e subo, olho o endereço em minhas mãos e ligo a moto.

O frio bate em meu rosto, me machucando, o local parece ser uma fazenda abandonada, desligo a moto e deixo ela embaixo de um carvalho antigo, algumas palavras estão rabiscadas ali, são nomes. Uma luz se acende, a varanda da casa é tomada pela luz, o homem de olhos pretos me encara, um arma está em suas mãos.

– Que bom que chegou - O homem sorri, e me olha.

– Solta meu pai - Grito indo na direção do homem.

– Pare aí - O homem aponta a arma para minha cabeça - Você irá trocar de lugar com seu pai.

– Onde está ele? - Pergunto e o homem aponta para uma cadeira do seu lado, meu pai está desacordado, seu rosto está coberto por sangue, os cabelos estão grudados na testa por causa do suor, as mãos estão presas em algemas e a boca tampada com algum tipo de fita.

– Pai - Chego perto do homem - Eu estou aqui, você vai ficar bem.

O homem tira as algemas de meu pai, o sorriso em seu rosto me enoja, ele prende as algemas em minhas mãos.

– Menino esperto - O homem diz - Seu pai acordará e pedirá ajuda.

Algumas luzes começam a piscar na estrada, vejo o carro de minha mãe, consigo ver Megan e Sophie.

– Vamos o homem abre a porta de um carro e me manda entrar - A arma ainda apontada para minha cabeça - Não devia ter chamado a polícia - Ele aponta a arma para a cabeça de meu pai, quando destrava a arma eu a chuto, vejo a arma caindo ao longe, o homem me empurra para dentro do carro e fecha a porta do carro, ele corre até o banco do motorista e consegue fugir antes que a polícia chegue ao local, por uma pequena estrada aos fundos da casa.

****************

– Por favor senhora - A mulher loira diz entregando o copo de água a Lauren - Se acalma.

– Como posso me acalmar - Lauren diz tomando um gole de água - Meu filho foi sequestrado por um louco e meu marido está no hospital.

– Precisamos fazer algumas perguntas - A mulher diz olhando com os olhos castanhos para Lauren - Pode vir comigo.

Lauren entra em uma sala grande, uma mesa grande está quase toda ocupada, exceto por dois lugares, a mulher loira se senta em uma cadeira e Lauren se senta ao lado dela. Todos no local olham para Lauren.

– Somos do FBI - Um homem moreno e alto diz mostrando a identificação - Precisamos de algumas informações.

– Irei responder tudo - Lauren diz - Mas prometem que irão recuperar meu filho.

– Como chama o seu filho? - Um homem branco pergunta, ele encara Lauren com seus olhos azuis.

– Josh - Lauren diz.

– Você suspeita de alguém? - A mulher loira que a trouxe pergunta.

– Sim - Lauren diz - Um homem chamado Harold Stanford, ele sequestrou meu filho quando morávamos aqui em Long Beach.

Uma mulher ruiva de olhos azuis, digita rapidamente e algumas fotos aparecem na tela do computador.

– Reconhece algum deles? - A ruiva pergunta com uma voz calma.

Lauren chega mais perto da tela, são muitos rostos, todos com nomes iguais. Ela olha até que reconhece um, o homem de olhos pretos.

– Você está dizendo que ele sequestrou o seu filho - Uma mulher de longos cabelos pretos e olhos verdes olha para a foto do homem - Ele fugiu da prisão a algumas semanas, e até hoje não o encontramos.

– Ele é um serial killer - Um homem loiro diz - Pode olhar a ficha dele Kate? - O homem loiro olha para a ruiva.

– Ele cometeu vários homicídios - A mulher diz.

– Alguma coisa em comum - O homem pergunta.

– Ele matou várias famílias - A mulher diz - Ele matou uma família ano passado - A mulher diz e puxa todos os casos pelo computador, ela olha impressionada.

– O que aconteceu? - A mulher loira pergunta.

– Todas as famílias tinham um filho com o nome de Josh - Ela diz.

– Então quer dizer que esse tempo todo ele estava procurando o Josh que ele considera o seu filho - O homem loiro diz.

– Temos alguma pista do carro do homem? - A mulher de cabelos pretos pergunta.

– Ele foi visto a algumas horas atrás no centro de Long Beach, mas quando a polícia apareceu só encontrou o carro - A ruiva diz - Ele sumiu sem deixar rastros.

– Quer dizer que meu filho está nas mãos de um dos homens mas procurados do mundo - Lauren diz assustada.

– Ele não machucará seu filho - A mulher loira volta para a cadeira ao lado de Lauren - Ele acha que Josh é filho dele, e ele fará de tudo para o seu filho.

– Quer dizer que meu filho está bem? - Lauren pergunta.

– Não sabemos - A mulher loira diz - Mas temos que achá-lo o mais rápido possível