Another Selection escrita por Enthralling Books


Capítulo 1
A protegida


Notas iniciais do capítulo

Hey, dears.
Esta é minha segunda fanfiction. Sejam todos muito bem-vindos. Eu tenho outra fanfiction sobre A Seleção, se alguém quiser passar lá no meu perfil.
Estou aberta a criticas, ideias, dicas e sugestões.

Divirtam-se!



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Eu não queria participar da Seleção. Eu não queria nem tentar.

E, felizmente, não precisei.

Este ano, o príncipe de Illéa, uma máquina feita de carbono a qual chamamos Maxon, completou dezenove anos. Para uma Cinco como eu isso não faria diferença, se não fosse pelo fato de que o aniversário dele dá início a um ridículo reallity show, onde trinta e cinco garotas são sorteadas para competir pelo coração do príncipe.

Em minha opinião, é apenas um concurso para ver qual a boneca fútil fica mais bonita pendurada no braço de um ser inexpressivo.

É óbvio que eu jamais poderia dizer isso do meu futuro soberano, mas ser de uma casta inferior me dá direito a ser um pouco rude em meus pensamentos.

Na verdade, nem sempre fui assim tão agressiva. Quando eu era criança sonhava em conhecer aos grandes salões do palácio e ser selecionada para conquistar o príncipe. Isso mudou quando percebi que a vida real não é igual aos faz de conta.

Aos dezessete anos, sou um soldado.

Não que alguém saiba disso, é claro. Afinal, mulheres não podem seguir carreira militar. Teoricamente, eu sou uma cantora já que sou da casta Cinco e os Cinco são artistas, mas eu não sou uma Cinco comum.

Aos onze anos, fui contratada para ser a cantora particular do homem mais poderoso de Carolina, um dos conselheiros do rei, o governador da província. Isso fez de mim quase um prodígio e o motivo de orgulho da minha família.

Desde então, sou hóspede na casa do governador e praticamente a filha adotiva de Lady Anne Crane, voltando para casa apenas nos finais de semana e nos poucos feriados nacionais. Isso porque Lady Anne era uma mulher um tanto perturbada, e não era por menos. A mansão dos Crane é atacada por rebeldes quase que diariamente.

E é nessa parte da história que eu entro. A música era a única coisa capaz de acalmá-la, o que fez com que eu vivesse ao seu lado, com meu violino em mãos e dedos cheios de bolhas.

Lord Joseph Crane, no entanto, era um homem mais duro. Não cruel – isso nunca! -, mas forte, sensato, equilibrado. A única coisa que o fazia perder a cabeça era se a segurança de seu único filho estivesse em risco.

Ahren Crane, meu melhor amigo.

Em seu aniversário de treze anos, Lady Anne fez questão de comemorar e eu cantei durante a maior parte da festa que aconteceu, é claro, com as portas fechadas. Mas não adiantou de nada, porque, naquela mesma noite, chorávamos sobre o corpo imóvel de uma Lady Anne brutalmente atacada por rebeldes no jardim da mansão.

Suas últimas palavras?

Corra, America!

Tudo por causa de um estúpido mal estar que a levou a buscar o ar puro do jardim. Tudo por causa de um rei que não consegue proteger seu povo. Tudo por causa de uma criança que não correu rápido o suficiente para chamar ajuda.

Ahren mandou me chamar naquela noite e eu toquei violino para acalmá-lo como fizera tantas vezes antes com Lady Anne, embora secretamente eu soubesse que também me acalmava. Foi a primeira noite em que dormi em seu quarto, depois de vê-lo chorar por quase uma hora. A primeira noite de muitas que se seguiram. Desde então, se eu não fosse ao seu quarto, ele vinha para o meu e se espremia em minha cama de solteiro. Passamos a fazer tudo juntos e a nos tratarmos como verdadeiros irmãos.

Lord Joseph me manteve na mansão, apesar de eu não tocar nem a metade do que tocava antes. Ahren tinha uma teoria de que minhas músicas – e eu mesma – faziam com que Lord Joseph se lembrasse da esposa, mas eu pensava que só estava ali para fazer companhia ao Ahren. Lord Joseph mal conseguia ficar na mansão sem parecer aflito, angustiado, quase perturbado.

Um dia depois da morte de Lady Anne – e do aniversário de Ahren – aconteceu o funeral. O dia em que eu conheci o príncipe.

Ele não me viu – é claro que não! – apesar de eu estar bem atrás de Ahren. Fiz minha reverência e, mesmo não tendo permissão para encará-lo, olhei disfarçadamente para ele e vi apenas... Desconforto. Até hoje me pergunto se era por não querer estar ali, por estar pesaroso pela ocasião ou por aquele uniforme pomposo que mais parecia um lustre pesado. Vi quando ele cumprimentou Ahren e Lord Joseph, vi quando ele prestou suas condolências.

Meia dúzia de palavras. Isso foi tudo o que ele dirigiu a nós.

“Eu sinto muito por sua perda.”

Nada mais.

Depois disso, ficou parado ao lado do rei como se quisesse estar em qualquer outro lugar. A vontade de um dia conquistar o príncipe morreu naquele instante. Ele não deveria ao menos fingir que se importa? Não deveria demonstrar que Lady Anne tinha importância?

Lord Joseph caminhou a passos lentos e depositou flores sobre seu corpo inerte. Ahren começou a se aproximar, mas hesitou e olhou para mim, pedindo silenciosamente para que eu o acompanhasse. Com um olhar, pedi permissão ao Lord Joseph, que assentiu. Então me aproximei e vi quando Ahren depositou também suas flores. Andei mais dois passos e a vi. Lady Anne parecia serena e eu me lembro de pensar que ela parecia espantosa e assustadoramente bonita.

Com as mãos tremendo, abri um papel dobrado que eu trazia e coloquei sobre ela, junto às flores. Era a partitura de sua música favorita e eu a sabia de cor. Ahren segurou minha mão e juntos suportamos o restante do dia.

Apenas alguns dias depois, Lord Joseph decidiu que Ahren precisava saber se defender. Se nem todos os guardas puderam proteger Lady Anne, ele não se descuidaria de seu filho. Então começamos a treinar, Ahren e eu, e, a partir daquele dia, eu já não era mais a cantora de Ahren.

Eu era sua parceira de luta.

Há uma semana, Lord Joseph foi convocado para ir ao palácio. Nada de extraordinário já que ele é um dos conselheiros do rei, mas dessa vez foi diferente. Dessa vez ele levaria Ahren.

Os cargos políticos em Illéa são hereditários e Lord Joseph achou que já estava na hora de Ahren aprender como seria sua função no palácio.

- Lord Joseph? – Chamei quando Ahren foi se arrumar.

- Aconteceu algo, America?

- Não, senhor. Eu só queria saber se posso passar essa semana em casa já que Ahren e o senhor vão ao palácio.

Lord Joseph franziu o cenho, aparentemente confuso.

- Pensei que fosse conosco ao palácio.

- Eu... Eu posso?

- Mas é claro que sim. – Disse como se fosse óbvio – Você é minha protegida, no fim das contas. Minha responsabilidade.

- Eu não sabia que o senhor me via assim. Pensei que eu fosse uma companhia ao Ahren.

- America, venha aqui. – Não hesitei em sentar num banquinho próximo enquanto aguardava o que ele tinha a me dizer – Um dia antes do aniversário de treze anos de Ahren, Anne e eu conversamos sobre você. Todos nós nos acostumamos a tê-la por perto, e Anne a amava como a uma filha. Há tempos que Ahren já te vê como uma irmã mais nova e foi inevitável eu me sentir como um pai para você ou, no mínimo, como seu tutor. – Ele segurou minhas mãos e meus olhos umedeceram.

- Eu não... Não sei o que dizer.

- America, eu sinto muitíssimo se durante todo esse tempo você se viu como uma criada. Eu gostaria muito que você se visse como realmente é para nós, filha.

Ao ouvir essa declaração, eu o abracei e molhei seu terno com minhas lágrimas de emoção. Eu amava muito minha família, mas percebi que ganhara outra e que os amava da mesma forma. Senti quando Lord Joseph me abraçou de volta e apoiou o queixo sobre minha cabeça.

- Eu os amo muito. – Sussurrei antes de me afastar e secar minhas lágrimas. – Mas eu posso mesmo ir ao palácio? Quero dizer, eles vão entender essa coisa toda de protegida? Eu sou uma Cinco.

Ele apenas soltou uma pequena risada.

- Vá se arrumar, America. Partimos em uma hora.


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Notas finais do capítulo

Então é isso.
Esse foi apenas um capítulo introdutório, para que vocês possam se situar na estória e a tendência é que os capítulos fiquem maiores.
Mais detalhes virão no futuro.
Digam o que gostaram e o que não gostaram. Quero saber a opinião de vocês.
Beijos e até o próximo capítulo (que sairá na segunda-feira, diga-se de passagem).