Mr. Hope escrita por Fany Rosered


Capítulo 5
Jane Doe


Notas iniciais do capítulo

AI MEU DEUS! Por favor não me matem!
Eu imploro desculpas para vocês por ter ficado quase duas semanas sem postar capítulos. Eu explico os motivos, primeiro foi aquele bloqueio criativo de novo, depois as primeiras semanas de aulas, a preguiça, o desânimo e pequenos problemas pessoais. EU JURO PELO RIO ESTIGE que isso não vai se repetir.
Esse capítulo é divido em três partes: saída do hospital, uma manhã na casa de tia Emme e aparição.
Olha gente, eu não irei colocar o nome dos medicamentos da Sam, pois pesquisei por bastante tempo e não achei nada, se alguma alma boa por um acaso resolver pesquisar sobre o tipo de medicamento indicado para pessoas tetraplégicas e achar alguma coisa, por favor me contate.
Ideias deste capítulo, vieram da divosa, sambosa, maravilhosa @MelodyeDrugs. Te agradeço demais por ter me ajudado a escrever este capítulo, e por me ajudar com este bloqueio criativo, que me incentivou demais e acabou resultando neste capítulo enorme.
P.S.: O título deste capítulo, "Jane Doe", foi escolhido pela @MelodyeDrugs, e pra este capítulo tem o sentido de desconhecido.



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Estar em uma cadeira de rodas é estranho, nunca imaginei que me encontraria nessa situação, é até difícil acreditar que uma bailarina, de um dia para outro, deixaria de fazer o que mais ama, dançar. O mais difícil ainda é saber que vou ter que enfrentar a tudo e a todos de cabeça erguida, sem mostrar fraqueza alguma.
Eu estou na recepção do hospital, tratando dos últimos detalhes da minha saída deste infer... lugar.
– Sam, eu quero que você volte aqui a cada duas semanas para sua fisioterapia, e uma vez por mês para consultas de rotina para verificar como está seu estado –disse a Dra. Caren enquanto tia Emme conversa com a recepcionista.
– Tudo bem –respondi apenas. Caren acenou e partiu em direção a ala da UTI.
Minha rotina será extremamente monótona, sempre as mesmas coisas para fazer, as mesmas pessoas para ver. Já faz quase um mês desde aquela tragédia, se é assim que devo chamar. Liberdade? O que é isso? Nunca mais saberei.
– Vamos? –perguntou tia Emmeline. Apenas concordei, pois não há mais nada para dizer.
A cadeira de rodas começa a se movimentar em direção à saída, e sinto que o tédio não vai demorar para aparecer. Sou uma pessoa que sempre tem que estar ocupada com algo senão acabo ficando impaciente, mesmo que seja com coisas ínfimas como estalar os dedos, batucar a perna, ou mexer repetidamente alguma parte do corpo.
– Boa tarde, senhorita –falou uma garota, de aparentemente vinte anos, parada na saída- Vejo que está levando uma jovem tetraplégica consigo, provavelmente você deve ser a responsável por ela. Me desculpe a pergunta, mas a senhorita trabalha? –perguntou a garota com um sorriso amigável estampado no rosto.
– Sim –respondeu tia Emmeline, não fazendo esforço algum para disfarçar seu desinteresse.
– Deve estar preocupada em como cuidará dessa jovem sem precisar faltar no trabalho, certo?
– Uhum –murmurou em assentimento.
– Tenho aqui a solução para o seus problemas e...
– Não estou interessada.
– Eu insisto!
– Já disse que não estou interessada.
A garota desviou o olhar para o chão, aparentemente encabulada e desapontada, o sorriso que habitava seus lábios sumiu completamente como se não estivesse ali há tão pouco tempo. Mas assim que levantou os olhos novamente, não os direcionou para o rosto da minha tia, e sim para o meu.
– Ela vai precisar de cuidados especiais, e você não poderá fazer isso. Eu insisto que me ouça –disse a jovem ainda me fitando.
– Olha aqui... –começou minha tia, porém foi interrompida.
– Vejo que não vou conseguir te convencer. Por favor, ao menos pegue um cartão –pediu ela derrotada. A garota apontou para o balcão da recepção onde estão alguns cartões empilhados. Tia Emmeline bufou irritada e pegou um dos cartõezinhos, sem se dar ao trabalho de ler.
– Obrigada –agradeceu a jovem com um sorriso sincero nos lábios. Tia Emme não respondeu.
Antes que eu e minha tia fossemos embora, a garota se abaixou até ficar em minha altura, e em um ato inesperado me abraçou.
– Boa sorte –sussurrou em meu ouvido antes de desfazer aquele abraço.
Um pequeno sorriso brotou em meus lábios. Por mais que aquele abraço fosse um ato evidente de pena, foi algo que me agradou, são raros os desconhecidos que te abraçam e desejam sorte no seu futuro, ainda mais na minha situação.
Fechei meus olhos para refletir, e nem reparei em nada do que acontecia,só senti alguém me tirando da cadeira de rodas e me colocando dentro de um carro, o que me causou uma sensação ruim, não me sinto pronta para andar em um carro novamente, mas não citei este fato, permaneci de olhos fechados enquanto o carro partia. Se eu orei? Orar não seria a palavra certa para definir o que fiz mentalmente, eu praticamente implorei para Deus que tudo desse certo nesse percurso, felizmente nada de ruim aconteceu. O carro parou de se movimentar e a porta à minha direita foi aberta, resolvi que devo abrir os olhos agora já que tudo está bem. Observo ao meu redor, estou em um dos carros especiais do hospital, aqueles para levar os pacientes em estado um pouco pior para casa, um enfermeiro está aqui e está pegando-me no colo, logo já sai de dentro do carro.
Aquela sensação de desconforto, não o desconforto físico, mas sim o emocional, me toma novamente assim que o enfermeiro me coloca em outra cadeira de rodas, é muito estranho pensar que vou ter que me acostumar ao fato de ter que ficar presa a uma cadeira de rodas pelo resto da vida.
– Olha, Sam. Sua cadeira de rodas não é grande coisa, não consegui comprar uma motorizada e... –começou tia Emme, mas cortei.
– Não, tia. Está tudo bem, a senhora já está fazendo demais por mim aceitando que eu more aqui –falei sinceramente.
Ela sorriu ternamente e veio me abraçar. Seus abraços sempre foram calorosos e irradiavam alegria, mas esse não, esse passa a toda a dor que ela sente, porém também a esperança. O que é a esperança? Pra mim é apenas uma palavra sem sentido algum, antes eu tinha a esperança habitando meu corpo, mas agora é impossível de isso voltar a acontecer. Meus únicos amigos foram falsos o tempo inteiro comigo, perdi meus pais, estou tetraplégica e não posso mais dançar balé, perdi minha herança, perdi meu lar, perdi meu único grande sonho, meus sentimentos positivos estão extintos, não posso ter esperança, não consigo.
– Ei, Sam! Ouviu o que eu disse? –perguntou minha tia estalando os dedos em frente ao meu rosto.
– Não –respondi um pouco atordoada- pode repetir?
– Eu disse que temos que conversar –respondeu ela com uma sobrancelha levantada. Apenas assenti.
Suspiro e observo a casa, uma construção pequena com dois andares, pintada por fora de branco e preto, com um jardim com grama verde. Minha tia se mudou a pouco tempo pra cá, é a primeira vez que estou vindo aqui.
– Pronta para conhecer seu novo lar? –pergunta tia Emme se esforçando para parecer animada.
– Claro –resmungo com a desanimação evidente em minha voz.
Minha tia destranca a casa, e o enfermeiro afivela o cinto da cadeira de rodas para evitar uma queda, logo em seguida ele me leva na cadeira de rodas para dentro. Observo atentamente o interior da casa, a sala de estar é bem ampla, com a mobilia toda em preto e as paredes pintadas de vermelho vivo, um curto corredor interliga a sala de estar com a sala de jantar, que também está pintada de vermelho vivo, porém é bem menor que a sala de estar. Na parede direita da sala de jantar, a uma entrada que leva a outro cômodo, provavelmente a cozinha. Outro corredor, um pouco mais extenso que o outro, dá direto na escada que leva aos andares de cima, e logo no começo, uma porta que suponho ser o banheiro.
– O que achou? –pergunta minha tia com um sorriso.
– Excelente, a senhora escolheu boas cores –respondi fitando-a.
– Quer ver seu quarto?
– Claro.
Porém, logo o problema surgiu, agora o enfermeiro me levaria para o andar de cima, mas e quando ele for embora, quem vai me levar? Tia Emme pareceu pensar a mesma coisa, pois me fitou com preocupação.
– Tenho certeza que acharemos uma solução –falou ela encorajadoramente. Concordei com um leve aceno de cabeça.
O enfermeiro cuidadosamente me tirou da cadeira, segurando firmemente meu corpo, ele ajeitou minhas pernas em seus braços fazendo-me ficar totalmente em seu colo, e logo seguiu caminho em direção a escada. Não me importei nem um pouco com todo esse contanto físico, não que ele não seja um rapaz atraente, é só que eu sei que isso é preciso e não tem porquê eu me envergonhar ou ficar incomodada, mas tia Emmeline pareceu não gostar nem, um pouco disso. Cuidadosamente o enfermeiro sobe as escadas, prestando atenção para não tropeçar, logo atrás vem tia Emme, um pouco apreensiva que ele pudesse me derrubar.
Em questão de segundos chegamos ao andar superior, e observei cada detalhe daquele andar, assim como fiz com a sala. Um corredor se estendia até uma certa distância, quatro portas estão aqui, dobrando o corredor há outro com mais duas portas. Cada porta tem uma cor diferente.
– O quarto com a porta azul é o meu, ao lado, o de porta vermelha, fica o seu quarto. Os quartos com as portas cinza, marrom e preto, são de hóspedes, e a última porta, com a cor bege, é o banheiro–explicou minha tia.
Fui levada em direção a porta a vermelha, particularmente não estou ansiosa para conhecer meu novo quarto, pouco importa se é bonito ou feio, desde que tenha uma cama e que eu possa dormir nela está ótimo. Assim que a porta foi aberta, senti aquela sensação de estar em casa, tudo porque o quarto é igualzinho o meu.
– Maysa deixou que eu pegasse suas coisas de volta. Resolvi decorar do jeito original –falou Emmeline- Gostou?
– Se eu gostei? Eu amei! –respondi sentindo o nó na garganta se formar.
Ali, entre os livros, discos de música clássica, posters de bailarinas, e fotos com meus pais, eu me sentia completamente em casa. Quase parece que nada aconteceu.
As lembranças dos bons momentos passados no meu quarto vem à tona, e não consigo evitar que as lágrimas caiam. Deixo elas escorrerem livremente pelo meu rosto.
– Por favor, saia –sussurrou minha tia para o enfermeiro. Ouço os passos dele se distanciarem pelo corredor, e a porta bater.
Tia Emme não fala nada, e agradeço por isso, não preciso de palavras agora, só do silêncio. Ela apenas vem e me abraça, permitindo que eu chore em seu ombro.
– Por quê? Por quê? –pergunto repetidamente entre soluços.
– As coisas tinham que ser assim, Sam.
Concordo e continuo a chorar. É raro eu chorar por algo, e ainda mas raro é alguém me ver chorando, mas eu não posso segurar, tenho que chorar, só as lágrimas podem me acalmar.
Passo um tempo assim apenas chorando, enquanto tia Emmeline me abraça e afaga meus cachos. Seria tudo mais fácil se eu tivesse morrido naquele acidente, eu não teria que sofrer o que estou sofrendo agora. Mas tia Emme sofreria, talvez o único motivo de eu estar viva é para amenizar o sofrimento dela.
– Descanse, Sam. Temos que conversar depois.
Fecho os olhos e relaxo fazendo os soluços silenciarem, as lágrimas finalmente cessam. Ali entre o abraço de minha tia e seu familiar cheiro, deixo-me cair nas profundezas do sono.
***
Acordo com um barulho estridente ao lado da minha cama, o quarto está todo escuro o que não permite-me ver o que é. Alguém abre a porta do quarto e acende a luz, irritando meus olhos com a claridade, pisco algumas vezes até me acostumar.
– Bom dia, princesa –diz uma voz animada perto da porta. Olho e lá está tia Emme com um sorriso no rosto.
– Quanto tempo eu dormi? –pergunto fechando os olhos novamente, ainda cansada.
– Desde ontem à tarde –responde ela vindo em minha direção.
– Droga de remédios –resmungo abrindo os olhos.
– Não adianta reclamar, agora é hora de você tomar outro!
Bufo irritada, odeio tomar remédios. Olho para a cômoda e lá está a origem do barulho, é um despertador, provavelmente para marcar a hora dos meus medicamentos, ao lado deste despertador estão alguns vidros e comprimidos, juntamente com um jarro cheio de água e um copo. Tia Emme desliga o despertador e pega uma cartela com comprimidos amarelos e destaca um, enchendo um copo com água em seguida.
– Abra a boca –pede tia Emme com o comprimido e o copo na mão.
– O que é isso? –pergunto com desconfiança.
– Seu remédio –responde apenas.
– Isso eu sei. Mas para que ele é? –pergunto revirando os olhos.
– É um antidepressivo.
– O que? Não preciso de um antidepressivo.
– É claro que precisa. Você está passando por um momento muito difícil, e é necessário tomar esse remédio.
– Mesmo assim, eu consigo ficar bem sem ajuda deste remédio.
– Pare de ser teimosa. A Dra. Caren prescreveu com o intuito de evitar que você tenha uma nova crise nervosa, por tanto você vai tomar.
– Crise nervosa? Eu ter uma crise nervosa? A senhora me conhece, sabe que eu nunca tenho crises nervosas.
– Samantha, você acabou de sofrer um acidente, seu sistema nervoso foi muito afetado, então você está frágil emocionalmente. Qualquer notícia ruim, qualquer coisa que te deixar muito triste, ou muito brava, pode desencadear uma parada cardíaca ou respiratória.
– Mas...
– Chega. Abre a boca.
– Tia...
– Abre a boca.
Suspirei derrotada, eu nunca vencia uma discussão com tia Emmeline. Abri a boca e ela depositou o remédio em minha língua, em seguida minha tia me ajudou a beber um pouco de água, felizmente o remédio não tinha gosto e eu não tive dificuldade para engolir.
– Morreu? –perguntou tia Emme debochadamente depositando o copo em cima da cômoda. Revirei os olhos com a pergunta.
Meu estômago roncou alto, e percebi que estou com muita fome. Quanto tempo faz que não como?
– Vou buscar seu café –disse tia Emme.
Logo que ela saiu do quarto, me permiti pensar nos acontecimentos das últimas semanas. Sem balé, sem pais, sem dinheiro, sem amigos, sem movimentos, sem esperança, como minha vida está trágica ultimamente. Suspirei com esse pensamento, vai ser uma longa recuperação.
– Aqui está –fala minha tia entrando no quarto com uma bandeja. Ela deposita em meu colo e senta-se na ponta da cama.
Meu café é composto de um copo de suco de maracujá, um sanduíche de pão integral com queijo cottage e um pote de iogurte natural.
– Seu café da manhã é leve, com o número de proteínas, cálcio e fibras necessário –explica tia Emmeline.
Reparo que na bandeja tem uma agenda preta com uma etiqueta colada na capa, nesta etiqueta está escrito “rotina da Sam”.
– O que é isso? –pergunto intrigada.
– É tudo necessário para eu cuidar bem de você, o horário de seus medicamentos, sua dieta, os dias de banho e etc –responde ela amigavelmente.
Uma riso involuntário escapa dos meus lábios. Minha tia com uma agenda, cumprindo horários? Essa eu quero ver! Quanto tempo será que ela aguenta essa rotina?
***
Cinco dias. Foi o tempo necessário para tia Emme sucumbir. O primeiro e segundo dia foram tranquilos, ela cumpriu todos os horários, preparou a comida de acordo com a minha dieta, e até me deu banho de modo correto, mas no terceiro dia tia Emmeline acordou atrasada e acabou por me dar o antidepressivo depois do horário, e esqueceu de fazer o almoço de acordo com a dieta, o que a fez se sentir culpada, mas no quarto dia as coisas fugiram do controle, além de acordar atrasada de novo, ela se esqueceu de preparar o almoço e a janta, saiu para dar uma volta e acabou cochilando em um banco da praça só voltando duas horas depois, e durante a noite esqueceu de colocar a fralda geriátrica. Tenho que usar a fralda geriátrica, pois tia Emme não consegue ficar me levando ao banheiro, além de que não consigo controlar meu intestino, e após o vergonhoso incidente do segundo dia em que as roupas que eu estava usando, os lençóis de cama e o chão ficaram todos manchados de fezes, minha tia resolveu que eu tinha que usar essas fraldas, o que é muito vergonhoso para mim, nunca me imaginei nesta situação. Hoje, o quinto dia que estou aqui, tia Emmeline parece estar a ponto de enlouquecer com toda essa pressão.
– Samantha, me desculpe, mas não consigo mais fazer isso. Não é por você, é pela pressão de ter que cumprir horários, ter cuidados especiais com você e tudo mais. Eu também estou com muita saudades do meu emprego, e me sinto sufocada ficando só aqui dentro de casa. Me desculpe –disse ela assim que terminou de me dar o café da manhã de hoje.
– Tia, não precisa se desculpar. Eu entendo perfeitamente isso. Pode ficar à vontade e desistir, me leve para um centro para pessoas deficientes e vai ficar tudo bem –respondo transparecendo calma. Mas não estou calma, estou em pânico! Eu não quero ir pra um centro especial, é horrível.
– Negativo, vou arranjar uma solu...-começou tia Emme, mas ela própria se interrompeu- JÁ SEI! O cartão! –gritou ela saltando da cama e correndo rapidamente para fora do quarto.
Ouvi seus passos apressados descendo a escada, chegando em poucos segundos no andar inferior, não consegui decifrar o que está fazendo lá embaixo, só ouço seus passos e nada mais. De repente, ouço sua voz, provavelmente deve estar ao telefone, porém não consigo ouvir o que está dizendo.
Alguns minutos se passam e ouço seus passos de novo. Ela entra no quarto sorridente, com cara de que traz boas notícias.
– Achei a solução para esse nosso problema. Daqui a pouco vai chegar –conta tia Emme, animada.
Daqui a pouco vai chegar? É um objeto? Uma pessoa?
– Já venho, Sam. Vou chamar nosso vizinho para te levar para o andar de baixo –disse ela saindo novamente do quarto.
Meu Deus. O que minha tia está planejando? Geralmente suas ideias sempre resultam em desastre, espero que isso não seja mais um de seus planos desastrosos.
– Por aqui, James –fala a voz de minha tia.
Novamente passos na escada, e logo um homem grande e forte aparece na porta do quarto. Ele se encaminha para a cama, tira a bandeja de cima de mim e me pega no colo de modo rude. Sou levada para o andar baixo sem entender o que está acontecendo aqui. O homem me coloca sentada no sofá, e vai conversar com minha tia que está na porta, nem me dou ao trabalho de ouvir a conversa dos dois.
O que está acontecendo aqui? É só isso que quero saber.
Reparo em algo verde claro ao meu lado, inclino a cabeça na direção desta coisa para tentar ver o que é aquilo. Observo bem e chego a conclusão que é um cartãozinho. Inclino a cabeça um pouco mais para ler o que está escrito:
“Mr. Hope
O enfermeiro dos sonhos.
Ele cuida de pessoas com deficiências e doenças que incapacitam, ajuda todos, soluciona problemas, evita depressões e muito mais! Vai ser uma benção para sua vida.
Ligue já no telefone ********* e contate seus excelentes serviços!”
Okay, isso é muito estranho. Mr. Hope? Quem é Mr. Hope? Minha tia deve ter ligado para ele, só pode ser isso.
Ding, dong.
Minha tia bateu palmas animada. O vizinho foi embora enquanto eu lia o cartão. Será que ele esqueceu algo aqui? Ou é... Mr. Hope?
Tia Emme foi abrir a porta totalmente sorridente. Ela trocou algumas palavras com alguém e logo saiu de frente da porta dando espaço para a pessoa entrar. Engoli em seco com uma pontada de anciosidade. Foi então que ele entrou, todo confiante com um sorriso de canto no rosto, tive a impressão de estar vendo o que é perfeição.
– Oi –disse ela em minha frente. Como ele chegou aqui tão rápido? Okay, estou distraída demais.
– Olá –respondi tentando mostrar confiança.
– Muito prazer, sou Peter Vesper –disse apresentando-se. Ele estendeu a mão em um gesto de educação, e de repente me senti mal por não poder aperta-la.
– O prazer é todo meu, Mr. Hope –digo debochadamente- meu nome é Samantha Prince, e eu gostaria muito de apertar sua mão,mas minha situação não permite.
Rapidamente, Peter recolheu sua mão evidentemente encabulado. Seu rosto ficou levemente avermelhado.
– Sam, esse aqui é um enfermeiro que estou contratando para cuidar de você, essa é solução para nosso problemas! –explica tia Emme toda animada.
Reviro os olhos e suspiro. Não podia ser uma enfermeira? É claro, uma enfermeira não teria força para me levar para cima e para baixo. Pelo menos podia ser um enfermeiro muito menos bonito e atraente que ele, um que de preferência não tivesse um sorriso encantador.
– Tudo bem para você? –pergunta minha tia com um pouco de preocupação. Por mais que eu não queira, é egoísmo da minha parte fazer com que minha tia desista de seu emprego para cuidar de mim. Respiro profundamente e fito o enfermeiro charmoso parado em minha frente.
– Tudo.


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Notas finais do capítulo

Beijos leitores divosos do meu coração!
Até o próximo!
~AnaTefMione~



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